Eu estava distraído, quando o amor me achou - CAPÍTULO 41

Um conto erótico de Lissan
Categoria: Homossexual
Contém 2136 palavras
Data: 23/06/2019 22:51:30

Olá amigos, voltei. Algumas horinhas depois hein? Pois é.

Então amigos, o capítulo ficou apenas para fechar algumas coisas. Minha intenção agora é depois de finalizar totalmente essa parte, ir para o relacionamento mesmo de Atila e Inácio.

Espero que estejam gostando! Um beijão a todos e até amanhã, agora sim!!

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UMA ÓTIMA LEITURA A TODOS

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Fico calado por um tempo demorado, escolhendo a melhor forma de falar. Mas não há escolha. É falar e pronto, jogar logo na lata, um golpe só, como um remédio amargo, um gole e pronto. Engulo em seco, e me preparo para fazer isso, mas ao invés de contar ao Robson sobre a morte do irmão, começo por:

- Depois que você saiu com Fefito, naquele dia... – digo – Emerson apareceu lá em casa para me buscar também. Disse que se eu quisesse continuar vivo devia ir com ele. Idiota, eu fui...

Robson se ergue e na cara estampada a incredulidade nega com a cabeça, fico remoendo porque comecei justo por ai...

- Com o moro pegando fogo, ele desceu? Foi atrás de você? – Robson nega – não é possível que a arrogância daquele cara permita ele fazer uma coisa dessasele me levou para o moro, por um caminho que eu não conhecia nem saberia repetir para você, sei que chegamos até a casa dele lá no moro. De início fiquei com medo, assustado mesmo. Machuquei o tornozelo e tudo... E então, houveram tiros, fogos, sei lá o que era aquilo... Os homens entraram na casa, eu entre no quarto de Emerson... Ai me veio na mente que se ele quisesse me fazer algum mal já teria feito... Ele me estuprou...

- O quê?! – Robson solta para perto de mim, segura minhas mãos. – Minha nossa Inácio, aquele miserável...

Recordar isso machuca um pouco, penso, apoio meus cotovelos nos joelhos e abaixo um pouco a cabeça. Robson aperta meu ombro, e eu viro para ele, é agora ou nunca não tem momento melhor.

- Sim, aquele miserável, veio pelas minhas costas e com uma arma na minha nuca me penetrou até se sentir saciado, - engulo em seco – não sei se foi depois disso, ou antes, que ele crivou o corpo do seu irmão de balas. O desgraçado do Emerson, tomou o moro e pra isso matou Evandro... – os olhos de Rbson crescem ainda mais, o dobro do tamanho parecendo até que vai sair da cabeça.

Penso na forma como falei, e não vejo outra melhor, não tem como dar uma notícia dessas. Mas mais que isso, é o prazer de acusar o desgraçado do Emerson, jogar para ele a culpa disso tudo de ruim que tem acontecido na vida da gente, mesmo eu sabendo da parcela do meu tio, outro miserável. Apoio Robson pelos ombros o sustento perto de mim apertando-o para acalma-lo. Ainda assim ele treme e dar aqueles espasmos de gritos contidos pela boca fechada, algo de dentro para forma.

Seus lábios tremulam e a voz sai sem nenhuma regularidade, ele olha para mim pedindo para não ser verdade. E eu jamais imaginaria que esse amor existisse, o amor por um irmão como Evandro. É o irmão dele, é normal, por mais bandido mau caráter que seja ainda é o irmão que ele conheceu e conviveu durante uma vida toda, provavelmente uma vida nada fácil, penso nisso. Abraço Robson com todo o carinho que consigo dispensar para ele nesse momento, porque durante todos esses dias só tive uma pessoa no meu pensamento, Atila.

- Como ele pôde fazer isso? Como? Eles eram amigos, esse tempo todo Inácio eles foram amigos desde moleques, jogavam bola junto. Você... Você tem certeza disso que me falou? Foi mesmo o tráfico que fez isso? O comando matou Evandro?

Foi o que a policia disse para mim Robson, penso comigo mesmo, mas assinto no lugar. Não vou livrar a barra do bandido do Emerson, mesmo que a policia tenha matado e a culpa direcionada para Emerson. Não mesmo. Robson para um pouco, chupando o nariz e se sentando no tapete no chão. Permaneço no sofá, encaro os olhos do meu amigo, a quem não vejo faz dias e tento, talvez dias atrás meses antes jamais fizesse isso, mas agora é diferente, tento convencê-lo a não desistir de testemunhar.

- Você pode evitar que esse cara continue solto Robson – digo engasgado – só você pode testemunhar sobre o vídeo. E sobre mais o que achar que deva falar. Pelo que entendi o vídeo tem tudo haver com Emerson ter armado para seu irmão. Enfraqueceu ele com o comando...

- Não é tão simples - Robson meneia a cabeça. – Eu amo meu irmão, de verdade, e se isso que você tá dizendo for mesmo assim... Minha família toda pode tá em risco, porque Emerson pensou nisso, ele não ia deixar ponta solta... – ele se vira para mim – me desculpe, mas até agora não sei como ele pôde deixar você vivo.

Porque não sou importante, penso comigo mesmo, e graças aos céus por isso. Pressiono as têmporas. Meu desejo é levantar e ir embora, remoer esse assunto só me provoca nojo, repulsa. Mas uma coisa não me permite fazer isso, eu tenho a chance de convencer Robson a não deixar para lá, porque se fosse eu, contra todo meu sistema de autodefesa, eu iria até o fim. E por isso engulo em seco mais uma vez, e contra o amigo que está dentro de mim, pedindo para que eu não faça isso, eu faço. Vou contra os sagrados votos da amizade, preciso ir.

- Eu não cobraria nada de você – digo. – Jamais. Só eu sei o que passei nas mãos de Emerson. Ele tem planos para a comunidade, muito tempo atrás me mostrou plantas de escolas, postos de saúde... Provavelmente faça tudo isso, pra passar de bom. Mas o que Evandro fez? Eu não sei. Não convivi com ele. Você sim, você Robson, sabe – ele me encara atento. – Acha que seu irmão merecia ser morto pelo amigo de infância? Da forma como foi?

Ele estremece, e notar como minhas palavras o deixa mexido só aumenta o meu sentimento de culpa. Só não maior do que me fez Emerson, eu nunca vou poder esquecer todos os momentos de pânico e terror vividos sob as mãos dele. E se o preço para isso for o testemunho de Robson, se para ele pagar por tudo o que me fez, preciso convencer meu amigo a depor, então... Então tenho obrigação comigo mesmo a continuar. Levanto também, e vou em direção a Robson, mas somos interrompidos por um dos agentes.

- Inácio, você só tem mais trinta minutos se desejar ir embora hoje – ele fica parado depois de dizer isso – precisa nos avisar, tudo bem?

Assinto para ele, Robson sorri olhando para mim. Ele fecha a porta mais uma vez, aberta pelo policial.

- Esse ai é o Derek, gatinho né? – ele diz parecendo recuperado – eu precisava agora de uma foda e um baseado, a foda podia ser com esse Derek... – sorri para mim. – Eu sinto muito pelo que passou Inácio, sinto mesmo... E eu amo meu irmão... Mas minha família cara, minha família ainda viva está nas mãos desse miserável do Emerson.

- Acorda Robson, você acha que o que, vai sair daqui assim? Depois de teu irmão cair, depois de ter feito o vídeo ferrando uma cadeia de gente? Não amigo. Isso não terminou para você e me desculpe por dizer isso. Sem a ajuda da policia, do sistema de proteção dele, você não vai ter chance, decida o melhor.

Ele pega em minha correntinha no pescoço, sorri ao toca-la. Eu seguro a maçaneta da porta. Fui até onde deu, penso comigo mesmo.

- Vai voltar hoje então – eu assinto – você e Atila se acertaram? Porque se não me falha a memoria eu já vi essa correntinha no pescoço dele antes.

- Sim – sorrio – de um jeito que nunca imaginei ser possível... Sério Pense bem em tudo tá? Você é quem sabe o que é melhor... – deixo o amigo sair, a parte de mim que quer ver Robson livre disso sem se importar com mais nada. Uma parte de mim que teima em falar mais. – Você tem motivo para ter medo, pense bem tá?

Giro a maçaneta e beijo a testa dele. Abro a porta e Robson me acompanha logo atrás de mim, o tal Derek está recostado a uma das pilastras da casa. Robson puxa meu ombro e me dá um abraço, como das últimas vezes em que passamos por perrengues juntos. Deixo-o a vontade para fazer isso pelo tempo que quiser, e isso se demora um pouco, ele começa então a repetir uma série de números, e pede sussurrado “grava, memoriza tudo...” depois me solta.

- Preciso saber se estão bem – sibila – minha preocupação é com minha família, entende?

Repito o número diversas vezes, e tento memorizar. Derek desgruda da parede e se move para pegar algo em cima do sofá.

- Decidi voltar hoje mesmo – falo para ele – podemos ir?

- Tá certo – ele veste o cassaco que lembra muito uma jaqueta e se vira para a porta por onde entramos – espera aqui uns minutos, vou avisar aos outros.

Ele sai sem dizer mais nada. E percebo o quanto o semblante de Robson está abatido, ele olha para os lados.

- Não esquece – diz em voz baixa, depois aumenta – vou pedir para eles pra liberar uma comunicação nossa por vídeo-chamada... Tá? – eu assinto.

O tal Derek volta com os outros dois homens que estavam no helicóptero. Abraço Robson mais uma vez e saímos, o inicio da noitinha está congelante apesar de o céu ainda não está completamente turvo. Os homens vendam meus olhos mais uma vez e me guiam até o carro. Dessa vez o percurso todo parece menos demorado que da última vez. Antes de chegarmos ao helicóptero um deles tira a minha venda, e então posso ver também a estrada, ou os acessos, mas sem placas indicativas. Chegamos rápido, pelo menos é a minha sensação.

Desço do carro, e encontro o helicóptero ainda parado. Entramos nele dessa vez apenas eu no fundo, e os dois na frente. Os outros agentes ficam no carro, o helicóptero é ligado e nos saímos do chão mais uma vez, como está escuro só vejo as luzes das casas embaixo quando descemos o suficiente para isso. É impossível não ver São Paulo quando nos aproximamos dela, e o helicóptero finalmente pousa de novo, e me sinto em casa, mesmo sabendo que ainda não cheguei de fato a ela.

Agradeço ao piloto pelo transporte, não sei nem por que, ele mal vira a cara. O outro agente me acompanha até o elevador, é ele quem digita o andar para descermos. Seguimos por um corredor, e entramos em uma sala toda fechada.

- Espere um pouquinho aqui – ele diz e sai da sala. Sento uma das cadeiras ali. E fico pensando em tudo o que aconteceu nas últimas horas.

- Então conseguiu convencer o rapaz? – o procurador entra na sala. – Aqui está a medida protetiva para você, dois policiais vão ficar de campana, no local onde você informar como sua residência no momento.

Olho para o papel descrente que ele possa mesmo me proteger de alguma coisa. O procurador se ajeita na cadeira, concertando o cinto da calça ou a braguilha.

- Acho que sim. Você conseguiu um desses aqui para a família de Robson também? – pergunto erguendo o papel.

- Sim, claro, apesar de não sermos obrigados por lei a isso – ele limpa a garganta – esse caso está no seu fim, e por isso estamos abrindo concessões. Entende? Sua ida até lá, por exemplo.

- Espero que você esteja certo disso – levanto da cadeira – já posso ir embora, certo?

Ele assente, ao sair da sala, o mesmo homem me espera. Ele me leva até o elevador e dali eu sigo sozinho. Sem a presença de ninguém por perto, deixo meu nariz tremer e seguro o pingente da correntinha. Deixo que minhas pernas também vacilem porque durante todo esse tempo me segurei para não demonstrar medo, parecer forte, corajoso e convincente para Robson. Mas agora, sozinho aqui, sinto um medo fora do comum. As portas se abrem e eu entro pelo corredor onde as maiorias das outras portas são de vidro, sigo por esse corredor e dou de cara com ele, sentado no mesmo lugar de cabeça abaixada, parecendo dormir. Esperou mesmo? Pergunto a mim, quando chego bem perto dele.

- Atila você é louco sabia? – digo perto dele.

Ele ergue a cabeça para mim, sento ao seu lado e deixo minhas mãos tremerem a vontade. Atila as segura entre as suas.

- Eu disse que ia esperar não disse – sorri.

Beijo a boca dele ali mesmo, e meu nariz treme enquanto faço isso, vai parando aos poucos. Meu corpo vai reconhecendo quem está me beijando, o homem a minha frente a segurança de poder contar com ele sempre. Nos nós abraçamos, e desejo ficar nesse abraço para sempre.

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Comentários

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Uma maravilha de enredo! Eu particularmente adoraria ler essa história por pelo menos mais uns 6 meses rsrsrs Estou brincando! Muito obrigado!

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