[22h]
Naquela noite eu só tinha ajudado o Eduardo a sair da piscina e ir pro quarto, ele no dele, eu no de hóspedes. Eduardo não abriu a boca pra falar nada depois do nosso beijo, sem sorriso, sem deboche, sem palavras… Eu estava deitado na minha cama completamente arrependido de ter feito o que fiz, a reação dele foi totalmente diferente do que eu esperava, acho que nem eu mesmo estava esperando fazer aquilo. Apenas fiz. A dor que eu estava sentindo por talvez destruir nossa breve amizade era muito forte e comecei a chorar feito um bebezinho. No fundo eu me sentia mal por ter gostado, afinal, eu nunca tinha beijado ninguém do mesmo sexo, nem tão pouco me sentido tão atraído. Ele era o único. A confusão na minha cabeça podia ter feito achar que estávamos na mesma vontade.
Peguei meu celular que estava no criado-mudo do lado da cama e pensei em chamar minha melhor amiga, Natália, que estava em São Paulo. Saudades dela. Mandei mensagem e ela como era uma viciada me respondeu na hora.
[EU]
“Nat? Tá aí?”
[NATOLA S2]
“Oie amoree, lembrou de mim?”
[EU]
“Para de ser boba, eu estava sem meu celular, peguei hoje”
[NATOLA S2]
“Ata, e aí, volta quando?”
[EU]
“Bom, depois da merda que eu fiz hoje, acho que não vai demorar muito”
[NATOLA S2]
“Meu Deus migo, que que tu fez agora?”
[EU]
“Eu fiz amizade com um cara que trabalha aqui e eu simplesmente enlouqueci e acabei beijando ele”
[NATOLA S2]
“Pera aí! Amigo, cê é gay?”
[EU]
“Não! Quer dizer, eu não era!
[NATOLA S2]
“Não amigo, ou é ou não, se decide”
[EU]
“Eu não sou”
[NATOLA S2]
“Então por que beijou um cara que só conhece a alguns dias?”
[EU]
“Ai Natália para de fazer isso!”
[NATOLA S2]
“Isso o que? Falar o que você não quer admitir?
[EU]
“Eu não gosto de homens, só dele”
[NATOLA S2]
“Amigo, isso já te faz ser gay”
[EU]
“Ok, eu sou gay”
Pela primeira vez na minha vida eu venci meu orgulho e aceitei as coisas que estavam acontecendo na minha vida. Eu jamais tinha sentido paixão por um homem, jamais tinha sentido atração. Na verdade, eu nunca tinha sentido atração por ninguém. Acreditei naquele momento como sendo o momento da minha descoberta.
[NATOLA S2]
“Viu, não foi difícil”
[EU]
“Foi sim, agora eu vou ter que falar ‘daquele jeitinho’?
[NATOLA S2]
“Felipe, você tá sendo preconceituoso, os gays não são gays pela forma que falam!”
[NATOLA S2]
“Mas enfim, pra que esse desespero, você vai ser mandado embora porque beijou um caipira?”
[EU]
“Não é isso, e não fala assim dele”
[NATOLA S2]
“Ok, desculpa, mas qual o problema então? Vai lá e pede desculpa então uai”
[EU]
“Você não entende, esse cara trabalha aqui e o trabalho dele é cuidar da fazenda e de mim, eu tô morrendo de vergonha”
[NATOLA S2]
“Amigo, ele te falou alguma coisa?”
[EU]
“Nada. Absolutamente nada”
[NATOLA S2]
“Te bateu?”
[EU]
“Não”
[NATOLA S2]
“Fugiu?”
[EU]
“Tbm não”
[NATOLA S2]
“Amigo”
Ela demorou pra digitar.
[EU]
“O que?!
[NATOLA S2]
“Vai por mim, ele te quer”
[EU]
“Que?!”
[NATOLA S2]
“Héteros nunca ficam de boa quando isso acontece, acredita em mim quando eu digo pra você ir atrás dele”
[EU]
“kkkkkkk cê tá maluca”
[NATOLA S2]
“Eu tenho certeza amigo que ele deve estar pedindo por mais agora mesmo, ele mora muito longe daí?”
[EU]
“Natália, eu tô na casa dele”
[NATOLA S2]
“Seu cachorro! Tá esperando o que? Vai logo lá, ai que estresse”
[EU]
“Mas amiga, ele não falou nada por mais de duas horas, ele nem pediu ajuda pra ir no banheiro ou coisa assim”
[NATOLA S2]
“Osh, ele tem que pedir sua ajuda agora é?
[EU]
“Ele está machucado, por isso eu to aqui sua tonta”
[NATOLA S2]
“Ata lkkkkk”
“Amigo, por favor, vai lá e vê no que dá, o máximo que vai acontecer é dele te odiar pro resto da vida”
[EU]
“EU NÃO QUERO ISSO NATALIA AAAAA”
[NATOLA S2]
“Amigo, é como a Marília Medonça falou: ‘Superaaaaa’”
[EU]
“Você tá brincando com meus sentimentos sabia?”
[NATOLA S2]
“E você tá atrapalhando minha ideia de fazer uma fanfic dessa sua história aí”
“Imagina uma história disso: ‘Garotos da Fazenda’”
[EU]
“Você é patética sabia?”
[NATOLA S2]
“Aposto que daria uma ótima história na Casa dos Contos”
[EU]
“Que isso?”
[NATOLA S2]
“Deixa pra lá”
“Me conta sobre esse beijo, como foi?”
[EU]
“Foi muito bom, na verdade, tinha um saborzinho de uva rsrs”
[NATOLA S2]
“Seu safado!”
[EU]
“Para Natália, to triste ainda”
[NATOLA S2]
“Tá nada, tu tá é querendo mais seu danado!”
[EU]
“Te odeioooo”
[NATOLA S2]
“Odeia nada, você sabe que eu tô certa”
“Amigo, se resolva, vou dormir porque vou trabalhar amanhã”
[EU]
“Ok”
“Obrigado por aparecer”
[NATOLA S2]
“Pega esse caipira de jeito hein!”
Converar com Natália foi a segunda melhor coisa daquele dia. Um colírio para os meus olhos. Eu fui até o banheiro e lavei o meu rosto pra disfarçar as lágrimas e me preparei pra conversar com o Eduardo. Fui até a porta do quarto dele e bati na porta.
– Entra – respondeu com uma voz nada animadora. Ele estava na mesma posição de quando eu ajudei a sentar mas eu não quis me sentar do lado dele daquela vez pra não ser tão intruso.
– Tá parecendo o corcunda de Notre Dame nessa posição – eu disse e ele deu uma risada tímida, depois se ajeitou com um leve gemido de dor e eu me segurei pra não ir lá ajudá-lo
– E você tá parecendo meu cabideiro de pé parado aí atrás da porta – ele respondeu e eu dei risada.
Eu senti mais a vontade pra me aproximar dele e fui me achegando até sentar do lado de Eduardo na cama.
– Tudo bem? – perguntei
– Hã… sim, tô jogando Plants vs Zombies 2, então tô bem
– E o 1?
– É um lixo
– Ah, claro – dei risada – E como tá aí
– Difícil, estou nessa maldita fase faz uns dois dias
– Eita, dois dias?
– É, eu teria conseguido mas você tomou minha atenção – ele voltou a trazer aquele sorrisinho que me fazia pirar por dentro
– Ops! – respondi
– A horda de zumbis nessa fase é insana, não consigo ter a concentração pra olhar todas as plantas quando eles chegam
– Posso te ajudar?
– Claro!
Eu não sabia jogar muito bem aquele jogo, mas depois de umas mortes consecutivas eu peguei a ideia. Ficamos muito. Muito. Muito. Mas muito mesmo. Muito tempo tentando passar daquela fase desgraçada. Quando tivemos a chance de passar, nossos nervos estavam à flor da pele pra não deixar aquela oportunidade passar.
– Ali, vai!
– Aonde, ata, okay!
– Olha aquele ali, rápido!
– NÓS PASSAAAAAAMOOOOOS! – ele gritou todo bobão e eu também reagi fazendo uma dancinha idiota
– Caraca! Lipe, foram mais de 40 minutos, na moral!
– Sim meu, nem acredito!
– Só assim mesmo pra eu passar dessa fase
Ficamos jogado mais algumas fases e realmente tinha gostado jogar, mas o celular começou a descarregar e eu coloquei pra carregar. Sentei de novo do lado dele comentei novamente sobre o joelho.
– Então, tudo certo mesmo, com o joelho?
– Tá doendo bastante, mas tá ok, acho que consigo dobrar
– Quer tentar?
– Não sei, cê me ajuda?
– Ajudo, vamos – respondi e fiquei de pé do outro lado dele. Segurei uma das mãos dele e coloquei minha outra mão atrás debaixo do joelho pra ajudar a dobrar. No primeiro movimento ele gritou muito alto.
– Calma, depois que dobrar vai ajudar a andar melhor
Foi levantando mais e mais, se mordendo de tanta dor. Era agonizante mas depois que fizesse aquilo, ia conseguir andar sem minha ajuda, talvez. Quando ele dobrou completamente, me abraçou e começou a chorar.
– Isso, pode chorar, você conseguiu
– Não tô chorando por isso
– Por que tá chorando então?
– Porque me deixou aqui sozinho com dor
– Hey – eu tentei levantar o rosto dele pra mim – Eu não te abandonei, só quis deixar você um pouco a sós depois da idiotice que eu fiz
– Que idiotice? – ele perguntou fungando por causa do chorando
– Lá embaixo – ele ainda me olhou confuso – Na piscina, nós dois…
– Ah tá, cê tá brincando né?
– Não, porque eu brincaria com isso? – respondi me abaixando pra ter uma visão direta com ele – Olha, desculpa, eu não queria ter feito aquilo, sério, não o que eu taa pensando…
– Shhhhhhh – ele me interrompeu como sempre…. – Não quero que se desculpe
– Não?
– Eu gostei Felipe
– O que? – perguntei e fiquei de boca aberta, pasmo – Você gostou?
– Tirando a parte que você me fez chorar, eu gostei do beijo
– É que… é que você ficou em silêncio depois, não falou nada, eu achei que estava me odiando
– Você queria que eu fizesse o que? Eu nunca beijei ninguém!
Para tudo! Eduardo, o operário de fazenda que na verdade parece um modelo nunca beijou ninguém em toda sua existência. Como assim?
– Hahaha muito engraçado! – eu disse
– Não tô brincando
– Quer dizer que esse foi seu primeiro beijo?
– Acho que sim – respondeu ele abrindo um sorriso tímido – Não se desculpa, porque se fosse pra ter o primeiro beijo com alguém, eu realmente queria que fosse você
Eu sorri tanto naquele momento. Natália estava certa, tão certa, que eu queria dar um prêmio da pessoa mais certa do ano. Eu fiquei de joelhos e o beijei ali na beira da cama mesma. Ele retribuiu com língua. Nos beijamos como se não houvesse amanhã. Ele abaixou o joelho e pediu pra subir em cim dele.
– Tem certeza? – perguntei
– Se você não me beijar assim não vai sentir o quanto eu te quero nesse momento – eu sabia do que ele estava falando. Sentei no colo dele, com cuidado pra não enconstar no joelho roxo. Ele segurou minha cintura enquanto me beijava e eu senti sua respiração ofegante e quente. Eu amassava seu rosto e lambia seu pescoço. Ele tirou minha blusa e saboreou meu peitoral como se fosse um prato suculento. Mordia meus mamilos e aquilo me fazia gemer tanto que nem sei como descrever em palavras tal sensação. Tirei a camisa dele e vi seu peitoral, com poucos pelos, que me faziam querer chupar tudo. Ele continuou me beijando, apertando minha bunda e foi quando senti sua mão entrando na minha bermuda folgada. Eu já estava sentindo aquele pau duro embaixo de mim e eu olhei bem nos olhos dele
– Quer mesmo fazer isso? – perguntei ainda ofegante
– Se eu não fizar agora, você não vai aguentar quando meu joelho estiver bom! – respondeu e algo totalmente novo pra nós dois iria acontecer naquele momento.
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Eita lasqueira, acho que agora vai hein?
Será mesmo?
Kimi