O coroa invadiu o quarto e puxou a moça pelo braço. Berrou:
- Thalita! Já pra fora. Vá pro seu quarto. Vamos ter uma conversa.
- Não pode tratar a tua filha assim. - Lázaro tentou apaziguar o cara.
Este esteve bufando, depois se acalmou. Disse ao rapaz:
- O moço me desculpe, mas minha filha é doente. Vive sempre me dando problemas com os clientes, principalmente se são homens.
- Qual a doença dela?
- Ele é ninfo... ninfa...
- Ninfomaníaca?
- Isso. Antes de eu perceber sua enfermidade, vivia se prostituindo. Eu tive que castiga-la, moço. Muito. O pior é que ela acabou gostando do castigo. Não sei mais o que fazer.
- Entendo.
A mocinha esperava do lado de fora do quarto, chorando. Lázaro sentou-se na cama e fechou os olhos. O coroa saiu do cômodo e encostou a porta atrás de si. Segurou de novo a evangélica pelo braço e a arrastou dali. Não viu quando o jovem estremeceu e caiu de costas na cama. Quase ao mesmo tempo, a mocinha também estremeceu. Mas continuou andando até os seus aposentos. Quando o pai a largou, este tirou de trás da cintura uma chibata curta e grossa. Rosnou para a jovem:
- Vou ter que te bater de novo. Depois você me chupará até eu gozar. Ou então, me dá a bunda, como estava fazendo para o nosso hóspede.
- Não. Hoje sou eu que vou querer te bater. Até me fartar. Depois, vou-me embora dessa merda. - Rosnou a mulher, com a voz alterada. Lázaro a tinha possuído. Iria dar uma lição ao pai carrasco dela.
- Como é que é? Você sempre gostou de apanhar. Sempre fez por onde eu te batesse...
- Pode ser. Mas hoje quem vai te bater sou eu.
- Pois ouse bater no teu pai, sua cria do Demônio...
Lázaro deu-lhe um chute e o homem deixou cair a chibata. O evangélico tentou apanha-la do chão, mas levou novo pontapé, caindo de bunda no cimento. O rapaz se aproveitou para pegar o relho e bater no pai da moça. O coroa gritava:
- Não. Não, filha, isso doi. Pare...
- Tire as calças e vire a bunda para cá - ordenou Lázaro, assumindo o corpo da mocinha.
O coroa não atendeu de pronto. Levou uma chicotada violenta. O jovem gritou:
- Faça o que eu mandei!
- Filha, você parece estar possuída do capeta. Nunca te vi assim, com essa voz de homem... - resmungou o coroa, já amedrontado.
Fez o que Lázaro estava pedindo: arriou as calças e voltou-se de costas para ele. Levou uma chibatada violenta na bunda. Outras se seguiram, até que o sujeito desmaiou de dor.
Lázaro quis abandonar o corpo da evangélica e voltar para o seu. No entanto, sentiu-se zonzo e sufocado antes de chegar ao seu quarto. Teve que voltar ao corpo dela. Fê-la caminhar até o seu dormitório. Só então, deixou de abduzi-la. Ela estremeceu. Olhou para ele espantada, vendo-o deitado de costas pra cama. Correu até o rapaz:
- Pelo sangue de Cristo, o que meu pai fez com você, moço? - Aperreou-se ela, se agarrando ao corpo do jovem. Este se levantou ainda tonto. Disse:
- Ele não fez nada comigo. Você é quem deu uma surra nele.
- Eu? Eu não bateria em meu pai, moço. Jesus Cristo me impediria.
- Pois foi o que aconteceu: você bateu nele até faze-lo desmaiar. Se não acredita, vá ver lá no quarto...
Ela foi e voltou preocupada. Falou:
- Eu não me lembro de nada, moço. Mas meu pai está mesmo todo lapeado. E agora? Ele não vai mais querer bater em mim...
- Como é que é?
- Eu gosto de apanhar, moço. Gosto de foder depois de apanhar. Ou vice-versa. Fico provocando meu pai para que ele bata em mim. No início ele não gostava. Mas agora entendeu que quanto mais forte ele me bate, mais eu gozo depois.
O jovem se arrependeu do que tinha feito. Entrou no banheiro querendo tirar a sujeira de cu da pica e ir embora. Ela, no entanto, quando o viu se banhando, se aproximou toda dengosa:
- Tá tomando banho pra gente foder de novo? - Perguntou acariciando o pau do rapaz.
- Não. Vou-me embora. É muita loucura para um dia só. Por hoje, já basta.
- Me leva junto com você. Quando meu pai acordar, vai ficar uma fera.
- Se ele gritar com você, diga-lhe que vai bater-lhe novamente.
- E eu sou besta? Eu quero mais é que ele me foda e me bata bem muito. Mas o moço não sairá daqui sem trepar de novo comigo. - Ela lavava o pau dele com carinho. O caralho ficou duro.
Ela entrou debaixo do chuveiro com ele. Deram uma foda demorada em pé. Ele a possuiu de todas as maneiras, dentro do pequeno banheiro. Ela não pediu mais que ele lhe batesse. Ele a puxou para a cama. Voltou a foder o cuzinho de Thalita. Só parou de meter-lhe no ânus quando gozou fartamente.
Lázaro pegou o dinheiro que tinha escondido debaixo do colchão do quarto da pousada e voltou para o seu apê. Ali, sim, dormiu por horas. Quando acordou, viu um recado de Bianca em seu celular. Ela lhe dizia que o seu rival permanecia no presídio. Também havia marcado uma visita ao cara que matou seu marido e sua cunhada. Queria muito falar com ele. Mas não queria que o escrivão estivesse presente à entrevista. O rapaz ficou chateado por ter sido dispensado de estar lá com ela, mas não fez nenhum comentário.
No dia seguinte, de manhã logo cedo, foi visitar a doutora Isadora Pereira. A psiquiatra disse, assim que começou a sessão:
- Andei conversando com pessoas do teu convívio, inclusive com o cara que matou tua namorada. Ele jura que quem a matou foi você. Diz que está preso por engano. Mas confirmou que você tem poderes especiais. O que ele quis dizer com isso?
- Dos meus poderes ou da morte de minha ex-namorada?
- De ambos.
- Já te falei que consigo voltar da morte. Você não acredita.
- Poderia me dar provas disso, senhor Lázaro?
- Sim, claro. Se bem que é muito doloroso. Mas posso fazer isso se te convencer do que eu te afirmo.
- Como faria isso?
- Você tem câmera aqui?
- Sim. Uso-a para registrar as sessões com meus pacientes. Mas são gravações sigilosas. Não vão a público de nenhuma forma. Servem para me lembrar de algo que eu não tenha anotado. Por quê?
- Quero que registre o que vou te mostrar. Está gravando agora?
- Sim. A câmera fica escondida naquele canto da sala. grava tudo que se passa dentro deste consultório.
- Ótimo. Esteja atenta - e o rapaz começou a ter estremecimentos no corpo. A doutora o observava quando ele se sentou no divã. Aí, bateram na porta.
Ela irritou-se. Levantou-se e caminhou até a porta do consultório. Quando a abriu, tinha um guarda penitenciário do lado de fora. Ela disse;
- Estou atendendo um paciente. Aguardem alguns minutos e os atenderei.
- Não podemos aguardar. A senhora vai ter que dispensar quem está atendendo e nos colocar na vez. O detento tem uma entrevista marcada pra daqui a pouco. - Falou o agente penitenciário.
O sujeito olhou para dentro do consultório, pra saber quem estava sendo atendido. Seu corpo estremeceu de repente e ele caiu de joelhos perante a doutora. Ela tentou ampará-lo, antes que caísse no chão, mas não conseguiu. Então, seu próprio corpo estremeceu. A médica sentiu a cabeça rodar e perdeu a consciência.
A doutora Isadora levou a mão à testa. Estava ainda zonza. Sentiu um cheiro estranho e olhou para a mão. Esta estava tinta de sangue. Seu uniforme branco também. Ouviu uma voz perto de si:
- Ela está despertando.
A médica olhou em direção àquela voz. Era o carcereiro que atendera há pouco quem falava. Ela viu outros agentes penitenciários olhando-a espantada. Só então, percebeu o corpo ensanguentado de Lázaro caído no chão. Perguntou:
- O que aconteceu?
- Diga-nos a senhora. - Falou o carcereiro. Outro agente disse:
- A senhora parece ter endoidado e partiu pra cima do teu paciente com um olhar homicida. Perfurou o corpo dele várias vezes, com a caneta de bico fino que usava para escrever. Matou o rapaz. Todos vimos.
Ela correu para perto do escrivão. Tocou sua jugular com os dedos. Disse, consternada:
- Ele está morto. Mas... eu não me lembro de nada...
- Vai ter que dizer isso lá na delegacia, dona. - Disse o agente. - Considere-se presa pelo assassinato brutal do seu paciente.
Nisso, Lázaro se moveu. Ela agachou-se perto dele, de novo. Gemeu:
- Você está vivo! Como pode? Agorinha atestei tua morte...
O jovem sentou-se no chão, pra espanto de todos na sala. Tinha o peito ensanguentado. O coração fora perfurado. Ela gritou:
- Depressa. Chamem uma ambulância. Ele está vivo!
- E levem o prisioneiro daqui. Façam isso logo. Sua consulta está encerrada. - Disse o carcereiro.
Levaram o detento imediatamente. Este ria de forma enigmática. Lázaro tentava respirar melhor, ainda sentado no chão. Ouviu o agente penitenciário dizer:
- Assim que a ambulância chegar, a senhora está presa por tentativa de assassinato, doutora.
- Não. Eu não vou dar queixa do que aconteceu aqui. a doutora não tem culpa. - Falou Lázaro.
- Mas senhor... - começou a dizer o guarda.
- Chamem a detetive Bianca. Urgente. Ela entenderá mais do que vocês o que aconteceu aqui. - Insistiu o paciente.
- E o que aconteceu aqui? - Perguntou o agente penitenciário.
Quando a detetive Bianca chegou, quase uma hora depois, a doutora estava inconsolável. Lázaro tentava acalenta-la, enquanto uma enfermeira lhe repunha o sangue perdido através de uma bolsa apropriada. A policial perguntou:
- O que aconteceu aqui? E fale logo, sem me enrolar.
FIM DA OITAVA PARTE