Sentado no meu escritório num início de noite, bebendo uma dose de whisky 18 anos, paro um pouco pra refletir de como, mesmo nunca tendo me destacado nos estudos, sem grande currículo, sem trabalhar muito, alcancei uma diretoria de alto salário numa Empresa Pública aqui de Brasília, além de uma polpuda conta no exterior, resultado de "ajudas" recebidas a cada novo contrato assinado, se é que me entendem, tudo com apenas 35 anos de idade. Mas, no momento, estou mais pra tenso e preocupado do que realizado, acontecimentos recentes me fazem ficar aqui até mais tarde limpando arquivos, apagando provas em potencial, conversas de celular e aplicativos etc.,minha vida confortável, luxuosa até, pode mudar rapidamente, vocês vão entender porque.
Antes deixem que eu me apresente, meu nome é Tiago, e até pouco tempo atrás, 30 anos, ainda morava com meus pais num apartamento pequeno num bairro classe média baixa, e o futuro parecia incerto pra mim, já fazia alguns anos que havia me formado em Administração, mas o mercado de trabalho estava difícil. Eu tinha boa aparência, um belo corpo com altura de 1,80 bem distribuídos em 82 quilogramas de muito músculo e pouca gordura, moreno claro, cabelos castanhos escuros sempre curtos, bronzeado nas praias do Rio. Além de boa aparência eu tinha facilidades em fazer amigos, e boa conversa pra pegar mulher, fato comprovado pelo meu bom desempenho nas baladas.
E foi justamente na noite que minha vida começou a mudar, veja só a ironia, estava ficando com uma menina que era amiga de não sei quem, que era parceiro de festas de um conhecido playboy da elite carioca, volta e meia aparecendo em revistas de fofoca, uma celebridade em ascensão na sociedade do Rio. Pois bem, de repente me vi no mesmo camarote e sendo apresentado ao tal de Olavinho Albuquerque, e logo estávamos conversando como grandes amigos, como eu disse anteriormente, tinha facilidade em fazer amizades.
Olavinho Albuquerque vinha de família tradicional e ligada à velhos políticos do Rio, e embora aparecesse mais na mídia pelas belas mulheres com quem se relacionava, inclusive algumas famosas da cena cultural nacional, como atrizes e cantoras, vinha se destacando também como empresário, num aumento recente bilionário de patrimônio. Olavinho havia tomado a frente de negócios da família, administrando uma empreiteira que estava fazendo grandes obras para o governo do Rio e Governo Federal, além de também estar envolvidos com empresas de extração de minérios no norte do país. Ele tinha idade semelhante a minha, uns dois anos mais velho talvez, e era boa pinta, loiro, olhos verdes, devia ter em torno de 1,85 metros, corpo malhado, tinha vasta cabeleira, sempre com um topete bem moldado com fixador, estilo mauricinho, parecia ator americano. Logo adquiri com ele certa intimidade, e como minha situação econômica não era boa, não me furtei em lhe pedir conselhos, pois pensava em também ter meu próprio negócio no futuro.
Olavinho foi super receptivo, passou a me dar conselhos, mais, me chamou para trabalhar com ele, numa espécie de assessor pessoal, identificando em mim um potencial que eu mesmo não achava possuir. Lembro-me bem de um conselho bastante inusitado, "Tiago, as oportunidades de negócios estão aí, é importante saber manter boas relações para não perdê-las, relações com pessoas influentes da iniciativa privada, do governo, políticos em geral, mas fica atento para o que vou te falar, é importante estar disposto a tudo, e vai por mim, é na putaria que surgem grandes parcerias de negócios, colocar o pau no buraco certo vai te render muito dinheiro". Que é isso pensei comigo, até já havia pensado em casar com uma mulher rica e me dar bem, usar o sexo para os negócios empresariais nunca havia me ocorrido, passei a ficar mais atendo a forma como Albuquerque negociava, o cara não era bom somente em pegar mulher, quando era conveniente a ele e aos negócios, passava o rodo em homens também, deixando-os ligados a ele, numa cumplicidade dependente de sua rola e sua discrição, acompanhei muita coisa, aprendi muito, passei também a adotar determinadas práticas, e é justamente de um episódio marcante pra mim, que contribuiu para chegar onde estou, que relembro agora e passo a relatar com detalhes, me acompanhem.
Era uma sexta feira de manhã quando fui chamado a sala de Olavinho, ele estava eufórico, me pediu para preparar tudo para uma reunião com pescaria no arquipélago de Angra, onde sua família possuía uma casa, me falou que faria uma reunião entre políticos e empresários, se tudo corresse como planejado, entraria em negócios milionários. Eu era responsável pela logística nessas reuniões que exigiam discrição, sigilo na verdade. Preparei tudo rapidamente, iate abastecido, e helicóptero para o translado dos convidados, tudo deveria estar pronto para meados da tarde, pois três deputados viriam de Brasília direto para reunião.
Por volta das 15hs eu já tinha tudo pronto, e já estava em Angra para recepção dos convidados, como imaginei que iria acontecer coisa grande e importante, escondi uma câmera espiã no interior do iate, onde tudo iria ocorrer mais tarde, poderia me ser útil no futuro. E assim começaram a chegar com o helicóptero do táxi aéreo que eu havia contratado, primeiro chegou Olavinho, acompanhado de um deputado federal de um partido de esquerda, muito popular, ligado ao movimento LGBT e causas de proteção ambiental, seu nome era Eduardo, mas era conhecido mesmo como Dudu, era jovem, tinha 28 anos, moreno claro, magro, era professor, meio afeminado nos gestos, representava a ala mais progressista da câmara.
Em seguida chegou dois empresários estrangeiros, um espanhol de nome Hector Fernandez, devia ter uns 45 anos, parrudo, com uma quase imperceptível barriga, perto de 1,80m, cabelos escuros, jeito másculo e charmoso. O outro estrangeiro tinha o apelido de Turco, mas na verdade era dos Emirados Árabes, representava um conglomerado que possuía muitos negócios na Europa, Omar não era muito alto, tinha uns 40 anos, devia ter 1,75m, era magro, cabelos negros e não tão curtos, olhos escuros com olhar profundo e misterioso, tinha um nariz grande e fino, sua camisa meio aberta revelava um peito com muitos pelos negros, não era bonito nem feio, mas tinha um jeito enigmático que prendia a atenção.
Por último chegou outros dois deputados, pai e filho na verdade, Capitão Gouveia era deputado antigo, com vários mandatos, muito popular pela sua postura conservadora, com discurso forte contra a "vagabundagem", em favor da família tradicional, do agronegócio e contra a corrupção, estava chegando nos 50 anos, com um belo físico, forte, encorpado, alto, olhos verdes, cabelos loiros já bastante grisalhos, eu não gostava nada da pessoa dele, por achar um político populista e bronco, mas era inegável que era um coroa muito bonito. Capitão Gouveia tinha como maior conquista política a eleição de seu filho mais velho, Gouveia Filho, nas últimas eleições, este tinha um discurso idêntico ao pai, e uma aparência física também muito semelhante, estava com 31 anos, se diferenciava do pai por ter uma calvície precoce, que disfarçava raspando o cabelo, o que lhe favorecia, pois ficava com um jeito másculo de bad boy.
Após todos terem embarcado, liguei os motores e iniciei o trajeto rumo ao alto mar, longe de olhares curiosos, tudo poderia acontecer com o sigilo que a situação recomendava.