Percival disse baixinho para a irmã de Marisa:
- Entretenha tua mana, enquanto eu visto as roupas.
- Melhor que saia. Dê uma volta por aí. Ela não pode saber que está aqui. - Falou ela no mesmo tom.
- Okay.
O mulato vestiu-se e saiu de casa sem fazer barulho. A médica voltou para o quarto. Já era quase duas da madrugada. Ele não sabia onde ir àquela hora. Aí, lembrou-se do bar onde tinha saído sem pagar ao garçom. Foi para lá.
O local ainda estava aberto, apesar de ter uns poucos retardatários bebendo. O garçom não lhe reconheceu sem barba e cabelos desgrenhados. Serviu ao mulato sem problemas. Ele ainda estava de pau duro, pois não tinha gozado com a irmã de Marisa. Olhou em volta e só tinha mulher acompanhada. Quando o atendente passou por perto, ele perguntou:
- Este bar não é frequentado por mulheres? Estou afim de foder.
O cara lhe confidenciou:
- A maioria já foi embora. Mas conheço uma que vem sempre aqui quando estamos pra fechar. Dê um tempo que ela logo aparece.
Quando a mulher apareceu, cerca de dez minutos depois, não despertou o interesse do mulato. Apesar de possuir um corpo desejável, tinha o rosto de uma mulher vulgar. O garçom a apontou discretamente. Ele declinou de convida-la para a mesa. Ela, no entanto, o notou. Levantou-se da mesa onde se sentara e caminhou até ele. Perguntou:
- Está sozinho ou espera alguém?
- Sozinho.
- Posso me sentar um pouco?
- À vontade. Mas se deseja um programa, não estou interessado.
- É tão evidente assim que faço programas?
- Para mim, sim.
- Hoje não foi um bom dia para mim. Não descolei nem um puto. Estou sem dinheiro. Paga-me uma cerveja?
- Ok. Peça ao garçom.
Ela pediu. Quando a bebida veio, ela perguntou:
- Não gosta de prostitutas?
- Não, não gosto. Detestaria pegar uma venérea.
- Eu sou limpinha. Vou ao médico ginecologista uma vez por mês.
- Isso é bom. Mas não estou interessado.
- Não quer nem uma chupadinha? Sei fazer gostoso.
- Não, obrigado. Eu sou casado - Mentiu ele.
- Que pena. Gostei de você. Parece ser um cara legal. Eu te chuparia de graça. Não consigo passar um dia sequer sem mamar num caralho.
- Cada um tem seu vício.
- Qual é o teu?
Ele demorou a responder:
- Foder cu. Adoro.
Ela olhou para ele espantada. Depois, disse;
- Não dou. Tenho hemorroidas e me doem terrivelmente. Fui estuprada, quando criança, e o cara era um roludo. Estraçalhou meu pobre cuzinho.
- Entendo. Mas você não sabe o que está perdendo. Depois do estupro, não deu mais a bunda?
- Dei, sim, a um mendigo de rua. O cara tinha grana e me ofereceu duzentos paus para foder meu cuzinho. Como tinha rola pequena e fina, não tive problemas.
- Onde conheceu esse mendigo? - Perguntou o mulato, interessado na resposta.
- Ele fazia ponto aqui perto. Mas parece que encontrou trabalho, pois nunca mais o vi.
- Sabe o nome dele?
- Não. Mas sei que é irmão de uma puta que conheci numa boate. Ele me pediu por tudo para eu não dizer a ela que o tinha visto. O cara deve estar metido em encrencas. Mas parece ter dinheiro. Muito dinheiro.
- Eu estou à procura desse cara.
- Você é policial?
- Não. Sou detetive particular. Fui contratado pela irmã dele para encontra-lo. Se me der uma boa dica, te pago uma grana.
- Estamos falando de quanto?
- Você é quem diz.
Ela esteve pensativa. Depois, disse:
- Mil paus. E o teu de lambuja para eu chupar hoje.
- Sem acordo. Metade disso, sem chupadas. Não estou afim.
- Aceito metade, mas com chupada. Estou carente de um caralho na minha boca. Quanto maior, melhor.
- Mulher para me chupar tem que me dar o cuzinho. E você não aguentaria meu caralho. É muito grande.
- Isso quem decide sou eu. Me mostra?
O garçom ia passando perto deles nessa hora. Advertiu:
- Você sabe que não toleramos safadezas aqui, Ângela. Leve-o para tua casa. Sei que mora por perto.
- Está com ciúmes? - Ela perguntou.
- Sem essa. Deixo você permanecer por aqui porque estamos quase fechando. Mas sabe muito bem que o dono detesta putas.
- Tá, tá, tá... Vamos lá pra casa, moreno? Fica perto.
- Não. Só quando você me conseguir uma boa informação. Antes, não.
- Então, não te falo mais nada - disse a mulher, se levantando da mesa. O mulato não se alterou. Deixou que ela se fosse. Aí, o garçom se aproximou novamente dele:
- Não se interessou pela cadela?
- Não gosto desse tipo de animal. Arrisco perder a pica por causa de doenças venéreas.
- Entendo. Essa é limpinha. Ninguém nunca reclamou. Ouvi direito que você procura um mendigo?
- Sim. A irmã me pediu para acha-lo. O cara está desaparecido.
- Não vai acha-lo mais com vida.
- Mesmo? Por quê?
- Eu ouvi uma notícia de que um mendigo foi morto e jogado no rio. Pode ser quem você procura.
- Onde ouviu isso?
- No rádio, quase ainda agora. Deve sair na reportagem de amanhã.
- Onde foi encontrado?
- No Rio Capibaribe, perto do Correio Central. Pergunte ao outro garçom. Ele conhecia o cara.
- Chame-o aqui. Se o que ele disser me convencer, vocês dois ganham uma grana extra.
- Sério?
- Sim.
Pouco depois, o outro garçom se aproximou do mulato. Explicou:
- Tavinho estava metido em coisa grande. Uns caras o pegaram na rua e o fizeram participar de uma experiência. Ele estava ganhando uma nota preta para se submeter a uma transfusão de sangue por semana. Encontraram-no dentro d'água, nas imediações de um furgão roubado. A Polícia o encontrou boiando, não faz nem uma hora. O corpo ainda deve estar lá, cercado de policiais.
Percival botou as mãos nos bolsos e retirou de lá duas notas de cem reais. Deu uma a cada garçom. Os caras ficaram muito contentes. Ele terminou seu último gole de cerveja, pagou a conta, inclusive a da puta, e foi-se embora. Pegou um táxi e se dirigiu ao local indicado pelos caras. Encontrou o corpo à beira do rio, retirado da água. Havia vários curiosos em volta do cadáver exangue. Ele pegou seu celular e fotografou o defunto e o furgão. A placa batia com a do carro que tinha dado carona ao mendigo e ao guarda-costas de Bárbara. As fotos serviriam para mostrar a irmã do cara que ele o tinha encontrado. Mas só iria até ela no outro dia. A cerveja lhe dera sono e o que queria mais era dormir. Procurou um hotel barato, para não voltar à sua residência. Num instante, dormiu.
No dia seguinte, acordou por volta das dez da manhã. Tomou um banho demorado, pagou o hotel e foi-se embora. Mas não foi logo para casa. Antes, passou pelo prédio perto de onde Marisa tinha sido esfaqueada. Prometera uma grana para o porteiro que lhe mostrou o vídeo, para que este socorresse os outros vigilantes, e foi saldar sua dívida. O cara estava ainda lá, acompanhado de um sujeito bonitão. Assim que o reconheceu, o recepcionista apontou-o para o sujeito. Disse:
- Pronto, olha ele aí. Prometeu voltar e voltou.
Percival se aproximou dos dois. O bonitão mostrou-lhe um distintivo da Polícia Federal. Perguntou:
- Tem porte de arma, negrão?
O mulato tirou da carteira um papel dobrado e o mostrou ao sujeito. Este deu uma rápida olhada e questionou:
- Por que atirou nos seguranças?
- Acho que o porteiro já contou a versão dele. Assino embaixo.
- É policial?
- Não. Detetive particular.
- E por que voltou?
- Vim saldar uma dívida com o porteiro.
- Ele pediu que eu levasse os três seguranças para uma clínica particular. Disse que me daria o dinheiro, mas eu não confiei. Levei-os para um hospital comum. - Informou o moço da portaria.
- O porteiro me disse que uma amiga tua foi esfaqueada perto daqui. Procede?
- Sim. Estive investigando. Acharam o corpo do cara que a esfaqueou no rio. Perto de um furgão que o recolheu após o atentado. Já viu o vídeo?
- Sim. O cara aí me mostrou. Qual é a bronca?
- Podemos ter uma conversa a sós?
- Sim, mas não tente me embromar. E se tentar fugir, atiro em você.
- Combinado. Deixe eu me acertar com ele e podemos tomar umas para conversar.
- Não bebo em serviço. Mas te acompanho com um refrigerante.
Depois de dar uma grana suficiente para o cara da portaria pagar o tratamento dos amigos, os dois foram ao primeiro bar que encontraram. Só então, o bonitão se apresentou:
- Meu nome é Cassandra, detetive. E não tenho nenhum prazer em conhece-lo.
- Pois que se foda. Apesar da voz grossa, você me parece um boiola. Não sou chegado...
- Se disser isso mais uma vez, te dou um murro.
- Olha, vamos pular essas amabilidades que eu tenho algo sério para te dizer.
- Ok. Desembuche.
O mulato demorou a falar:
- Tem alguém raptando mendigos das ruas e drenando o sangue deles. Eu e a minha assistente, a que foi esfaqueada, acreditamos que se trata de algum esquema de tráfico de sangue, ou alguma experiência clandestina.
- Acha que tem algo a haver com o atentado que tua parceira sofreu?
- Talvez. Ela investigava o tal mendigo. Mas estávamos numa investigação paralela. Quatro caras bateram muito e estupraram uma amiga minha. Eles a deixaram paraplégica por uns tempos. Eu acredito que o cara que dirigia o furgão que você viu no vídeo era irmão do mendigo.
- Está me dizendo que o próprio irmão o matou?
- Não. Digo que deve aparecer outro corpo jogado nalgum lugar. O cara que os matou, acredito eu, estava sendo seguido por minha parceira e depois pegou aquele veículo. Deve ter matado os dois, mas jogou cada corpo num lugar, abandonando depois o furgão.
- Tem lógica. E o carro que você roubou da frente do prédio para socorrer tua assistente?
- Está na rua, lá na frente de minha residência. A polícia o achará e o devolverá ao dono.
- Posso te prender por agressão a mão armada e roubo de carro...
- Acredito. Mas faça isso depois que eu acabar as minhas investigações, por favor. Tem muita grana envolvida. Mas você pode ficar com os louros.
O bonitão sacou o celular do bolso e fez uma ligação. Percival percebeu que o cara tinha seios, como uma mulher. Mas a maneira de agir e o timbre retumbante de voz não deixavam dúvidas da sua masculinidade. Cassandra disse:
- Estou num bar perto de onde aquela mulher foi esfaqueada. Um detetive me contou uma história interessante. Venha para cá. Você vai assumir as diligências.
Quando a morena lindíssima estacionou na frente do bar, o mulato ficou encantado. Ela era a cópia fiel do homenina. A diferença era que este tinha os cabelos curtos. Ela tinha lindos e sedosos cabelos longos e negros. O andar da moça era um arraso. O homenina a apresentou:
- Este é o detetive Percival. Ouça o que ele tem a dizer. Esta é a minha irmã Cassandra, também agente federal. Não se engane com a aparência frágil dela. É bem capaz de te derrubar com um único golpe.
- Tem namorado? - Perguntou o mulato.
Ela deu-lhe um sorriso delicioso. Em seguida, beijou-o na boca, pegando-o de surpresa. O homenina levantou-se e se despediu de ambos:
- Tenho o que fazer. Vou-me embora. E vou levar teu carro, mana. Por falar nisso, depois prenda esse sujeito. Ele roubou um carro ontem.
- Foi por uma boa causa. - Disse Percival.
Quando o homenina foi embora, a morena perguntou:
- Tem caralho grande?
- Como é que é?
- Tem pinto grande? Se me agradar, não te prenderei.
- Algo perto de quarenta centímetros.
- Uau. Então, vamos para um motel. Conversaremos lá.
Chamaram um táxi e logo estavam nalgum motel. A morena era malvada. A primeira coisa que fez depois que o jogou na cama foi dar-lhe uma mordida no peito. Tirou sangue do mulato. A princípio, ele ficou irritado. Ela lhe deu um tapa forte no rosto. Tirou sangue dos lábios do cara. Então, ele revidou. Derrubou-a com violência sobre a cama e atirou-se sobre ela. Esquivou-se de uma joelhada nos testículos. Com raiva, acertou um murro no rosto dela. Levou outro de volta. Virou-a de costas para si, sobre a cama, e quase arrancou sua saia. Conseguiu levantar o tecido, deixando-a com a calcinha preta à mostra. Ela jogou o cotovelo, mas ele bloqueou o golpe. Percival arrancou sua calcinha de um puxão, deixando-a com a bunda nua. Deu-lhe uma gravata, imobilizando-a finalmente. Ela sorria, antecipando o seu próximo movimento. Quando ele tocou com a glande no anel dela, ela empinou o rabo e enfiou-se de vez, até o talo, no caralho do mulato. Gemeu:
- Se deixa-lo escorregar do meu cuzinho, eu juro que te arranco o sexo fora, caralho...
FIM DA SEXTA PARTE