Olá amigos, #tiopassivo, #Geomateus, #Miller, muito obrigado por continuarem a deixar nos comentários suas opiniões!!! Valeu mesmo!!!
Espero que curtam esse capítulo. Não sei porque, kkkk, alguns leitores comentadores deixaram de comentar. Espero que não seja pela qualidade do conto, que escrevo com muito carinho.
Obrigado a todos e até amanhã!!!!
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UMA ÓTIMA LEITURA A TODOS
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Ele respirava com dificuldade, eu nem isso conseguia. Senti meus joelhos vacilarem, mas me mantive de pé. Atila, apontou a chave do carro para ele abrindo suas portas e se aproximou dele, a distância física entre nós, pequena a apenas alguns passos, nem se comparava a outra. Aquele muro de gelo que se formava agora... Olhei para ele por um tempo ali em pé, sem se virar para mim. Peguei a mochila com a qual eu tinha chegado e caminhei até o carro, assim que me aproximei ele entrou. Abri a porta, receoso, e sentei ao seu lado.
Ele conduziu o carro até próximo aos portões, saiu do carro e foi abri-los. Coloquei o cinto, e quando ele voltou não consegui sentir nada além de medo. Atila não estava em condições de dirigir... Pelo menos não parecia estar... Não consegui me manter calado por muito tempo, tão logo o carro começou a descer a ladeira e virar nas curvas, tentei:
- Eu ia te contar hoje – disse primeiro – esse... Esse vídeo foi gravado por Robson há alguns dias... – continuo, ele meneia a cabeça concentrado na estrada a sua frente – Atila... Robson e eu havíamos combinado que primeiro eu ia te contar tudo, e depois ele decidiria o que fazer com o vídeo...
Os olhos dele estavam gotejando, isso apertou meu coração. Segurei em seu ombro, ele não rechaçou minha mão. Sentir sua pele embaixo da palma da minha mão, me fez pensar nos minutos antes na cama, em todo aquele turbilhão de sentimentos. Atila foi aos poucos estacionando o carro em uma encosta perto da estrada. Um descampado com vista para boa parte da cidade. Olhei para ele, e uma de suas mãos tocou a minha em cima de seu ombro.
- Estou me sentindo traído, – ele diz com a boca quase fechada – e era tudo o que eu menos queria sentir depois de termos feito, o que fizemos hoje... Então, por favor, - ele tira minha mão de seu ombro – não fala nada...
Respiro fundo, apoio meu cotovelo no batente da janela do carro e seguro meu queixo com a mão, impedindo que eu fique tremendo. Mas não sei se consigo o mesmo efeito com meus ombros, não sei mais o que dizer a Atila e já estamos chegando à cidade. Não consigo também olhar para ele, não sei como pôde um muro tão intransponível se emergir assim entre nós. Nem tenho tempo de descobrir ele para o carro em frente ao prédio, não diz nada. Mas já respira de modo mais tranquilo.
Desligo o cinto do carro, e abro a porta. Antes disso não me contenho, e com a mão em sua coxa tento ser o mais sincero possível.
- Eu também te amei naquela casa, - digo de um solavanco só – e continuo a te amar agora, independente de tudo isso. – Empurro a porta e saio de costas para ele me aproximo do portão do prédio. Ele parte com o carro, e só então meus joelhos vacilam de verdade. Primeiro o direito, me apoio a ele e abaixo a cabeça como se estivesse em reverencia, não tinha chorado até esse momento. Contenho as lagrimas, mas elas vêm, simplesmente vem.
Por milagre o porteiro está na porta e abre o portão para mim me saldando com um caloroso “Bom dia”, mas passo direto por ele correndo para casa. Enfio a chave na porta e a escancaro. Robson está com os joelhos afundados no acolchoado do sofá, enquanto tem seus ombros puxados por duas mãos ossudas. O tórax nu de Heitor transpira em bicas desnudo.
Robson joga a cabeça para trás enquanto se deixa ser enrabado pelas firmes estocadas do outro, olho para os dois, incrédulo. E pelas embalagens rasgadas de camisinha no chão, imagino a farra.
- Fiz uma cuceta em você – ouço Heitor dizer no ouvido de Robson.
- Cala a boca e fode – responde Robson, e eu não acredito no que vejo. Eles não me perceberam ali?
Começo a bater palmas antes de dar um chute na porta e faze-la de fechar abruptamente. Aí sim os dois arregalam os olhos para mim, suados desnudos, e duros. É ridículo ver o pinto do meu amigo tremendo próximo ao umbigo. E mais estranho ainda é ver o preservativo no pau de Heitor sujo. E seu membro todo esfolado, olho para ambos e uma raiva sobe pelo meu peito, não por esse ato na sala da minha casa, ou nossa casa, mas pela porra do vídeo. A deslealdade de Robson me causa convulsões de ódio que nem consigo expressar.
Ele nem consegue olhar para mim, Heitor é quem começa a pegar as roupas ainda com o preservativo no pau.
- Sai logo – digo para ele – agora! Vai! Sai daqui... – escancaro a porta mais uma vez e aponto para fora.
- Fumamos unzinho... Então ele pode tá meio grogue... – diz usando o tempo para vestir a bermuda e mandar um beijinho para Robson que cai no sofá.
Fecho a porta quando Heitor sai. Procuro pela casa por meu celular, e não o encontro. Só aí vou até a frente do sofá, sentindo as embalagens das camisinhas nos meus pés. O sofá está um nojo de sexo, e nem fui eu a inaugura-lo. Mesmo com raiva dele, pego Robson pelo braço ele sorri o tempo inteiro, o levo até o banheiro e ligo o chuveiro no frio mesmo. O seguro debaixo da ducha. Ele avança em mim cheirando meu pescoço, já estou molhado mesmo, seguro firme em seus ombros e o prenso na parede a agua bate em nos dois. Sinto as lagrimas se misturando com a água e com o cheiro de Atila saindo de mim, penso nele na dor que o causei.
Se Robson tivesse noção uma mínima noção do quanto estou puto com ele fugiria de mim. Respiro fundo, respiro várias vezes na verdade e quando ouço sua voz só consigo sentir ódio mortal dele, mas ainda é meu amigo... A maldita voz da consciência me diz e eu a escuto, claro. Mas junto com ela vem a voz grogue de Robson também e ele não sabe o quanto ouvi-lo agora me deixa puto da vida:
- Você tá com cheiro de macho – diz sorrindo – ou sou eu...
- Eu vou te matar Robson... – digo tirando-o de debaixo do chuveiro, e sentando ele no vazo. – Suas pernas estão tremendo... E que marcas de unhas são essas? Meu deus vocês estavam transando ou brigando...
Ele começa a gargalhar e sinto ódio por eu mesmo ser tão idiota ao ponto de ajuda-lo depois de ele ter ferrado com meu dia, e talvez com um relacionamento... Vou até a área na cozinha e pego uma das toalhas, quando volto Robson já está com a cara na quina da porta e um pequeno corte se abre em sua testa. Pego papel higiênico e cubro o ferimento dele, enquanto que com a toalha vou secando o que consigo do seu corpo. O papel higiênico dá conta de estancar o corte superficial. Coloco o braço dele pelo meu pescoço e o guincho até o quarto, onde o lanço na cama, ele se espalha todo.
Deve ter enchido o cu de porra e maconha e resolveu soltar o vídeo assim, respiro fundo e saio do quarto porque se permanecer... Eu sou capaz de fazer uma besteira com a toalha molhada na minha mão. Saio ainda pingando água, entro no banheiro e também me lavo, sem pressa, tentando não pensar na tristeza no meu peito. No turbilhão acontecendo dentro de mim e a minha volta.
Saio do banheiro, estendo a toalha de Robson e me seco com a minha. Vou até a mochila e visto o que tem lá dentro, um short tactel e uma camiseta de mangas curtas.
O traje adequado para eu por a mão na massa e limpar toda a sujeira da casa e o que desse de dentro de mim. Começo pela sala, conto cinco pacotes de camisinha abertos, e me surpreendo. Como em tão pouco tempo fora de casa eles conseguiram essa proeza? Limpo o sofá, o chão, e só não entro do quarto. Passo um café bem forte, como se isso fosse ajudar em alguma coisa. O que vai ajudar mesmo, me convenço, é ter uma conversa franca com Robson.
Vou até o quarto, ele está todo aberto de bruços na cama com a boca aberta. Balanço seu ombro, consigo um muxoxo como resposta.
- Robson – digo – não vou aguentar... Robson! – grito – bebe isso, deve ajudar para alguma coisa...
Enfio o café goela abaixo dele, o ponho sentado e faço beber mais. Bato em seu ombro para desperta-lo e dou prazerosamente até tapinhas na cara. Ele começa a sorri e abre os olhos de forma mais firme olhando para os lados e por fim me fitando, afasta minha mão com a xicara, se apoia nas próprias mãos. Respira fundo, sem dizer nada, deve estar envergonhado pelo que me fez, penso antes de continuar.
Ao invés de me dizer o quanto está arrependido, e de como deveria ter esperado eu voltar para soltar a bomba, ele diz apenas:
- Ah amigo não foi bom? – e sua sinceridade embriagada me irrita – você tá com uma cara de mau fodido... Desculpe é a erva... Não tinha provado ainda – parou de falar e eu me afastei dele ficando de pé.
- Robson, vamos falar sério aqui tá bom? – ele balança a cabeça de forma trôpega - você publicou o vídeo, publicou sem ao menos esperar eu contar a Atila, explicar a situação toda...
- Não, – ele diz se sentando direito na cama – estou chapado, mas não fiz isso... – ele continua a negar. Respiro fundo e avanço até bem próximo a ele, empurro seus ombros e saio do quarto. Ainda tem a coragem de negar... Ando de um lado para outro da casa, e me sento no braço do sofá inclinando a cabeça para o encosto. Meus olhos se enchem de lagrimas, mas mais uma vez eu as contenho. Demoro um tempo olhando o teto, Robson surge de camiseta e cueca, em pé na minha frente alguns passos de distancia. – Eu não faria isso com você porra! Acredita em mim, não fui eu...
Cai ao meu lado no sofá e fecha os olhos, mas está acordado. Olho para ele e fico pensando, não tem como não ter sido ele. Isso nem por um momento passou pela minha cabeça, não ter sido ele.
- E se não foi você quem foi então? – ele balança a cabeça – perdi meu celular hoje, não é coincidência? Só moramos eu e você aqui Robson, me explica como perdi meu celular... Me explica como tudo isso aconteceu sem ter o seu dedo nisso. – Digo de uma vez.
Ele se concerta no sofá, respira fundo e move a cabeça para trás e para frente de volta. Seu humor ainda está afetado por causa da maconha, mas ele consegue articular algumas palavras ao dizer perfeitamente:
- Heitor esteve o tempo todo comigo – sorri safado – desde a hora que você saiu, e eu não fiz isso... Não fiz, eu queria ter feito mesmo, depois de ter a certeza que você conversou com seu boy...
Minha cabeça começa a doer no mesmo instante, tento lembrar a última vez que vi meu celular, mas não tenho certeza. Levanto de novo e vou até a cozinha beber um pouco de agua, no varal as roupas me fazem ter um “click” na cabeça. São os moletons com os quais vim da casa de Emerson, balanço a cabeça mordendo o lábio não pode ser eu vim com meu celular no bolso. Consigo lembrar exatamente no momento em que peguei meu celular na casa dele e vim para cá... Sinto os braços de Robson na minha cintura, ele me abraça o tórax com força.
- Isso não podia ter acontecido Robson, não podia – digo sentindo ele se apertar contra mim – e se não foi você... Quem fez isso?
- Você é um irmão para mim, um irmão que eu nunca tive – ele diz mais sóbrio – acha mesmo que ia fazer uma sujeira dessas contigo? – respiro fundo ao ouvi-lo dizer tudo isso, e sinto que está falando a verdade apesar de tudo. É tão frustrante tudo isso, penso comigo mesmo. – Quem... Quem... – fico repetindo para mim mesmo.