Olá! Olha eu aqui de novo, tudo bem com vocês?
Olha quero que saibam, acho importante informar isso, no próximo capítulo o de amanhã. Vou inserir algumas cenas de hot, não só erotismo, mas violência junto. Vou colocar nos avisos. Espero vocês por aqui mais uma vez, até amanhã!
BOA LEITURA!!
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A atmosfera no apartamento estava longe de qualquer vestígio de tensão. Na minha frente eu via o casal mais feliz do mundo. Os dois beijavam-se, sorriam uma para o outro e seus olhares eram expressivos. Respirei fundo e soltei mais de uma vez, eu tinha que contar. Minha obrigação é contar a verdade independente de qualquer coisa. Mas como fazer isso quando os dois tão integrados, tão assim em estado de graça. Minha cabeça mansamente doía, a cada respiração mais pesada eu queria abrir a boca e dizer tudo. Meneei a cabeça, não podia, não assim...
Eu via no rosto de Fábio todo o descaramento, a máscara, mas Robson. Ele tinha o amor nos olhos, como quebrar isso? Soltei um muxoxo forte, enquanto eles falavam de uma provável viagem.
-... Inácio! Você está muito desligado. Não ouviu nada não foi? – me disse meu amigo terno.
Eu segurei em sua mão, franzi um pouco as sobrancelhas. Percebi Fábio ao lado se retesar inteiro. Engoli em seco, até meus lábios, secos. Fábio fez um gesto de negativo com a cabeça.
- Robson... – eu disse finalmente – eu preciso te dizer uma coisa que...
- É sobre essa mão enfaixada? – ele disse com os olhos bem arregalados – não se preocupe Fabinho já me explicou tudo. Está tudo bem, houve um mal entendido não foi, amor?
Ele encarou o marido, eu hesitei naquilo que estava prestes a contar... E como uma onda que volta para junto das aguas depois de molhar a areia, a minha onda voltou. E não desceu mais. Os dois sorriram cumplices, então entendi antes mesmo deles falarem qualquer coisa, Fábio havia se adiantado. É claro, dissimulado. Senti meu estomago se contrair quase uma ânsia de vomito mesmo.
- Ah sim, foi com Marquinho. Inácio pensou ter visto alguma coisa, ai veio para cima de mim... Na hora foi muito engraçado, hein Inácio?
Eu franzi as sobrancelhas, Robson acreditava mesmo naquilo que ouvia o marido lhe contar? Agora, a hora da verdade é esta. Mas não queria sair, não queria sair de jeito nenhum. O que ele vai querer agora que eu peça desculpas pelo meu erro, por tê-lo atacado? Neguei com a cabeça. Não ia fazer isso, não ia mesmo compactuar com uma loucura dessas não com um amigo.
- Olha Robson, me perdoe, mas eu tenho certeza do que vi – engoli em seco mais uma vez – seu marido, Fábio estava atracado com outro homem no banheiro, e eu fiquei com tanto medo por você, com tanta raiva por você que gritei para que ele parasse com aquilo...
- Tá delirando não é Inácio? – disse Fábio estufando o peito – não vou ficar ouvindo essas lorotas não, e se quer saber estou querendo te devolver o murro que me deu. Você acha que viu. Acha!
Eu sorri minha mão formigou e Robson se interpôs entre nos dois. Suas mãos empurravam o peito do marido para longe. Mantendo-nos afastados, minha outra mão ainda está boa, se ele crescer para cima de mim, pensei comigo mesmo olhando os dois. Robson então se virou para mim, ele não tinha no rosto a expressão de uma pessoa que acaba de saber que foi traído. Muito pelo contrário, ele parecia solidário a alguma coisa, eu sorri mais uma vez sem tão descrente quanto ele.
- Você pode ter visto uma coisa, e achado... – tentou Robson – em anos de relação Inácio, uma coisa dessas nunca aconteceu, eu saberia. Preciso confiar no homem que está ao meu lado, que sempre esteve ao meu lado.
Eu os olhei incrédulo, como se enxaguasse o rosto passei a palma da mão pelo meu. Fábio fechou a parte de cima do macacão, beijou os lábios de Robson. E passou por mim para abrir a porta, não o olhei. Ficamos eu e Robson ali, ele do outro lado certo de que eu estava errado. Eu me resignei, se ele não quer acreditar, se prefere assim, vi Robson mexer no celular e vir até mim.
Na tela do aparelho uma foto de Fábio e Marcos, um ao lado do outro e uma legenda em baixo “reencontro de amigos, terceirão dois mil e cinco”, dei de ombros. Aquilo provava exatamente o quê?
- Obrigado por ter trazido as minhas coisas, sério, obrigado mesmo. – Eu disse a porta estava entreaberta.
- Somos amigos não somos? – disse, eu o olhei e mostrei para ele meu punho – confie em mim, se ele estivesse me traindo eu saberia. Ele postou essa foto, logo pela manhã. Você se confundiu amigo.
Eu assenti, e minha mão voltou a doer anulando a dor na cabeça. Robson foi embora logo depois, me avisando da pizza. A casa era toda minha o contrato estava dentro do envelope. Sentei no chão com a caixa de pizza entre as pernas. Fechei os olhos por alguns minutos, e revi a cena a minha cabeça. Não Robson, seu marido estava sim te traindo. Se é que já não fazia isso antes, mordi um pedaço da pizza.
Sem contar a irmã de Atila, coitadinha, mordi mais um pedaço da pizza sem saber como agir. Deitei no chão frio, limpíssimo, obra de Robson provavelmente. O que eu faço?
E com o celular foi embora a chance de um encontro com um cara bacana... Relaxei os ombros. Um dia de conquistas e outro de problemas, sorri para mim mesmo. “Estou precisando de um banho, longo e quentinho” balbuciei com preguiça de levantar do chão. Depois do banho, paro para pensar nessas coisas todas, combinei comigo mesmo. Falhei miseravelmente, durante o banho, foi só no que pensei o tempo inteiro. Meu amigo traído, eu sem poder fazer mais nada para alerta-lo, meu encontro por agua abaixo e a irmã de Atila também traída.
Dentro da pia do banheiro havia uma sacola recheada com sabonetes, desodorantes, pasta e escovas de dente. Sorri para mais um gesto de Robson, e a culpa me martelou mais um pouco. Eu contei, fiz minha parte... Tenho que pensar assim... Vesti uma das camisas novas, polo de malha branca. Uma bermuda jeans preta, e os mocassins.
Parei no ponto de ônibus, e realmente fiz a melhor escolha, pensei comigo. Por ali passavam quase todas as linhas da cidade, porque era o caminho do terminal, por causa disso esperei cerca de três minutos. Ônibus executivo, vazio onde um moleque com uma abençoada caixinha de som tocava Uptown Funk do Bruno Mars. No decorrer da viagem, a música foi me animando. Pelas bobagens que dizia a letra e pelo ritmo animado, “Sou lindo demais (minha nossa) / Chamem a polícia e o corpo de bombeiros/ Sou lindo demais (minha nossa)” desci do ônibus na parte das “Garotas digam aleluia”.
Não sei por que a parte do lindo demais, apesar de não ser tão lindo assim, mas tão convencido quanto à música sugeria me recordou Atila. Seria uma típica coisa dita por ele para provocar.
- O que aconteceu? – tomei um tremendo susto com a pergunta, era Heitor. – Rob passou por aqui com uma cara de dor de barriga. – Explicou-se do seu jeito. – Pode parecer estranho, mas eu gosto de vocês. São bacanas. Estudiosos... Enfim, o que houve com ele?
- Um dia ruim provavelmente – olhei para minha mão já sem a munhequeira – não vai ficar enchendo o saco né Heitor? Vi você com seus novos amigos no fundo da sala. E senti também as bolinhas de papel...
Ele sorriu me acompanhando enquanto subíamos para nossa sala. Eu sorri de volta sem sentir a menor graça. Sabia exatamente o que ele estava querendo e porque estava agindo daquela forma. Homens! Eu sou um. Sinto tesão pelo sexo, mas que cretinos! Ele passou para minha frente de novo:
- Não precisa ficar com ciúme – sorriu mais – na hora das resenhas criticas, produção de textos chatos e claro em algumas provinhas eu grudo em vocês dois... Não se preocupe.
Semicerrei os olhos fitando o rosto de adolescente atrevido dele. Seria um homem lindo se não fosse esse jeito, pensei antes de apontar o dedo para o peito dele e dizer também com um sorriso.
- Ham tá louco se acha que vai montar em mim – disse e vi ele sorri safado – se quiser ajuda, pesca, ou coisa parecida pode se preparar para pagar. Com dinheiro! – passei por ele e entrei na sala.
Se Robson estava de cara fechada desfez quando nos encaramos, ele tinha guardado um lugar para mim ao seu lado. O professor ainda não tinha entrado na sala e fiquei pensando como tinha me atrasado. O banho deve ter demorado mais do que eu pensava, constatei olhando a minha volta, quase todos da turma já estavam ali. Risonho até para tudo o que tinha lhe dito, Robson puxou assunto:
- Virei Rob agora acredita? Esse garoto é sem noção... – disse sincero – então você já decidiu se vai à festa no sábado?
- Não. Na verdade quero comprar alguns moveis eletrodomésticos e coisas do tipo. E a tarde vou organizar tudo... Com tudo aquilo mais cedo esqueci de dizer que estou sem celular – seu namorado jogou o meu na privada, quis dizer, mas no lugar falei – vou ter que comprar outro talvez no sábado mesmo.
- Tá, tá, tá, tudo isso se resolve no sábado durante o dia, a festa é à noite e tarde... No domingo você descansa, hein o que me diz? – ele arqueou as sobrancelhas
Eu assenti e ele me abraçou soltando um gritinho. Ouvi uma parte da galera olhar estranho, mas não me importei. Ainda bem que nossa amizade continuava de pé apesar de tudo, me senti mais aliviado. Textos para estudar, textos para escrever, gráficos para montar... Ufa! Suspirei aflito depois da aula com a enxurrada de coisa. Ao sairmos da sala, Robson e eu nos despedimos ainda dentro do prédio, ele desceu por um atalho para o estacionamento, eu fui para o ponto.
Por onde andava Emerson? Perguntei-me no caminho junto a outras pessoas que seguiam para o mesmo lugar. Será que foi atrás de mim na casa do meu tio? Sorri. Talvez já até tenha esquecido... Abri o colchão, forrei com os lençóis deixados por Robson, e deitei cansado.
Durante a noite, sonhei que era eu quem estava quase beijando Fábio, ele se pressionava para mim e eu pedia para parar, a minha volta Adelmo, um antigo namoradinho do ensino médio e Emerson tentavam também. No sonho todos queriam a mesma coisa, e nus se tocavam.
Acordei como se tivesse acabado de transar, todo suado, ofegante e ainda por cima com uma ereção meio bamba.
A manhã foi toda tranquila na obra, o trabalho não mudava, era a fiação do lado de fora, e a instalação propriamente dita dentro da casa. Minha mão já não doía e apensar de uma brincadeirinha ou outra surgir entre mim e Atila a animosidade já não existia. Eu preferi não expor o cunhado traidor, porque Atila jamais iria deixar de acreditar no ídolo para acreditar em mim. Mesmo assim ao olhar para ele, a onda vinha, ficava naquela ânsia de contar... Achava o mais correto, até me surgir uma ideia.
- Atila, - arrisquei ele me olhou mantinha a barba de dois dias, cerrada no rosto toda bagunçada – lá na empresa, tem câmeras de segurança? – Ele franziu o rosto unindo as sobrancelhas, sem entender. – Tem? – insisti.
- Espera estou pensando – disse, aquela era sua cara de pensar, eu sorri – sim, tem, algumas. Por quê?
Seria correto mesmo fazer isso, não dizer nada a ele e manda-lo olhar nas gravações. Ver o próprio cunhado entrando no banheiro com Fábio. Adiantaria de alguma coisa fazer isso? Porque as imagens não vão mostrar nada demais. Afinal de contas existem mais de um reservado dentro do banheiro. Franzi o rosto pensando também, eu e Atila ficamos nos olhando. Sem maldades. Só nos encarando um ao outro, ele eu não sei, quanto a mim, pensava em como ele estava... Meneei a cabeça a tempo.
- Nada demais, bobagem minha mesmo – voltei ao trabalho – é que perdi o celular sabe... O celular.
- Engraçado porque pensei que o Fábio, que não é seu namorado, tivesse quebrado ele – disse sério.
Neguei com a cabeça. Fábio meu namorado? Que coisa. Pela primeira vez em todo aquele esse tempo trabalhando com peões de construção civil, me perguntei se todos sabiam da minha sexualidade. Si sim, estavam de parabéns, porque eu nunca sofria agressões físicas. Apenas algumas piadinhas, vez ou outra... A irmã de Atila não merece isso, respirei fundo, que droga!