Trigger Warning
(Aviso de gatilho)
Essa história contém críticas sobre o cristianismo, aborda temas como: mortes, traumas e fobias, brigas, bullying e homofobia. Respeite os seus limites!
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AVISO
A respeito do prólogo que postei, preciso corrigir uma coisa pra vocês. Em 2017, Clara e Dave tinham 15 anos e consequentemente em 2019, Dave está com 17 anos, beijos.
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Cap 01 - Coma?
2018, como posso explicar o meu um ano em um hospital, não tem como. Pra mim 2018 não existiu, depois da morte da minha amiga, que aconteceu em maio de 2017, eu tive problemas sérios, físicos e psicológicos então tive que ficar acamado até dezembro - 7 meses - recebendo também ajuda psicológica. Justamente quando ia receber alta (eu estava bem) entrei em um coma profundo por 1 ano, Se você me pergunta-se como isso aconteceu eu não saberia te responder, perdi um ano da minha vida dormindo, talvez pra você seria uma maravilha dormir por um ano mas pra mim não foi. Perdi o velório da minha amiga e hoje eu estou apenas respirando parece que não sinto nada, semelhante ao que senti quando estava em coma, o vazio e se você me pergunta-se pela segunda vez se eu já superei a morte dela eu responderia a você a mesma coisa que dizia a minha psicóloga: eu não quero falar sobre isso mas sinto que eu preciso... Não sei.
Rio de Janeiro. Janeiro, 2019
Faz uma semana que eu saí do coma (sim eu perdi o réveillon, e eu agradeço ao meu corpo por isso) e eu estava sentado no sofá na sala do triplex que meus pais compraram em 2018 no Leblon, eles disseram que uma amiga deles disse que Deus revelou a ela que eles não podiam mais morar na mansão pois o demônio que estava presente lá foi o mesmo que influenciou eu e a Clara fugirmos, que ideia! Eu realmente estou acostumado com essa situação, sempre é assim, quando há um problema comigo eles não procuram a mim e sim a força divina que eu não preciso nem escrever, vocês já sabem quem é. Em vez de resolver problemas em família eles procuram essa força e aos credores dela, ou seja os "amigos" cristãos do casal aberração, meus pais.
Essa brincadeira de resolver seus problemas com estranhos acabou gerando fofoca (imaginem se soubessem que eu sou gay?), sim, toda a igreja agora sabe que eu fugi, mas não sabem da Clara, a família dela não era muito de ir pra igreja e foi escolha dos pais malditos dela não falar mais sobre, estão apagando o passado da minha amiga minuciosamente, dá pra notar. Minha mente ainda está presa em 2017 justamente naquele dia, queria tirar isso da minha cabeça mas parece que minha vida acabou naquele momento.
Pensar na Clara me assusta as vezes, ainda não superei e talvez nunca supere, mas eu preciso continuar pois isso que a Clara faria. Clarice - irmã da Clara - me visitou um dia depois da minha alta parece que ela não está mais jorrando o seu veneno e agora estou aqui sentado nesse sofá depois de ter pensado várias vezes sobre o que aconteceu e decidi que já estava na hora de dar uma folga ao meu cérebro.
- preciso ir pra praia - pensei
Mas antes preciso processar mais um pouco, pois está acumulado. Coma? Como assim coma? Eu estava bem como isso pode acontecer, a pessoa está bem e do nada entrar em coma? a Doutora disse que não é normal isso acontecer, mas acontece, tipo morte súbita, a pessoa está bem e do nada...Vocês sabem né? Isso me deixou mais aliviado.
E Pra variar ainda tem mais dois anos letivos para concluir ou seja, estou fudido. Comecei a estudar bem cedo nunca repeti de ano e sempre fui um aluno ótimo - estilo fanfic - mas o meu único problema era que isso não me interessava, estudava mais para meus pais pararem de encher meu saco. Agora vai ser pior por que vou me atrasar na faculdade de direito que meu pai tanto quer que eu faça. Depois de anos acabei me acostumando com isso justamente pra não gerar problemas futuros - e esquecendo de mim - pois não encontro nenhuma forma de ser eu mesmo, nenhuma forma de ligar o botão do foda-se e contar tudo, nenhuma pessoa.
Novamente preciso dar um folga para o meu cérebro
- PRECISO IR PRA PRAIAAAAAA! - pensei dando gritos internos.
Eu morava em frente a praia então era só atravessar a rua, não teria mistério era só olhar para o lado, depois para o outro, verificar se ha algum carro passando pela minha frente e pronto só atravessar, atravessar, atravessar... Não estava mais aguentando ouvir meu subconsciente repetir essa palavra. Peguei um short na minha gaveta (odeio sunga) e deixei meu celular carregando, na verdade nem me importo com mensagens de apoio de gente falsa (meus parentes).
Sai do apartamento e apertei em um dos botões confusos do elevador daquele prédio - merda apertei errado, sou um desastre - pensei. Apertei certo e desci pelo elevador, cheguei ao térreo e encontrei um jovem senhor com um uniforme, pensei na possibilidade de ser o porteiro então o cumprimentei:
- Boa tarde senhor - tentei ser o mais educado possível, pra ele não me comparar aos meus pais que provavelmente nem um bom dia teria dito a ele.
- Boa tarde, você deve ser o filho dos Cavalcanti, estou certo? - disse educadamente
- sim, sou sim.
- ah sim, prazer em te conhecer então - disse sorrindo estendendo a mão para um aperto
- igualmente - respondi com um sorriso e sai do prédio
Aqui fora tava muito quente, devia esta fazendo um 39º com sensação de 100º, só pode - pensei, as vezes eu sou um pouco dramático. - caminhei calmamente até a praia, mas o asfalto me fez lembrar, de um jeito ou de outro eu preciso atravessar.
Então gente esse foi mais 1 Cap da minha historinha, me perdoem se estiver alguns erros, espero que vocês gostem!Eu estou postando essa history no wattpad então se quiser ler os outros capitulos
https://my.w.tt/kBZA3ylTST