Semanas depois da mudança.
Daisy acabara de tirar uma fornada de pão de queijo, separou uma porção, pegou uma garrafa térmica com café e foi levar para os três rapazes que estavam trabalhando na casa abaixo da sua. Era um agrado aos mesmos por terem sido prestativos em todos os momentos em que ela precisou de pequenos consertos em sua residência.
O Edgar chegou bem na hora em que a menina e os três homens se divertiam conversando amigavelmente e saboreando o lanche matinal. Não foi nada educado quando a chamou quase ordenando para que o acompanhasse até a quitinete.
— Por que você fica de papo no meio desses tarados, ainda mais com esta minissaia que mal cobre sua bunda, gosta de se exibir, é?
Daisy fez de conta que nem ouviu, não queria arrumar briga com o homem. Completaria dois meses em sua nova morada e não conseguiu passar um dia de folga sozinha, posto que o Edgar a visitava todas às segundas-feiras e passava o dia todo. Ela ainda tinha que recebê-lo e satisfazê-lo por algumas horas noturnas durante um ou outro dia da semana.
No início, quando ela fez o seu joguinho de sedução e conquista do patrão para conseguir estabilidade financeira, ainda não tinha o Augusto em sua vida e em seu coração, continuava remoendo a amargurada pela decepção do passado. Mas o Augusto fez aquele ódio dar uma trégua e a jovem amorosa ressurgiu das cinzas, porém, tinha que continuar em um mundo de segredos e submissão, uma vez que era o patrão quem bancava todas suas despesas. Em troca ele exigia fidelidade e 100% da sua atenção.
“Não imaginei que o preço da estabilidade seria tão difícil de pagar.” Pensou.
Quanto ao patrão… Pense em um homem feliz e realizado; este era o Edgar. O romance com a jovem amante refletiu positivamente também em seu casamento dando um upgrade em suas relações sexuais com a patroa. Seu bem sucedido caso de amor secreto o deixou mais seguro. O fato de estar enganando a Luana o fez sentir-se superior em relação a ela e não tão apequenado quando em sua presença. Houvera melhorias também para os funcionários da loja: a patroa parecia feliz e estava ligeiramente simpática. Era algo extraordinário, posto que sempre fora mal humorada e grosseira. Era falta de sexo, provavelmente, todavia, o lado egoísta e sempre alerta da mulher mandona, a fez estranhar o comportamento do seu marido. Ele já não ficava mais em casa em seus dias de folga; tomou gosto por passeios de uma hora pra outra. Suas ausências passaram a ser frequentes e as desculpas não eram convincentes.
Chegou a Semana Santa e o marido infiel, que tornara-se ousado e confiante, caprichou em uma estratégia para ter uma “Lua de mel” com a amante por três dias inteiros: sugeriu para a esposa que eles fechassem a loja na quinta à noite e só reabririam na segunda pela manhã. Explanou sobre o movimento insignificante nestes dias em especial e que havia combinado uma pescaria de barco com seus amigos. Seria no litoral de São Paulo, praia de São Sebastião. Ficariam hospedados na mesma casa em que ele costumava ficar com sua ex-mulher no passado. O Edgar sabia que a patroa odiava a praia e tudo que fosse relacionado a sua ex.
Deveras a Luana ficou irritada e contrariada, mas não tanto quanto ele esperava. Ela disse que também havia planejado passar a data no interior, na casa da irmã de sua falecida mãe e única parente.
— Estava certa de que você viria comigo pra casa da tia, e sabe como odeio dirigir — disse ela tentando persuadi-lo a mudar de planos, porém, sem êxito.
A Mulher desconfiava que o seu marido tivesse um caso extraconjugal, deduziu que seria o fim do relacionamento entre ambos caso seu companheiro insistisse naquela descida ao litoral com os amigos e provavelmente algumas vagabundas. Ela o amava ao seu modo e, na cama, estavam se entendendo como nunca.
Em uma última tentativa inocente, apelou para as crenças populares o alertando que não se pesca na sexta-feira Santa. O homem contornou dizendo que era pura superstição. “Na verdade, nem irei pescar, então, quem se importa?” Pensou ele sorrindo internamente.
O animado Edgar relaxou ficando imprudente, deu chances para que o Jaime, escondido pelos cantos da loja, ouvisse uma conversa do patrão, ao telefone com um dos amigos. Ele ria ao dizer que passaria três dias do feriado prolongado com uma ninfeta na praia de Maresias enquanto sua mulher estaria na casa da tia no interior.
O fofoqueiro e puxa-saco foi correndo contar para a patroa o que ele havia ouvido. O rapaz Imaginou que a ninfeta pudesse ser a Daisy, mas não revelou a desconfiança. Caso estivesse certo, a novata seria desmascarada. Ele já ficaria contente só de conseguir estragar o fim de semana da garota e ganhar uns pontos com a patroa. No entanto, se ela fosse demitida, seria o máximo. Concluiu em pensamento o rapaz.
A Luana não desejava que suas desconfianças fossem verdadeiras, mas queria acabar de vez com aquela tortura. Com as informações do Jaime ela poderia obter provas concretas e por um ponto final na situação. Todavia, ela nem desconfiava que sua concorrente pudesse estar tão perto.
Justamente quando sua relação com o marido encontrava-se em um estágio maravilhoso (sexualmente falando) surgia alguém para atrapalhar. Ela descobriria quem era a vadia e a tiraria do seu caminho por bem ou por mal. Pensou a esposa com uma ira exagerada.
Quinta 20 de abril, véspera de feriado, os patrões resolveram fechar a loja mais cedo, eu fui pra casa. O homem foi me pegar no início da noite e rumamos para o litoral.
Praia de Maresias, algumas horas mais tarde.
A casa ficava a 300 metros da praia: dois dormitórios (uma suíte), cozinha e todas as demais dependências de uma casa normal. O ponto alto era a piscina no quintal dos fundos; pequena, mas perfeita. Parecia uma hidromassagem enorme com uma mini cachoeira.
Deixei minhas coisas na sala de estar sobre uma mesa de madeira rústica. Aguardei enquanto ele iluminava o ambiente e verificava os outros cômodos. Fui até a janela que dava para a rua, a noite linda e agradável convidava para um passeio noturno.
Nós saímos para jantar meia hora depois. Fomos caminhando pela praia até um bar e restaurante um pouco mais distante. Depois de alguns chopes, duas caipirinhas de vodca e uma refeição deliciosa de frutos do mar, o homem foi ao banheiro fazer xixi. Dois carinhas que estavam em um grupinho de quatro em uma mesa próxima e que ficaram me “filmando” o tempo todo, aproveitaram o momento para me abordarem.
Depois das apresentações, disseram que aconteceria uma baladinha em poucos minutos, no interior de um camping bem conhecido das proximidades. Seria show se me juntasse a eles, disseram.
Expliquei que não daria:
— Meu pai é muito conservador, careta mesmo, e não me deixa sair sozinha.
— Finge que vai dormir e foge, gata, vai rolar a noite toda.
— Vou tentar, ok? — não prometo — ele está voltando, por favor, sai fora rapidão.
O Edgar encarou os meninos que tentavam disfarçar enquanto voltavam para suas mesas. Contornei a situação falando que me confundiram com alguém conhecido. Pedi para o homem que fossemos embora. Na metade do caminho para a casa eu falei que queria fazer xixi. Claro que ele ficou bravo e perguntou por que não fiz enquanto estávamos no bar.
— Aqui é mais gostoso, vem! — vamos ali perto das pedras.
A praia já era praticamente deserta durante o dia, a noite era completamente abandonada.
Abaixei meu shorts e calcinha. Enquanto fazia xixi me deu vontade de entrar na água, só de farra. Provavelmente era o efeito das bebidas, mas também tentava prolongar o momento em que teria que abrir as pernas para o Edgar e suportar seu corpo pesando sobre o meu.
Tirei totalmente minha roupa sob os protestos do homem. Entrei na água gostosa e o chamei para curtir também.
E não é que o doido veio. Se eu esperava começar uma briga, não deu certo. Ele olhou em volta, tirou sua roupa e veio ao meu encontro. A bebida o deixou animado, a mim também, estava adorando aquela praia e até brincamos feito crianças. Porém, quando saímos da água ele me deitou na areia e se impôs como macho e pagador das minhas contas. Fui possuída naquela praia tranquila, iluminada pelo luar e, apesar dos meus protestos, não achei a transa tão ruim. Talvez tenha sido a sensação de estarmos sendo observados e a minha fantasia de que era o Augusto estocando o meu sexo, ao invés dele, o motivo dos meus orgasmos deliciosos.
Após seu sêmen inundar-me, o homem ficou quietinho abraçado ao meu corpo e recuperando a respiração.
Ouvimos vozes e não deu tempo de levantarmos antes de sermos flagrados pelos quatro rapazes do bar. Eles diminuíram a marcha enquanto passavam observando o casal envergonhado se vestindo confusamente. O Quarteto seguiu em frente falando gracinhas para nós e entre eles mesmos.
No fim das contas eu até que achei engraçado, eles deveriam estar pensando que presenciaram um ato de incesto.
Horas antes, na saída do shopping Ibirapuera em São Paulo, a Luana, que aparentemente desistira de viajar para a casa da tia, conversava com um homem dentro de um carro.
— Precisarei dos seus serviços novamente amanhã.
O homem aceitou o trabalho. Chegaram a um acordo sobre o valor, posto que se tratava de um serviço especial.
Continua Amanhã.
Capítulo anterior: Entregas Especiais – Capítulo 5 - Núpcias e Segredos
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