Anos Incríveis | Capítulo 12[FINAL]: Sou a esposa da minha mulher.

Um conto erótico de Bia T
Categoria: Homossexual
Contém 1932 palavras
Data: 21/03/2019 00:42:36

Oi gente !! Desculpem a demora! Vamos para o último capítulo da série Anos Incríveis!

Anos Incríveis | Capítulo 12[FINAL]: Sou a esposa da minha mulher.

Conforme o tempo foi passando, vivi diversas e inusitadas experiências ao lado das minhas amigas Alessandra e Monique e do meu amor da minha vida, Heloísa. Alegrias e tristezas me acompanharam durante o resto do meu ensino médio mas sempre me senti querida pela maioria dos alunos e profissionais da minha escola. É claro, também sofri preconceito e chorei muitas vezes por isso. É incrível como você pode se surpreender negativamente com pessoas que você achava que estavam ao seu lado mas na verdade te apunhalavam pelas costas. Do mesmo modo, algumas pessoas que antes pareciam distantes agora estavam mais próximas, me deixando mais à vontade para continuar minha transição. Transição esta que foi facilitada pela minha aceitação na minha nova turma na escola, formada por alunos LGBTS.

Heloísa e eu Também sofremos muito quando resolvemos contar nossa história para os pais e para o irmão dela. A mãe dela já tinha uma vaga ideia sobre tudo mas o pai dela e o irmão, não. Demoraram anos para aceitar totalmente, principalmente o pai, que sonhava com o casamento da filha (que aconteceu mas não da forma que ele imaginava) e com netos. Cheguei a implorar para que não nos separassem, meu medo era perder meu amor. Eu não me importava que não me aceitariam. No final das contas, o pai da Heloísa não sabia se me chamava de genro ou de nora, causando um certo desconforto na família. Pelo menos tudo isso fez com que o Vitinho parasse de me devorar com os olhos, e o rapaz não demorou para voltar a falar comigo normalmente.

Agora eu já tinha 21 anos e a Heloísa, 22. Acordei em uma bela manhã de Sábado de primavera meio atordoada e usando sedativos, com uma dor terrível na região onde deveria estar meu pênis, que agora tinha uma vagina.

Abri bem meus olhos e a primeira pessoa que vi foi a enfermeira que cuidou de mim por meses durante a preparação para a operação, a quem eu me afeiçoei e que virou minha amiga.

Dona Cida: Oi meu bem, já acordou? Está se sentindo bem? Quer alguma coisa? Se você esperar um pouquinho eu te trago logo um café da manhã reforçado...

Flávia: Aaai! Tá doendo, Cida. Mesmo com esse monte de remédios, ainda dói!

Dona Cida: Tá vendo, eu te disse minha filha, não é fácil ser mulher! Você já se parecia com minha sobrinha, pra que fazer tudo isso?

Flávia: Haha! Obrigada pelo elogio mas eu pensei muito bem sobre essa operação. Eu queria muito isso, Cida!

Dona Cida: É, eu sei menina! É incrível mas desde a primeira vez que eu te vi, nunca te imaginei homem. Não tenho como explicar, você já tinha a alma feminina... Parecia destas filhas de umas amigas lá do meu bairro.

Flávia: Você está me fazendo me sentir emocionada... – Comecei a querer chorar.

Dona Cida: Ai! Não começa vai haha! Aliás, vai se acostumando com isso, toda a hora a gente quer chorar, sentimento de mulher é duro de homem aguentar!

Flávia: Quanto a isso, você sabe, não vou ter problemas...

Dona Cida: É, eu sei... tadinha, você tem uns parafusos a menos né? Deus te abençoe... haha! – Cida fez cara de empatia.

Flávia: Hahaha! Não só parafusos, também faltam umas porcas e arruelas! Hahaha!

Nesta hora, Heloísa entrou no quarto meio eufórica, com os olhos arregalados e com cara de preocupação.

Heloísa: Desculpa não bater na porta pra entrar, gente! Mas a porta já estava aberta... – Heloísa parecia meio confusa e olhava para mim sorrindo.

Dona Cida: Pronto, falando na diaba! Vou lá na cozinha buscar seu café da manhã, ok? Vou deixá-las sozinhas um pouco...

Flávia e Heloísa: Obrigada, Cida!

Heloísa esperou Cida sair do quarto e já veio em minha direção.

Heloísa: Oooi amoor! Está se sentindo bem? Tá doendo muito amor?

Flávia: Um pouquinho.. tô chapada aqui de sedativos mas mesmo assim dói, amorr... – Fiz cara de dó.

Heloísa: Haaa, tadinha, não faz essa cara não, meu bem! Eu vim aqui pra te acompanhar... desculpa não estar aqui logo quando acordou mas ainda não era horário de visitas. – Heloísa começou a acariciar meu rosto com ternura.

Flávia: Desculpo mas só porque te amo!

Heloísa: Me ama?! Desde quando? Haha.. Eu é que te amo amor! Ainda mais porque eu trouxe uns docinhos que você me pediu... Tá aqui, brigadeiro, doce de leite ninho... – Heloísa foi tirando diversos doces de uma sacola.

Flávia: Aahh! Que maravilha amor, tá vendo porque eu te amo? Que delícia.. – Já fui comendo alguns doces.

Heloísa: Aliás, como está se sentindo? Não em relação à dor, mas ao fato de você ser uma mulher completa agora.

Flávia: Não sei amor... acho que tô normal, apesar de tudo.. Você sabe, eu já me sentia mulher há muito tempo, com ou sem vagina.

Heloísa: É, eu sei.. quer saber? A sua vida será melhor assim... aliás, não só a sua vida mas a minha também. Agora eu tenho oficialmente uma namorada mulher com M maiúsculo! Não preciso mais inventar a roda não! Se me perguntarem já vou logo falar: Sou lésbica, tenho namorada!

Flávia: Ué, mas você já falava assim para as pessoas, não falava?

Heloísa: Sim, eu falava... mas você precisava ver quando descobriam que você era homem! Que inferno, eu tinha que explicar tudo e falava que você se sentia mulher e tudo, mas não adiantava!

Flávia: Deixa pra lá essas pessoas, não vale a pena... mas você tem razão, vou mudar meus documentos que agora terão a informação sexo feminino neles!

Heloísa: Ufa, ainda bem! Um alívio para nós..

Neste momento, a médica responsável pela minha operação entrou no quarto.

Dra Roberta: Bom dia garotas, e aí senhorita Flávia, tudo certo? Doendo muito?

Flávia: Bom dia! Doendo um pouco, doutora!

Dra Roberta: Normal viu! Essas operações deste tipo são complexas e demoradas... fizemos o procedimento com total sucesso mas o organismo sempre demora a se acostumar. Ainda vai doer por alguns dias mas logo vai passar. Vou te receitar alguns remédios para a dor e mais um outro remédio para te ajudar a dormir, tudo bem?

Flávia: Tudo bem... d-doutora, eu também queria saber se... se....

Dra Roberta: Sim, você poderá ter relações sexuais logo após alguns dias, não se preocupe!

Flávia: Eu... hãã, eu.. t-tudo bem! – Fiquei surpresa pela objetividade da doutora.

Heloísa: Meu Deus, será que ela sabe ler mentes?! Hahaha! – Disse Heloísa, logo após a médica sair do quarto.

Flávia: E por que você está tão interessada nela, assim de repente? – Fiz cara de enciumada.

Heloísa: Nada, nada.. Hahaha! Não estou interessada nela, eu só tenho olhos pra você, amor..

Flávia: Sei, sei..

Naquele dia tive alta médica e fui pra casa quase à noite. Como os pais da Heloísa já nos tratavam como um casal e já confiavam mais em mim, deixaram Heloísa dormir comigo na república. Minhas amigas, que ainda moravam na república, me receberam e me trataram com muito carinho. Monique queria fazer uma festa mas viram que eu ainda não estava em total condições para isto. Resolveram me fazer tomar uma sopa de peito de frango desfiado em pleno Sábado à noite.

Monique: Hummm... a sopinha está boa, queridinha?

Flávia: Haha, está boa sim, obrigada Mô!

Alessandra: Agradeça a mim pois se dependesse dela hoje mesmo a gente teria ido pra uma balada!

Flávia: Ai Lê, ainda bem que eu tenho você pra me ajudar nesta casa!

Monique: Amores, vocês vão continuar com a ladainha até quando?

Flávia e Alessandra: Hahaha!

Heloísa: Sério gente, obrigada por nos ajudarem hoje, temos sorte de ter vocês como amigas...

Monique: Não se preocupe, docinho! Nós é que temos sorte de ter vocês como amigas! Veja bem se a história de vocês não é um bafão que vou poder contar pra todo mundo sempre que eu quiser causar espanto onde estiver?

Alessandra: Monique...

Monique: É sério, gente! Sempre que eu quiser me enturmar posso contar essa história de vocês... olha que maravilha!

Alessandra: Você está sendo indelicada...

Monique: Ai meu Deus, indelicada, nhé nhé nhé! – Monique fazia fusquinha para a amiga.

Flávia: Hahaha! Não se preocupa Lê, já conhecemos a peça rara!

Monique: Só tem uma coisa, é sério! Agora que a Flá é mulher de verdade, quem fará o papel de 'Homem da casa'? Ela não pode fazer esse papel, sinto muito Flavinha, você realmente é a mais fêmea daqui! Eu voto na Alessandra, ela é a mais séria, mais profissional, mais alta... Se entrar alguém aqui, ela terá que nos proteger!

Alessandra: Hááá, pronto! Agora eu vi! – Alessandra se 'incomodava' com a história, enquanto todas nós riamos da situação.

Alessandra: Não sei por que eu tenho que ser o homem da casa se eu tenho até noivo já! A única aqui que está encalhada é você, Monique!

Monique: Moi?! Eu sou cabeleireira! Não posso fazer esse tipo de coisa Lê! Hahaha!

Após rir muito com todas, fui dormir no meu quarto com a Heloísa. Eu estava muito feliz, apesar de ainda sentir as dores da operação. Na hora que nos deitamos na cama, Heloísa deixou algumas lágrimas brotarem em seus olhos.

Heloísa: Amor, parece um sonho, você está assim, mulher de verdade e toda linda pra mim! E pensar que sempre te amei, sempre! Desde que eramos crianças... eu não consigo acreditar em tudo isso até hoje. Sou a pessoa mais sortuda desse planeta! – Ela disse no meu ouvido, sussurrando.

Flávia: Eu também não acredito... a mulher que sempre amei me aceitou do jeito que sou. Qualquer outra pessoa teria me abandonado, é também difícil pra mim acreditar nessa história. E-eu... eu também te amo tanto, mas tanto Helô.. quero passar o resto da minha vida com você, ao seu lado. Acho que nós duas somos muito sortudas por termos uma a outra..

Heloísa: Você jura? Eu acho que poderíamos começar a pensar em morar juntas, o que acha?

Flávia: Acho maravilhoso, amor. Eu também gostaria de me casar.. na igreja também! Não somos um casal exemplar mas somos boas pessoas!

Heloísa: Sim, vamos fazer tudo isso, sempre juntas. Eu te amo, Flávia..

Flávia: E eu te amo, Heloísa.

Nem preciso dizer que nos casamos e ainda adotamos um filho, o Juan. Temos uma vida simples, mas feliz. Heloísa se tornou uma atleta de respeito e eu abri um negócio próprio, amo o que faço. Minhas melhores amigas se tornaram ótimas profissionais, uma advogada e a outra tem o próprio salão de beleza! Me considero parte de uma família amorosa e agradeço todos os dias por isso.

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Pessoal, eu sei que demorei um pouco para concluir esse conto mas eu estou cheia de trabalho. Eu nunca tinha escrito conto algum na vida, é claro que errei no português algumas vezes (quem nunca) e peço desculpas por isso. Como vocês podem ter imaginado, este conto mistura ficção com realidade, a minha realidade. Muitas coisas que coloquei nos capítulos fizeram parte das minhas próprias experiências como mulher trans, principalmente o fato de que me casei com uma mulher e que tenho ótimas amigas.

Espero que tenham aproveitado cada linha, fiz tudo com carinho e vontade! Até o próximo conto, escrever é uma coisa maravilhosa! beijos!

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(Às 3 da manhã)

Heloísa: Amor, o Juan está chorando, ele está com fome, vai lá buscá-lo para mim!

Flávia: Huááááá! Vou sim amor, espera... – Tem coisas que não mudam jamais, nunca - S2 S2 S2

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Comentários

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Poderia fazer um capítulo com o casamento néFalando do vestido de noiva e tal

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Fazia tempo que não lia um conto tão bom assim, pena que acabou rápido

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Obrigada Vê! Logo já começo outro conto, desta vez mais enxuto e mais picante!

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