Anos Incríveis | Capítulo 10: Os presentes da Heloísa

Um conto erótico de Bia T
Categoria: Homossexual
Contém 2752 palavras
Data: 13/12/2018 13:05:09

Oi Amores! Este é o décimo capítulo do conto Anos Incríveis!

Anos Incríveis | Capítulo 10: Os presentes da Heloísa

Após o maravilhoso final de semana na casa da Heloísa, eu ainda tinha uma semana de férias antes de voltar para a escola. Eu já começava a ficar meio nervosa pois iria ser a primeira vez que me veriam como mulher e eu não sabia qual seria a reação de todos. Se antes me zoavam por eu ser afeminada, como seria quando me vissem com roupas de mulher e agindo como uma?

Fiquei pensando nessas coisas e achei melhor marcar uma reunião com o diretor da escola e com a professora-inspetora para explicar minha situação. Eu não queria ter que me mudar de escola pois ficaria longe da Heloísa. Além disso, o colégio era um dos melhores do estado, tinha mais de 2.000 alunos e eu amava aquele lugar, mesmo tendo sofrido algum preconceito. Eu tinha bom relacionamento com todos os funcionários de lá e talvez não me acostumasse em outra escola.

Marcamos a reunião para uma quarta-feira na diretoria do colégio e levei a Alessandra comigo. Fui vestida de Flávia mesmo, não queria mais me vestir com roupas masculinas nem que o mundo acabasse. Chegamos e

começamos a conversa.

Alessandra: Bom dia Diretor, marcamos esta reunião para explicarmos a situação peculiar da minha amiga Flávia. Eu sou responsável por ela e gostaria de resolver isso o quanto antes...

Diretor: Tudo bem! E do que se trata exatamente esta situação peculiar?

Nesta hora, eu já tinha uma noção do choque que iria causar na escola. Eu já tinha ido várias vezes na sala do Diretor, mas sempre como Robson e ele não tinha nem me reconhecido após virar a Flávia.

Professora-Inspetora (Tatá, muito minha amiga e ótima professora): Meu Deus! Não é possível!! É você Robson? – Ela me olhava com os olhos bem arregalados.

Flávia: Sim, tatá... sou eu .. – Fiquei envergonhada.

Diretor: Como assim, professora Tatá? Que Robson?

Tatá: É o meu aluno, o Robson, dei aula para ele até o último ano do fundamental! Mas, o que aconteceu, Robson? – Nesta hora a Tatá e o Diretor faziam cara de espanto.

Contei toda a minha história, desde o começo, e omiti a parte que namorava a Heloísa.

Tatá: M-meu Deus eu não sei o que dizer! Mas você era tão bonito... eu até brincava com minha filha dizendo que um dia eu iria vê-los se casando!

Flávia: Mas professora, a senhora acha que eu não estou bonita? – A convivência com a Heloísa estava me deixando mais atrevida.

Tatá: Sim, está muito bonita! Mas acho que agora você não poderia mais se casar com minha filha! – Ela disse com um tom de humor.

Flávia: Ué, e por que não? Qual seria o problema? – Fiz cara de séria com esta pergunta.

A professora Tatá resolveu rir nesta hora, sendo seguida pelo Diretor e pela Alessandra, que apesar de rir fez cara de incomodada para mim.

Diretor: Bom! Olha, agora que já sei seu problema, quero deixar claro que esta escola sempre apoia todos os seus alunos e procura criar um clima de união e paz entre eles. Procuramos sempre eliminar barreiras e preconceitos para que a harmonia deste lugar se mantenha íntegra! Contudo...

Alessandra e Flávia: Contudo?

Diretor: Contudo, infelizmente não podemos mudar a cultura das pessoas de uma hora para outra! Estou preocupado com você Rob... Flávia.. você vai sofrer preconceito, com certeza. Por mais que tentemos protegê-la e punamos os alunos que ajam contrário às nossas expectativas, sempre haverá preconceito, mesmo aquele preconceito velado. Digo isso porque poderão não querer formar grupos de estudo com você ou poderão deixá-la sozinha na hora do intervalo, por exemplo.

Flávia: Sei.... – Comecei a ficar preocupada de verdade.

Diretor: Mas aqui na nossa escola, o aluno tem sempre a chance de ter uma qualidade de ensino diferenciada. Você sabe, temos mais de 2.000 alunos e procuramos sempre nos ajustar e melhorar o que oferecemos! Você já conhece a sala de aula LGBT do colégio?

Flávia: Sala de aula LGBT? – Eu já tinha ouvido falar desta sala mas não conhecia em detalhes.

Diretor: Sim! Temos uma sala de aula separada para alunos que se sintam deslocados, assim como você. Veja bem, temos uma parceria com a comunidade LGBT da cidade e disponibilizamos uma sala de aula para vocês, sem custos extras! É claro que nesta sala há pessoas de várias idades cursando o ensino médio... mas alguns alunos preferem isto a ficar em um lugar em que possam sofrer preconceitos! O que acha? É opção sua querer ir pra lá... ou você pode querer ficar na sala onde está matriculada mesmo! Posso garantir que as disciplinas e a qualidade do ensino serão as mesmas!

Flávia: Nossa! Eu não sabia, mas... – Aquilo me soava mais como “vamos te esconder junto com o resto da sujeira do colégio, para debaixo do tapete” do que “queremos te ajudar”.

Diretor: Você pode tentar começar a estudar na sua sala de aula atual, para ver se fica à vontade! Caso não se sinta bem, poderá se mudar para esta sala especial. Não queremos perdê-la, é nossa aluna desde o infantil mas o que podemos oferecer é isto!

Fiquei pensativa por um momento, até que a Alessandra me ajudou.

Alessandra: Flá, você pode fazer a escolha depois. Primeiro, pense direitinho sobre o assunto, ok? Eu te ajudo a decidir o melhor, tá bom?

Flávia: Tá bom, Lê. Depois a gente vê isso...

Alessandra: Tudo bem Diretor, ela vai se decidir e depois telefonarei dizendo a resposta. Obrigada!

Diretor: De nada, estou sempre à disposição!

Quando acabamos de sair da sala de Diretor, a professora Tatá me chamou. Conversamos um pouco e ela me abraçou.

Tatá: Me desculpa se disse algo ruim pra você! Você sempre foi uma das minhas melhores alunas... e eu te conheço desde que era só uma criança! Pode contar comigo para o que der e vier, tudo bem meu anjo?

Flávia: T-tudo bem! Obrigada Tatá! – Fiquei emocionada com a mensagem de apoio.

Tatá: Nossa mas você está até parecida com a minha filha! Incrível! Tem certeza que era o Robson?

Rimos e saímos do colégio. Alessandra e eu fomos para a República e, naquele dia, Alessandra não foi trabalhar e conversamos bastante sobre o assunto. Resolvemos ir almoçar no centro da cidade mas antes fomos andar pelo calçadão para olhar as vitrines das lojas. Andávamos sempre juntas, grudadas uma na outra, com os braços entrelaçados e riamos de tudo. Eu me sentia muito bem e a Alessandra era como irmã mais velha e uma verdadeira amiga. E era impressionante como chamávamos a atenção dos homens do lugar.

Flávia: Nossa Lê! Agora eu sei como vocês mulheres se sentem! Tudo quanto é macho torce o pescoço pra gente, parece que estão sempre no cio! Ao invés de olhar para nossos olhos ficam olhando para nossos seios e, depois que passamos, ficam olhando pra nossas bundas! Bando de tarados!

Alessandra: Há há há! Mas você não queria ser mulher? Isso é até normal. Quando começam com assovios e cantadas é que a coisa fica feia!

Lembrei que o aniversário da Heloísa estava perto e resolvi comprar um presente para ela, aproveitando a opinião da Alessandra. Entramos em vários lugares e eu estava indecisa entre uma peça de roupa e uma correntinha folhada em ouro. Também me lembrei que o guarda-roupas dela estava abarrotado de roupas e preferi escolher a correntinha, para tentar dar algo mais pessoal e sentimental.

Ainda passamos no salão de cabeleireira em que a Monique trabalhava e conversamos bastante com ela.

Monique: Ooooii meus amores! Saudades de vocês!

Monique: Gente! Olhem aqui! Estas duas e minha mãe são as únicas mulheres que amo nesta vida! – Monique gritou para as suas clientes, arrancando risadas de todas no salão.

Alessandra: Ai Monique! Nós nos vimos ontem! Eu te mato... – Alessandra ficou vermelha de vergonha.

Monique: É verdade Lê! Amo vocês duas demais!! – Ela nos abraçou forte, fazendo todas rirem novamente.

Flávia: Mô, está me apertando... Ugh!

Alessandra e eu nos despedimos da Monique, almoçamos e voltamos para a República. Fui ao meu quarto e fiquei conversando com a Heloísa pelo whatsapp e ela me disse que sairíamos naquela noite e que me levaria para um lugar especial. Perguntei qual seria esse “lugar especial” mas ela não quis contar e manteve segredo. Resolvi entrar no jogo e não perguntei mais nada pois eu também tinha um segredo: iria dar o presente para ela naquela noite!

Marcamos nosso encontro às 18 horas e ela apareceu na república de... moto! Era uma Honda Biz 125 cilindradas, preta. Ficamos conversando um pouco na calçada.

Flávia: O que está fazendo andando com uma moto por aí? Você nem tem 17 anos ainda! Nem tem carteira de motorista, Helô! – Perguntei e já fui abraçá-la.

Heloísa: Há há há! É! Eu sei mas eu ganhei ela do meu pai! Fazer o quê né? Ele me deixou dirigir e ainda disse que agora não preciso mais esperar ônibus... olha que pai mais legal que eu tenho! – Ela tirou seu capacete.

Flávia: O quê? Ele te deu uma moto? Olha que pai mais... doido! Há há há!

Heloísa: É, ele é meio doido sim, tadinho... há há! Mas eu não questionei não, aceitei o presente de coração! Eu sou responsável! – Heloísa parecia feliz e eufórica com sua moto.

Flávia: E... você quer me levar para o “lugar especial” com sua moto, sem carteira de motorista? – Fiz cara de bobinha.

Heloísa: É claro que sim! É isso mesmo que pretendo! E você ainda vai andar muito nessa moto, pode esperar!

Flávia: Não sei não... você vai andar direitinho helô? – Fiz carinho no seu rosto e cara de submissa.

Heloísa: Hu-hum! E não me faz essa carinha não! Você sabe que é meu ponto fraco, amor! – Ela já se preparava para me beijar.

Nos beijamos de um jeito bem calmo, tranquilo. Sentamos na moto e resolvemos ir para o tal “lugar especial”. O lugar era o Morro do Cruzeiro, ponto mais alto da cidade e cercado pela natureza, onde vários casais iam para ver o por do sol e para curtir o começo da noite, sempre estrelada. A maioria dos casais que iam para lá também estava de moto, o que criava um ambiente bem legal e jovial. Era comum deixar as motos em um estacionamento por perto e se sentar na grama ou nas pedras que havia por lá e nós assim fizemos.

Flávia: Nossa, olha a vista deste lugar! Maravilhosa... podemos ver quase a cidade inteira daqui!

Ficamos vendo o sol sumir aos poucos no horizonte, abraçadinhas, sentadas lado a lado. Encostei minha cabeça em seu ombro e, enquanto assistíamos ao por do sol, contei para a Heloísa sobre meu assunto com o Diretor do Colégio e pedi uma opinião.

Heloísa: Olha, não sei amor... Se for para esta sala de aula, eu ficarei meio triste sem você por perto. Estamos estudando juntas há muito tempo. Mas é você quem deve decidir sobre isto... além disso, você ainda estará na mesma escola que eu e poderemos nos ver todos os dias no intervalo!

Flávia: É verdade Helô, eu acho que ficarei mais à vontade nesta sala separada. Senão, os meninos da nossa sala nunca iriam me deixar em paz!

Heloísa: Isso mesmo! E você precisa de paz para se esforçar nos estudos! Precisa se esforçar para entrar na mesma faculdade que eu... – Heloísa já sorria, com aquele velho sorriso bonito que Deus lhe dera.

Aproveitei o clima de romance e resolvi dar a ela o presente que havia comprado durante o dia.

Flávia: Então amor eu... eu tenho algo aqui para você.. é um presente! Não é nada muito caro nem especial... Espero que goste! Feliz Aniversário! – Disse e já entreguei a pequena caixa que carregava na minha bolsa.

Heloísa recebeu a caixinha embrulhada com uma fita de papel cetim e ficou olhando para mim, já meio emocionada. Ela abriu o presente com cuidado e ficou, por um breve momento, olhando a correntinha.

Heloísa: A-amor! N-não precisava, eu! Obrigada...

Heloísa começou a chorar e me abraçou. Ela estava muito feliz e sua felicidade refletia no seu sorriso e nos seus olhos, que brilhavam. Ela pegou a correntinha, a colocou em seu pescoço e a ficou admirando.

Heloísa: Olha amor, eu amei! Obrigada mesmo! Mas eu não concordo que não seja algo especial. Pode não ter sido caro mas eu não ligo para isso, Flá. Pra mim essa correntinha vale muito mais que dinheiro, não vou tirá-la nem para tomar banho! Eu te amo...

Flávia: Eu também te amo, muito! Por mim, ficaremos juntas para sempre, sem dúvida!

Heloísa arregalou seus olhos com essa declaração repentina e ficou sorrindo para mim, com um ar de “o que você acabou de dizer?”

Flávia: N-não! Não estou te pedindo em casamento!! Só disse da boca pra fora! – Fiz um sorriso amarelo.

Heloísa: Tudo bem amor, eu aceito! Marcamos para qual data? Há! E quem vai se vestir de noiva? Só você ou nós duas?

Flávia: E por que só eu ou nós duas? Por que não só você?

Heloísa: Amor, quando estivermos nos casando, quem você acha que os convidados pensarão que é a mulher da relação? Eu ou você?

Flávia: E-eu, acho que... talvez pensem que seja você! – Falei sem muita convicção.

Heloísa: Há há há! Não me faça rir, mocinha. Você está parecendo uma bonequinha, Flá. Toda delicadinha, sentadinha com as pernas juntinhas, olha só! Hum... já sei, você gosta de me provocar não é?

Flávia: Te provocar? Não, eu acho que... só estou sendo eu mesma... – Nesta hora aceitei que seria a noiva do futuro casamento.

Heloísa: Viu? Você entendeu direitinho. Na verdade, eu acho que nós duas devemos nos vestir de noivas! É! Eu acho que isso combina mais com a gente!

Flávia: V-você acha? Então eu também acho...

Nos abraçamos e nos beijamos mais algumas vezes, assim como os outros casais do lugar faziam. Já estava quase escuro e paramos um pouco para comer em uma lanchonete que havia ao lado do estacionamento e depois decidimos ir para um lugar mais reservado. Fomos de moto para a praça central, que era a principal atração e ponto de turismo da cidade. Lá havia uma biblioteca municipal grande e era normal alguns casais “se pegarem” atrás dela pois a iluminação era fraca durante a noite naquele lugar.

Fomos para a parte de trás da biblioteca e começamos a nos beijar e a nos abraçar muito. Heloísa ficava encostada na parede da biblioteca, me apertando na bunda e subindo suas mãos por dentro da minha blusinha, e o clima foi ficando mais quente. Ela começou a me morder no pescoço e nas orelhas e eu já sabia o que isso significava.

Flávia: A-amor, você está exagerando... aqui é escuro mas ainda estamos em público!

Heloísa: Há, mas está tão bom! – Ela fez cara de contrariada.

Pensei um pouco e resolvi ser atrevida.

Flávia: Então por que você não me leva para um lugar mais... apropriado?

Heloísa fez um sorriso diabólico e resolveu apimentar ainda mais a situação.

Heloísa: Hummmm.. Já sei! Podemos ir para um motel que já houvi falar que não pedem nenhum documento para entrar, só o cartão de crédito ou dinheiro.

Eu mal podia acreditar no que ela tinha acabado de me sugerir mas pensei direito sobre aquilo e o que poderia dar errado?

Flávia: T-tudo bem, este será seu segundo presente de aniversário...

Heloísa: Você concordou com isso!? Não acredito... vamos logo, antes que mude de ideia! Mas antes vamos passar em casa pois vou pegar algumas “coisinhas” lá...

Não entendi muito bem o que eram aquelas “coisinhas” mas resolvi não perguntar. Passamos na casa dela e a fiquei esperando do lado de fora, na calçada, para não levantar suspeitas. Ela voltou depois de uns 10 minutos com uma sacola na mão e a colocou no bagageiro da moto.

Chegamos na porta de entrada do motel e Heloísa parou sua moto um pouco antes de falar com a atendente.

Heloísa: Tem certeza disto? Depois de entrarmos, não poderemos sair antes de... você sabe!

Flávia: Sei sim, amor. Tudo bem, eu.. quero isso!

Heloísa sorriu, falou com a atendente e entramos no motel...

; - )

É isso! Espero que tenham gostado e... já sabem o que esperar para o próximo capítulo, não sabem? Hehehe!

Pessoal, mais uns 2 ou 3 capítulos no máximo e vou encerrar este conto. Senão, vai ficar muito modorrento!

Até o próximo capítulo, beijinhos! ; - *

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