Dei um pulo da cama e encostei minha costa na parede do meu quarto.
-QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO NA MINHA CAMA. -Gritei com aquele cara folgado, apenas de cueca.
-Calma Michel. -Ele disse com calma e se alongou, abrindo um bocejo.
-Calma o caralho!. -Eu olhei para meu corpo e eu também estava de cueca.
Peguei correndo a coberta e me cobri.
Aquilo tinha que ser um pesadelo, as sombras da noite passada percorreu meu cérebro e sentir a dor de cabeça terrível da ressaca.
-Se você fica calmo eu explico o que aconteceu. -Ele tinha uma voz rouca de sono e se levantou da cama e abriu as cortinas.
Eu ainda estava contra a parede tentando me recuperar do susto.
-Michel. -Ele olhou para mim e deu um sorriso safado. -Não sabia que você roncava.
Eu iria socar aquele cara.
-Bom, vou te explicar então. -Ele se sentou da cama e mandou eu chegar perto. Eu mostrei o dedo do meio para ele e ele riu.
-Tá bom então, o que aconteceu foi o seguinte. -O Wallace pegou o short dele e o vestiu, eu fiz o mesmo.
-Depois que deixei a prima do príncipe na casa dela, eu voltei para o seu prédio e o Gabriel estava ali fora, estava triste, você realmente o magoou em. -Ele deu risada e eu fechei minha cara, se ele não parece de enrolar ia pegar a arma que o Gabriel me deu e atirar nesse palhaço, ele percebeu a minha raiva e voltou para a história.
-Ele mandou eu subi para cuidar de você e eu fiz o que meu patrão pediu. -Ele deu de ombro.
-Ainda não entendi por que você dormiu na minha CAMA.
-Você queria que eu dormisse a onde? -Ele fez lógica nas palavras.
-Existe um sofá na sala.
-Aquele sofá? Olha meu tamanho? Não, sua cama é de casal e se você passasse mal de noite? Quem iria te socorrer para não se afogar no seu vômito. -Ele abriu o sorriso safado e eu joguei uma almofada na sua cara.
-E além do mais eu iria perder a pegada no meu pau que você deu. Não sabia que você era tão safadinho assim.
Nessa hora eu corei de vergonha e fui até ele.
-Você é a pessoa mais abusada que eu conheço, saia da minha casa. -Eu estava realmente com vergonha, bravo e ainda de ressaca, não ia aceitar brincadeira idiotas.
-Eu saiu, mas vou tomar café antes. -Ele se levantou e passou por mim e foi até a cozinha.
Eu fui atrás dele, me lembrei da noite passada e doeu tudo, o que aconteceu foi horrível, me sentir um lixo. E também lembrei do idiota que eu fui com o Wallace.
Passou uns minutos e eu tinha terminado meu café e o Wallace estava comendo uma bolacha, eu estava mais calmo e resolvi me desculpar de novo.
-Wallace, sobre ontem... eu... -Ele me olhou sério e depois abriu um sorriso.
-Michel, tudo bem, eu entendo que você estava nervoso e falou demais, mas também não falou nenhuma mentira.
Ele relaxou os ombros e respirou.
-Sabe, eu tenho meus motivos para fazer o que faço, e quando isso acabar poderei ser livre.
-Acabar o que Wallace? -Ele ficou sério de novo e demorou uns segundos para responder.
-Um dia eu te conto Michel. -Fiquei pensativo com aquilo.
-Bom, você já está bem, vou lá fora e deixar você sozinho. -Ele foi até onde eu estava e me abraçou, me pegou de surpresa aquilo, mas eu correspondi seu abraço.
-Queria que a nossa noite anterior fosse diferente, pena que não aconteceu como queríamos. Mas obrigado por sair comigo. -Ele me olhou com ternura, me sentir bem com aquele abraço.
-Obrigado você Wallace, e desculpa de novo.
Ele saiu e eu fui para meu quarto, tomei vários remédios, isso iria resolver, estava de folga então só ia trabalhar amanha de tarde, ainda bem.
Fechei os olhos e dormir, até que meu celular tocou. Tentei abrir os olhos e tentei pegar meu telefone, mas ele caiu no chão, estendi a mão tentando o achar e o peguei de novo.
Forcei minha visão para a tela e a claridade me deixou cego por uns segundos e li quem estava me mandando mensagem. Nessa hora eu abrir meus olhos com força, não acreditando quem era o remetente.
Alex:
Boa tarde Michel, preciso falar com você. Me encontra as 17 horas, na rua 8 com a 13, tem um estacionamento abandonado. Vai sozinho por favor.
Me despertei do sono, me levantei e li de novo aquela mensagem.
O que o Alex queria falar comigo? Por que? Acredito que seja para me explicar as coisas. Mas será que eu queria ir? Será que não era uma armadilha? O que eu ia fazer?
Era de tarde, tinha dormindo muito, olhei o relógio e era 16 horas, faltava uma hora para o horário que ele marcou. Realmente eu não sabia o que fazer.
Acabei que deixei minha curiosidade ganhar, tomei banho, troquei de roupa e comi alguma coisa. Agora era 16:30, já estava pensando em como eu ia para esse encontro.
Se eu fosse com meu carro o Wallace com certeza iria me seguir, e o Alex pediu para eu ir sozinho. Isso seria irresponsável da minha parte, mas eu tinha que ver o Alex, ele tinha que me explicar o por que dele ter mentindo e feito tudo isso.
Resolvi chamar um Uber, tinha uma rua atrás do prédio, coloquei a localizado do encontro, e agora só me restava não ser visto por ninguém quando descesse.
Eu estava nervoso, minhas mão suada. Fui até a recepção e o seu Antônio lia o jornal, parecia não te me visto, olhei em volta e vi uma porta perto do elevador de serviço, em cima estava escrito porta de emergência. Fui até lá e a abri, Graça a Deus ela dava bem na rua de trás do prédio, onde tinha colocado a localização.
Olhei meu celular, o carro estava perto, tive um presentemente ruim sobre aquilo, mas agora já era.
O carro chegou, um sedan azul e eu entrei.
Não falei muita coisa para o motorista, quando passamos pelo carro do Wallace tentei me abaixar e acho que ele não tinha me visto.
Demorou uns 20 minutos até chegamos no ponto de encontro, o motorista me olhou e perguntou se era ali mesmo. Olhei para o local e era bem abandonado, não tinha muita coisa por perto, era isolado.
Paguei o Uber e desci do carro.
Fui calmamente e alerta até o local e sentir meu corpo reagir a qualquer barulho que eu ouvia.
O local era um estacionamento que ficava atrás de um prédio enorme, as pareces estavam bem desgastado e o local muito sujo.
Andei um pouco, até que vejo alguém encostado em um pilar, ele usava capuz, reconheci que era o Alex.
Eu cheguei devagar perto dele, ele me olhou e tirou o capuz.
Ele estava muito diferente do que tinha visto pela última vez, a barba estava grande, tinha emagrecido muito e seu rosto tinha uma expressão de tortura. O que tinha acontecido com ele.
Chegando perto dele, ele abriu um sorriso forçado e de vergonha, queria abraçar ele, mas estava com receio.
-Michel. -Seus olhos lacrimejava. Eu também senti vontade de chorar, mas ainda não era o momento, ele tinha muito que me explicar, querendo ou não, eu estava nessa situação por causa dele.
-Oi Alex. -Eu olhava sério para ele.
Ele veio até mim e me abraçou forte, começou a chorar no meu ombro e tive pena dele e respondi ao seu carinho.
-Ei, você ainda tem que me explicar muita coisa. -Falei calmo e doce, mas afastando ele de perto de mim.
-Sim, desculpa. -Ele limpou os olhos e se afastou.
-Por que você fez isso Alex? Você sabe o passei esses dias? -Eu o repreendi.
-Michel, eu não queria te envolver nisso, nunca passou pela minha cabeça ter a intenção de te machucar. -Ele me falou sincero e acreditei nele.
-Mas por que você roubou aquele cartão do rei? Por que fez isso? -Eu não entendia nada.
-Michel, eu vou te contar tudo, mas primeiro tenho saber se você veio sozinho? -Ele olhou para os lados preocupado.
-Sim, ninguém me seguiu.
Ele relaxou os ombros e me olhou.
-Tudo que fiz foi por amor, Michel.
-Amor por quem? Pelo Guto? O tio do Gabriel?
-Sim, ele foi meu grande amor e minha perdição.
-Me conta do começo Alex.
Ele respirou fundo e começou.
-Eu conheci o Guto em uma festa, não sabia que ele era um traficante e ficamos. Depois de uns dia descobri sobre o seu trabalho e também que tinha esposa e filha. -Lembrei da Patrícia, a prima do Gabriel, ela devia ser a filha do Guto.
-Eu tentei fugi dele, mas acabou que viramos amantes, nos relacionamos escondido por 3 anos, até que sua esposa faleceu. -Ele respirou fundo de novo e começou a andar de um lado para o outro, mexendo as mãos quando falava.
-Então o Guto resolveu me assumir para a família, ele e o Marcos ainda tinham sociedade, então comecei a minha amizade com aquela família. Foi muito bom no começo, eles me tratavam bem e aceitaram meu caso com o Guto. Até a Patrícia, filha dele gostava de mim.
Ele ficou tenso e parou de andar e me olhou.
-Só que as coisas mudaram, os negócios do rei e do Guto ficaram perigosos, e tiveram uma briga que separam a sociedade. -Ele pausou e voltou a falar.
- Guto começou a me tratar muito mal, me batia quando bebia ou usava drogas, eu morava com ele e decidir fugir, não tinha para onde ir e resolvi ficar na casa do rei. Lá me sentir acolhido, eles me trataram como da família, me deram o meu apartamento e em troca eu comecei a trabalhar com o rei. Não como traficante e sim mais como um conselheiro, e depois que a Alice, mãe do Gabriel foi embora, eu comecei também a cuidar do príncipe, e o considerava com um filho. -Alex limpou uma lágrima e continuou a história.
-Só que como o Guto, o Marcos também mudou, se tornou um tirano, maltratava às pessoas e até mesmo o seu próprio filho. Comigo ele tinha respeito, mas com o tempo foi acabando aquilo, ele tinha paravo de me ouvi e fazia as coisas por contra própria.
Ele respirou fundo, e me olhou sério.
-Agora Michel, quero que você me entenda, eu ainda amava o Guto e apesar de todos esses anos, eu nunca esqueci dele.
-E por causa desse amor você traiu as pessoas que te ajudaram? -Eu falei com um tom nervoso.
-Eu não me orgulho disso, o Guto tinha me procurado, estava diferente comigo, doce e carinhoso. E eu acreditei que ele tinha voltando a ser como era antes. Mas não, ele só me queria para roubar aquele cartão, e eu fiz isso, fui ingênuo, não sabia a importância que era aquilo.
-Você deu o cartão para o Guto?
-Não, antes de entregar o cartão eu abrir ele no meu computador, e descobri que eram várias senhas de acesso, contas bancárias, rotas de tráficos, e varias outras coisas. Então eu escondi aquele cartão, e fugi.
-Espera, você não estava com o Guto? -Eu fiquei confuso.
-Não, eu fugi, não ia entregar nada para o Guto, e quando você me disse que conheceu o Gabriel, percebi que o sul também estava procurando.
-Alex... -Era muito informação, eu tinha que me concentrar.
-Só que a cada dia está mais difícil
Michel, minhas economias então no fim, e os dois lados, o sul e o norte estão cada dia mais perto de me achar.
-O que você vai fazer? -Eu o olhava preocupado, e ele abaixou a cabeça.
-Tenho que entregar o cartão para polícia, eles têm um infiltrado, mas não posso parecer em público, por isso te chamei aqui.
-O QUE? -Aquilo eu não esperava.
-Michel, você tem que acabar com essa guerra.
-Como? A polícia tá do lado deles.
-Não, a federal não.
-Mas por que eu? -Eu estava tremendo.
-Por que eu escondi em um local que só você vai saber onde está!
Eu não entendi aquilo, que lugar era esse, ele devia tá louco.
-Não Alex, não posso fazer isso. -Eu estava desesperado já.
-Você precisa fazer isso Michel, eu sei que é te pedi demais, mas aquele cartão é prova o suficiente para prender o rei e o Guto para sempre.
Eu não sabia o que fazer ou falar.
-A onde está esse cartão Alex? –Eu olhava para o chão, ainda tentando entender tudo aquilo.
-Você sabe Michel, está no lugar que você mais ama...-Nessa hora ouvimos vários passos vindo em nossa direção, levamos um susto e olhamos juntos percebemos que chegava várias pessoas de todos os lados do estacionamento.
-Até que fim achamos você meu amor. -O homem que falou estava perto da gente, olhava para o Alex com raiva e nojo, o Alex o olhava com medo. Era o Guto, ele parecia um pouco com o rei, tinha cabelo grisalho e um pouco gordo, usava roupa social e tinha um semblante horrível de vilão.
-E olha quem eu encontro junto com meu amante traidor. -Ele me olhou e sentir minha alma queimar por dentro, minhas pernas tremeram e meu coração disparou. Se eu achava o rei ameaçador, aquele ali na minha frente era a encanação do diabo.
-O amante do meu sobrinho, que feliz coincidência.
-Guto... eu posso explicar. -Alex tentou falar mas o Guto sacou sua arma e apontou para o Alex.
-Acho bom você falar primeiro onde escondeu o cartão? -Ele falava as palavras com raiva, quando vi a arma eu fiquei apavorado, o Alex ficou branco.
-Eu..eu...
-Fala logo porra. -O Guto gritou, os capangas dele estava fazendo um círculo em nosso redor.
-Eu entreguei para policia, acabou para você. -O Alex tomou fôlego e disparou as palavras em tom alto. Guto mexeu a cabeça para o lado e depois para o outro, abriu um sorriso e destravou a sua arma.
-Acho que acabou foi para você, Alex. -eu fechei os olhos e só ouvi os tiros, foram quatros torturantes barulhos altos, que faziam eco naquele lugar, eu comecei a chorar e coloquei as mãos no rosto.
O que será que tinha acontecendo, não podia abrir os olhos, eu estava ferrado.
Tomei coragem e abrir meus olhos devagar e tirei a mão do meu rosto, olhei para meu corpo, não tinha nenhum buraco de tiro, mas quando olhei para o chão, vi o corpo, minhas pernas cederam, cair de joelhos no chão e eu gritei, gritei alto.
-NÃOOOO!
*****
Off
-Gabriel? -O Wallace estava no apartamento do Michel, ele estava nervoso e andava de um lado para o outro, tremia as mãos.
-Wallace, o que foi? -Gabriel atendeu o telefone e percebeu o tom de voz do Wallace e ficou preocupado.
-Merda Gabriel, ele não está aqui. -Wallace falava rápido.
-O que? Quem não está a onde? -O Gabriel se desesperou, tinha o pressentimento que ele falava sobre o Michel.
-O Michel, ele não está em seu apartamento, eu não vi ele sair. Meus Deus.
-MERDA Wallace, eu vou te matar. -Gabriel apertou seu celular e começou a respirar fundo.
-Espera eu aí caralho. -Gabriel jogou seu celular longe e pegou a chave do carro e saiu correndo.
Onde que aquele Doutorzinho tinha indo.
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