Segue mais um capítulo. Boa leitura.
Abraços.
D.
Os Verões Roubados de Nós
CAPÍTULO 43
Narrado por Gabriel
Hoje é domingo. Observo Eno dormir tranquilo após eu tê-lo acordado de madrugada para fazer amor. Caralho, eu estava muito tarado e com uma vontade louca de senti-lo dentro de mim. E pela primeira vez desde que nos reencontramos ele me possuiu.
Flashback on
Abro meus olhos e ouço o barulho da chuva. Levanto e vou ao banheiro e na volta paro para olhar pela janela. O céu está carregado e uma chuva constante cai. Tento me lembrar quantas vezes já viemos para cá e o inverno estava assim. Acho que nunca.
Realmente, o inverno não é nossa praia, literalmente. É como se ele nos roubasse os melhores dias e momentos. Faço uma careta e volto para a cama. Observo o modo como Eno está largado na cama. Ele colocou uma camiseta? Sério? Dificilmente ele usa algo assim para dormir. Resolvo investigar e puxo lentamente o edredom e vejo que ele está sem cueca, seguro o riso e tomo uma decisão.
Descubro lentamente, me posiciono ao seu lado e começo a chupar seu pau de forma lenta e suave. Ele nem se move. Continuo e vou sentindo-o crescer na minha boca a cada sugada que dou até que ouço seu gemido.
— Isso, bebê... – sussurro – Acorda...
Sinto meu pau tão duro contra a cama que começo a esfrega-lo. “Ai caralho!” penso excitado. Chupo com vontade, pois quero Eno todo dentro de mim, então engulo seu pau de uma vez até quase engasgar. Paro e olho para ver se ele acordou e num movimento a luz do abajur se acende e ele se senta na cama. Está descabelado, de pau duro e os olhos verdes mais lindos escuros de desejo.
— Parece que alguém acordou com fome. – ele sorri. Safado.
— Não parece... Estou com fome... – devolvo – Quero você, amor.
Ele tira a camiseta.
— Quer como?
— Dentro de mim. – seu olhar muda para preocupação – Eno, eu não vou quebrar... Por favor, amor, me come...
Quando eu acho que ele irá negar, o safado sorri mais ainda e diz:
— Fica assim e abra as pernas. – e se aproxima do meu rosto me dando um selinho rápido – Meu cachorrão quer ser comido? Então, o dono dele vai comer bem gostoso.
Apenas rosno sob o efeito que suas palavras têm sobre meu corpo e quase gozo. De repente sinto um tapa na minha bunda e ela se abre. Eu preciso disso.
Primeiro sinto um leve beijo e então sua língua passa a me torturar.
— Aaahhh... Isssoooo... – reviro os olhos – Delícia, amor...
— Delícia é? – ele fala e sinto seu dedo me penetrar.
— Sim... Assimm... Aiii caralho...
— Caralho daqui a pouco, cachorrão! – ele vem me beijando pelas costas até ficar em cima de mim e seu pau esfrega em minha bunda.
— Quer meus dedos ou meu pau? – ele sussurra em meu ouvido.
— Seu pau! Agora... – respondo.
Então, ele enfia tudo de uma vez e vou a loucura.
— Assim? – ele retira quase tudo e enfia de novo.
Não consigo responder, apenas sinto. É uma delícia.
— Responde, cachorrão... – ele morde a minha orelha.
— É... Assim... Mete mais, amor... Come seu cachorrão.
E me come do que jeito que só ele sabe e eu enlouqueço de vez. Meu pau esfregando na cama, Eno me comendo com força, o orgasmo vem e me deixa sem fôlego. Incrível.
— Aperta meu pau, amor... Assim... Nossaaa... Vou encher seu cú de porra... – ele aumenta o ritmo e goza.
Que sensação boa! Sinto sua respiração ofegante no meu pescoço e ouço seu riso de satisfação.
— Foi bom para você? – ele brinca.
— Foi. E para você?
— Foi ótimo, gozei feito um cavalo. – rimos.
Ele saiu de dentro de mim e me viro sobre a cama para receber seu beijo.
— Vem... Vou te dar um banho bem gostoso, amor... – ele me ajuda com o banho e voltamos para a cama.
— Não machuquei você, Gabe? – ele pergunta enquanto troca o lençol. Está preocupado.
— Não, meu amor! – ele termina e nos beijamos – Só estou me sentindo arrombado.
— Palhaço! – rimos e nos deitamos para dormimos em seguida.
Flashback off
Eu ainda estou admirando-o em seu sono quando seus olhos se abrem e um sorriso bobo se forma em sua boca.
— Bom dia, meu amor. – ele me cumprimenta – Dormiu bem?
Sua risadinha maliciosa me faz rir.
— Bom dia, vida. – eu me deito e o beijo – Eu dormi muito bem.
Ficamos um bom tempo na cama conversando, brincando até que ouvimos uma batida. Não é Tati, pois ela bate feito uma desesperada.
— Entra. – Enzo fala e Diego aparece.
Seu semblante é sério e sua voz mais ainda quando fala:
— Bom dia, meninos. – ele respira fundo – Tati e eu vamos embora.
— Como assim? – Eno pergunta.
— Antônio ligou e pediu que voltássemos. Hoje ainda. – ele explica – Apenas nós dois.
Percebo que ele está incomodado.
— Diego, feche a porta, por favor. – peço e me levanto. Sorte que coloquei a calça de moletom.
Meus movimentos estão mais fáceis e as dores já não me incomodam tanto.
— Como assim? – repito a pergunta de Eno – Apenas vocês dois? E nós?
— Vocês ficam. – ele fala muito sério.
— Nem a pau! – Eno se levanta e Diego desvia o olhar porque ele está apenas de cueca – Nós vamos também!
— Não!
— O cacete que não! – Eno responde e me olha – Gabe...
— Nós vamos, Diego. – e antes que ele possa responder – Eu já havia dito isso a você.
— Isso mesmo, amor! – Eno vem para o meu lado – E se você embaçar... Nós vamos de táxi!
Eu o olho surpreso.
— O quê? – ele dá de ombros – Você perdeu, cunhado. São dois contra um. Nós vamos. – e sorri vitorioso.
— Desde quando foi aberta uma votação? – Diego nos encara – Gabriel, se todos vocês estiverem lá, Ítalo pode querer mata-los. A todos. Sem exceção.
Lembro do meu sonho.
— Mas você disse que é nosso elemento surpresa e ele não conta com isso. – devolvo – E outra, até quando vamos nos esconder?
— Gabriel, eu concordo com você, mas quero que saiba que ainda há um ou mais cúmplices dele à solta... Não podemos nos arriscar. – ele passa a mão pelos cabelos – Eu não posso coloca-los em risco.
— Conte-me... – ele me olha confuso – qual é o plano?
Observo Diego encolher os ombros e se sentar na poltrona suspirando. Eno se senta na cama e eu permaneço em pé.
— Lembra da carta? – confirmo com um aceno – É o seguinte: Antônio acha que usarmos a carta, sua mãe pode abrir o bico e nos contar onde Ítalo está.
— Mas? – pergunto estreitando os olhos.
— Mas algo mais aí... – ele se levanta – algo que o velho não me contou... Por isso não quero arriscar com vocês todos lá, entende? Tati eu posso proteger, mas, e vocês dois?
— Se tivesse me dado uma arma isto não seria problema. – Enzo fala irônico.
— Eno! – resmungo e olho para Diego novamente – O que você acha que eles estão escondendo?
— Eu não faço ideia. – Diego responde – Acha mesmo que a carta fará sua mãe falar?
— Não! – respondo pensativo.
— Eu a torturaria! – Enzo fala.
— Enooo...
Ele revira os olhos.
— Acha que eles poderiam expor Tati de alguma forma? – pergunto desconfiado.
— Sim.
— Precisamos de um plano B...
— Podemos pegar Vera e tortura-la arrancando seus cabelos... – ele revira os olhos novamente e ri – O quê? Já viu o tamanho daquela cabeleira... Horrível!
— Enzo! – olha para ele sério – Para! Agora.
— Você me chamou de Enzo... – e cruza os braços emburrado.
— Fica quieto, por favor. – olho para Diego – Não vamos expor ninguém. Eu tenho um plano.
Diego se senta novamente.
— Conte-me.
Começo a explicar como faremos para tirar Ítalo da toca. E mais tarde naquele mesmo dia partimos de volta para São Paulo.
***************************************************************************************
Narrado por Diego
Voltamos para São Paulo no domingo à tarde. Liguei antes para Antônio dizendo que adiei nossa volta porque Gabe passou mal e Tati quis ficar até ele melhorar. Pelo menos, o velho pareceu acreditar. Saímos do condomínio por outra saída despistando assim os seguranças. Vez ou outra eu olhava pelo retrovisor para ver se não estávamos sendo seguidos.
Chegamos em São Paulo ao anoitecer e fomos direto para minha casa para descansarmos. Ligo para meus pais, converso com minha filha e peço ao meu pai que traga a velha Parati até minha casa. O carro iria ajudar no disfarce, pois Antônio conhecia meu carro e no momento queríamos passar despercebidos.
Mostrei o quarto onde os meninos poderiam descansar e levei minhas coisas e as de Tati para o meu. Ela estava tão calada.
— Tati? – ela nem se move – O que houve, amor? O que a preocupa?
Ela me fita com os olhos marejados.
— Por que isto está acontecendo conosco? – eu a abraço – Sabe, ele poderia ter sido criado conosco. Teríamos amado ter mais um irmão. Mas aquela cobra egoísta fez tudo errado e hoje temos um doido querendo nos matar. E por quê?
Eu a aperto em meus braços consolando-a da melhor forma que posso. Olho para a porta e vejo Enzo parado.
— Eu posso? – ele pergunta tímido.
— Claro.
— Com licença. – ele entra – Gatona... Vem cá...
Eu a solto e vejo os dois se abraçarem. Não fico enciumado, apenas admirado com a ligação deles. Saio discretamente deixando-os a sós.
— Ela nos odeia, Eno... – ouço-a falar por entre lágrimas.
— Shiii... Calma... – ele fala.
A partir daí não ouço o que ele fala, pois são apenas sussurros.
— Pode voltar, Diego. – entro novamente e o ouço dizer a ela – Está acabando, ok? Vamos seguir com o plano do Gabe e Diego. O resto será com a polícia. Tudo bem?
Ela apenas acena, mas nada responde.
— Tudo bem... agora vou deixa-la com seu namorado mala. – ele me olha e ri – Brincadeira, cunhadinho!
Beija a testa dela e sai. Eu me aproximo e abraço encostando sua cabeça em meu peito permanecendo assim por um tempo.
— Vai tomar um banho, amor. – digo – Vou ver o que há para comermos...
— Já pedimos pizza! – Enzo grita do corredor.
Olhamos para a porta e rimos. Deixo Tati e vou para a sala encontrando Enzo deitado no colo de Gabriel. Ambos assistem TV.
— Senta aí, cunhado e sinta- se em casa. – Enzo ri. Reviro os olhos
— Tudo bem, engraçadinho. – olho para eles – Estão bem?
— Sim. – Gabriel responde sério.
— Tirando que eu ainda acho que você deveria me dar uma arma, que estou querendo arrancar a cabeleira da vadia da minha sogra e querendo matar o Chatítalo... É... Eu acho que estou bem! – e ri.
— Aaafff... Amor, fala sério! – Gabriel fala – Está ficando histérico.
— Você queria o velho Enzo de volta. Parabéns! Ele está retornando. – ele ri e Gabriel o acompanha.
Vai entender esses dois. Acabo rindo também. Não demora muito e pizza chega e comemos como se fosse um dia normal, como se nada estivesse acontecendo. Um final de noite “comum”.
Tati alega uma dor de cabeça e se recolhe. Percebi que ela quase não comeu e isso me preocupa.
— Gabriel, amanhã assim que meu pai trouxer o carro iremos até a casa de sua mãe, ok? – digo.
— Ok, Diego.
— Vou me recolher e cuidar dela. – aponto para o quarto.
— Faça isso. Por nós também.
— Boa noite, meninos.
— Boa noite, Diego.
— Boa noite, cunhado.
Entro no quarto e ela já está deitada de costas para mim. Faço minha higiene e me deito abraçando-a por trás.
— Posso ir com vocês amanhã? – ela pergunta.
— Amor, já conversamos sobre isso. – digo – É melhor não. E outra, será rápido. Confie em mim.
— Eu confio. – ela responde – Mas pode ocorrer algum imprevisto e...
— Não irá acontecer nada! – eu a aperto – Durma, amor. Por favor.
Tati se cala e algum tempo depois sinto sua respiração ritmada indicando que finalmente dormiu.
Só então relaxo e me entrego ao um sono calmo.
************************************************************************************
Narrado por Vera
Meus olhos se abrem com dificuldade e minha garganta está seca. Resolvi ficar sóbria para finalizar assuntos pendentes definitivamente. Levanto-me e vou até meu closet e escolho minha melhor roupa. Tomo meu banho e desço para fazer meu café da manhã. Após a visita do delegado Vargas, dispensei os criados, pois não quero testemunhas para o que irei fazer. Após o café da manhã, subo e coloco uma roupa comum. Vou para a biblioteca e olho as horas. São 9:30h. Ligo para ele e espero.
— Oi, mãezinha. Bom dia. – ele me cumprimenta animado.
— Bom dia, filho amado. – uso meu tom mais suave e calmo – Está ocupado?
Sei que pelo seu tom de voz ele estava dormindo.
— Para a senhora eu nunca estou ocupado. – ele responde – Está tudo bem?
— Sim, tudo ótimo.
— A senhora está sóbria? – seu tom muda para preocupado.
— Estou, meu amor e é por isso que estou ligando. – respondo – Quero que almoce comigo hoje. Aqui em casa. Tudo bem para você?
— Claro, mãezinha! – ele realmente está animado – Mas, e se alguém...
— Não irá, meu filho. Eu mandei entregarem todas as roupas de Francisco e dispensei os empregados. Vou preparar um almoço bem gostoso para você.
— Obaaa... Estarei aí, mãezinha. E também conversaremos, ok?
— Sim, conversaremos. – respondo – Eu ligo para você dizendo o horário, tudo bem?
— Por quê? – seu tom muda. Ele está desconfiado.
— Ora... Ítalo, eu não tenho mais empregados, lembra? E tenho que ir até o supermercado... Francamente!
Ele ri.
— Está bem, mãezinha, me desculpe. Eu esqueci.
— Assim que estiver quase tudo pronto eu ligo, meu amor. – digo – Mas eu acho que almoçaremos por volta do meio dia, tudo bem?
— Sim, apenas me avise antes. – seu tom de voz volta a ficar animado.
— Avisarei, meu filho. Vou desligar para poder preparar as coisas. Amo você.
— Eu também, mãezinha.
Desligo e faço uma lista das coisas que preciso. Meu telefone toca novamente, porém não reconheço o número.
— Alô?
— Bom dia. É a senhora Vera Maia?
— Sim, quem fala? – pergunto curiosa.
— Sou o investigador Almeida e o delegado Vargas pediu para perguntar se podemos passar aí agora.
Paro e penso um pouco. “Por que não? Mas, não agora. ”
— Sinto muito, investigador, mas no momento não estou em casa. – respondo educada – Pode ser às 13h?
Há uma hesitação do outro lado da linha, mas a pessoa finalmente concorda.
— Tudo bem. Estaremos aí as 13h. – o investigador responde.
Concordamos e desligo meu telefone. Agora sim, parto para colocar meu plano em ação.
**************************************************************************************
Narrado por Gabriel
— Que droga! – resmungo para Diego.
Já estávamos prontos para sair de casa quando Diego resolve ligar para minha mãe antes e a mesma informa que estava de saída.
— Será que ela foi encontrar com Ítalo? – Eno sugere com semblante preocupado.
— Não dá para afirmar, mas pode ser uma possibilidade. – Diego responde. Seu celular toca – É Antônio... – nos olha apreensivo e pede silêncio com o dedo sobre o lábio – Bom dia, velho.
Eles iniciam uma conversa e pelo tom de voz de Diego não é nada boa.
— Há alguém vigiando a casa ainda? – pelo modo como ele franze a testa a resposta é afirmativa – Ok. Estamos saindo daqui a 30 minutos.
— Almeida está de campana em frente à casa. – ele avisa.
Dou uma risada.
— Apenas ele? Porque se for podemos entrar pela rua lateral. – Diego me olha surpreso e explico – Há um portão que minha mãe mandou fazer para que os funcionários entrassem por lá e não pela frente.
— Mais um pecado para a pequena lista da D. Vera. – Tati fala com desprezo.
— Então será mais fácil ainda. – Diego diz animado – Saímos daqui por volta da 11h e esperaremos. Entraremos uns 15 minutos antes do horário combinado, Gabriel. Acho melhor pega-la desprevenida.
— Aposto que levará um susto ao me ver. – falo.
— Ou então estará tão bêbada que nem notará. – Enzo retruca.
— Temos que arriscar assim mesmo, pessoal. – Diego fala – Você tem a chave do tal portão?
— Merda! – soco minha perna – A chave fica em nosso apartamento. – olho para Enzo chateado.
— Não me olhe assim! – ele retruca – Cansei de avisar para me dar uma cópia.
Olho para Tati.
— Mana, onde está a sua? – ela lava a louça do café e nem nos olha.
— No meu apartamento... – ela responde fria – Numa das gavetas no guarda-roupas. Eu tirei do meu chaveiro depois da nossa última discussão. – ela se vira – Desculpe.
— Tudo bem, amor. – Diego fala – Você empresta a chave para irmos até lá e pegamos.
— Ok. – ela sorri.
— Então teremos que ir mais cedo ainda. – digo.
— Certo... – Diego me olha – Você sabe usar uma arma, Gabriel?
— Mais ou menos... – respondo sincero.
— Vou te dar uma.
— Eiii... Por que ele pode e eu não?! – Enzo se levanta – Você é um ridículo, Diego!
E sai pisando duro.
— Você é destro, Gabriel? – ele simplesmente ignora o chilique de Enzo.
— Sim.
— Ótimo. – e sai da cozinha.
Resolvo conversar com Tati.
— Maninha...
— Gabe, por favor, não fala nada! – ela me olha – Ver meus dois amores se arriscando por causa de um pedaço de papel está me matando.
— Será rápido. Eu prometo. – digo.
Ela apenas acena e continua limpando tudo. Diego retorna com duas armas.
— Gabriel, esta é uma ponto 40 e funciona assim... – e me ensina a manuseá-la rapidamente** - você entendeu?
— Sim. – faço tudo o que ele me ensinou sentindo uma leve dor no braço quebrado, pois mesmo a arma sendo fácil de manusear exige uma certa força para destravar.
— Certo. – ele olha a hora – Assim que meu pai chegar, partiremos.
Concordo com um aceno e peço licença. Tem uma criança birrenta para ver. Entro no quarto e ouço seu choro. Coloco a arma sobre o criado mudo.
— Vida...
— Vida é o cacete, Gabriel Maia! – ele está irritado – Vocês me tratam feito criança.
— Porque em alguns momentos você se comporta como uma. – tento manter a voz calma.
Ele se senta na cama e me encara revoltado.
— Seu filho da mãe! – e joga o travesseiro – Sai daqui agora!
— Eno... – não saio e me sento ao seu lado – Para agora! Preciso de você calmo e sem essa histeria toda.
Ele se deita e cobre os olhos.
— Amor... – deito ao seu lado – Não é isso e você sabe muito bem! Sei que está zangado por causa da arma, mas não podemos arriscar com mais pessoas.
— Por que ele te deu arma?! – ele me olha – Seu braço está quebrado. Como vai usa-la? Você quer me matar do coração? E se o Chatítalo estiver lá? E se...
Eu o calo com um longo beijo.
— Olha para mim. – peço – O que eu sempre digo a você?
— Que vai voltar para mim. – sua voz está embargada.
— E eu não volto?
— Da última vez demorou um pouco mais de 1 semana. – ele resmunga teimoso.
— Você não vai se livrar de mim assim tão fácil, bebê. – sorrio – Até parece que vou deixar meu marido lindo solto por aí... – e rosno. Sei que ele gosta.
— Só está faltando querer fazer xixi em mim para demarcar território, cachorrão. – sorri safado.
— Você quer?
Ele me olha, revira os olhos e responde:
— Nada contra quem curte, mas eu passo. Nojinho disso. – e faz uma careta linda.
Solto uma gargalhada e vou para cima dele.
— Morder pode? – sussurro em seu ouvido.
— Morder pode...
Ficamos conversando e nem percebemos a hora passar até ouvir uma batida na porta e Diego entra.
— Gabriel, meu pai chegou.
Levantamos e fomos conhecer o pai de Diego. Seu Itamar é um senhor amável, respeitoso e brincalhão. Tem uma Parati/90 toda preta e com vidros escuros que, segundo ele é sua preciosidade. Conversamos mais um pouco com Diego olhando o relógio a todo momento até que diz:
— Gabriel, vamos. – sua voz é sombria – Tati, preciso das chaves do apartamento. Por favor.
— Vou pegar, só um instante. – ela sai e Eno vai atrás dela.
Acho lindo o modo como meu amor cuida dela. Não demora muito ela retorna e entrega a chave.
— Di, olha no meu guarda-roupas, lado direito. – eles se abraçam – Boa sorte, amor.
Seu Itamar se despede e leva o carro de Diego. Vou até o quarto falar com Eno.
— Toma cuidado, ok? – ele me abraça – Não quero perder você de novo.
— Eiii... Só vamos conversar com ela, amor. – tento rir – Não vamos para a guerra. Com certeza, o verme está escondido.
— Algo me diz que não... – ele sussurra.
— Não vamos demorar, amor. – eu o beijo e ignoro sua frase agourenta – Volto para você daqui a pouco.
— Acho bom mesmo. – e segura meu pau – Senão você vai ficar sem o seu brinquedinho.
— Acho que quem vai ficar sem o brinquedinho será você! – dou uma risada
— Aaafff... É mesmo! – ele revira os olhos – Vou pensar num castigo bom para você!
— Ótimo! – rimos e nos beijamos.
— Eu te amo para sempre, Gabe.
— E eu te amo para eternidade, Eno.
— Gabriel, vamos! – Diego acelera.
— Espera, apressadinho! – Eno resmunga e vai até a mala – Toma... – coloca um gorro na minha cabeça – Não dá para disfarçar o braço quebrado, mas pelo menos tentaremos o rosto, amor.
Eu o abraço e beijo sua testa.
— Daqui a pouco estamos de volta.
— Gabriel!
— Aaafff... Outro empata foda! – Enzo resmunga – Vai, amor, senão ele vem te puxar pelos cabelos.
Vamos para a sala e me despeço de Tati acompanhando Diego até o carro. Ele está sério e sua carranca dá medo. Saímos primeiro em direção ao apartamento de Tati e de lá seguiremos para a casa de minha mãe.
— Onde está a carta? – pergunto e ele aponta para o bolso da jaqueta.
Seguimos em silêncio por mais um bom trecho até que falo:
— Diego, posso ler novamente? – ele me entrega. Quando pego já começo estranhando o envelope e quando abro não dá outra.
— Porra!
— O que foi, Gabriel? – ele pergunta confuso.
— Você conferiu a carta? – ele nega – Volta agora, cunhado, pois tenho certeza de que minha irmã e meu namorado estão aprontando alguma.
— Porra! – ele resmunga e fazemos o retorno.
Levamos mais 20 minutos para chegar e enquanto ele desce rapidamente para olhar fico no carro. Ele retorna e me olha nervoso:
— Eles saíram.
Meu coração dispara e de repente me dou conta de outra coisa.
— Diego... – ele me olha – Acho que Enzo pegou a arma.
— Onde você a colocou?
— No criado mudo. – ele corre para dentro e vou atrás rezando par que ela esteja lá.
— Porra! – ouço-o gritar e esmurrar a porta.
— Liga para ela... – ele faz e nada – Meu Deus!
De repente meu sonho volta à memória e olho para Diego com medo.
— Eno me disse algo...
— O quê?
— Quando disse mais cedo que Ítalo estava escondido ele respondeu: “Algo me diz que não...” – meu coração aperta – Ligue para o Antônio. – agora estou apavorado – Isto vai dar merda.
Ele nem precisa ligar, pois seu celular toca no mesmo instante. É Antônio.
**************************************************************************
Narrado por Antônio
São um pouco mais de 11h da manhã e meu celular toca. É Francisco.
— Antônio, acabei de receber uma ligação dos seguranças dizendo que os meninos não estão em casa! Nenhum deles – ele está nervoso – A portaria disse que eles saíram de lá ontem por outra saída.
— Calma, Francisco! Respira fundo e me conta esta história direito. – mesmo sabendo o que está acontecendo quero ter certeza.
— É o seguinte: os seguranças que contratei estavam esperando para acompanha-los, só que eles não saíam nunca e então quando me ligaram pedi para Pietro ligar no condomínio e soubemos que eles saíram ontem de lá. – explica – Antônio, eles já estão aqui. Desde ontem, provavelmente.
— Puta que pariu... Eu vou matar o Diego! – resmungo – Francisco, eu ligo depois...
Ligo para Vargas:
— Eles já estão aqui e algo me diz que estão aprontando. – disparo.
— Puta que pariu, Antônio! – Vargas grita com alguém – Sabe onde eles estão?
— Não, mas acho que sei o que farão... – digo e fico muito sério – Vargas, mudança de planos. Urgente.
— Antônio...
— Vou ligar para o Diego e já retorno.
Desligo e ligo em seguida.
— Antônio...
— Diego, seu filho da puta! ONDE VOCÊS ESTÃO?! – grito com ele.
— Antônio, Gabriel e eu estávamos indo até a casa de Vera, mas passaríamos no apartamento de Tatiana...
— CALA A BOCA E ME ESCUTA! – grito – ONDE VOCÊS ESTÃO?!
— Eu estou indo com o Gabriel para a casa de Vera...
— E os outros?!
— Enzo e Tatiana sumiram... Acho que foram para lá – a voz dele está desesperada.
— Meu Deus! – penso rápido – Ok. Almeida está por lá, então fica calmo que vou manda-lo intercepta-los e não deixar ele entrarem na casa. Acho que o Ítalo nem vai aparecer...
— Vera não está lá! – ele diz.
— Como você sabe? – pergunto desconfiado e meu outro celular toca. É Almeida. Que bosta. – Calma aí, Diego! – atendo – Fala, Almeida.
— Chefe... Acho que o tal Ítalo pode estar por perto, pois o cúmplice dele acabou de estacionar aqui perto e não saiu do carro.
— Não saia do carro e vigie cada movimento suspeito! – falo – Diego, voa para a casa da sua sogra agora.
— POR QUÊ?! O QUE HOUVE?! – ele grita.
— Acho que teremos um pouco de ação hoje. – ele me xinga – Vai para lá!
Desligo e chamo outro número.
— Fala, Antônio.
— Lalo? Preciso de sua ajuda... E tem que ser muito rápido. – digo – Estamos contra o tempo.
— Onde?
— Agora. – passo o endereço e desligo.
Já em meu carro chamo Vargas.
— Vá para a casa de Vera... Vai dar merda!
— Quem está lá?
— Tatiana e Enzo... – falo devagar – Agora pouco chegou o cúmplice do Ítalo.
— Merda! – Vargas desliga.
— Deus nos ajude! – e me benzo.