Negócio Arriscado 15 (Final) – Jura e Pacto na Catacumba

Um conto erótico de Kamila Teles
Categoria: Heterossexual
Contém 1465 palavras
Data: 04/11/2019 18:21:06
Última revisão: 05/11/2019 18:58:02

* Três meses depois *

O casal guatemalense, fugitivos do Brasil, cavalgava durante um passeio em um vilarejo afastado. Eles faziam um tour até o Vulcão Pacaya, uma região de população humilde, topografia íngreme e o acesso por terra era possível somente em lombo de cavalos. Ainda tinham que caminhar no final do percurso.

Uma cerração chegou forte durante a tarde, nada de anormal naquela localidade e naquela época do ano. Contudo, a visibilidade do grupo ficou prejudicada durante o retorno.

Em um trecho mais acidentado do percurso ocorreu um acidente: a sela da montaria do empresário se soltou e ele despencou do cavalo rolando morro abaixo. Foi um tremendo alvoroço. Quando o socorreram ele estava com os olhos esbugalhados, mas não se mexia, nem falava. Às pressas o levaram para o único posto médico da localidade.

As condições inadequadas de transporte só agravaram as condições físicas do ferido durante a remoção; ele acabou tendo um novo ataque de catalepsia, isso veio bem a calhar ajudando no plano da esposa, uma vez que o homem sobreviveu à queda; o esperado era que morresse no acidente ou que ficasse muito mal. O médico local seria o encarregado de tornar aquele acidente fatal. O doutor era um antigo namorado da mulher no terceiro ano do ensino médio, além de ser desafeto do marido. Ela o procurou semanas depois que voltou ao país, iniciaram um relacionamento amoroso por iniciativa dela, posto que a esposa amargurada tinha um plano e contava com a participação do médico de caráter duvidoso. A mulher pretendia tornar-se viúva o mais rápido possível. Foi o médico o articulador da sabotagem na sela em que o homem montaria no passeio programado por ela.

* No dia seguinte *

Óbvio que a mulher tinha conhecimento dos ataques de catalepsia do marido e que ele poderia “reviver” a qualquer momento. Por essa razão ela ordenou o sepultamento o quanto antes, pouco mais de vinte e quatro horas depois. Baseou-se na declaração de óbito proferida pelo doutor, seu amante, e com a aceitação de um médico responsável do IML local; o mesmo estava em conluio com o casal e recebeu uma gratificação generosa para confirmar que a morte foi por câncer em fase avançada e não necessitava de uma necrópsia.

Todavia, o plano poderia ir por água abaixo, posto que minutos depois o legista pediu para ter um particular com a "viúva" e as coisas complicaram. O cadáver corria o risco de não ser liberado para o enterro. A mulher teria que administrar uma chantagem do legista que dificultou as coisas fazendo ameaças veladas de última hora. Ele também era um conhecido de sua juventude e tinha uma tara por ela. Não hesitou em aproveitar a oportunidade de tê-la em seus braços e satisfazer a um de seus desejos mórbidos: transar com a mulher na sala de necrópsia. Ela relutou e até ofereceu mais dinheiro ao homem doentio, porém o sujeito de atitudes estranhas estava inflexível.

A mulher educada, graciosa e de gestos delicados, foi madura o suficiente para entender que aquilo não tinha mais volta, iria até o fim e pagaria o preço, antes que fosse tarde demais. Concordou em se entregar ao homem naquele ambiente, porém não o faria jamais sobre a mesa gelada e fúnebre como era o desejo dele. Ela foi irredutível.

A transa aconteceu ao lado do marido chifrudo. A mulher ficou em pé, debruçada em uma maca e com seu vestido erguido deixando exposto seu bumbum maravilhoso. O homem de calças arriadas a pegou por trás. Após dois ou três minutos de uma pegada mais suave, o legista começou a acelerar e estocou forte anunciando seu gozo. Foram três gemidos no ritmo do pulsar da sua ejaculação, sendo o último mais longo. Ofegante ele reduziu seus movimentos lentamente até cessá-los.

O suposto defunto, estirado nu e descoberto na mesa fria, foi testemunha de um tipo de "pagamento de propina", pois segundo algumas publicações científicas: "O ataque cataléptico pode durar de minutos a alguns dias e o que mais aflige quem sofre da doença é ver e ouvir tudo o que acontece em volta, sem poder reagir fisicamente." Se for real, ele ouviu cada urro e gemido daquela cópula incomum.

A rapidez do enterro foi justificada pelos médicos por causa do processo rápido de decomposição em virtude da alta temperatura e a câmara refrigerada da localidade ter apresentado problemas (devido a uma sabotagem de autoria do médico legista).

***

A noite chegou anunciando uma tempestade tropical de raios e trovoadas. O barulho despertou o homem quando já era madrugada. Passaram-se quarenta horas após a suposta morte do industrial. Ele despertava lentamente, sua consciência retornava pouco a pouco. A dor em sua cabeça era de enlouquecer, em razão da pancada sofrida durante a queda do cavalo. Sua cova, ligeiramente rasa, coberta com uma mistura de terra e cascalho, permitia a entrada de ar suficiente para mantê-lo vivo, no entanto, esse seria seu pior castigo. O desespero chegou ao sentir as dimensões do objeto que o mantinha preso na posição deitado. Ficou aterrorizado e, mesmo com visibilidade zero, por conta da escuridão do interior do seu caixão, ele sabia que o pior havia acontecido, foi sepultado vivo após um novo ataque.

Durante um dia inteiro ele travou uma batalha contra a morte, estava debilitado pelo acidente, mas lutou desesperadamente com as forças que lhe restavam tentando sair do seu sepulcro; debateu-se e gritou por ajuda até ficar sem voz, porém a chuva torrencial que se estendeu pelo dia todo não permitia que alguém o ouvisse e nem que pessoas transitassem pelo local. Como última alternativa: ele rezou, chorou e fez promessas de que caso conseguisse sobreviver, seria um ser humano melhor e usaria sua fortuna para ajudar os menos favorecidos… Ele não foi ouvido pelos céus. Em desespero clamou ao inferno na tentativa de um pacto com o diabo… Tampouco foi ouvido.

Ao amanhecer de um novo dia o homem estava no limite do esgotamento físico e mental, prisioneiro na escuridão de sua sepultura. A chuva se foi e junto com ela as suas forças para lutar. Suas mãos, cotovelos, pés, joelhos e cabeça estavam em carne viva de tanto golpearem a madeira na tentativa de sair da catacumba. Sua mente beirava à loucura e os pensamentos eram delírios.

Horas depois, com a falência múltipla dos órgãos, sua vida expirou... E dessa vez era em definitivo.

* Enquanto isso, no Brasil *

Naquele meio de semana, assim como nas últimas semanas, o sol brilhava em um céu azul sem nuvens. A nudez de um corpo feminino, natural e não agressivo, de curvas suaves que pareciam que foram esculpidas, competia com a beleza da paisagem. Ela relaxava deitada de bruços na proa de um barco. Para muitos, era um dia normal de trabalho, mas não para Jessie e Pedro, eles navegavam pelo litoral baiano, ancoraram no mar próximo a Porto Seguro.

Ele voltou da cabine com uma nova rodada de drinks, entregou um dos copos para a companheira, brindaram e deram um gole. Continuaram a fazer amor como se o mundo em terra firme ou além mar não existisse.

Nem parecia o mesmo casal que viveu grandes momentos de tensão e perigo meses atrás. Depois que chegaram a Salvador, decidiram curtir a vida e a pequena fortuna. Juntos compraram uma lancha de 29 pés com cozinha, banheiro e cabine para quatro pessoas dormirem. O barco e um ancoradouro em Salvador ou em alguma outra parte do litoral do país, tornaram-se a residência de ambos. A embarcação era uma maneira segura de percorrerem o Brasil sem que precisassem passar por rodoviárias, aeroportos e estradas monitoradas por câmeras, posto que Jessie, mesmo tendo se apaixonado e estando curtindo uma relação a dois, não perdeu o seu vício por adrenalina e de quebrar regras, ela ainda curtia o lance de seduzir e de apropriar-se dos bens de homens privilegiados e safados que saiam em busca de momentos de diversão e perversão. Seria mais divertido se o seu parceiro também decidisse participar da "brincadeira". Ela trabalhava dia a dia tentando induzi-lo. “É só uma questão de tempo”. Pressentia a jovem.

Durante a pausa de mais um momento de pegação, Jessie levantou e puxou o Pedro pela mão.

— Vem, amor! Vamos dar um mergulho.

Os jovens nus se lançaram ao mar de mãos dadas e dando um grito de liberdade.

— UHUUUUUU!!!

Fim

Quero agradecer a todos que tornaram esta obra possível, direta ou indiretamente. Agradeço a atenção e carinho de todos vocês que estiveram presentes durante a história. Agradecimentos especiais ao meu amigo Caio Renato Gadelha que mais uma vez disponibilizou seu tempo ajudando com suas opiniões precisas para o desenvolvimento dos personagens e narrativas.

Agradeço em particular o carinho da miga VIC_PROVOCANTE que acompanhou e incentivou-me durante a série. E a você também Xoquito. Beijos para todos!

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive KamilaTeles a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil de KamilaTelesKamilaTelesContos: 174Seguidores: 111Seguindo: 0Mensagem É prazeroso ter você aqui, a sua presença é o mais importante e será sempre muito bem-vinda. Meu nome é Kamila, e para os mais próximos apenas Mila, 26 anos. Sobrevivi a uma relação complicada e vivo cada dia como se fosse o último e sem ficar pensando no futuro, apesar de ter alguns sonhos. Mais de duas décadas de emoções com recordações boas e ruins vividas em períodos de ebulição em quase sua totalidade, visto que pessoas passaram por minha vida causando estragos e tiveram papéis marcantes como antagonistas: meu pai e meu padrasto, por exemplo. Travei com eles batalhas de paixão e de ódio onde não houve vencedores e nem vencidos. Fiz coisas que hoje eu não faria e arrependo-me de algumas delas. Trago em minhas lembranças, primeiramente os momentos de curtição, já os dissabores serviram como aprendizado e de maneira alguma considero-me uma vítima, pois desde cedo tinha a consciência de que não era um anjo e entrei no jogo porque quis e já conhecendo as regras. Algumas outras pessoas estiveram envolvidas em minha vida nos últimos anos, e tiveram um maior ou menor grau de relevância ensinando-me as artimanhas de uma relação a dois e a portar-me como uma dama, contudo, sem exigirem que perdesse o meu lado moleca e a minha irreverência. Então gente, é isso aí, vivi anos agitados da puberdade até agora, não lembro de nenhum período de calmaria que possa ser considerado como significativo. Bola pra frente que ainda há muito que viver.

Comentários

Listas em que este conto está presente