Alexandre no Clube dos Cornos 3 - O Comedor

Um conto erótico de Candir
Categoria: Heterossexual
Contém 3356 palavras
Data: 01/03/2019 04:08:08
Última revisão: 11/02/2024 21:15:04

Havia passado uma hora. Pouco mais, pouco menos. Foi o tempo que levou até Alexandre se levantar da cama e dos cálidos prantos, indo até a geladeira para beber água, certamente a única matéria que seria capaz de engolir no momento, tamanho o nó na garganta.

“Alguma coisa precisa ser feita...não posso continuar assim.”

Assim, como um trouxa. Quanto tempo mais levaria até a esposa e o pseudo-amigo retornarem do motel? Retornaria ela com marcas de semen espesso nos vincos da calça apertada, ou teria inteligentemente engolido a maior prova do crime passional, quem sabe sob a tutela do afiado raciocínio do seu amante...Rafa, o prodígio.

Ele quis se encher de raiva, quis odiar o macho penetrador que andava violando sua esposa, sua amada de anos, e tratando como lixo o seu casamento. “Prodígio o cacete, é um fracassado de quase 30 anos sem esposa, morando com os pais, que vive batendo na trave nos concursos acadêmicos, é a porra de um bosta!” Gritou para as paredes da casinha de veraneio.

Gritou e logo cessou, pois sabia que nada daquilo era verdade. Doía-lhe o coração, pois Alexandre tinha imensa consideração por Rafael. “Logo ele, logo ele maldição!”

E os dois poderiam voltar a qualquer instante, uma possibilidade, apesar de improvável. Considerando o baixo respeito que Priscila parecia dispensar a ele, demorariam um tanto mais no motel se assim quisessem.

Alexandre resolveu partir, sabia que seria todo prantos ao regresso da esposa adúltera. Pegou as chaves e no carro partiu, fosse o que fosse na estrada. Sabia que não voltaria direto para a casa em São Paulo, pois a esposa e o amigo correriam para lá preocupados. Não, Alexandre não queria vê-los, nem iria atender telefonemas. Tinha dinheiro, liberdade afinal, pagaria uma boa suíte em qualquer hotel da capital ou do caminho. E por quê não, sair por aí, se entregar à noite?

“Um puteiro!” Pensou.

Não que fosse homem de puteiros. Imagina! O bom filho, o bom marido, cujos alunos secretamente o apelidaram de “Mr. Flanders” devido ao seu jeito metódico, cortês, de um cavalheirismo digno de histórias antigas. Mas Alexandre já tinha ido a puteiros...ok, umas duas vezes na vida. Numa das ocasiões – constando dentre as aventuras mais loucas do boa praça – foi com os amigos de faculdade num ‘vintão’ do quadrilátero da putaria em Santana, Zona Norte da capital paulista. Topou a parada e subiu com uma moça. Não sabia explicar como conseguira gozar na bunda gorda daquela mulher, isso em meio ao quarto mal cheiroso, mal ventilado, e sob o alto volume do forró que inundava o local do salão até os quartos.

A segunda oportunidade ocorreu com ele já noivo. Quis comemorar a aprovação no concurso de professor universitário, e resolveu imitar um colega que pagou uma noite de orgia com uma prostituta de luxo. Obviamente, Alexandre sequer pensou numa noite inteira, tampouco em orgias, se contentando com duas horinhas de ‘companhia’ no Hotel Lido. Dirigindo, se deu conta que a escapada com a prostituta renomada poderia ser tipificada como traição, pois já tinha relacionamento firme com Priscila. Rechaçou logo essa hipótese da mente, odiando as próprias faculdades mentais por terem trazido essa conjectura à tona.

Subiu chegando a São Paulo, procurando o Ibis da Barra Funda. Que puta, que nada! Mal saberia apontar um antro de perdição, e talvez mal conseguiria manter um ereção tal o seu estado mental. Fez a entrada, pegou os 3 Dorflex que possuía no porta-luvas do carro e tomou, afundando a cabeça no travesseiro. Acordou com o café da manhã prestes a ser recolhido, correndo para alcançar os pratos e matar a fome, porque corno tem fome, também.

Voltou ao quarto contando as centenas, talvez milhares de ligações da esposa. Ligações incessantes durante toda a madrugada. Whatsapp com mensagens dela, da mãe, da irmã, do velho tio, dos amigos. Alexandre se sentia envergonhado por sumir, mas nada se comparava à amargura do chifre. “Que ela ligue, que ela se esborrache de tanto telefonar!”

Passando o meio-dia, o telefone do quarto toca. Era da recepção:

“Sr. Alexandre? Boa tarde! É...eu tenho aqui o Sr. Rafael, ele me diz ser um amigo que sabia da sua hospedagem conosco, mas não tem o número do seu quarto. O Sr. confirma a informação?”

Por Deus! Não era possível negar o fato que Rafael possuía além da inteligência, perspicácia. “Claro, onde mais o tonto aqui iria se hospedar? No hotel que sempre leva os congressistas da faculdade! Merda!” Alexandre reconhecia que era um alvo fácil, um chifrudo previsível:

“Muito obrigado pela informação. Eu...eu conheço ele sim. Mas não aprovo a sua subida. Me diga por gentileza, ele está sozinho?”

“Sim. O Sr. Rafael está sozinho aqui no lobby.”

“Ok. Avise-o que eu logo descerei. Obrigado.”

Duas forças o impeliam a encarar Rafael naquele momento, em primeiro lugar a necessidade de algum tipo de explicação, ou expiação pelo menos. E em segundo, o imperativo de dar as caras e sair do hotel. Sabia que não poderia fazer daquele quarto a sua toca, indefinidamente.

Alexandre chegou ao lobby e logo viu o ‘amigo’ esperando, de pé. Camisa polo e bermuda, veio direto da praia ao seu encalço. O que ele faria, perguntaria se estava tudo bem, o porquê do sumiço repentino? Estaria Priscila escondida no seu jipe, usando o amante como uma isca? Não, pelo olhar fixo e endurecido daquele homem, Alexandre sabia que não seria o caso. Além da inteligência, sempre lhe chamou a atenção uma certa dureza nos atos...o tom de voz discreto escondia uma tremenda resiliência.

“Você está bem, Alexandre? Digo, precisa de companhia para ir a algum médico ou farmácia?”

‘Ó, que prestativo’, pensou o corno. Mas não havia motivos para baixarias em pleno hotel, tampouco ele queria xingar o rapaz. Deveria?

“Eu tô bem, na verdade não queria muita conversa ou ficar de papo...você está sozinho, ou tem alguém escondido no teu carro?” O marido fez o que podia para empostar a voz, mas o resultado ficou parecido com a rouquidão de um homem sofrendo de bronquite.

“Alexandre...é o seguinte. Eu tô com fome e posso ver pela sua cara abatida que você também está. Vem comigo até o West Plaza? Lá no vão do térreo conheço um lugar pra comermos alguma coisa e conversarmos sobre o que é preciso.”

“Conversar? Você acha que tá na horinha de bater papinho, é?”

“Olha! Lá é aberto e até dá pra você levantar a voz e gritar ao ar livre...não muito alto, claro. Mas não vamos passar disso, tenho certeza.” Alexandre não respondeu que sim ou que não, mas obviamente se encontrava ávido por quaisquer respostas.

“Vem, vem no meu carro mesmo! Deixa o seu no hotel até fazer o check-out.”

Rafael dirigia calado, bem como o seu carona. Os dois permaneceram quietos até sentarem bem ao canto de um restaurante. Pouca gente passando por perto, Alexandre bebeu uma lata inteira de coca no talo, de nervosismo e sede:

“Eu estou surpreso que consigo olhar bem na sua cara, Rafael.”

“Por que? Você é um homem traído, Alexandre...não um verme, não um bandido. Pode muito bem erguer a cabeça diante de qualquer um.” Respondeu com ar natural, mas o cenho franzido.

O marido não sabia se o amigo de tanto tempo falava aquilo de boa fé ou se no fundo era algum tipo de deboche sofisticado. Rafael parecia de longe ser a pessoa menos afeita a joguinhos mentais e patifarias do tipo, mas...essa era a imagem que tinha dele até descobrir que o mesmo andava empalando a sua esposa.

“Que bom que vai direto ao ponto, caro amigo...posso te chamar assim ainda, de amigo?”

“Pode.” Retrucou o outro, sem titubear.

“Não sei não, você está aqui a mando dela, né?”

“Aí que você se engana. A Priscila me pediu para ajudar a te encontrar, mas eu não avisei que te alcancei no hotel e desde então, desliguei meu telefone. Tu pode não acreditar, mas...eu estou aqui por você.”

Alexandre marejou os olhos, virando o rosto para dissimular com um sorriso irônico. Um daqueles sorrisos que ele se mostrava incapaz de estampar:

“E o que fará por mim, logo o homem que anda enrabando a minha esposa? Hein?”

Rafael suspirou.

“Ué...vai negar?”

O ‘amigo’ triturou um pedaço de gelo que veio com o gole da coca e ajeitou os cotovelos na mesa, se inclinando:

“Eu comi a Priscila. Sim, algumas vezes. Não, estou sendo modesto...somos quase como amantes, e transamos há um bom tempo.”

“Quanto?” Rosnou baixo, o traído.

“Há mais de dois anos, Alexandre. Dois e meio, vai. Mas poderia ser bem mais...”

O marido deu um leve murro na mesa, era polido por demais e não faria uma cena em local público, apesar de reservado. Virou o rosto à esquerda para tentar esconder o fio de lágrimas que percorria aquele lado da face:

“Como assim bem mais? Como assim...porra!”

“Olha, você quer minha franqueza ou vai querer a versão desculpinhas esfarrapadas? Se você quer escutar a segunda opção, então vá conversar direto com a tua esposa!”

“Pode ser franco, meu tesouro! Eu aguento mais esse episódio do Mundo Animal!” Alexandre buscava como podia se recobrar e não cair em prantos na frente do outro. Era uma questão de masculinidade, também.

“Digo isso porque já conheci Priscila como a vejo hoje...”

“E como você a vê?”

“Como uma puta. Uma amiga boa pra conversar, mas principalmente boa pra trepar.”

Rafael não movia um músculo da face dizendo aquelas coisas. ‘Ou ele é muito psicopata, ou tem bolas de aço esse filho da mãe!” pensou o marido:

“E se você a via como uma puta, por que só foi me botar chifres há meros dois anos e meio? Hein? Mas que merda!”

“Eu não botei chifre em você, cara! Não me culpe pela sua incapacidade de enxergar a realidade ou pela sua inépcia pra lidar com mulheres. No caso, a Priscila!”

“Ó, que bonzinho você é, menino prodígio! Pensei que era Mestre em Finanças, mas não em Letras! Vá a merda mil vezes!”

“Escuta! Quando a conheci, eu tinha terminado um relacionamento no qual eu fui traído, cara! Eu também já levei chifre, Alexandre! Va lá, uma porrada de homem já sofreu o seu quinhão...”

Alexandre ria, de nervoso. E também como um artifício para tentar impedir o fluxo do choro:

“E resolveu dar em cima de mulher casada pra compensar? Nossa...Freud explica! Essa é a tua desculpa, ô garoto?”

“Não tenho desculpa nenhuma, homem de Deus. Eu assumo minhas broncas! Se o custo das minhas trepadas é perder um amigo ou ir parar na cacilda do inferno, que seja! Não estou clamando por redenção...não senhor!”

“Então veio até mim fazer o quê, caralho?”

“Vim como um amigo, seu imbecil. Me peça ou me pergunte o que quiser, é disso que você precisa agora! Irá me agradecer depois!” Rafael tinha os olhos e as pálpebras tremendo, tal como um pastor enfurecido em sua pregação. ‘Ou esse pilantra é um psicopata mesmo, ou sente o que diz...” Pelas dúvidas e desespero, Alexandre decidiu prosseguir:

“Ok...perguntas e respostas.”

“É.”

“Você comeu minha mulher ontem a noite? Hã?”

“Sim. Eu meti nela.”

“Mas que desgraçado...seu cão...você é um desgraçado, isso que você é!”

“Aham, sou tudo isso. Mas se eu estivesse aqui negando, isso traria o que de bom pra sua vida?”

Alexandre não queria correr outros riscos, como o de entrar numa espiral de trocações verbais. Que seguissem as perguntas e a merda no ventilador de uma vez:

“Me descreva a foda!”

“Como...?”

“Vai, Mister Sinceridade! Me conta tudo que ela fez! Ou tá com medo agora?”

Rafael hesitou sim, por instantes. Mas voltou a se inclinar na mesa:

“Tá. Bom, eu sabia que ela já estava sem calcinha então sugeri uma brincadeira. Quando nos aproximamos do motel, mandei que ela tirasse a calça e entrasse assim, passando pela guarita e tudo.”

“Ela não fez isso.”

“Fez, fez sim. Por quê duvida, pensa que tua esposa é toda certinha né?”

“Não, hoje não acho ela tão certinha assim, mas Priscila nunca foi uma exibicionista...”

Rafael riu:

“Eu fiquei dedilhando suas partes, e quando estamos no meu carro, invariavelmente eu peço que ela inicie os trabalhos orais ainda ali.”

Alexandre esfregava as mãos no rosto, com força:

“Você sabe que ela tem me negado sexo oral? Principalmente oral sem camisinha?”

“Sei, tenho ciência disso.”

“Ah, é? Sabe disso desde que compartilham fluídos corpóreos, como a sua porra?”

“Não, Alexandre...sei disso bem antes de fazê-la engolir minha porra. Aliás, só por ter mencionado isso concluo que então tu assistiu uma de nossas transas mais recentes. Foi assim que descobriu pelo visto.”

Alexandre consentiu com a cabeça.

“Cara...a Priscila sempre compartilhou a intimidade de vocês conosco.”

“Conosco quem? Cacete!”

“Oras, comigo, com o Lúcio, com o Felipe...ok, creio que a confidência maior seja comigo.”

O marido se espantava com as afirmações categóricas que saiam da boca do Rafael. Parecia que ele falava sobre juros ou moeda. Que tipo de pessoa pensa assim, tão fora da caixa?

“Rafael, seja sincero...ela também deu para os outros patifes?”

“Não, nem a pau cara. Aposto que não, só deu pra mim.”

“Ah, só pra ti. Que reconfortante! Mas retorne à bendita noite passada, por favor.”

“Entramos, a despi por inteiro, e botei ela de joelhos pra mamar meu pau.”

“Olha só! Você botou ela! É isso? Você a botou? Me conta como conseguiste essa façanha já que eu, esposo, preciso percorrer o deserto do Saara para obter umas lambidas na ponta do pau.”

“Simples...”

“Me conta o simples, então. Maldito!”

“Você casou sem ter aprendido como lidar com as mulheres...especialmente mulheres taradas e dramáticas como é o caso da sua Priscila, que pra você é esposa, é senhora, enquanto pra mim é puta, vadia...” Alexandre via que o rapaz podia espumar pela boca, quando usou os termos puta e similares.

“Eu simplesmente botei meu pau pra fora e mandei ela mamar do jeito que eu gosto, e pronto! Ela obedeceu porque queria o meu pau, queria a minha atenção, o meu suor, toda a vida em forma de drama que no fundo ela anseia! Priscila beberia minha urina se eu insistisse, o que só não faço porque não é um fetiche meu!”

Alexandre engolia seco, um tanto de nojo misturado com a volúpia e furor das palavras do rapaz:

“Eu não tenho desejo o bastante pela minha mulher, é esse o teu veredicto?”

“Não, caralho! Não é isso Alexandre! Porra!”

“É o quê?”

“O seu erro é não conhecer a mulher com a qual casou. A Priscila zela muito a imagem, a origem da mãe humilde, a adolescência na pastoral. Mas por outro lado é muito fogosa. Vem cá, tu sabia que ela deu a bunda para um tal de Alfredo? Eram amigos de crisma, cara! Coisa de colégio!”

Alexandre acharia a hipótese absurda, isso até a antevéspera daquela conversa:

“Filha da puta! Me disse que havia perdido a virgindade com o ex-namorado...”

“Bem, pode ser que a virgindade estritamente falando sim. Mas, nós dois sabemos que a vida é bem maior que um hímen.”

O calhorda perspicaz conseguia ser belamente irônico, uma pena que não tinha reservas morais para rir, pensou o traído.

“Você comeu a bunda dela, Rafael?”

Rafael bebeu o resto da coca, triturando as pedras de gelo restantes:

“Comi. Ontem, inclusive.”

“Ah, foi? Me conta mais...você simplesmente botou ela, ordenou, e záz no cu?”

“Mais ou menos isso. Eu imagino que você não saiba, mas a Priscila gosta muito de ser amarrada, subjugada. Aliás, você não deve ter noção do estrago que aquele livro ’50 Tons de Cinza’ causou na mulherada. Nunca foi tão fácil enrabar mulheres e mais mulheres...graças à leitura em larga escala, e olha que o conteúdo nem é tão indecoroso assim.”

“Então você já leu a obra prima, menino de ouro?”

Rafael sorriu de lado:

“Eu nunca li, mas a Priscila leu todos e, portanto, tenho uma noção por tabela.”

Alexandre sentiu o estômago revirar. Torceu para que não fosse assolado subitamente por uma dor de barriga vexatória. A última coisa que desejava era pedir licença para cagar, perante o comedor da esposa.

“Você gozou no cu dela ontem a noite, Rafael? Vou recapitular: ela te chupou sem camisinha, deu pra você mais de uma vez sem camisinha...e, suponho, deixou você esfolar aquela bunda também sem camisinha?”

“Sim. Basicamente.”

“Ó, entendo. Como se fosse um dia qualquer, uma trepada qualquer?”

“Sim, cara. Porque assim deve ser uma trepada qualquer entre um homem e uma mulher tarados um pelo outro. O estranho não sou eu, o amante, foder a Priscila como se deve...o estranho é...”

Alexandre interrompeu: “O estranho sou eu!”

“Não, não é só você. O estranho é você não conhecer a mulher que tem...e a tua mulher alijar o marido dos principais momentos de prazer. E no caso de vocês isso não vem de pouco tempo!”

“Então me diga, Rafael, desde quando o problema existe?”

“Lembra o que eu te disse? Eu já a conheci assim! Nunca achei normal a proximidade dela conosco, ou os detalhes da vida conjugal que ela compartilhava comigo principalmente. Pra falar a verdade, nos primeiros meses que convivi com a Priscila pensei que logo rolaria alguma coisa!”

“Por que diz isso, infeliz?”

“Infeliz é você, Alexandre. Desculpa a sinceridade. Eu digo isso pelo tratamento que ela dispensava a mim, desde as pequenas coisas...”

“Quais?”

“As roupas que ela usava quando iria se encontrar comigo ou passar o dia junto estudando nos artigos. Ela nunca usa decotes na sua presença, enquanto comigo e alguns dos rapazes, vestia os mais ousados.”

“Que ousados! Ela não tem roupas assim!”

“Você que pensa! Alexandre, não entre nessa negação de corno! Abra bem o closet e irá encontrar! E outra, a roupa é o de menos, mas a vulnerabilidade cara...é isso que importa! Priscila sempre se expunha, fosse contando a vida íntima, fosse demonstrando carinho inapropriado para uma mulher casada...oras, quem é que acredita mesmo nesse negócio de amizade entre homem solteiro e mulher casada? Rá!”

Alexandre recostou na cadeira, amparando a si mesmo:

“Por que então tu não meteu a rola nessa safada lá atrás, e depois não veio me contar para que eu evitasse desperdiçar anos da minha vida? Caralho!”

Rafael meneou a cabeça:

“Alexandre...sabe o motivo de eu ter postergado tanto o inevitável?”

“Diz, por favor...”

“Você, cara. Você...”

“Vá pro inferno seu maldito! Quer tentar ferrar minha cabeça de vez?” Alexandre se pôs a chorar, copiosamente. As lágrimas também rolaram pelos olhos do amigo:

“Eu te achei bom demais para merecer um quadro desses. Pensei que seria questão de tempo até você e a Priscila resolverem o que fosse na comunicação, na cama, enfim, nos pequenos detalhes de merda que a impediam de assentar o facho...mas isso não aconteceu.”

“E a culpa é minha, é? A culpa é do corno?”

Rafael enxugou um tanto das lágrimas e riu, irônico. Ele conseguia rir assim:

“Não, cara. A culpa é da putaria mesmo. A safadeza da sua esposa, a minha safadeza...e a tua incapacidade ou incredulidade.”

Alexandre enfiou o rosto entre os braços, cruzados sobre a mesa. Soluçando. Rafael prosseguiu:

“Você pensou que o mundo era perfeitinho como um mantra, e que bastava dizer sim para tudo. Disse sim para o passado dela, disse sim para a tonelada de amigos homens, disse sim para a camisinha...onde já se viu, o marido ser obrigado a usar camisinha! Você devia ter duvidado de tantas coisas, e dito não mais vezes. Só isso, meu irmão...”

Rafael se levantou e deixou uma nota de vinte reais à mesa. Alexandre com custo tentou aparar o choro e o seguiu até o carro. Decidiram fazer logo o caminho de volta ao hotel, apesar dos olhos vermelhos.

“Alexandre...você quer continuar sozinho no hotel, ou posso avisar a Priscila que já está na cidade e lá hospedado?”

O corno custou a responder: “Pode avisá-la...”

“Ok, eu faço isso.”

(continua)

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Comentários

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De tanto comentarem sobre esse conto, procurei no google e li. Escrito em 2019. Pelo tempo, creio q a intençao do autor e q cada 1 pense no fim q lhe agrade. Gostei do fim da trilogia " o único deslize da minha esposa". N por machismo. Sei q mulheres e homens têm os mesmos direitos, taras, desejos. Mas 70 a 80 evoluiram um pouco mais nessa questão d dominar os hormonios sexuais ( pelo menos esses). Entao, meu final sera cada 1 seguindo o seu lado. Ele, um cara mais reservado procurando alguem da mesma indole e etica. Ela seguindo feliz c seu amante e encontrando alguém q queira um relacionamento aberto, onde ngm e de ngm, curtindo o momento. Esse negócio d q os opostos se atraem e coisa de criança. Relacionamento n e fácil. E c alguem q n renha os mesmos principios, os 2 sairão perdendo.

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Este conto foi muito intrigante e cheio de suspense e sacanagem adorei, estou ávido pelo desfecho final..... Bora terminar o conto👏👏👏👏

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Candir fecha o conto em aberto cadê o desfecho amigão esse conto e ótimo nota mil.

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É...está é nova : um corno paciente e um Ricardão psicólogo. Rsrsrs

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Aí o cara não finaliza o conto, se é pra escrever e não finalizar então não começa porra.

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Caraaaai véi....rs...será que haverá reviravoltas ? ...

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Meu caro Candir até hoje tenho uma ponta de esperança de ver o desfecho dessa história e espero que vc esteja preparando algo incrével para os personagens... abraços e aguardo ansioso pela sequencia

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Gostaria de ver o desfecho dessa história, continue.

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