Oi gente! Meu nome é Bia T e vamos para mais um capítulo do meu conto!
Pessoal, para quem gosta de visualizar os personagens para deixar as cenas no conto ainda mais vivas, segue um link com uma imagem da atriz Leighton Meester quando mais jovem. Ela foi uma das principais atrizes da série “Gossip Girl” e a considero a mais parecida possível com a Flávia da minha história:
https://br.pinterest.com/pin//
Se caso alguém ache que a imagem é muito diferente do que tinha imaginado, esquece o link! ; - )
Anos Incríveis | Capítulo 9: Cinema e Ciúmes
Saímos da suíte do quarto da Heloísa e resolvemos dar uma volta já que éramos as únicas acordadas na casa. Não sabíamos para onde ir e então Heloísa teve uma ideia.
Heloísa: E se fossemos para o shopping? A gente podia dar uma volta, tomar um sorvete e, quem sabe, ir ao cinema...
Flávia: Boa ideia amor! Seria bom... mas você não vai ficar me agarrando o tempo todo, na frente de todo mundo né?
Heloísa: Meu amor, você sabe que ficar ao seu lado sem te agarrar é impossível para mim! – Heloísa adorava esses assuntos meio picantes.
Flávia: Há não! Depois todo mundo fica olhando para a gente, nos julgando. Já posso até escutar “Olha mamãe, lésbicas”.
Heloísa: Há há há! E você liga para isso? Quando falam assim eu me sinto ainda mais desafiada! Aí sim que vou te agarrar mesmo, sem dó, na frente de mães, pais, crianças, avós...
Flávia: N-não faça isso, Helô! É s-sério..
Heloísa ainda ria quando começamos a nos trocar. Como estava calor, decidi por um shortinho jeans azul-escuro folgado e uma blusinha branca com um desenho meio desbotado da bandeira do Brasil na frente. Também usei umas pulseirinhas com pedras de várias cores e uma toda colorida que representava a nossa bandeira LGBT. Pus uma rasteirinha, usei maquiagem leve e estava pronta, com uma aparência não muito arrumada mas também não estava desleixada. Me olhei no espelho e via uma imagem bem teen, perfeita para um cinema à tarde.
Já Heloísa estava vestindo um short de alfaiataria, uma blusinha ciganinha preta com alcinhas e uma sandália salto baixo. Ela resolveu usar maquiagem um pouco mais atrevida que a minha mas mesmo assim, comportada. Ela ficou se olhando no espelho, com aparência de mulherão, e fiquei babando nela, esperando ela terminar de se arrumar. É claro que ela percebeu.
Heloísa: Olha amor, se babar mais um pouquinho vai borrar o batom! É melhor parar por aí antes que eu tenha que tomar sérias atitudes! – Disse sorrindo, me olhando através do espelho.
Flávia: Há há! É que você me pegou desprevenida...
Terminamos e saímos de mansinho para o corredor, para não acordar ninguém. Quando estávamos quase chegando na sala, ouvimos o Vitinho saindo do seu quarto.
Vitinho: Oi! Aonde vocês estão indo? – Disse o rapaz com cara meio sonolenta.
Heloísa: E-estamos indo, hum...
Flávia: Para o cinema! Por quê?
Vitinho: Oba! Vou com vocês! Esperem aí, me arrumo em dois minutos! – Disse e já foi correndo para o quarto.
Heloísa: Ai Flá, por que você foi falar isto para ele? Eu queria ficar a sós com você no cinema.. – Heloísa fez cara de tristonha.
Flávia: Amor, ele é seu irmão... e além disso, já ficamos bastante sozinhas neste final de semana. Você ainda vai poder pegar a minha mão quando o cinema já estiver escuro. – Disse sorrindo, tentando animá-la.
Heloísa bufou e concordou, meio resignada. Logo o garoto chegou na sala, onde o esperávamos.
Vitinho: Pronto! Vamos? – Vitinho parecia todo feliz.
Fomos a pé mesmo pois a casa da Heloísa ficava em um bairro bem localizado na cidade e o shopping estava a uns seis quarteirões de distância. Fomos conversando pelo caminho sobre várias coisas, estávamos bem tranquilos e já eram quase cinco horas da tarde quando chegamos no shopping. Havia muitas pessoas lá, tinha fila para tudo. Tomamos sorvete no quiosque do Mac BoboNalds (eu sei, piadinha meio infame mas é melhor que fazer merchandising à toa, né pessoal?) e já fomos para a fila do cinema. Tentamos escolher um filme romântico para assistir mas Vitinho insistiu e nos convenceu a escolher um filme de ação. Heloísa estava ficando meio sem paciência com o irmão, que segurava vela e sequer sabia disso.
Enquanto estávamos na imensa fila do cinema, dois rapazes de mais ou menos 18 anos chegaram na gente, de repente.
Rapaz 1: E aí Vitinho! O que está fazendo aqui? Tudo bem moleque? – O rapaz cumprimentou Vitinho.
Vitinho: E aí Jorge? Beleza?
Rapaz 2: Faaaala garoto, beleza?
Vitinho: Firmeza Pedrão! – Também se cumprimentaram.
Vitinho: Mana e Flávia, esses são meus amigos do clube, eles jogam futebol com a gente na quarta-feira à noite! Pedrão e Jorge, essa é minha irmã Heloísa e a amiga dela, Flávia!
Heloísa e Flávia: Oi! – Nós os cumprimentamos sem muito alarde mas tentamos parecer simpáticas.
Pedrão: Oi meninas! Estão na fila para o cinema é? – Eu já estava com ciúmes pelo jeito que olhavam para a Heloísa.
Minha vontade era responder de um jeito bem mal-educado mesmo, tipo “Não, não! Estamos na fila do mercado”. Resolvi deixar isto de lado e só acenei um “sim” com a cabeça.
Heloísa: Sim, vamos para o cinema. – Heloísa também parecia meio desconfortável.
Pedrão: Que bom! Vamos juntos então pois queremos justamente assistir a esse filme! – Era a mentira mais fajuta que eu ouvia em séculos. Estavam olhando para mim e para a Heloísa de um jeito bem pervertido e provavelmente só queriam tentar nos agarrar no cinema.
Heloísa: É, pode ser... mas acho que vocês terão que ir ao final da fila... – Heloísa tentou despistá-los, apontando para o final da fila, que estava longe.
Vitinho: Há, tudo bem mana! Eles podem ficar aqui mesmo, deixa eles furarem a fila!
Heloísa fez cara de irritada para irmão, enquanto Jorge e Pedrão riram disfarçadamente. O truque dela tinha ido por água a baixo e eu não conseguia pensar em uma forma de afastá-los. Ficamos conversando por um tempo de uma maneira bem vaga, enquanto a fila andava. Aos poucos Jorge foi chegando mais perto de mim e Pedrão foi se aproximando da Heloísa. Eu já conhecia a Heloísa o suficiente para saber que ela estava irritada, odiando aquilo. Ela não demonstrava mas estava uma panela de pressão, pronta para explodir e queimar quem estivesse por perto.
Quando finalmente chegamos na porta de entrada para a sala do cinema, tive uma ideia que poderia dar certo.
Flávia: Helô, você não quer um pouco de pipoca e refrigerante? – Perguntei e pisquei para a Heloísa que percebeu minhas intenções rapidinho.
Heloísa: Verdade, Flá! Jorge e Pedrão, por que vocês não vão buscar pipoca e refrigerantes para a gente?
Nossa ideia era fazê-los comprar as coisas enquanto entrávamos no cinema, para que pudéssemos escolher três poltronas seguidas entre poltronas ocupadas por outras pessoas e, assim, forçá-los a se sentar longe da gente.
Pedrão: Tudo bem! Jorge, eu vou comprar as coisas para a gente e você pode entrar com elas e guardar um lugar para mim! – Pedrão disse sorrindo ironicamente para o amigo.
Jorge: Beleza, amigão, pode ir que garanto um lugar pra você, parça! – Disse sorrindo com malícia.
Eles perceberam nossa tentativa de trapaça e, de novo, ficamos sem saber o que fazer. Eles eram espertos e não queriam nos largar por nada. Na hora de escolher as poltronas para nos sentarmos, jorge conseguiu se sentar entre eu e Heloísa, evitando assim que nos sentássemos juntas. A ordem das poltronas ficou assim: Vitinho – Flávia – Jorge – Heloísa – lugar reservado ao Pedrão.
Fiquei frustrada por não poder me sentar perto da Heloísa e ela parecia cada vez mais nervosa, estava uma arara. Heloísa tentou uma cartada final para tentar se sentar ao meu lado e disse para Jorge, sem cerimônia.
Heloísa: Jorge, você poderia trocar de lugar comigo? Eu quero me sentar ao lado da Flávia... – Ela tentou ser a mais educada possível.
Jorge: Há não! Gosto de me sentar mais ao meio do cinema, para ficar mais de frente para o telão!
Heloísa e eu não podíamos acreditar na resposta do rapaz. Ele estava sendo impertinente e rude de propósito, nem se importava mais em ser discreto. Fiquei com raiva dele na hora e pude notar, mesmo no escuro, que Heloísa estava meio vermelha e devia estar a ponto de gritar com o garoto.
Pensei em me levantar e sentar na poltrona que estava reservada para o Pedrão mas ele voltou com as coisas bem na hora e sentou-se ao lado da Heloísa.
O filme começou, já havia passado uns 15 minutos e a dupla continuava tentando conversar com a gente, apesar de as outras pessoas no cinema ficarem irritadas com o barulho que eles faziam. Jorge se aproximava cada vez mais de mim e aquilo já estava virando uma tortura. Eu realmente não gostava de homens me cantando e falando ao meu ouvido. Eu não conseguia nem assistir ao filme e Heloísa tentava, inquieta, se afastar do Pedrão e olhava para mim a todo momento, com cara de poucos amigos. O único que assistia ao filme ali era o Vitinho.
A coisa foi ficando mais séria quando, de repente, Jorge esticou seu braço por trás da minha poltrona e tentou me abraçar. Aquilo foi realmente um erro que ele jamais esquecerá pelo resto de sua vida.
Heloísa: O quêêêê!?!?!? O que pensa que está fazendo, seu imbecil!?!? – Heloísa se levantou da poltrona e gritou para Jorge, com toda a sua força, fazendo todo mundo no cinema se assustar.
Heloísa: Tira a sua mão de nerd punheteiro de cima dela agora mesmo!!!! – Ela esgoelava e batia com o pé no chão, totalmente tomada pelo ciúmes.
Nesta hora, o cinema inteiro começava a vaiar e gritar para nós e eu fiquei sem reação, boquiaberta com o que estava acontecendo. Pedrão e Vitinho também ficaram sem saber o que fazer e pude notar a cara de assustado de Jorge. Ele estava em choque com a reação explosiva da Heloísa.
Heloísa: Vamos, caralho!!!! Tira essas patas nojentas de cima dela!!!! Seu Filho da Puta!!!
As vaias no cinema e os gritos aumentaram e a Heloísa não estava nem aí. Ela estava absolutamente irredutível e Jorge rapidamente retirou seu braço de cima de mim.
Pedrão: C-calma! O que está acontecendo? – Pedrão perguntou, ainda sentado na poltrona.
Heloísa: Calma nada!!! E não chegue perto de mim!!! – Heloísa estava irritadíssima e eu nunca a havia visto daquele jeito.
Logo alguns funcionários do cinema chegaram no corredor e tiveram que pausar o filme, causando ainda mais barulho e algazarra.
Funcionário 1: O que está acontecendo aqui? Se ficarem gritando vou ter que retirá-los do local!
Heloísa: Não precisa!! Vamos Flá, vamos Vitinho! Vamos sair daqui!
Heloísa ainda jogou seu refrigerante e seu pacote de pipocas na cabeça de Jorge quando passava por ele, arrancando risadas e assovios de todo mundo do lugar.
Vitinho e eu nos levantamos rapidinho das poltronas e saímos do cinema, junto com a Heloísa. Ainda pude ver, de relance, as pessoas do cinema gritando para Jorge e Pedrão e atirando pipoca neles. Foi um tremendo barraco que eu nunca tinha imaginado que veria na minha vida toda.
Saímos, com pressa, pelos corredores do shopping e logo já estávamos do lado de fora, na área de estacionamento. Paramos de andar um pouco e Vitinho e eu olhávamos com medo para a Heloísa, que continuava andando em círculos, completamente fora de si. Ela resmungava e falava coisas, olhando para baixo, que eu não conseguia entender.
Heloísa: Por que estão olhando para mim!? Isso tudo é coisa sua, Vitinho!! Você... – Heloísa continuava gritando.
Vitinho: M-minha culpa?? M-mas!
Nessa hora, corri para a Heloísa e a abracei. Ela ficou meio aérea com o abraço e parou de gritar por um momento, me dando chances de acalmá-la.
Flávia: Pára! Por favor, Helô! Não grita mais, por favor! Por mim! – Eu estava assustada com a reação dela e não a reconhecia. Tentei evitar que ela magoasse o irmão, que não tinha culpa de nada.
Fiquei a olhando nos olhos e senti tristeza. Depois da minha mãe, Heloísa era a pessoa que eu mais amava no mundo e eu não podia vê-la daquela maneira. Lágrimas brotaram nos meus olhos e não consegui deixar de chorar.
Heloísa percebeu que tinha passado dos limites e também ameaçou chorar, me abraçando forte. Ela enxugou minhas lágrimas, pela segunda vez no dia. Resolvemos conversar baixinho para que Vitinho não escutasse.
Heloísa: M-me desculpe amor... eu não sei o que deu em mim, eu...
Flávia: Não amor, pára! Não fala nada... respira... – Encostei minha cabeça em seu ombro durante o abraço.
Ficamos nos abraçando por mais alguns minutos, e a Heloísa foi se acalmando aos poucos. O ciúmes que ela sentiu foi gigantesco e ela tremia de raiva mas eu consegui fazê-la voltar a raciocinar direito. Vitinho ainda nos olhava sem entender nada, com cara de assustado.
Flávia: Amor, pede desculpas para o seu irmão! Ele não fez nada... – Heloísa concordou e foi até ele.
Heloísa: Me desculpe tá, Vitinho... Eu perdi a cabeça. Você me desculpa? – Ela abraçou o irmão.
Vitinho: D-desculpo mana mas... eu não entendi nada. Por quê você começou a gritar? O Jorge te machucou?
Heloísa: Não, rapazinho! O Jorge não me machucou... só me ofendeu um pouquinho mas deixa pra lá...
Vitinho: E por que você e a Flávia se abraçaram tanto agora a pouco? Você até enxugou as lágrimas dela.. vocês estão namorando?
Aquela pergunta nos pegou desprevenidas. Vitinho podia ainda ser uma criança mas ele já era bem esperto para a idade dele. Puxou à mãe.
Heloísa: Não, maninho, não estamos namorando. Ela é minha melhor amiga. Por que você acha que estamos namorando?
Vitinho: É que uma vez o pai e a mãe brigaram e depois eu o vi enxugando as lágrimas dela...
Foi o suficiente para rimos da história do Vitinho e para aliviar o clima. A Heloísa estava normal de novo mas eu tinha ficado incomodada com tudo aquilo. Eu precisava conversar com ela a sós.
Resolvemos ir embora do shopping pois eu ainda teria que ligar para a Alessandra me buscar para voltar para a república. Chegamos em uma pracinha perto da casa da Heloísa e ela pediu para o irmão deixar nós duas sozinhas. O rapaz entendeu e foi para a casa.
Flávia: Por quê você fez tudo aquilo, amor? Você causou um barraco no cinema e deixou todo mundo assustado! Eu nem te reconhecia mais, você parecia uma maluca que não ouvia ninguém! Não era a Heloísa que eu sempre amei... – Eu fazia carinhos no cabelo dela.
Heloísa: Desculpa amor! Por favor, me desculpa... eu estava o tempo todo com ciúmes de você e o Jorge não largava do seu pé. Quando o vi tentando te abraçar, fiquei louca! É que... é que eu te amo muito mesmo... – Heloísa disse olhando para o chão, com vergonha.
Flávia: Eu sei, eu também te amo. Mas você não pode ficar daquele jeito toda vez que alguém vier falar comigo ou tentar me elogiar ou até mesmo me cantar. Você poderia simplesmente ter pedido para irmos embora, eu teria concordado na hora! Por favor, não faça mais aquilo! Tente se controlar, você é um exemplo para o seu irmão, não se esqueça disso.
Heloísa: É, tem razão! Eu não vou fazer mais aquilo de novo, prometo!
Flávia: Acredito! Você sempre foi uma pessoa maravilhosa, dócil e responsável. Primeiro você me conquistou como amiga, pelo seu caráter. Depois que te conheci melhor é que me apaixonei por você, entende?
Heloísa: Hum! Gostei de ouvir isso... principalmente da parte do “me apaixonei por você”!
Flávia: Há, mas você tem um dom de me contornar, não tem?
Heloísa: Há há há!
Flávia: Nossa... no fim eu fiquei até com dó daquele cara! Você ainda jogou refrigerante na cabeça dele, Helô? – Perguntei sorrindo.
Heloísa: Sim! E pipoca também! – Heloísa parecia se orgulhar do feito.
Flávia: Coitado!
Rimos mais um pouco e liguei para a Alessandra. Ficamos mais uns 20 minutos na pracinha, vendo o pôr do sol, quando ela chegou. Entrei no carro e me despedi da Heloísa. Ficamos nos olhando à distância, enquanto o carro ia embora, até que não era mais possível nos ver. Senti um aperto no coração por deixá-la, mesmo passando um final de semana inteiro ao seu lado. Final de semana que jamais esquecerei.
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O que acharam deste capítulo? Espero que tenham gostado!
Beijinhos!