- Tá, então, depois do acidente vocês mudaram de corpo? – perguntou Wal para Samuel e Jonathan.
- Isso, Wal, nossa você é uma genia. – soltou Jonathan impaciente, andando de um lado para o outro.
- Jonathan. – repreendeu Samuel.
- Desculpa, Wal. – falou Jonathan sentando.
- Nossa, como você fez isso? – perguntou Wal pegando no ombro de Samuel.
- Prática. - afirmou Samuel piscando para a madrasta do amigo.
- E, também, tem uma mulher que vive deixando mensagens para vocês? – questionou a mulher.
- Isso, ela nunca diz o nome dela. Na verdade, nem da tempo de perguntar. Tudo é muito rápido. – explicou Samuel.
- E você, Jonathan? Estão te tratando bem? Se quiser se mudar para cá.
- Não precisa, a mãe do Samuel é muito boazinha. Eles precisam de mim. – garantiu Jonathan todo orgulhoso.
- Tudo bem, a gente só precisa pensar direito. Ah, já sei. Vocês pensaram em trombar? – sugere Wal batendo as mãos.
- Não. – respondem Samuel e Jonathan juntos.
- Puxa. Espero que essa senhora apareça logo. – comentou a madrasta de Jonathan.
Após levar um fora de Jonathan, Oliver, decidiu procurar um psicólogo. Ele queria entender os mistos de sentimentos que se embolavam no seu coração. Segundo o especialista, não era bom o jovem criar expectativas com seu amigo, uma vez que o mesmo não havia mostrado interesse. Mas a cabeça de Oliver cada vez mais criava uma fantasia em que ele e Jonathan teriam um relacionamento.
Ainda naquela tarde, Oliver chegou em casa e encontrou seu primo na piscina, ele tentou lutar contra seus instintos sexuais, porém, acabou transando mais uma vez. Como meio de se punir pelos vacilos, Oliver, começou a se machucar, ele pegou a chave da moto e passou várias vezes em sua coxa direita.
Lorena Viana, uma típica patricinha de São Paulo, a jovem era uma ótima aluna, sempre tirava boas notas, mas em questão de relacionamentos não tinha muita sorte. Ela e Kleiton, o baixista da banda Black River, completaram naquele dia, um mês de relacionamento. Eles decidiram jantar para celebrar a data.
- Você fica linda a cada dia. – comentou Kleiton.
- Para, assim eu acredito, seu bobo. – respondeu Lorena.
- E aí, irmãozinho. – disse Saulo se aproximando da mesa do casal.
- Saulo! – exclamaram Lorena e Kleiton juntos.
- Olha só, vocês estão namorando? – perguntou o jovem.
- Sim. – afirmou Kleiton pegando na mão de Lorena.
- Bem, eu não quero atrapalhar nada. Vou para o bar, até mais maninho. – ele falou saindo e deixando um clima horrível.
- Você conhece o Saulo?
- Digamos que sim. – respondeu Lorena ficando vermelha.
- Essa não. – reclamou Kleiton batendo a cabeça na mesa. – Ele sempre faz isso, que merda.
- Faz o quê? – questionou Lorena.
- Sempre fico com os restos do Saulo.
- Ei, garoto. Me respeita. – protestou Lorena se levantando e indo embora.
- Espera, não quis dizer isso, Lorena. – indo atrás da namorada, mas voltando para pagar a conta. – Droga, que merda, Saulo.
Samuel convidou Lana para jantar com ele, a pauta da noite? O encontro dele com Jonathan. Na opinião de Lana, ele não deveria misturar as coisas, mas apoiou o amigo na decisão. Já Jonathan contou tudo para a mãe de Samuel, eles conversaram bastante sobre relacionamentos.
- Só toma cuidado para não machucar o rapaz, Samuca. E nem se joga de cabeça. – aconselhou Isabella pegando na mão de Jonathan.
- É a primeira vez que gosto de alguém como ele. – afirmou Jonathan.
- Alguém padrão? – perguntou Isabella rindo.
- Olá, irmã e sobrinho. – cumprimentou Antonella colocando a bolsa na mesa e sentando ao lado dos familiares. – Qual é a conversa?
- Estamos falando que o teu gosto e do Samuel são parecidos. – soltou Isabella rindo.
- Mesmo, porquê? – questionou Antonella.
- Vocês dois gostam de garotos jovens. – respondeu Isabella rindo.
- Ei, o Henrique é novinho, mas é muito responsável. Irmã, ele me deu aquela bolsa babadeira.
- Olha, tia. O Jonathan falou que o Henrique é possessivo. – alertou Jonathan se levantando. – Bem, queridonas, vou me arrumar. Tenho um encontro.
- Cuidado, menino. – falou Isabella jogando uma almofada em Jonathan.
- Sobrinho, use camisinha e não faça nada que não queira. – aconselhou Antonella.
- Tia. – repreendeu Samuel. – É um encontro, ok.
Jonathan se arrumou para o encontro com Samuel. Eles iriam ao cinema, e depois, seguiriam para um restaurante. Ele estava muito animado, pois, pela primeira vez, sairia com alguém que gostava realmente. Samuel ficou preocupado, o único namorado dele tinha sido Nando, ou seja, ele ainda se considerava inexperiente em primeiros encontros. Os dois foram pontuais e chegaram no horário marcado.
- Você está lindo. – disse Jonathan.
- Er, eu meio que sou você, Jonathan, e você naturalmente já é lindo. – respondeu Samuel.
- Desculpa, eu sei que é confuso, eu mesmo tô tentando compreender meus sentimentos, mas você está lindo, nós estamos lindos.
- Qual filme vamos assistir? – perguntou Samuel.
- Uma comédia romântica, do jeito que você gosta. Já comprei os ingressos.
Jonathan odiava comédias românticas, e Samuel, sabia disso. Eles compraram as pipocas e seguiram para a sala. O filme era bem bobinho, mas Samuel, se emocionou com algumas cenas. Enquanto isso, Jonathan, buscava uma forma de ficar mais perto de seu amigo, primeiro, o jovem tentou colocar os braços em volta de Samuel, porém, o plano não deu certo. Em seguida, o rapaz segurou na mão de Samuel, que se assustou no início, e decidiu ficar de mãos dadas.
Após a sessão de cinema, os dois foram para o restaurante que não ficava muito longe do cinema. Nos fins de semana, as ruas de São Paulo ficam lotadas de pessoas, todas em busca de diversão. Jonathan optou em pegar um atalho, quando eles cruzaram uma das ruelas, Samuel, viu a senhora, ela passou rápido. Querendo mais respostas, ele não pensou duas vezes e seguiu a tal mulher. Meio sem entender, Jonathan, o seguiu.
Eles chegaram em uma área escura, várias tabuas faziam uma ponte improvisada, do nada, a mulher misteriosa apareceu do outro lado. Samuel não mediu as consequências, subiu em uma estrutura, mas a mesma não suportou o peso e cedeu. Jonathan gritou, ligou a lanterna do celular e encontrou Samuel desmaiado. Com muita dificuldade, ele desceu e pegou o amigo nos braços.
- Samuel, você está louco? A mulher nem está aqui. – brigou Jonathan pegando um lenço e limpando o sangue que saia de um machucado de Samuel.
- Cadê, ela? – ele perguntou meio zonzo.
- Não interessa, Samuel. Você precisa deixar de ser tão impulsivo. Se acontecesse algo contigo, eu...
- Jonathan. – disse Samuel chorando. – Não briga comigo. Eu estou assustado. Não só com a mudança de corpos, mas tem a nossa situação também.
- Ei, para. Desculpa. Eu me preocupo com você. – explicou o jovem abraçando Samuel. – Eu sei que a minha postura te assusta, eu não vou negar, quando a gente iniciou essa jornada louca, eu fiquei com repulsa do teu corpo, mas aos poucos, com o seu jeito, sabe, você me conquistou.
- Eu gosto muito de você, Jonathan. Só não quero me machucar. – revelou Samuel.
Era inevitável, a luz soturna, a respiração ofegante, um com o rosto próximo ao outro, depois de muita expectativa, o beijo entre Samuel e Jonathan aconteceu. E não pense que foi um beijinho simples, Jonathan, caprichou, eles ficaram ali por alguns minutos, as pernas de Samuel estavam bambas. Por um minuto, os dois voltaram para seus corpos originais.
- Samuel. – disse Jonathan pegando no rosto do seu amigo.
- Jonathan? – perguntou Samuel assustado.
- Eu... eu... – Jonathan não conseguia se expressar, lágrimas escorriam de seus olhos e ele beijou Samuel novamente.
A troca durou segundos, quando eles acabaram o beijo ainda se encontravam na mesma situação, Jonathan no corpo de Samuel, e vice-versa. Os dois não entenderam o que aconteceu, de longe, a senhora via a cena, ela olhou para cima e riu dos jovens. Com dificuldade, Jonathan, ajudou Samuel a se levantar. Tirando um pequeno corte na bochecha, a saúde dele estava 100%.
- Estou todo sujo. – comentou Samuel rindo e tirando a poeira do casaco.
- Você está com fome? – perguntou Jonathan.
- Não muita, a gente se encheu de pipoca.
- Tem um lugar que eu quero te levar, e eles não pedem identidade. – revelou Jonathan pegando Samuel pela mão e caminhando em direção à Avenida.
Antonella levou Henrique para uma festa, no início, o jovem ficou acanhado com a situação, ele era o único ‘novinho’ no local. Na verdade, a tia de Samuel tinha um gosto peculiar para festas, ela adorava Funk. O som alto dava nos nervos de Henrique, e as amigas de Antonella não ajudavam.
- E esse filhote, Antonella? Tem mais de onde saiu ele? – perguntou uma mulher rindo.
- Ele é tão fofinho. – comentou outra apertando a bochecha de Henrique que ficou vermelho.
- Deixem o coitadinho em paz, meninas. – pediu Antonella abraçando Henrique. – Você está bem, amor?
- Olha, ela me chamou de amor. Quer dizer que vamos ter um relacionamento sério? – questionou Henrique a beijando.
- Não sei.
Henrique decidiu surpreender a amada. Ele subiu até a pick-up do DJ e pediu Antonella em namoro. Os amigos dela começaram a celebrar, completamente envergonhada, Antonella decidiu aceitar a proposta do jovem, a partir daquele momento, eles eram namorados. O público gritou e festejou a resposta positiva, e até mesmo Henrique, caiu no funk.
- Agora você só precisa conhecer a minha mãe, né? – comentou Henrique.
- Como assim, a tua mãe? – perguntou Antonella confusa.
- Estou brincando. Você é a mulher mais maravilhosa do mundo. – declarou Henrique beijando Antonella.
Quem não se deu bem no fim de semana foi Kleiton. Após o papelão que ele pagou no restaurante, a morena não respondia suas mensagens. Ele procurou Lorena em sua casa, mas a jovem não quis saber dele. Para desabafar, Lorena, buscou uma pessoa muito improvável, Lana.
- Nossa que barra, Lorena. Você não tem culpa de ser fácil. – brincou Lana.
- Ei, Elana. Eu vim aqui em procurando um ombro amigo.
- Desculpa, sou nova nessa questão de amizades femininas. – comentou Lana. – Mas entra, você chegou aqui já desabafando, nem deu para te convidar.
- Ah, obrigadinha. Amiga, você tem sorvete? – perguntou Lorena.
- Sim, tenho sim.
Jonathan levou Samuel para uma boate chamada ‘Rainha Escarlate’. A programação do local contava com um show de drag’s. Era a primeira vez de Samuel em uma balada LGBTQ+, o jovem ficou fascinado, Jonathan, ficava feliz ao estar com amigo naquela situação. Eles ficaram na mesa mais afastada para evitar problemas. O apresentador começou o show fazendo uma sessão de piadas envolvendo o universo gay.
Os olhos de Samuel brilhavam, ele achou o espetáculo melhor do que qualquer evento de cosplay. A primeira drag queen a subir ao palco foi Monique Roberts, ela fez uma performance que atraiu a atenção de todos na boate. Em seguida, a eufórica Lucy Bolas, a drag desceu o pau nas colegas de show, de uma forma cômica, claro. Então, a terceira artista apareceu.
- Boa noite, queridos, sou Lupitta Del Conde. Hoje acordei romantiquinha, então, quero emocionar os casais que estão aqui. Todas de pés, suas bichas e curtam a música.
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Não me contes mais
Do que aconteceu
Antes de nos conhecermos
Sei que teve horas felizes
Sem estar comigo
Não quero mais saber
O que aconteceu
Em todos esses anos
Em que você viveu com outras pessoas
Longe dos meus carinhos
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Jonathan e Samuel ficaram de frente um para o outro, sem saber o que fazer. Depois de um tempo, Jonathan, puxou Samuel para perto dele e segurou na cintura do amigo. O coração dos dois pareciam que iam pular. Lentamente, Jonathan, conduziu a dança.
- É a primeira vez que eu danço com um homem. – comentou Jonathan.
- Idem. – concordou Samuel apoiando a cabeça no peito do amigo.
- Eu também estou com medo, Samuel, mas quero ver até onde vai tudo.
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Te amo tanto que sinto ciúmes
Até daquilo que posso ser
E me parece que é por isso
Que eu vivo tão intranquilo
Não me contes mais
Deixa-me imaginar
Que não existe o passado
E que nascemos, no mesmo instante
Em que nos conhecemos
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Aquela noite foi perfeita para Samuel, ele nunca se imaginaria ali, ainda mais com Jonathan. Os dois se fecharam em seu mundo e deram outro beijou, mas dessa vez, sem pressa. Eles só não repararam que alguém registrava aquele momento de carinho com um celular. Fotos e vídeos foram feitos das trocas de caricias entre Samuel e Jonathan.