ㅡ Cap 04
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Permaneci sob os olhares vigilantes de minha mãe durante todo o mês que fiquei de castigo.
Nem mesmo meu pai conseguiu abrandar minha punição.
Me senti um garotinho sendo vigiado o tempo todo, mas segui a risca todas as regras impostas por minha amada progenitora.
Por um mês não pude sequer ir à praia.
Minha mãe pegou pesado em meu castigo e tirou de mim tudo que eu mais adorava fazer. Inclusive, monitorou todas as minhas ligações com o Rick pelo seu celular.
Se as ligações internacionais não fossem tão caras, eu poderia continuar mantendo contato com ele, mas ela fez tudo de caso pensado. Ela sabia que ele nunca me lugaria sem ser pelo Whatsapp.
Me senti um pouco refém de minha própria mãe. Okay, não era pra tanto, estou dramatizando um pouco, mas ficar sem falar quando eu queria com meu irmão, era o fim da picada.
Aproveitando os dias que passei em casa, meu pai também se aproveitou de mim pra ajudá-lo com alguns consertos domésticos.
Eu estava no meu quarto terminando de digitar um trabalho, quando o ouvi batendo na porta.
Disse a ele que poderia entrar e quando me viu salvando os arquivos no laptop, sorriu e veio me abraçar.
ㅡ já acabou o quê estava fazendo, filho?
ㅡ ainda bem! Esse trabalho vale metade da nota. O senhor precisa de mim?
ㅡ preciso que me ajude a consertar aquele maldito vazamento na pia da cozinha. Faz dois dias que sua mãe não me deixa em paz por causa disso.
ㅡ sorte o senhor não estar de castigo por isso.ㅡ disse e ele bagunçou meu cabelo.
ㅡ abusado! Levanta e vem me ajudar. Vou no material de construção comprar o quê precisa. Vem comigo! Pelo menos você se distrai um pouco.
ㅡ ah, muito obrigado por se lembrar de mim. Não to saindo nem pra ir na esquina comprar pão.
ㅡ ninguém mandou deixar sua mãe e eu desesperados. É o preço que se paga por não dar notícias. Mas você vai sobreviver.
ㅡ obrigado pela ironia. Pensei que o senhor estivesse do meu lado...
ㅡ estou do lado de quem pode me colocar pra dormir no sofá!
ㅡ kkkkkk, medroso!
ㅡ sou precavido! Até parece que não conhece sua mãe?! Vai, veste uma roupa descente e vamos lá comigo.
Me vesti e acompanhei meu pai até o material de construção.
Compramos tudo que precisávamos pro conserto da bendita pia e quando estávamos entrando no carro pra voltar pra casa, ouvi o celular do meu pai tocando e era meu irmão.
Ele atendeu e os dois conversaram por uns dez minutos.
Me vendo ansioso, ele me passou o celular e saiu do carro dizendo que tomaria uma cerveja no outro lado da rua.
Estava frio. Fechei a porta do carro assim que ele saiu e atendi ao telefone todo feliz.
ㅡ Rick, como você está?
ㅡ bem melhor agora. Bom te ouvir. O pai disse que vocês estão na rua. A mãe está aí também?
ㅡ rsrs, não! Ela ficou em casa. Pelo menos vou poder falar contigo o tempo que eu quiser. To com saudade, mano! Quando você volta?
ㅡ poxa maninho, também to com saudade, mas pra te deixar feliz, volto antes do Natal. Por isso estou ligando, pra dizer que estarei aí antes das festas. Vai me buscar no aeroporto?
ㅡ claro que vou! To doido pra de dar um abraço, Rick. Ainda não me acostumei a dormir sozinho, acredita?
ㅡ rsrs, eu também não! Você me faz muita falta. Ontem eu estive em uma vernissage e queria muito que você estivesse comigo. Expus uma pintura lindíssima. Fui elogiado e tudo...
ㅡ poxa, pena eu não estar aí, mas to muito orgulhoso de você. Sou teu fã numero 1!
ㅡ eu sei que é! Como anda sua vida, tirando esse castigo sem noção?
ㅡ rsrs, tudo na mesma. A mãe não me dá folga e nem na praia estou indo. A coisa ta feia pro meu lado. Perdi de ficar com uma garota esses dias por conta desse castigo. Seu pai não me deixou sair.
ㅡ rsrs, entendi! ㅡ notei que ficou um silêncio no outro lado da linha e tentei ouvir algum barulho, mas nada acontecia.
ㅡ Rick...está aí? Rick?
ㅡ oi, desculpa...é que bateu um ciúme bobo de você agora. ㅡ ele disse e fiquei com um sorriso besta entre os lábios.
ㅡ ciúmes? Por que?
ㅡ por alguém poder estar contigo o tempo todo e eu não. Queria estar aí pra gente conversar e sair um pouco. Aqui é tudo muito bonito, os homens são belos, mas nada se compara ao prazer de estar contigo. Entende?
ㅡ entendo! Eu também queria que você estivesse aqui. Queria dividir contigo certas coisas...sabe?
ㅡ quer me dizer alguma coisa? Fale!
ㅡ rsrs, quando você voltar a gente conversa. Vamos ter tempo de sobra. Só me promete uma coisa?
ㅡ o quê você quiser...pode falar!
ㅡ não volta namorando. Isso seria o fim da picada. Ninguém merece ter que te dividir com outro homem. Ainda mais agora que está voltando. Quero ter um tempo só pra gente...
ㅡ kkkk pode deixar! Você tem cada ideia. Não vai me dividir com ninguém. Sou todinho seu! Pelo menos por enquanto.
ㅡ rsrs, que bom! Nosso pai está vindo...
ㅡ que pena! Queria ficar mais tempo contigo, mas amanhã te ligo de novo. Se cuida, maninho!
ㅡ você também, Rick!
Roberto abriu a porta do carro e um vento gelado entrou me acertando em cheio.
Perguntei porque demorou tanto a voltar e me olhando disse:
ㅡ pensei que queria privacidade pra conversar com seu irmão.
ㅡ não conversamos nada de mais. Não precisava ter ficado lá fora no frio. E seu filho e eu não temos segredos. Bom, talvez alguns. Kkkk
ㅡ admiro essa irmandade de vocês...
ㅡ pois é, dividimos o mesmo quarto até hoje por nos darmos bem. Bem coisa de brother, mesmo!
ㅡ são unidos! Isso me deixa feliz. Vamos?
ㅡ vamos! Ah, muito obrigado por me deixar falar com o Rick, durante todo esse tempo.
ㅡ rsrs, não por isso. Só não fala nada pra sua mãe.
ㅡ pode deixar! Boca de sirí!
Óbvio que eu não contaria nada. Seria bem capaz dela me deixar mais um mês de castigo e deixar meu pai dormindo no sofá.
Quando chegamos, me foi incumbido a incrível missão de consertar a pia sozinho
Claro que o privilégio de falar por tanto tempo com meu irmão, não sairia de graça. Também limpei a calha d'água, lavei os tapetes, limpei as janelas e pra finalizar, tive que ajudar minha mãe a trocar os móveis da sala de lugar.
Final do dia e eu estava destruído. Tomei banho e fiquei ouvindo música no quarto quandou vi minha mãe entrando.
Tirei os fones do ouvido e vi que ela estava com meu celular nas mãos.
Me sentei na cama e, me fazendo um carinho no rosto, disse pra eu pegar de volta o quê me pertencia.
Fizemos a troca novamente, pedi desculpas por tê-la deixado preocupada e, antes de sair do quarto, ela disse:
ㅡ que isso te sirva de lição. Você tem pais que se preocupam com você. Henrique não é meu filho biológico, mas rezo todos os dias pra que ele fique bem onde está. Seu pai ficou doido aqui em casa. Ligou pra tudo que era hospital atrás de você. E não importa quantos anos você tenha, eu sempre vou te tratar como um menino, caso faça algo errado. Seu irmão me ligou agora pouco e disse que chega antes do Natal. To tão feliz! Seu pai então...
ㅡ eu estou mais feliz que vocês dois juntos. Pode ter certeza!
ㅡ eu sei que está!
ㅡ mãe, obrigado por tudo!
ㅡ te amo, Leo! Ah, vou te devolver seu celular, mas não quero você passando a noite fora. Sempre que sair, quero você de volta às 3:00hrs. Pelo menos até seu irmão voltar. Depois conversamos melhor.
ㅡ é justo! Sem problemas.
ㅡ agora vem jantar. Fiz aquele escondidinho de frango que você adora.
Eu não estava cem porcento livre do castigo, mas tinha meu celular de volta.
Assim que coloquei meu chip, mandei mensagem pro Rick e fui jantar.
No fim de semana combinei com alguns amigos de beber em um barzinho depois da aula.
Alessandra parou de implicar comigo por causa do castigo.
Assim que chegamos, pedimos uma torre de chop e aperitivos.
Antes de sentarmos pra comer, fui até o banheiro e, quando entrei, vi um rapaz lindíssimo lavando as mãos.
Fui no reservado, fiz xixí e, quando saí, o rapaz ainda estava no banheiro.
Ele estava em pé ao lado da pia e, quando fui lavar a mão, ele perguntou se eu sempre frequentava o lugar, pois meu rosto era conhecido.
Disse a ele que sim, mas não me lembrava de vê-lo ali em nenhuma das vezes que fui lá pra beber.
ㅡ nunca te vi por aqui. ㅡ disse.
ㅡ eu geralmente fico no escritório lá nos fundos. Meus pais são os proprietários, mas me lembro da última vez que você esteve aqui com aquela garota. É sua namodada?
ㅡ não, é minha amiga. Só que ela tem namorado... ㅡ disse e ele deu um passo à frente.
ㅡ mas não é nela que estou interessado.
ㅡ hum, entendi...
ㅡ posso te convidar pra beber comigo lá dentro? Se importa?
ㅡ e que desculpa eu arrumo pra dizer que vou beber com o filho do dono?
ㅡ diz que precisa ir pra casa. Tem uma porta nos fundos. Eu fico te esperando.
Fiz como ele havia me pedido. Inventei uma desculpa qualquer, peguei minha mochila e saí dali o mais rápido possível.
Fui até um beco nos fundos do bar e Rafael me esperava na porta.
Assim que entrei, fui surpreendido com um beijo feroz. Entrei no clima e o empurrei até uma mesa, onde fiz ele se sentar e fiquei entre suas pernas.
Tirei sua camisa e depois ele também tirou a minha.
Ficamos nesse amasso por um tempo e sorrindo me disse:
ㅡ você é fogo! ㅡ eu comecei a rir.
ㅡ foi você quem começou, cara.
ㅡ sim, mas não sabia que você me daria tanto trabalho. Suspeitei que você não é como esses moleques bobos que sempre aparecem por aqui...
ㅡ sempre os trazem pra cá?
ㅡ rsrs, agora me senti ofendido.
ㅡ desculpa...eu não quis te ofender.
ㅡ eu que não soube me expressar, mas respondendo à sua pergunta: nunca trouxe ninguém pra cá, justamente por achar que são bobos demais. Só que você, apesar de jovem, tem um jeito diferente. Não sei te explicar.
ㅡ aí resolveu arriscar?
ㅡ e me dei bem! Kkkk
ㅡ kkkkk! Me serve uma bebida e vamos conversar um pouco...
ㅡ claro!
Rafael e eu ficamos por mais de dois meses nos encontrando às escondidas.
Confesso que estava gostando muito e, por um momento, senti que ele queria levar nossa relação à diante, mas eu não podia.
Algo em mim não me deixava ir além. Seria muito mal caratismo de minha parte continuar em uma relação onde eu não estaria cem porcento seguro.
Decidi terminar de uma vez por todas, antes que ele se apegasse ainda mais.
Saímos pra conversar e fui honesto dizendo que não podia me comprometer com ele.
ㅡ você tem outra pessoa? ㅡ ele me perguntou e fiquei sem saber o quê dizer, mas na hora me lembrei do Rick.
ㅡ não! Como teria alguém se passamos a maior parte do meu tempo livre juntos?
ㅡ sei lá! É que nos damos tão bem. Você não é assumido, eu também não sou...é perfeito...não acha? Não existe pressão entre a gente pro outro se assumir...
ㅡ eu sei disso...
ㅡ olha, eu não quero ser chato contigo e nem ficar no seu pé. Você tem meu número e, se mudar de ideia, me liga. Só não demora muito...
ㅡ tudo bem...
Ele se foi. Fiquei na lanchonete onde estávamos por mais um tempo e ouvi meu celular tocando. Era a Alessandra. Pedi que ela fosse se encontrar comigo e quando chegou, a abraçei e nem percebi que ela estava com o namorado.
Pedi desculpas, mas ele veio até mim e disse que não havia problemas.
ㅡ to vendo que você levou um pé na bunda...deve estar precisando de alguém pra conversar. ㅡ ele disse e comecei a rir.
ㅡ não, eu que dei um pé na bunda...
ㅡ e ta chorando por quê? ㅡ ele me perguntou e a Alessandra ficou me olhando sem entender nada.
ㅡ porque ele era um cara gente boa...
Quando vi, já tinha falado. Caíque ficou pouco mais de dez segundos me encarando e se sentou. Vi que tinha feito besteira, mas antes de eu falar qualquer coisa, ele disse:
ㅡ bem que desconfiei que você é gay! ㅡ ele disse e comecei a rir.
ㅡ não, sou Bi! Mas fica tranquilo, sua namorada não está em meus planos de conquista.
ㅡ hahah, obrigado por avisar...
ㅡ gente, eu estou aqui! ㅡ Alessandra disse e fomos nos sentar em uma mesa pra conversarma melhor.
Aproveitei pra desabafar um pouco. Contei sobre meu relacionento com o Rafael e me abri dizendo que estava gostando de outra pessoa. Só não disse que o outro, era o Rick. Seria demais pra cabeça deles em um só dia. Na verdade, era demais até pea mim.
Eu realmente não estava conseguindo lidar com meus sentimentos. Era estranho e muito complicado amar meu próprio irmão, mesmo não sendo de sangue, mas crescemos como se fóssemos.
Toda aquela situação, pela primeira vez, estava me deixando desnorteado.
Meus amigos me deixaram em casa e, quando entrei, fui direto pro meu quarto.
Estava no banho quando ouvi baterem na porta. Era o Roberto. Pedi que entrasse, mas ele disse que me esperaria no quarto.
Tomei banho, vesti um roupão e lhe dei boa noite assim que o vi.
ㅡ chegou cedo, hoje. ㅡ ele disse e me sentei ao seu lado.
ㅡ é, não estava tão afim de ficar na rua até tarde. Acho que perdi a prática por causa do castigo.
ㅡ rsrs, pode ser! Sabe, tenho uma coisa pra te dizer. Seu irmão tentou te ligar, mas ele disse que só dava caixa postal. Aí ele me ligou e disse que volta dia 21 de dezembro. ㅡ quando ele disse, meu peito parecia ter explodido de felicidade.
ㅡ tá de brincadeira?
ㅡ to falando sério!
ㅡ caramba...só falta três meses.
ㅡ isso aí! Sua mãe quase não conseguiu dormir. Ele já comprou as passagens e tudo. Precisa ver como ele está feliz em voltar...
ㅡ eu preciso ajeitar tudo por aqui. Arrumar o quarto e dar uma geral nessa bagunça. Caramba, pai...to felizão.
ㅡ hahaha, estou vendo! Só não vai cair da cama.
Eu pulava na cama feito um bobo. Queria que naquele momento meu irmão entrasse por aquela porta só para eu poder sentir seu cheiro de novo, o calor do seu abraço e ver de novo aquele sorriso que sempre me alegrou.
Meu pai se ria de minha idiotice e tentava me fazer ficar quieto, mas era meu irmão quem estava voltando pra casa; voltando pra mim.
Assim que Roberto foi se deitar, comecei a organizar nosso quarto para recebê-lo de novo.
Já estava tarde, então, desocupei seu lado do armário e levei minhas coisas de volta pro quarto que eu dormia quando era criança.
Quando voltei, vi a sacola com os presentes que ele havia me enviado da Itália e, mesmo querendo muito, não usei os perfumes que ele tinha me mandado.
Fui dormir já passava das quatro da manhã. Fiquei extremamente feliz em saber que suas passagens já estavam compradas.
Nada mais o prendia na Itália; isso era fato. Nada mais o manteria longe de mim e isso me deixou feliz, mas também com medo.
Talvez eu não conseguiria lidar com tudo aquele sentimento estando ao seu lado e, caso ele percebesse, se afastaria de mim.
Além de tudo, seria demais pra nossa família. Minha mãe se decepcionaria comigo, com certeza.
Então me lembrei do meu pai. Ele ainda não sabia que meu irmão era gay e nem poderia sonhar que eu nutria um carinho especial por ele.
Juro que fiquei o resto do mês tentando me concentrar em uma forma de não demonstrar o quê sentia pelo meu irmão, mas era difícil. Eu sempre ficava doido de felicidade quando ele me ligava.
Eu precisava ocupar minha cabeça e conversando com amigos na faculdade, consegui emprego de meio período em uma renomada revendedora de veículos da cidade ㅡ cujos donos eram pais de um colega "mauricinho" da sala ao lado.
Combinei com meu pai que se o trabalho interferisse em minhas notas, eu abandonava e focaria apenas nos estudos.
Fiz uma entrevista e dois dias depois me ligaram para a vaga de Auxiliar Administrativo.
Vibrei com minha nova conquista e, depois de ter comunicado meus pais que eu estava empregado, corri até o quarto e liguei pro Rick. Eu precisava conversar com ele.
Fiz uma chamada de vídeo pelo Whatsapp e no segundo toque ele atendeu.
Nunca me senti tão feliz ao vê-lo sorrindo pra mim. Alguns detalhes me chamou a atenção e não pude deixar de notar seu cabelo desarrumado, a barba por fazer e, quando foquei em sua roupa, vi que ele usava uma camiseta minha.
ㅡ fala, Leozinho! ㅡ ele disse todo sorridente e me deitei na cama.
ㅡ mano, acredita que arrumei um emprego? To tão feliz!
ㅡ ah, ta falando sério? Poxa, queria estar aí pra te dar um beijo. To feliz por você...
ㅡ valeu, mano véio! Essa camisa é minha?
ㅡ hahaha, é sim! Coloquei na mala junto com as minhas, mas foi sem querer. Você deve ter guardado na minha gaveta e não percebeu.
ㅡ ah, pode ser mesmo. Sempre esqueço de separar. Você está bem?
ㅡ melhor impossível! Não vejo a hora de chegar em casa. Nossa, to doido pra comer a comida da tua mãe.
ㅡ rsrs, da nossa mãe. Ela te ama como se você fosse filho dela, cara.
ㅡ eu sei que ama, me desculpa. É força do hábito. Sua mãe me criou desde meus cinco anos e sei que às vezes pareço ingrato, mas não faço por mal. Sei que ela fica chateada quando não a chamo de mãe, mas a amo como se fosse. Pode ter certeza disso.
ㅡ ei sei, Rick! Agora me fala: já está arrumando suas coisas?
ㅡ quase tudo pronto pra voltar. Estou levando presentes pra todos e, quando eu chegar, tenho uma surpresa pra você. Acho que vai gostar.
ㅡ não dá pra contar antes? Vou morrer de curiosidade até você voltar. Kkkkk
ㅡ kkkkk, vai ter que esperar!
ㅡ pior é esperar por você! Ta me matando, cara! ㅡ disse e nos encaramos por instantes.
ㅡ sente mesmo a minha falta, Leo?
ㅡ sinto! Ta foda aqui sem você!
Senti que não conseguiria mais falar com ele e inventei uma desculpa qualquer pra terminar a transmissão.
Eu estava sufocado na saudade que ele me fazia sentir.
Sequei meus olhos e terminanos de conversar por mensagens; pelo menos ele não me via chorar.
Na semana seguinte comecei a trabalhar na revendedora.
Sem dúvidas, foi a melhor coisa que me aconteceu.
Iniciei como auxiliar no financeiro da empresa; pelo menos ajudaria na minha pós-graduação futuramente e já contava como estágio.
Eu não ganharia ainda àquela maravilha de salário, mas já me ajudava a não depender tanto dos meus pais.
Trabalhar estava ajudando a não pensar tanto no Rick, mas a semana que ele voltaria chegou e, junto, minha ansiedade.
Eu estava uma pilha de nervos. Terminei de organizar nosso quarto, arrumei o armário pra ele organizar suas roupas e fiz uma boa faxina.
Minha mãe passou pelo quarto e, quando me viu envolvido na arrumação, brincou dizendo quanto eu queria ganhar pra fazer o mesmo com a casa toda.
ㅡ bom te ver empolgado. ㅡ ela disse e começamos a rir.
ㅡ a senhora gosta de tirar onda com a minha cara, mas se quiser, dou uma geral em tudo. Pelo menos não precisa pagar ninguém pra fazer isso.
ㅡ faria mesmo?
ㅡ aproveita que to empolgadíssimo!
ㅡ kkkkk! Não vou perder essa chance. Preciso limpar o forro da cozinha. Se fizer isso, já está bom.
ㅡ rsrs, pode deixar comigo. To quase terminando aqui e já vou lá.
ㅡ obrigada! Vou fazer aquele bolo de chocolate que você adora. Serve como pagamento?
ㅡ kkkkk, serve! Valeu, mãe.
Terminei de arrumar o quarto, ajudei minha mãe com a faxina na cozinha e fui abrir as janelas do ateliê.
Deixei o ar circulando por um tempo, ajeitei as telas no lugar e tirei pó da bancada que o Rick usava pra fazer pintura com spray.
Eu realmente estava cansado. Puxei uma cadeira e me sentei por instantes, até que vi meu pai entrando.
Ele me jogou uma garrafa d'água. Abri e, enquanto tomava, ele me perguntou se eu estava bem.
ㅡ só to um pouco cansado, mas vou tomar banho e logo passa.
ㅡ sua mãe está ostentando a geral que você deu na cozinha.
ㅡ deu um pouco de trabalho, mas consegui deixar do jeito que ela gosta. Sua mulher é muito exigente. Kkkk
ㅡ kkkk eu vi! Ah, ela ta fazendo seu bolo. Vai tomar banho pra você comer.
ㅡ eu ja vou! Pai, você me acha um bom filho? Me diz a verdade... ㅡ eu me sentia culpado por tudo que estava sentindo pelo Rick e, mesmo não parecendo errado, porque não éramos irmãos de sangue, eu sentia que estava traindo o Roberto.
ㅡ que pergunta mais boba, claro que te acho um bom filho. Está acontecendo alguma coisa? Eu não queria te falar nada, mas há dias que você anda meio quieto. Você melhorou um pouco depois que começou a trabalhar...
ㅡ impressão sua!
ㅡ tudo bem! Só fique sabendo que desde que te conheci, eu sou mais feliz. ㅡ ele fez um carinho no meu rosto e foi ver se o bolo já estava pronto.
Foi a coisa mais sincera que ele já havia me falado em todos aqueles anos. Meu amor por ele era tão sincero, quanto a felicidade que ele sentia em ser meu pai.
Senti medo novamente em perder todo esse carinho pelo simples fato de eu amar o filho dele. Talvez isso nos afastaria e eu não queria perder o amor do homem que me criou e me acolheu de braços abertos.
Eu estava confuso e precisava colocar em ordem meus sentimentos, mas quando entrei no quarto pra pegar uma roupa limpa, vi meu celular tocando e era o Rick.
Fiquei em dúvida se atendia, fiquei em dúvida se eu não estava confundindo tudo e amando de forma errada, mas quando meu celular parou de tocar, senti meu peito apertado e um nó se formou na minha garganta. Lamentei profundamente por não ter atendido e fiquei com ódio de mim mesmo por ter certeza que aquele cara por quem eu amava como irmão, na verdade, era o homem da minha vida...
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Continua...
Tentei postar na sexta, mas não deu tempo. Mil desculpas.
Espero que tenham gostado e muito obrigado por todo carinho de sempre.
Vca se superam nos comentários, eu adoro! To ficando mal acostumado com tanta fofura. Sou chorão! Kkkkk
Mas eu tento fazer o melhor que posso pra agradar vocês. Nem sempre saí às mil maravilhas, eu sei, mas vou me redimindo na medido do possivel. Como ja disse aqui, não sou escritor profissional. Da pra perceber pelos inúmeros erroa de gramática kkkk. Alguns eu corrijo, mas muitos passa batido. Ta me faltando tempo pra escrever, de verdade. Peço compreensão e sei que vocês me entendem, pelo menos acho que entender rsrs. Vou fazendo o quê posso pra postar o mais rapido que consigo. Okay?!
Um grande abraço e até o próximo! Vcs são 10! 😉👍
Happy Pride! 🌈