Olá, já estou enchendo o saco não é? De tanto agradecer a vocês por estarem acompanhando essa história? Pois é! Mesmo assim MUITO OBRIGADO A TODOS!
E gostaria de deixar um aviso aqui para vocês que tem haver com a continuidade da história. Talvez, se tudo dê certo eu comece a trabalhar o dia todo, com isso vou ter menos tempo para escrever. Mas atualizo vocês sobre qualquer coisa. Minha vontade é concluir até o final desse mês!
Um beijão a todos e até amanhã!
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UMA ÓTIMA LEITURA A TODOS
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Primeiro meu coração desacelerou de vez, recuei um pouco, depois ele voltou a bater com tudo, senti meu rosto corar e minhas pernas tremerem. Inspirei ar ao máximo antes de Atila se aproximar o suficiente para criar a bolha. Aquela sensação egoísta de que apenas nos dois existíamos ali alheios ao mundo e aos outros. A mesma sensação irresistível da manhã enquanto ainda estávamos no carro atrapalhando o transito, mas aumentada mil vezes mais pelo beijo intempestivo. Pensei rápido no que dizer, pensei em “perdão”, “desculpe”, mas não consegui falar nem uma coisa nem outra.
Tudo não passou de milésimos de segundos do momento em que ele começou a gritar meu nome, e do momento em que estava na minha frente. Respirando pesado, soltei o ar dos pulmões.
- Ach... – tentei. – Acho que... – comecei mais uma vez, até eu ouvi a porta do carro ao nosso lado se abrir e Emerson colocar metade do corpo para fora.
- Algum problema aí Inácio – ele diz para mim, mas os olhos a minha frente me cegam. – Depois mando trazer suas roupas, tubo bem?
Eu e Atila olhamos para ele ao mesmo tempo e enquanto eu assinto, Atila se vira para mim quase sem que eu perceba. Ele deixa escapar um risinho e hesita alguns passos. A voz de Emerson me tira totalmente do foco.
- Quem é ele? – Atila pergunta sem olhar diretamente para mim, e não sei explicar, mas meu coração aperta.
- Eu... É um amigo, eu estava na casa dele e...
- Ah... – Atila sorri – você me deixa aqui o dia todo preocupado contigo, e... – suspira, aperta as têmporas.
- Eu não estava pronto pra falar... Mas agora acho que estou - seguro o pulso dele que já recua mais – escuta... - Ouço a porta do carro de Emerson se fechar e ele dá partida, o tirando da vaga. As motos o acompanham. – Eu sou idiota por fazer isso contigo... Mas agora...
- Agora o que Inácio? Está pronto? – resfolega novamente. – Agora sou eu quem precisa de um tempo... Mas diferente do que me fez... – ele se aproxima de mim o barulho das motos já está distante. – Vou ser sincero com você... Lembra o dia que te ofereci carona? E você recusou? Eu já estava afim de você. Só estava esperando... Você gostar de mim também.
- Mas aquela garota... – lembrei – você já estava afim de mim? – balbucio igual um idiota vendo um filme se passar na minha cabeça dos momentos em que ele me ofereceu carona. E eu não aceitei. – Naquela época eu pensava que você fosse hetero...
Ele suspira e solta os ombros de forma displicente, como se não se importasse mais com nada.
- Que garota? – ele diz simplesmente – cara você me beijou e foi tão... – Atila se aproxima mais ainda de mim. – Foi tão bom... Tão bom que não tive reação, e quando percebi você nem estava mais lá...
- Desculpe... – deixei escapar – nos podemos conversar melhor agora, eu tenho tanta coisa pra te explicar...
Ele nega com a cabeça e rosto franzido, mas não faz igual a mim que diante do nervosismo, foge. Atila permanece exatamente onde está, e mais do que isso ele faz a palavra “surpreendente” ser o seu sinônimo.
- Não peça desculpas. Não foi errado. Foi gostoso. E per... – sorri, mas volta a fechar o cenho – só que depois disso tudo. Eu nem sei mais. Esse cara, quem é? – Atila aponta para a vaga onde antes estava o carro de Emerson - Por que você sempre tá saindo do carro de algum Inácio? E quando sai assim tá fugindo também deles?
- Você está me ofendendo falando assim – digo observando ele passar as palmas das mãos no rosto e dá um pouco de ombros. Seguro em um deles. – Atila, eu sou uma pessoa complicada. E quando pedi desculpas foi mais por isso... Por te trazer para minha complicação.
Ele finalmente se vira para mim, seus olhos estão vermelhos e semicerrados. Atila segura essa mesma mão, e a cobre com a sua. Vejo algumas pessoas passando ou parrando ao nosso redor, mas é incrível como a bolha os deixa apenas com aspecto de borrão.
- Se continuarmos essa conversa agora – ele diz – vamos só piorar as coisas. Estou nervoso, não nego, e assim nesse estado posso dizer coisas... Das quais me arrependa depois. Então. Sem fugas – ele arqueia as sobrancelhas – sem avisos por meio de amigos ou telefones... Vamos conversar, como pessoas normais que se gostam... E se beijaram do nada.
Concordo com a cabeça. Ele ainda com a minha mão entre as suas a leva até os lábios e deixa um selinho ali.
- Então o que fazemos agora? – pergunto sem saber como agir diante de um homem como Atila.
- Esperamos a poeira abaixar, - ele sorri para mim – e se você ainda quiser, porque eu quero muito, podemos nos ver amanhã e conversar. Conheço o lugar perfeito para isso... – balbucia já um pouco afastado.
Eu concordo, olho para os lábios dele e os vejo abrir para mim em um sorriso. Fico com a mesma sensação de que tive pela manhã, a sensação de querer beija-lo. Mas não faço isso o peso nos meus pés e estomago ainda estão lá me impedindo de sair de onde estou. Atila cruza nossos dedos, e me puxa com ele para a porta do prédio, onde duas pessoas para mim indistintas estão uma próxima a outro.
Ele enlaça minha cintura e me dá um abraço de urso carinhoso e demorado. Comigo ainda tão próximo de si me dá um beijo na bochecha.
- Eu... – começo sem palavras encarando os olhos dele.
- Se me pedir desculpas mais uma vez eu fujo agora – ele sorri. Olha para meus lábios e eu para os dele. – Quero que tudo seja especial... – sussurra no meu ouvido. Ouço o coração dele batendo tão agitado quanto o meu.
Nos nós separamos. Mordo meu lábio inferior, e quando ele se afasta para o carro dele, só então me dou conta das duas senhorinhas na porta. O observo partir e fico com a sensação de que nosso beijo deveria ter se encerrado com um desfecho assim. Não com aquela minha sangria desatada. “Boa noite” eu digo as senhoras ao passar por elas que me fitam com quatro grandes olhos arregalados. Provavelmente se perguntando aonde é que o mundo vai parar como algum dia fosse.
Subo degrau a degrau pensando em todo o meu dia. E naquele moletom enorme onde estou vestido. E quando abro a porta da minha casa, já sou atacado por Robson.
- Amigo tua vida amorosa tá mais complicada do que a do Neymar hein? – olho de esgueira par ele, descaço os sapatos e deito no sofá – E essa roupa? Assaltou um antiquário foi? – começou a gargalhar com a minha cara.
- Eu estava conversando com Atila lá embaixo... – digo – e ele viu Emerson vindo me trazer... Mas você já sabe disso não é?
- Vi tudo do apartamento da vizinha, - ele se aproxima de mim no sofá – você sabe que o Jogador, não tem esse apelido a toa não é? – semicerro os olhos para ele sem entender aonde quer chegar – Então cuidado.
Consegui mais ou menos decifrar a intenção de Robson. Mas depois do dia passado quase todo com Emerson... Não, ele não seria capaz de fazer nada contra mim, nem contra Atila. Afinal nos não tínhamos nada. Foram só uns beijos, apesar de dever muito a ele agora. Resfoleguei preocupado, no final das contas sou mesmo um egoísta. Trouxe Emerson para a minha bagunça, encara Robson ao meu lado com uma cara de quem vai me perguntar algo.
E não dá outra.
- Recebi umas chamadas de Fábio hoje – ele diz mexendo na minha roupa – ele... por acaso fez alguma coisa a você? Ameaçou você? – mordo meu lábio sem saber se devo contar a ele sobre o que me fizeram na empresa.
- Não. – Minto. – Ele ficou falando bobagens, mas não vai tentar nada contra mim. – Quero crer, penso. Sorrio para mudar de assunto e contar a ele algo que eu sei estar doido para saber. – Atila te contou porque veio me procurar aqui hoje?
- Não... Mas eu imagino - sorri – vocês transaram loucamente e a ex-namorada dele chegou na hora? – gargalha fazendo deboche. – Não minta eu tenho uma imaginação muito boa...
- Ele veio me buscar hoje aqui na porta de casa... – me seguro para não contar o motivo – e quando a gente estava no transito, esperando o sinal abrir, eu dei um beijo nele! Depois quando ele estacionou, abri a porta e sai correndo.
Robson dá aquela primeira risada meio inacabada, como uma faísca e explode em risos de se torcer no chão. Suas risadas chegam a dobrar, eu fico olhando para ele com os olhos semicerrados fingindo raiva por seu deboche. Finalmente ele volta a se ajoelhar ao meu lado e ainda com um pouco de riso, com tudo, tudo que poderia dizer me vem com uma dessas:
- Ele beija tão mal assim, - agora sou eu quem solto uma gargalhada estridente – ai meu deus é o mau hálito?
- Pelo contrário – digo sem sorrisos, mas de modo orgulhoso – ele beija muito bem. Bem demais até... Foi só mais um rompante meu. Isso acontece às vezes.
- Você é doido, - ele finge seriedade – e ele muito lerdo...
- Sou. De medico e doido... Mas se fosse você depois de acontecer isso assim, do nada? – digo em defesa de Atila. - Porque a minha atitude, para mim mesmo nem chega a ser uma novidade. Eu gosto de Atila, sei disso, sinto isso... Admito para qualquer um. E mesmo assim esse sentimento me assusta!
Robson faz uma cara de quem não tá entendendo nada, mas tá ali para me apoiar se for preciso. Ou me dar um tabefe na cara caso necessário, pra acordar pra vida. Direito que só amigos têm.
Conto para ele tudo o que aconteceu dali em diante; como fiquei vagando dentro de um ônibus perdido pela cidade; e fui parar na entrada da comunidade depois da ligação dele. Falei do risoto, das risadas e do quanto achei bizarro o apelido de Felipe ser Fefito. E rimos disso, rimos até nos darmos conta do nosso atraso, e que atraso! Corri para tomar outro banho rapidinho, e logo depois de toalha na cintura comer ovos fritos com pães e manteiga, que era o que Robson estava fazendo quando cheguei.
Robson partiu para o quarto depois do banho enquanto eu ainda comia e pensava em Atila. Na sensação gostosa no meu peito, mas também no quanto precisava conversar com ele sobre tudo. Esclarecer tudo. Relacionado ao cunhado dele e a irmã. Será que devo falar primeiro com Marcos? Não fosse a raiva, justa de Robson por Marcos, poderia me aconselhar com ele sobre isso.
- Ei! Seu morto de fome – acusa ele vestindo uma camiseta bege de malha fria, uma calça de lavagem justíssima, e o clássico mocassim – vai logo se arrumar e deixa pra mim que na curiosidade de saber da tua vida nem comi nada ainda, anda Inácio.
- O pessoal não vai te reconhecer na facul hoje – digo ainda com a boca cheia – sério, você tá o crente depois de desviado. Só no pecado – provoco e corro para me trancar no quarto.
- Ah seu escroto! – ele avança para mim e ainda consegue me acertar um tapa ardido no meu braço. – Se a gente não fosse se atrasar você ia ver! – ele grita do lado de fora.
Visto qualquer coisa sem muita cerimonia, apenas uma camisa de manga comprida por causa do tempo mais ameno. Saímos direto correndo para a faculdade, e logo me arrependo por ter vestido a camisa de mangas compridas. Chego ao campus e estou em bicas, entramos na faculdade e os pouquíssimos alunos dispersos não parecem tão preocupados quanto nos. Vejo os mesmos olhares para Robson, dos que vi há muito tempo atrás no shopping e sorrio para isso. Ele agora, livre de Fábio, está bem mais natural.
Entramos na sala e o professor nos fuzila com os olhos, casca dura não deixa horário livre para o intervalo e pega direto. Fico sentado na cadeira minutos seguidos curtindo o ar geladíssimo nas minhas costas. A nossa frente o professor explica um slide e na lousa rabisca algumas informações.
- Não se preocupem – diz com uma voz cansada – libero vocês alguns minutos antes. Entender como as empresas projetam os gastos é muito...
Robson me dá uma cutucada bem quando começo a prestar atenção ao assunto. Olho para ele e logo vejo a tela do celular com o aplicativo de mensagens aberto. As mensagens são de Heitor e não poderiam ser de outra pessoa, tal é o conteúdo sem noção. “Se fizer a prova comigo, deixo você me chupar.”
- Caralho! – dou um grito na sala e todos olham para mim. Tampo a boca com a mão, mas já é tarde, consegui a atenção geral.
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NÃO DEU PARA REVISAR AINDA
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