Boa noite, gente? Voltei para dar continuidade ao meu último conto com o título “Eu & Ela”. É uma história meio inusitada. Na verdade a minha vida aqui no Brasil tem sido mesmo surreal. Eu não quero falar aqui o nome dela para evitar problemas futuros. Daqui pra frente vou chama-la de Eva.
O por quê de ela ter se apaixonado por mim à primeira vista eu não sei dizer. Com o dinheiro que ela tem e já que curte mulher, poderia muito bem curtir com uma das milhares de garotas riquinhas do meio social dela. Mas ela preferiu a mim. Logo eu. No dia seguinte, de tarde, ela apareceu na panificadora onde eu trabalho. Estava vestida em roupas sociais tipo uma saia justa até no meio das coxas e com uma blusinha branca por baixo de um blazer azul clarinho. Ela estava muito chic!
- Boa tarde, Vic? Surpresa com a minha visita?
Eu estava realmente surpresa e meio sem graça. Para mim todos estavam sabendo que ela estava a fim de mim. Para mim todo o mundo estava apontando o dedo para mim e dizendo: “você é lésbica?” Naquele momento eu queria que o chão sob meus pés se abrissem e que eu fosse tragada e que nunca mais ninguém me visse. Eu acho que ela percebeu. Confesso que naquele momento fiquei com vergonha dela também. Eu estava com vergonha de tudo e de todos.
- Eu, eu não... sei o que dizer. Pensei que você tivesse esquecido... – eu balbuciei, aproveitando que os clientes não estavam tão perto do caixa.
Ela tirou os óculos e sorriu.
- Esquecer minha ninfeta predileta? Nunca! Vim te dar um presente, Vic. Você vai amar. Vem aqui no carro comigo. Não dá bola para os outros, menina. Vem viver o momento. Eu sei que você está com vergonha...
Pedi para a funcionária assumir o caixa e eu a acompanhei até o carro. A pedido dela entramos pela porta de trás. Lá dentro estava bem frio. De supetão ela me agarrou e sem eu ter a mínima chance de reagir, senti-me segura pelo cabelo e logo em seguida a minha boca foi invadida por um beijo quente. Parecia que tinha um forno dentro da boca. Ela me prensava contra o banco macio e sua língua invadia minha boca. Para mim foi algo surreal. Nunca me imaginei sendo beijada de verdade por outra mulher. Tá certo que a Wal já tinha me beijado a força, mas nem de longe era como esse beijo que eu estava sentindo. Não sei quanto tempo demorou, mas não foi nada rápido. Depois desse longo beijo de língua que me deixou sem ar, ela me prendeu em seus braços e ficou beijando minha cabeça e fazendo carícias no meu rosto, enquanto sussurrava:
- Você é muito linda... e essa boquinha macia e quente... uma delícia! – Quando ela me soltou, sorriu, feliz como quem conseguiu aquilo que mais queria e disse, sorrindo: - Olha lá no banco da frente... tem um presente pra você. – Eu me sentia sem jeito. Desconsertada. Era como se todo o mundo tivesse visto aquele beijo louco. – Vai, ninfeta, olha lá – ela mandou.
Eu me inclinei entre os bancos da frente e vi duas sacolas da loja dela. Sorri.
- Ah... lindos! – exclamei. – fui por cima do banco e vi um buquê de rosas vermelhas. Sem pensar fiquei louca! Dei gritinhos. - ¡Rosas rojas! hermosa! ¡Me encanta!
- Eu sabia que você ia amar. Eu também adoro rosas.
Quando fui passar por cima dos bancos, senti ela levantar minha saia e me segurou naquela posição e senti beijinhos por toda a bunda; apalpadelas e por fim um tapão sonoro. Dei um grito.
- Ai, sua louca!
Ela sorriu, dizendo:
- Quem manda ser gostosa?
Eu peguei as rosas e cheirei-as. Uau! Eram de verdade! Perfume natural! Fresquinhas! Tinha um cartão que dizia assim: “Parece estranho, mas sou louca por você. Quer sorrir comigo?” Mais uma vez fiquei sem jeito. Não soube o que responder. Ela mandou novamente eu abrir as sacolas. A primeira sacola estava o vestido que eu tinha visto na noite anterior! Lindo! Estava também a bolsinha maravilhosa! Meu Deus! Era um sonho! Na outra estava aquele sapato Scarpin.
- Jesus! Eva! Você enlouqueceu??!!! Tem mais de dois mil reais aqui!!!! Eu vou trabalhar mil anos e não vou conseguir pagar!!! Eu não vou aceitar.
Eu voltei a me sentar no banco de trás junto com ela.
- Vic, é um presente. – Ela estava ajeitando os meu cabelos.
- Eva... não! Você gastou muito dinheiro comigo de ontem pra hoje! Como as “coisas estão” isso vai fazer falta no seu caixa!
- Para, Vic. É seu. Tudo seu. Você não tem que pagar nada.
Eu compreendi naquele momento que eu poderia ganhar muitas coisas com ela. Eu só tinha de pensar numa maneira de seduzir ela mais e mais e não fazer sexo. Sem que eu esperasse ela me pegou de novo e beijou minha boca novamente. De novo aquele beijo quente e senti a mão dela entrando por debaixo da minha blusa e procurando meus peitos. Reagi impedindo a mão como pude. Ela parou de beijar e escondeu a cabeça no meu ombro. Senti seu sussurro bem no meu ouvido:
- Por favor... –ela demorou a continuar: - deixa... por favor... é só pegar... deixa... por favor... deixa...
Eu nada falei. As mãos dela estavam procurando as minhas costas e abriram meu sutiã. Só que ela não cumpriu o que havia prometido: ao invés de pegar nos meus peitinhos durinhos ela caiu de boca. Ela me abraçou com força para eu não me mexer e ficou mamando. Pelo menos ela mamava como se nunca tivesse visto um peito antes. Foi então que eu lembrei que ela estava há dez anos sem tocar numa mulher. Eu não queria gemer, mas eu não me contive e fiquei soltando gemidinhos tímidos enquanto sentia a boca quente sugando e ao mesmo tempo mordendo no mamilo; ora passando a língua em círculos; às vezes ela parava para beijar os peitinhos ou apenas, às vezes, parava de mamar e ficava admirando-os por alguns instantes para depois voltar a mamar com bastante volúpia. Não sei por que eu me deixei levar pelos carinhos dela. Eu não deixei quando ela tentou abrir minhas pernas. Eu sabia que ela queria chupar minha buceta. Fiquei com medo. Na verdade desde o dia anterior que eu estava com medo. Nervosa. Era uma experiência negativa para mim. Ainda não conseguia me entregar totalmente a outra mulher. Talvez eu nunca venha a conseguir.
Ela me beijou, me amassou, me mordeu, me lambeu por quase todo o corpo. Falava palavras obscenas no meu ouvido tais como que queria chupar minha bucetinha até eu gozar na boca dela; dizia em sussurros que queria chupar meu cuzinho... eu até que gostei daquelas palavras sussurradas no meu ouvido. Descobri com ela que os homens não sabem dar valor a uma mulher.
Quando dei por mim já havia passado da hora de fechar a panificadora! A nossa funcionária ligou pro meu celular me avisando disso. Me apressei em ajeitar os cabelos, ajeitar a blusa que tava amarrotada. Esqueci de por o sutiã. Saí do carro sem jeito e envergonhada. Tinha passado muito tempo lá dentro com ela. A Wal estava de cara feia me vendo amarrotada.
Peguei as chaves da panificadora. Já era tarde para ir pro cursinho. Voltei pro carro para pegar as sacolas e as flores. Ela me beijou novamente. Queria me levar pra um motel, mas eu me saí a todo custo. Inventei uma dor de cabeça súbita. Ela foi embora e eu fui pra casa.
Foi mais um problema. A Wal estava enlouquecida.
- Puta sem vergonha. Não é você que não gosta de mulher?! Hem, safada?
- Wal, não é o que você tá pensando. É uma amiga.
- Cala essa boca imunda, sua sem vergonha – ela gritou. Eu nunca tinha visto ela daquele jeito.- Sua safada. – ela foi para o quarto e arrumou as coisas dela. Estava pondo tudo dentro de umas sacolas.
- Wal, para – eu pedi. Ela estava chorando. – Não é nada disso. É uma amiga.
Ela se virou para mim. Estava transtornada.
- Eu não tenho nada pra te dar, né? Mas ela tem. É rica. Olha só aqueles presentes! Coisa fina. Pra mim tudo é difícil. Quer saber, Vitória, eu me cansei de você. Me cansei de suas mentiras e manipulações.
Ela arrumou o bebê, pegou as sacolas com as roupas e saiu.
Que culpa eu tenho de ela ter uma paixão por mim? Eu sempre disse que nunca seria dela. Não sei pra quê esse mi mi mi se mais tarde ela ia me ligar chorando e pedindo desculpas. E no outro dia ia voltar pra morar aqui em casa de novo. Se eu ligasse pra ela agora e fizesse um charminho ela voltava do meio do caminho. Depois que tranquei a porta fui tomar banho. Ensaboei bem meus peitos para tirar o gosto da boca da Eva. Ai, que horror! Parecia que o perfume dela estava impregnado no meu rosto, no meu corpo. Passei álcool em gel nos meus peitos, nos meus lábios. Lavei minha bundinha com álcool onde ela tinha beijado. Perfume de mulher... boca de mulher... que coisa mais nojenta!
Depois de me enxugar e passar meus cremes pelo corpo fui experimentar o vestido. Nossa! Que coisa mais linda! Botei a sandália e a bolsinha. Aproveitei para me maquiar. Eu estava louca para trepar gostoso. Liguei para o meu namorado e disse que queria ser fodida “agora”. Claro que ele topou imediatamente.
Eva me ligou logo em seguida e eu fiz um videozinho rápido e mandei para ela toda produzida. A Eva ficou louca! Disse que eu estava muito linda! Deslumbrante! Queria que eu fosse “agora” com ela para um motel. Disse que eu estava “virando” a cabeça dela... que não me esquecia...
- Nossa, sou tão gostosa assim? – perguntei, fazendo uma voz romântica, melosa. Par ela ficar mais louquinha, fiquei passando brilho nos lábios e olhando para a câmera do celular. Mandei um beijo.
- “Você vai me deixar louca, Vic. Eu te quero. Quero fazer você gozar na minha boca. Posso ir aí contigo?”
- Ainda não – eu disse, bem romântica. Eu pensei: “Vou deixar essa coroa louquinha.” Fiquei de pé e fui passando a câmera do celular pertinho dos meus pés e vim subindo fazendo um “tour” pelas minhas coxas bem lentamente. Ela estava enlouquecida pedindo para eu mostrar o cu, mostrar a bucetinha... me mostrei de perfil e dei uma empinada generosa na bunda e depois fui mostrando o meu decote. Ela pedia para eu mostrar os peitinhos... mas eu não mostrei. Abri o decote ao máximo... mas não mostrei os peitos. – Como é que tá a sua pressão? – perguntei. Me sentei e cruzei as pernas.
- Eu voltei a tomar meu remédio, sua moleca safada... gostosa... gosta de maltratar, não é?
- Eu não... só estou mostrando o presente que você me deu.
- Diz quanto é que você quer para fazer amor comigo, Vic. Não me tortura desse jeito. Nem que seja só uma vez.
Eu sorri.
- Tem certeza que vai ficar bem?
- Vic, eu não sou doente. Quanto é que você quer? Diz, linda, gostosa... vagabunda... putinha...
- Nossa... gosta de putinha novinha, né, sua sapatão? Gosta de molequinha assim? – passei a câmera pelo meu decote e fui descendo. Levantei um pouco o vestido... mas não mostrei a calcinha.
- Ai, Jesus... que gostosa... eu ainda vou te pegar... vou chupar esse cuzinho... chupar essa bucetinha... chupar esses peitinhos... vou morder esse corpo todo... me diz quanto é que você quer, princesa malvada?
- Eu preciso pagar as mensalidades do meu curso. Mas o papai vai me dar o dinheiro.
- Não. Eu pago – disse ela. – Eu pago o que você quiser. Dinheiro não é problema.
- E eu quero dirigir esse Jeep Renegade maravilhoso!
- Quantas vezes você quiser, ninfeta. O que mais você quer? Pede que eu te dou.
- Eu quero muito carinho, beijinhos... milk shake pra mim e pras minhas amigas.
- Não dá para tirar as amigas? Aquelas chatas água com açúcar?
- Não. Eu deixo você beijar a boca delas também – brinquei.
- Credoooooo! – ela falou sério. – Nem pensar! Eu quero é você.
- Se fosse a Anitta você queria, neh?
- A cantora?
- Sim. Ela não é linda?
- Eu não daria um real por ela. Não é meu tipo de mulher. Nem ela nem aquelas suas amigas.
- Eu posso dançar pra você?
- Vou adorar.
Tive que desligar o celular sem avisar porque o meu namorado chegou. Ufa! Agora, sim! Um homem! Me joguei nos braços dele e começamos ali mesmo no chão.
Por volta de uma da manhã ele foi embora. Eu estava saciada. Peguei meu celular e olhei. Tinham várias chamadas de vídeo da Eva; mensagens.
Quando fui me deitar senti saudades da Wal. Ela costumava dormir na cama comigo. Ela ficava com o lado da parede. Pensei: “Vou já fazer ela voltar”. Olhei no zap e ela estava “on line”. Liguei pelo zap mesmo. Ela atendeu, mas não falou nada. Ficou me ouvindo. Então eu usei meu método de convencimento. Na verdade um dos. Comecei a chorar.
- Nunca pensei que me abandonaria assim... pensei que ia me ligar... tudo bem... eu fico sozinha mesmo... é meu destino... as pessoas que eu gosto sempre me abandonam... eu magou as pessoas sem querer... sempre as pessoas que eu amo... desculpa, Wal... – solucei, em prantos. – pede desculpas ao bebê. Eu não pude falar com ele... eu estou muito mal. Dor de cabeça... febre... tô indo pro hospital... não precisa ficar preocupada, viu?
- Vic... o que é que você tem? – ela perguntou com ar de preocupação.
Funcionou! Como sempre! Comecei a tossir.
- Não sei, Wal... meu coração tá apertado... acho que é saudade do bebê.
- Só dele, Vic?
- Mas não precisa vir. Já é madrugada. Eu me viro, Wal...
- Eu tô indo aí agora, Vitória. Mas se for mentira. Vitória... se for mentira eu vou meter a mão na tua cara.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkk. Foi minha gargalhada quando desliguei o telefone. De que adiantava ficar brava? Meia hora depois ela chegou de Uber. Trazia o bebê cuidadosamente enrolado e as mesmas sacolas. Não me contive e comecei a rir quando ela entrou e foi direto para o quarto ajeitar o bebê na cama. Depois ela veio para perto de mim. Fiquei séria. Botou a mão no meu pescoço.
- Cadê a febre, Vic?!
- Eu tinha tomado Dipirona. Passou. Eu...
Ela me deu tapa bem no centro da cara. Fiquei com a mão no rosto e comecei a rir.
- Não consegue ficar longe de mim, né?
- Você não presta mesmo, Vic. – ela me segurou pelos cabelos e me puxou de encontro a ela. Me agarrou com força e puxou minha cabeça para trás. – Você é uma vagabunda manipuladora.
- Mas sou bonita... sou gostosa... humm... tá me machucando...
A resposta dela foi um longo beijo na minha boca. Um beijo quente e molhado... um beijo violento... mordendo meus lábios... parecia que ela não me via há meses. Mas ela me segurava com aquela raiva.
- Você é bonita mesmo. Novinha, né? Mas o que tem de bonita, tem de sem vergonha. Covarde. Traidora.
- Não sou nada disso. – me defendi. Ela me deu outro tapa na cara.
- Sua putinha. Gosta de apanhar nesse rostinho lindo, né? Vagabunda traidora.
- Não sou nada sua. – resmunguei. – Não devia nem ser sua amiga.
Outro tapa. Agora doeu. Comecei a chorar.
- Chora, vadia.
- Mas você gosta porque eu sou gata... sou novinha e você 36. – comecei a rir.- Eu tenho 19. – dei gargalhadas sarcásticas. – Quer bater mais? Bate. Mas tu me ama... porque eu sou quente, gostosa... linda...
Ela me agarrou novamente e começou a beijar meus lábios com força. E fomos nos abaixando até eu me deitar no chão e ela por cima de mim. Foi o beijo mais longo que eu já havia recebido de uma mulher. E o beijo da Wal era bem quente. Ela chupou minha língua como se quisesse arranca-la. Depois ela começou a chorar e a me pedir desculpas por ter me batido. Por ter perdido a razão e ter sido dominada pelo ciúme.
- Não chora, Wal... você sempre vi ser a minha amiguinha número um.
Rolamos pelo chão em beijos quentes na boca.
vitoriapineda@outlook.com.