Olá, tudo bem com vocês??!
Já avisei duas vezes, acho. Então me perdoem se incomodo escrevendo isso pela terceira vez, mas essa é uma história que requer paciência, porque o romance, o hot vem, ele vem kkkkk mas demora um pouquinho.
#tiopassivo - Obrigado, muito obrigado mesmo! Isso para mim é uma ajuda grandíssima, porque não tenho como revisar sempre, as vezes - e nessa história quase sempre - eu não tenho revisado, então esse seu exemplo (que eu corrigi depois de ler seu comentário) me ajudam muito, e sei que deve ter mais então pode, por favor, se não interferi no seu prazer da leitura, colocar nos comentários o que encontrar de errado. Sem problemas!
#MarCR7 - Obrigado!!!
OBRIGADO A TODOS VOCÊS!!!
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No ônibus a caminho da faculdade, pensei em como seria difícil assistir aula, tão difícil quanto foi desenterrar essa camisa dos tempos da adolescência. Quem guarda tem, afinal. Difícil, porém, é a última palavra que me ocorre agora, nesse momento em que o careca e barrigudinho professor explana sobre seu assunto. Acho a coisa mais interessante da face da terra, cálculo das percentagens reais. Robson estava sentado a minha frente, e Heitor no seu canto com um grupo de homens “iguais” a ele. Bobões. Eu mesmo sem saber para onde ir depois da aula um hotelzinho, pousada, ou sei lá onde ainda assim conseguia sorrir.
Isso talvez tenha encorajado o professor a me questionar sobre o assunto, e então eu perceber que na verdade não prestava atenção mesmo. A tensão no meu corpo era quem estava me controlando, euforia, nervoso, alegria tudo misturado.
- Espera, espera, espera você foi despejado, tentaram te matar na sequencia e ainda está assim com essa cara de quem viu passarinho azul? – disse Robson incrédulo quando lhe contei parte do acontecido. Ele estava de pé ao meu lado e eu recostado a uma parede, com as coxas pressionadas ao peito encolhido no chão.
Naquela parte do campus, quase ninguém aparecia, segundo Robson era mais para os estudiosos. Isso nos garantia alguma privacidade. No meu peito a alegria de me saber desobrigado de encontrar aqueles dois (titio/titia), só me fazia sorrir mais.
- Meu rosto vai ficar com câimbra de tanto rir, mas não consigo parar – levantei ainda recostado a parede – um bom tempo atrás quando meus pais morreram e eu tive que vir morar com meus tios, mesmo já sendo maior de idade. Por causa da herança... Nada assim milionário, meus velhos não eram ricaços, mas a casa onde eu cresci entende? E agora isso... Acho... Tenho quase certeza que meu tio não vai encrencar mais.
- Amigo me desculpe, mas do jeito que ele é... – se corrigiu – melhor do jeito que você me disse que ele é, não tem medo?
Isso não me passou pela cabeça em nenhum momento, meu tio apesar de preconceituoso... Nunca me triscou a mão. Eu neguei com a cabeça, e continuamos a falar sobre isso e sobre as aulas. Quando desse o horário, eu iria pegar um uber, talvez o de Emerson, porque não? E ir até um hotel, pousada ou coisa assim. De dia amanhã eu... O trabalho, amanhã... Vamos para o conjunto habitacional, eu boquiaberto lembrei, mesmo assim teria de dar um jeito.
Nos meus bolsos estava meus documentos de identidade na mochila o macacão, o cartão da poupança. O professor passou a lista de presença e Robson saiu. Franzi um pouco o cenho por minha burrice, podia pedir a ele para passar uma noite lá na casa deles. Tirei do bolso o celular e já estava para pedir o uber, quando o braço de Robson passou por meus ombros.
- Você me deu um susto – digo com os olhos esbugalhados.
- Desculpe. Faço questão que fique lá em casa, por esses tempos, até você se arranjar. Claro se não se importar em dormi em um colchão no chão. – Ele semicerrou os olhos ao me dizer isso, e eu agradeci aos céus por esse amigo enviado por ele.
Uma noite apenas, prometi a mim mesmo ao entrar no carro. Fábio não pareceu se importar com a minha presença, Robson conversou do momento em que saímos da faculdade até a entrada do morro. Eu interagia de vez em quando e Fábio gargalhava com a conversa do parceiro. Alguns assuntos só mesmo eles conheciam, nomes de pessoas, vez por outra Robson me esclarecia sobre quem estava falando.
Fábio só abriu a boca para me alertar sobre o cuidado que tinham de ter para eu entrar na comunidade. Tinha que avisar ao “comando” do local sobre a minha presença, mas isso não era problema. Mesmo assim meu nariz tremeu um pouquinho quando os caras de fuzil apareceram mais moleques que homens.
- Deixa que resolvo a gente tem um colega lá na empresa, você não conhece, mas ele sabe quem você é, vou falar com ele. – Eu apenas assenti, imaginando se tinha feito a coisa errado ao aceitar o convite do meu amigo.
Realmente eu não conhecia o sujeito, se trabalhava lá nunca tinha reparado. Mas ele ao enfiar a cabeça dentro do carro, me reconheceu, sorriu e cumprimentou. E então pudemos subir para a casa de Robson e Fábio. Uma casinha meiga, fachada pintada de amarelo um portão gradeando quase toda a frente em um pequeno rol. Lá dentro tudo organizado, televisão, sofás, uma mesinha de centro. E até um vídeo game plugado à tevê.
“Fique a vontade a casa é sua” e “Não vai reparando na bagunça” foram ditos pelos dois como de praxe. Eu mesmo arrumei o colchão com um edredom e deitei em cima dele, as luzes foram apagadas. “Boa noite”, “Boa noite” eu disse e eles responderam. Deitado e no escuro total. Percebi na companhia das batidas do meu coração, o quanto meu corpo estava anestesiado. Antes de cerrar as pálpebras de sono, senti ao meu lado o celular vibrar. Mas já o sono irresistível se aconchegou a mim como uma quente perna a cobrir a minha, sonhei impropriamente com isso.
Um homem de perna quente, aconchegante a me esquentar a noite. Existe sonho mais constrangedor para se sonhar, na casa dos outros? Eu desconheço. Acordado, permaneci de bruços. O cheiro de café me fez soerguer o corpo, eu o respirei como provavelmente (dramaticamente) os escravos libertos respiraram também depois de acordarem livres conscientes disso. Nas fazendas de café. Liberdade tem gosto de café, poético e dramático pensei comigo mesmo ao caminhar até a cozinha.
- Bom dia – disse para as costas magras de Robson acabando de fechar a garrafa térmica – nunca dormir tão bem em toda a minha vida.
Robson franziu o cenho com as sobrancelhas bem juntas. Nem mesmo eu imaginei me sentir tão assim, depois de deixar a casa do meu tio. Era para eu tá com a sensação de chão desabando, mas na verdade...
- Nossa, obrigado também gosto muito da minha casa – sorriu – e aquele colchão é mesmo mágico.
- Não entendi, aquele colchão era seu? – ele assentiu, eu despejei o café na xicara, beberiquei um pouco – hum delicioso.
Toalha, escova de dente e até sabonete, tudo emprestado por eles. Tirei o macacão da mochila e o vesti, iria com ele. E depois? Perguntei a mim mesmo já pronto. Agradeci aos dois pela ajuda. Dentro do carro peguei o celular e vi as mensagens e chamadas do meu tio. Relutei um pouco ao abrir o aplicativo de mensagens, cliquei no chat dele, a última mensagem era:
“Já que você faz tanta questão, vou deixar você destruir tudo. E quando precisar de mim, quando voltar se arrastando a porta da minha casa vai estar fechada. Seu mal agradecido, me encontre hoje à tarde às três horas no escritório...” escreveu colocando o endereço. Tinha como não sorri ainda mais disso? No caminho para a empresa eu mal abri a boca, pensando em tudo o que mudaria em minha vida dali pra frente. Fábio estacionou perto da empresa.
Dois ônibus grandes aguardavam na porta da empresa. Eu não iria, mesmo que eles não quisessem me liberar, peço as contas, pensei decidido ao entrar na empresa.
- Vamos para o ônibus vi uma fila para entrar – disse Fábio já se aproximando do ônibus.
- Vai indo, preciso falar com seu Zé antes – procurei por ele em todos os setores da empresa, e só fui encontra-lo no banheiro fechando a braguilha ao sair – bom dia seu Zé, vim avisar ao senhor que não posso trabalhar hoje. Vou precisar resolver...
- Meu rapaz, espere, nem termine de falar eu sou seu chefe da obra para dentro não apito nada nessa empresa, vou ter que ligar para o chefe pra saber de posso liberar. Qual o motivo principal mesmo?
Contei para ele muito por cima sobre o que se tratava. A tudo que eu disse ele assentia, depois foi até o escritório lá em cima. Demorou um cinco minutos, até Atila aparecer. Curiosamente estava com o celular no ouvido e ao me encontrar ali deu um aceno e também subiu. Os dois juntos vieram um seguido do outro seu Zé a frente, tinha um dos pulsos cerrados, não sei por que observei isso.
- O chefe disse que se você faltar, e trouxer um atestado legal de que estava nesse compromisso, seu dia não vai ser cortado. Mas caso não traga um.
Eu sorri para os dois sem mostrar os dentes, não queria ainda de verdade ter que sair da empresa, o salário me faria falta ainda mais agora. Agradeci a seu Zé, mas não me dirigi a Atila, ele quem surpreendentemente estendeu a mão e desejou:
- Boa sorte. – Eu a apertei ele apertou de volta, nos nós olhamos por segundos, seu Zé já estava um pouco afastado. – Sem querer o Zé deixou escapar que foi esse seu tio quem conseguiu o emprego para você, acho que ele vai ligar para teu pra confirmar isso tudo.
- Melhor então – eu disse – se eu tiver que pagar o dia, um dia perdido, pelo menos a confiança do seu Zé conservo. Obrigado, Atila.
Nossos olhares se cruzaram mais uma vez e desta, aquele friozinho na espinha subiu, se ele não fosse quem, se não fosse hetero... Meneei a cabeça, o objetivo é outro. Hoje a prioridade é saber qual será o meu futuro. Entrei no ônibus para o centro, e tirei do bolso meu celular, enviei uma mensagem para Robson. Precisaria dos meus documentos na tal reunião com meu tio. A maior parte do pessoal do ônibus era composta por estudantes, fazendo Deus sabe o que ali àquela hora e senhorinhas vestindo legue e camisão.
“Não vou fazer nada, quer dizer só de tardezinha... Onde você está?” me respondeu Robson. Mandei para ele o nome do shopping para onde eu estava indo e lhe pedi para pegar na mochila meus documentos. “Já estou chegando”, não acreditei quando vi o look de Robson.
Ele vestia um short daqueles jeans curto, e uma camiseta de algodão também não muito longa. Bem diferente do estudante vestido quase à social que eu via na faculdade. Seu sorriso era de orelha a orelha, e eu bem vi dois caras manjando ele. Sorri de volta para seu estilo único.
- Arrasou – eu disse despretensioso. – Vi dois carinhas de sacando.
- Para, Fabinho morre de ciúme quando me visto do jeito que eu gosto – mordeu o lábio inferior – então o que estamos fazendo aqui?
- Vou tirar dinheiro, porque preciso comprar umas roupas, e claro desocupar sua casa. E, - não deixei ele falar – preciso da sua ajuda, já quero hoje mesmo alugar uma casa, um quarto e sala sei lá. Guardei dinheiro, pouco, mas dá para ir me virando até eu resolver tudo.
Entramos em uma loja de roupas com preços mais acessíveis é claro. E entre bermudas, calças, camisas e shorts de tactel, enchemos bem uma sacola daquelas enormes de coisas. Não só para mim, mas também para Robson, presente. O preço e minha euforia com tudo não me fizeram poupar, parte do dinheiro era ainda do tempo em que meus pais estavam vivos. A outra de uma indenização, por causa da morte deles, um seguro de vida coisa assim, essa parte ainda estava intocada.
Na praça de alimentação, já com uma camisa social slim e uma calça mais justa também, sem o macacão eu estava outro. Apenas o sapato surrado que eu ainda não havia trocado, coisa da qual cuidaríamos logo.
- Ah! – Robson deu um grito – esse final de semana vai ter uma festa muito legal, de fank. Fabinho odeia, mas vai por causa de mim, quero que você venha também.
- Sei não, eu nunca fui em uma – sorri sem graça – fico meio sem jeito.
- Besteira é a mesma coisa que ir em um show sertanejo universitário – acho que não, pensei comigo – mas bem melhor, mais quente, mais animado. E mais é cheio de gente linda, claro tem uns que destoam – sorrimos – mas na maioria só gente show. As festas nas escolas de samba também são bem animadas, mas mais no morro. Na quadra hoje em dia, em algumas escolas são cheios de frescuras.
- Você dança funk e samba também é? – ele assentiu orgulhoso – nossa, eu sou uma negação nisso, saí com um cara uma vez... – meu encontro no sábado, me lembrei de boca cheia – Eita Robson acho que não vou poder ir para essa festa não... Também não te contei, mas eu conheci um cara e marcamos para essa semana.
