Olha, serei bem franco, até porque eu evito comentar as suas histórias, mesmo elas estando entre as minhas favoritas do site. Quero dizer primeiramente que você é meu autor favorito aqui do CDC e que nunca achei alguém que tivesse a sua qualidade. Já cheguei perto, já encontrei caras que escreviam 90% tão bem quanto você, mas igual a você, jamais. Quero te dizer que te admiro muito e adoro seus contos. No entanto, muitas de suas histórias passam mensagens muito pessoais e nos dizem muito sobre você. Devo dizer que admiro muito o Kherr escritor, mas que não gostaria de conhecer o 'Kherr' como pessoa.
O primeiro ponto, é que você é um Gay preconceituoso e que reproduz preconceitos contra a própria comunidade Gay. Seu padrão de amor gay é muito elitizado e moldado ao padrão americano dos gays ricos, e isso é realmente muito tosco e exagerado. Certa vez, em um conto seu sobre Advogados, você fez duras críticas aos governos do PT de forma implícita, mas deixando claro que esses governos tinham sido um problema sério para o país, tanto que o Advogado da sua história fez fortuna em cima das 'falcatruas' desse governo. O que isso me diz sobre você?! Que você é um típico membro da classe média-alta brasileira, que não tem capacidade de enxergar um palmo a frente do seu nariz, e que não tem empatia por ninguém, reproduzindo discursos forjados e populistas da direita que pega muito mal para alguém Gay.
Em outros contos seus, você já destilou ódio para a comunidade LGBT, deixando claro o seu desprezo por Gays Afeminados. Não sentir tesão é uma coisa, desmerecer eles simplesmente porque você não sabe quem é o passivo e o ativo da relação foi ridículo. A sua forma de classificar ativo e passivo esta diretamente relacionada a mais superficial das construções sociais, você até tenta, mas seus passivos são sempre submissos e incapazes, delicados e meigos, fazendo o papel da mulherzinha, e seus ativos, sempre másculos e viris, dominadores, impositores e agressivos, o homem da relação. O velho estereotipo hétero do homem que manda e da mulherzinha que obedece. É machista em níveis assustadores, e você passa isso, sem responsabilidade alguma para seus leitores, como o mais incrível dos fetiches. Sim, é legal imaginar isso, mas você sabe bem que está totalmente fora da realidade e que essa fantasia não acontece nem com 1% dos caras gays do mundo.
Outro problema de suas histórias, é o fato dos personagens sempre serem de classe média. Sempre o garoto que faz medicina, o advogado, o rapaz que tem dinheiro para viajar o mundo, o filho do dono da empresa. Em que bolha você vive? Esse até pode ser a sua realidade, e talvez por isso você tenha tanta facilidade de colocá-la em todas as suas histórias. Mas não é a realidade de 90% dos Gays. E o fato de você não ter capacidade de criar enredos com personagens pobres, só mostra o quão você tem aversão a essa realidade de vida, que querendo a senhora ou não, é a da maioria dos gays.
Mas nesse conto em especial, o problema mesmo, foi o fato como você se referiu as pessoas da favela... Olha só a quantidade de ódio destilado a uma determinada população já marginalizada, ódio destilado ao funk (uma cultura das favelas) e daí por diante. Eu no seu lugar, sentiria vergonha de reproduzir tanto ódio e preconceito descarado contra uma determinada grupo de pessoas, quando você não conhece a realidade deles e não faz ideia do que os leva a ter a vida que tem... Claro que você não faz ideia... Considerando sua escrita impecável e seus preconceitos tão evidenciados, você deve ser um Gay rico de classe média-alta que mora numa cobertura de luxo em SP e viaja todo ano pro exterior.
Que bom que essa é a sua realidade, e que bom que você encontrou um homem na sua vida que é exatamente como os ativos do seus contos. Mas há limites para certas coisas, e a mensagem que você passa, e muito de seus contos, é nociva e cruel para com os gays, e você deveria se envergonhar. Não que eu espere muito de alguém que se mostrou como você se mostrou, afinal, para mim, está claro que se você não é de Direita, é pelo menos de Centro-Direita, o que dá no mesmo. Alguém incapaz de entender que existe um mundo inteiro de desigualdades além de sua janela panorâmica, e que não precisa odiar esse mundo só porque não pode compreendê-lo ou porque ele não se encaixa no seu.
Como eu disse, aprecio seu trabalho enquanto escritor, mas como pessoa, seus textos mostram que o 'kherr' por trás do escritor é uma pessoa horrível. Melhore!