~ continuando ~
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Nem abri os olhos quando acordei, de tão cheio de preguiça que estava. Me espreguicei devagar, pensando em como era bom acordar numa cama macia, com a cabeça no travesseiro.... cama? Abri os olhos e encarei o teto. Aquele não era o meu ventilador. Ouvi uma risada baixa ao meu lado e virei o rosto, encontrando os olhos divertidos de Rapha.
R: Confuso?
K: Como eu vim parar aqui?
R: Eu te trouxe.
K: Não precisava...
Falei cheio de vergonha, imaginando a cena de Rapha me carregando nos braços enquanto eu estava tão apagado que nem percebi. Olhei mais atentamente para ele, os cabelos úmidos, o cheiro de sabonete, o hálito de menta, usando somente uma cueca preta, lindo.
K: Já tomou banho?
R: Sim, eu estava todo sujo.
E dizendo isso ele foi se inclinando em minha direção. Desviei o mais rápido que pude e corri até a porta do banheiro.
K: Você acha mesmo que eu vou deixar você me beijar quando está todo limpinho e eu ainda nem escovei os dentes?
Rapha riu de mim, eu apenas sorri e fui tomar meu banho o mais rápido que consegui. Enquanto a água caia morna sobre meus ombros, eu respirava e tentava fazer meu coração se acalmar. Eu ficava nervoso só de lembrar que Rapha estava daquela forma, deitado na cama, me esperando. Claro que eu já tinha fantasiado sobre aquilo algumas vezes, mas nunca imaginei que pudesse realmente acontecer. Desliguei a água e saí do box, pegando uma toalha limpa no armário do banheiro. Só naquele momento eu me dei conta de que, como estava no banheiro de Rapha, eu não tinha nenhuma roupa para vestir. Enrolei a toalha envolta da minha cintura e dei um nó com o máximo de força que consegui. Só para garantir, quando saí do banheiro, ainda fiquei segurando o nó. Rapha me olhou e sorriu.
R: Imaginei que você nem fosse lembrar desse detalhe...
K: É... eu vou no meu quarto rapidinho e já volto.
R: Kim, para de besteira, eu já te vi sem roupa tantas vezes.
Ele disse, ficando de joelhos na cama e segurando minha mãos, me trazendo para o colchão.
K: Isso não conta, eu era criança.
Àquela altura eu já estava no colchão também, de joelhos, de frente para ele. Rapha, então, se aproximou e falou baixo em meu ouvido, enquanto levava minhas mãos até o elástico de sua cueca.
R: Se você quiser, pode tirar a minha também.
Senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem e acho que tremi visivelmente. Rapha, mais uma vez, riu. Olhei para ele, desafiador e o empurrei para trás, fazendo com que perdesse o equilíbrio e caísse deitado na cama, mas ele não soltou o aperto em minhas mãos, e eu acabei indo junto, caindo sobre ele.
K: Para de ficar rindo de mim.
R: Desculpe, mas é que vocês faz umas carinhas tão lindas. Dá vontade de morder.
E então ele capturou meu lábio inferior entre seus dentes e deu suaves mordidinhas, alternadas com lambidas que, em pouco tempo, já exploravam toda a minha boca. Levei minha mão direita, que estava em seu peito, até sua barriga e ali dei um beliscão.
R: Ai, Kim! Por que isso?
K: Eu só queria comprovar que isso tudo é verdade.
Ele sorriu e abriu os braços e as pernas, fechando os olhos.
R: Pode comprovar o quanto quiser, eu não vou a lugar nenhum.
Olhei para sua expressão divertido, olhos fechados, sorriso de canto, era irresistível. Levei a boca a seu pescoço, beijando seu pomo-de-adão e depois passando a língua por ali. Tive como resposta um ofego. Continuei a distribuir beijos e pequenas mordidas naquela área, desde abaixo da orelha até a curva do pescoço, da forma mais lenta que podia. As vezes Rapha se mexia, parecendo inquieto, mas não me interrompeu. Desci meus beijos por seu peito, chegando a seus mamilos. Era uma parte sensível em mim, e imaginei se também seria para ele. Beijei um deles, passando a pontinha da língua e observei-o enrijecer, depois assoprei de leve. Rapha nessa hora deu um tranco e se sentou, me levando junto. Seu rosto estava extremamente vermelho, como eu nunca tinha visto.
R: Chega disso, Kim.
E com essas palavras e outro movimento rápido, ele nos virou na cama, ficando por cima de mim, meus quadris presos entre suas coxas. Ri um pouco.
K: Você ficou com vergonha.
Afirmei, enquanto subia uma mão por seu abdômen até estar novamente em seu peito. Passei os dedos sobre o mamilo endurecido.
K: Ninguém nunca tinha te tocado aqui?
Ele segurou meu pulso e levou-o para acima da minha cabeça, mantendo-o lá. Sua respiração era irregular e seus olhos brilhavam. Sorri, aquele simples carinho tinha mexido com ele. Rapha se abaixou e colou a boca na minha, me beijando com força. Consegui soltar meu pulso e abracei seu pescoço, correspondendo da mesma forma.
R: Vamos parar de brincadeira?
E dizendo isso mordeu meu pescoço, me fazendo soltar um gemido de dor e prazer. Com uma rapidez impressionante, ele mudou novamente de posição, dessa vez ficando entre minha pernas abertas. A toalha já não tinha mais serventia nenhuma naquele momento, então ele simplesmente a puxou, desfazendo com facilidade o nó que eu tivera tanto trabalho para dar. Eu já estava começando a achar que estava para descobrir um lado mais violento de Rapha quando ele parou e ficou me olhando. Levou uma mão ao meu pescoço fazendo carinho onde há pouco mordera e deslizou-a por meu peito e minha barriga, indo pousá-la na minha coxa, tão próximo da minha virilha que eu mal conseguia ficar parado por antecipação. Ele se abaixou novamente, distribuindo selinhos por meu rosto e sussurrando algumas coisas, mas não consegui entender todas.
R: Você é tão lindo. É difícil acreditar que isso tá acontecendo. Eu... eu...
Ri e segurei seu rosto, fazendo com que ele olhasse para mim.
K: Calma, Rapha. O que está havendo?
Ele suspirou e sentou, me trazendo junto para que eu sentasse em seu colo.
R: Eu estou nervoso.
Sorri e beijei seu queixo.
K: Eu também estou.
R: Não é a mesma coisa. Você sabe o que vai acontecer...
K: Pensei que você também soubesse!
Ele me olhou indignado e eu acabei rindo. Ele fez uma carinha linda de derrota.
R: Tô com medo de te machucar.
K: Você pretender deixar de prestar atenção em mim?
R: Claro que não.
K: Então não vai me machucar. Nós estávamos indo tão bem...
Comentei sem graça, o que pareceu fazer ele ficar mais calmo. Voltamos a nos beijar devagar e eu me ajeitei de frente para ele. Rapha acariciou todo o meu corpo, até finalmente me tomar em sua mão. Minha vontade era de deitar a cabeça em seu ombro e aproveitar, mas ele estava sem jeito e tão desengonçado que fiz o mesmo com ele, encorajando-o. Tocamos um ao outro, nos olhando nos olhos, até que aquilo deixou de ser suficiente. Puxei Rapha para deitarmos novamente e comecei a beijar sua barriga, sempre olhando para cima, para seus olhos, que não me deixavam nem um segundo. Eles só se fecharam quando minha boca chegou em sua ereção e ele ofegou, segurando meus cabelos com um pouco mais de força. Aquela deve ter sido uma das cenas mais eróticas que eu vou ver na minha vida. A pessoa que sempre fora meu exemplo, que pra mim era o homem ideal, completamente entregue daquela forma.
Algum tempo depois, Rapha me parou e me fez deitar na cama. Voltamos a nos beijar, enquanto ele me tocava. Senti seus dedos me explorarem até encontrarem minha entrada. Ele acariciou o local de leve, mas logo afastou a mão. Abri os olhos, que nem tinha percebido que fechara e sorri para ele, trazendo sua mão até meus rosto. Coloquei seu dedo médio dentro de minha boca, fazendo com que ele desaparecesse, da ponta até a base, depois fiz o mesmo com o indicador. Rapha não desgrudou os olhos de minha boca enquanto isso. Guiei sua mão novamente para baixo e ele voltou a me massagear, dessa vez menos receoso. Seu dedo deslizou para dentro de mim com um pouco de dificuldade, mas aos poucos fui me acostumando e movendo meus quadris para ajudá-lo. Rapha parecia perdido, sem saber se olhava meu rosto ou sua mão, principalmente quando já tinha dois dedos em mim. Ele molhava os lábios com a língua para depois mordê-los e sua respiração era ofegante.
Chamei seu nome e fiz um gesto com o dedo para que ele viesse até mim, e foi o que ele fez. Abracei-o, fazendo com que se deitasse sobre mim e envolvi sua cintura com minhas pernas. Movi meus quadris lentamente, indicando o que queria e esperei por Rapha. Logo ele estava posicionado e começava a entra em mim. Há meses eu não fazia sexo, e juntando isso ao fato de eu estar nervoso por Rapha ser meu parceiro, não foi muito fácil no começo. Rapha tentou parar, mas eu o encorajei a continuar e quando finalmente ele estava dentro de mim, nos abraçamos com força.
R: Tudo bem?
K: Sim.
R: Kim?
K: Hm?
R: Eu te amo.
E dizendo isso saiu um pouco e voltou a se empurrar para dentro de mim. Só consegui responder com gemidos, pois depois disso os movimentos apenas se intensificaram. Nossos corpos se movimentavam de maneira perfeita, quase como se fossemos um só. Os olhos de Rapha não deixavam os meu e o pequeno sorriso em seu rosto suado era tudo o que eu queria. Não sei dizer quanto tempo ficamos ali. Algumas vezes Rapha parava e ficava apenas abraçado comigo, esperando que sua respiração se acalmasse, para então começar a se mover novamente. Foi uma experiência extremamente prazerosa e até um pouco torturante, mas para ele do que para mim, que não consegui aguentar e cheguei ao clímax duas vezes durante a transa. Quando Rapha também chegou lá, fechou os olhos com força, mordendo os lábios e eu achei a cena inebriante. Acho que nada faz uma pessoa se sentir melhor do que saber que proporcionou prazer à pessoa que ama.
Ele deitou sobre mim, soltando todo o seu peso e me deixando um pouco sem ar. Senti seus beijos em meu ombro e acariciei seus cabelos. Ele levantou o rosto e sorriu para mim, os olhos brilhando, assim como os meus deveriam estar.
R: Te amo. Eu te amo muito.
Ri.
K: Você está com cara de bobo.
R: Estou mesmo. Com cara de bobo apaixonado.
Beijei sua boca.
K: Eu também te amo. Sempre amei.
Rapha saiu de cima de mim e deitou ao meu lado, acariciando meu rosto.
R: Nunca mais vou sair de perto de você.
K: Promete?
R: Prometo.
Fomos interrompidos pelo som do meu estômago reclamando, pois já era fim de tarde e eu não tinha comido nada.
R: Achei que eu tinha matado a sua fome... AI! Kim, não precisava me morder!
K: Você pediu.
Ele riu e levantou.
R: Vem. Vamos preparar alguma coisa pra comer.
K: Você vai assim?
R: Bom, se você quiser eu visto alguma coisa, mas eu, com certeza, não quero que você vista nada.
Me levantei também e o abracei, escondendo o rosto em seu pescoço. Eu queria perder logo aquela vergonha que ainda sentia com ele.
K: Vamos logo pra cozinha, eu vou fazer uma omelete.
R: OBA!
Os dois dias que se seguiram foram como um sonho pra mim. Rapha e eu não saíamos do quarto (ou seria melhor dizer da cama?) para quase nada, a não ser comer. Isso quando não trazíamos a comida para a cama! Era uma experiência totalmente nova para mim, já que durante meu namoro com Higor nós nunca tínhamos tanto tempo de privacidade, nem um lugar que fosse só nosso. Nós dois ignoramos completamente telefones e celulares durante aquele tempo também. Rapha fazia piada dizendo que a mãe dele já devia estar prestes a chamar a polícia e que a qualquer hora arrombariam a nossa porta e nos pegariam na cama. E com essas coisas todo o constrangimento ia se dissipando e a intimidade aumentando. A curiosidade de Rapha foi algo que me surpreendeu muito. Se na nossa primeira vez ele estava receoso e nós ficamos só em terrenos seguro, nas outras ele fez questão de tentar tudo o que podia, me perguntando e testando por si próprio, me deixando até sem graça tamanha era a sua curiosidade.
Quando finalmente decidimos que era hora de sair da cama e nos levantamos para nos vestirmos e sairmos para dar uma volta foi que eu chequei meu celular. A quantidade de ligações perdidas e mensagens recebidas era absurda. A principio eu ri, lembrando de como Rapha me impedia de levantar toda vez que ouvia o celular tocar, mas logo fiquei sério. As ligações e mensagens eram de Higor. A principio ele me desejava feliz ano novo e dizia que sentia saudades, mas depois começava a perguntar porque eu não respondia, se estava tudo bem, pediam que eu não fizesse isso com ele, que não o deixasse tão preocupado. Chegou até a perguntar se eu estava chateado com ele, se tinha feito algo de errado. Meu coração, que fazia pouco tempo estava enorme, agora parecia ser do tamanho de um grão de arroz, de tão comprimido que ficou com tudo aquilo. Liguei imediatamente para ele.
H: KIM! O que houve? Por que você sumiu? Aconteceu alguma coisa? Eu estava tão preocupado! Já estava imaginando mil e uma coisas e...
K: Calma, Higor. Tá tudo bem. Não aconteceu nada. Desculpe por não ter atendido as ligações, eu estava... ocupado.
H: Ocupado? Poxa, Kim! Estava tão ocupado assim que não podia me ligar de volta? O que foi que aconteceu?
K: ...
H: Fala logo, Kim. Não adianta ficar tentando esconder, dá pra ouvir na sua voz que alguma coisa mudou. Quero saber o que foi.
K: Desculpa, Higor. Eu não atendi o celular esses dias porque... eu tava com o Rapha...
H: Como assim você tava com ele?
K: Eu... a gente se acertou... de vez.
H: COMO ASSIM VOCÊS SE ACERTARAM???
Ele estava quase gritando.
H: Quer dizer que eu passei esses dias te ligando, preocupado contigo... E você estava na cama com ele?
K: ...
Fiquei sem saber o que dizer. Era a verdade, mas dita daquela forma, vinda da boca dele, fazia parecer uma coisa ruim.
H: Tá certo, Kim. Agora eu já sei que você está vivo e que eu fui um idiota de ficar ligando e atrapalhando vocês. Pode voltar pra ele, sejam felizes. Tchau.
K: Higor! Higor, espera aí! Por que você tá fazendo isso? Não precisa ser assim. Eu pensei que a gente pudesse ser amigo...
H: A gente pode, Kim. A gente pode, mas não agora.
K: Quando?
H: Não sei. Mas não vai ser agora. Não vai ser tão cedo.
K: Higor...
Chamei quase chorando.
K: Como é que eu vou saber...?
H: Não sei, Kim. Tudo tem o seu momento. E nesse momento eu estou sobrando. Não quero mais atrapalhar vocês. Tchau...
K: …
H: Tchau, Kim.
K: Tchau...
Foi assim que ele desligou e os primeiros minutos de um longo tempo de distância entre nós dois se passaram comigo olhando para o celular. Rapha entrou no quarto algum tempo depois e parou ao meu lado.
R: Kim? O que houve? Quem era no telefone?
K: O Higor. Eu... contei pra ele sobre a gente. Ele não quer me ver nem falar comigo... pelo menos por um tempo...
R: É por causa dele que você tá assim? Kim... eu pensei que não tivesse mais nada entre vocês.
K: Não tem. Não tem, mas ele foi meu namorado, Rapha. Ele é muito importante pra mim.
R: Quer dizer que pra ser importante pra você tem que ter sido seu namorado?
K: Claro que...!
Mas antes que eu pudesse responder, Rapha me abraçou por trás e encostou o queixo em meu ombro.
R: Então namora comigo.
K: Acho que esse não é o melhor momento pra me pedir em namoro, Rapha...
R: Eu não ligo. Namora comigo, Kim. Deixa eu voltar pro lugar de onde nunca devia ter saído. Do seu lado.
Virei de frente pra ele e o abracei.
K: Te amo.
R: Eu também te amo, muito.
Ficamos abraçados por um tempo, enquanto Rapha fazia carinho em minhas costas.
R: Kim...?
K: Oi?
R: Você ainda não me deu uma resposta.
Ri de leve.
K: É claro que eu namoro com você.
Ele sorriu e beijou minha boca, me levando de volta para acama. Desistimos de sair e ficamos parte daquele dia abraçados, trocando carinhos leves. Rapha sabia que não tinha clima para nada além daquilo e me respeitou. Era difícil conciliar dois sentimentos tão diferentes: a tristeza por ter que me afastar tanto de Higor e a felicidade por estar com Rapha. Me abracei a ele com força. Eu amava tanto aquele homem. Eu amava tanto aqueles dois.
A primeira pessoa a saber sobre o nosso namoro foi, é claro, o André. No dia seguinte, quando acordei, Rapha já não estava na cama. Aproveitei para tomar um banho no banheiro dele mesmo e acabar com a minha cara de quem passara boa parte da noite acordado. Levei um bom tempo lá, demorando o máximo que podia para passar o sabonete sobre a pele e ficar com o cheiro de Rapha. Também lavei os cabelos, lembrando que comentara, na noite passada, que eles já estavam grandes demais e Rapha dissera que não queria que eu os cortasse pois gostava deles assim. Saí do banheiro apenas de cueca e, com preguiça de ir até meu quarto pegar outra roupa, coloquei uma das camisetas de Rapha. Cheguei na sala e tive a surpresa de dar de cara com André, sentado no sofá, conversando com Rapha, que estava na poltrona.
A: E ai, Bela Adormecida?
K: Oi, André. Eu não sabia que você estava aqui. Espera ai que eu vou colocar uma roupa.
A: Até parece que tem alguma coisa ai que eu já não tenha visto.
Fingi uma cara de revolta.
K: É claro que tem!!!
Ele riu com vontade.
A: Deixa de besteira, moleque. Senta aí.
R: Vem cá, Kim.
Rapha me chamou com a mão esticada. Fiquei meio sem jeito, por estarmos na frente do André e comigo vestido daquela forma, mas fui. Quando cheguei perto o suficiente, ele segurou meu pulso e me puxou para sentar em seu colo, abraçando minha cintura.
R: Bom dia.
Ele sussurrou, me dando um beijo de leve, que me fez ficar vermelho da cabeça aos pés. Era muito estranho estar numa situação tão íntima na frente de outra pessoa, mesmo que fosse o André.
A: Assim vocês vão acabar me contaminando com todo esse romantismo cor-de-rosa.
André comentou debochado, fazendo com que Rapha risse e eu ficasse com mais vergonha ainda.
R: Para de bobagem, André. Está deixando o Kim sem graça.
A: Tudo bem, tudo bem. Agora que o Kim já tá aqui, por que é que você me chamou aqui?
K: Foi você quem chamou ele?
Perguntei baixinho, perto da orelha de Rapha. Ele fez que sim com a cabeça.
R: Kim, você sabe que o André é como um irmão pra mim, né? Eu queria que ele fosse o primeiro a saber que a gente tá junto.
A: Mas disso eu já sei desde o Réveillon!
R: Mas agora eu pedi o Kim em namoro.
André arregalou os olhos por um momento, mas logo abriu aquele sorrisão característico dele.
A: Quer dizer que agora é oficial? Parabéns, meu irmão!
E dizendo isso, ele se levantou e abraçou a nós dois com força. Eu estava morrendo de vergonha com toda aquela situação, mas também estava feliz pela forma que Rapha falava do nosso relacionamento sem o menor receio.
Outra coisa maravilhosa que aconteceu logo no início daquele ano foi eu passar para a faculdade. Rapha tomou o maior susto quando eu o acordei no meio da noite, pulando na cama e enchendo ele de beijos. Tivemos a nossa comemoração particular e depois, quando eu estava deitado com a cabeça em sua barriga, quase pegando no sono, enquanto ele brincava com meus cabelos, ele me fez uma proposta irrecusável.
R: Kim, o que você acha de nós fazermos uma viagem pra comemorar que você passou no vestibular? A gente podia ir pra uma cidade de praia, algum lugar que você não conheça ainda.
Nem preciso dizer que adorei a ideia. Viajar com Rapha para uma cidade de praia era tudo o que eu mais queria. Foi assim que nós acabamos numa cidadezinha pequena, cercada por praias, aonde só se chegava de barca. Nós ficamos numa pousada pequena, mas muito aconchegante, o colchão era macio e os edredons eram grossos, nós dormíamos no ar condicionado todas as noites. Chegamos lá a noite e caímos na cama, de tão cansados da viagem que estávamos. No outro dia acordamos muito cedo e fomos dar uma volta pela cidade, que não estava muito cheia, e Rapha resolveu que ali nós não deveríamos esconder que estávamos juntos. Eu achava que a qualquer momento podia acordar daquele sonho em que aquele homem não tinha vergonha nem medo de me assumir pro mundo. Algumas vezes, claro, passávamos por pessoas que nos olhavam de cara feia, e uma ou outra vez eu retirei discretamente minha mão da de Rapha, usando a desculpa de que queria olhar uma vitrine, para evitar uma possível confusão.
Passamos na frente de um lugar que vendia passeios de barcos para as praias mais distantes e o primeiro do dia iria sair em poucos minutos. Rapha não precisou nem perguntar se eu estava interessado, ele só deu uma olhada para meu rosto entrou na loja. Logo nós estávamos no barquinho com mais algumas poucas pessoas, a maioria casais jovens, e eu fui logo me sentar na beirada para ver a paisagem. Era indescritível aquela sensação de estar correndo sobre as águas, o vento batendo no rosto, aquele cheiro de mar, as ondas batendo no barco. Eu estava sentado com uma perna de apoio dentro do barco e a outra pendurada para fora. Rapha se sentou atrás de mim e passou os braços por minha cintura.
R: Gostando?
K: Muito! É lindo demais.
R: Eu estava conversando com o capitão e ele disse que daqui a pouco vamos parar num ponto em que as pessoas poderão mergulhar a alimentar os peixes. Como eu sei que você não gosta de água, disse a ele que nem precisava, que podíamos ir direto para a terra firme e...
K: RAPHA!!!
Ele riu e me abraçou com mais força, dando um beijinho, que ele deve ter considerado discreto, no meu pescoço. Em pouco tempo o barco estava parado e eu fui logo pulando no mar. A água era azulzinha e cheia de peixes que não tinham medo de chegar perto, eles não só chegavam como davam pequenas mordidinhas na gente. Rapha ficou no barco, rindo de mim e tirando fotos enquanto eu insistia pra que ele entrasse na água também. Um casal se aproximou dele e a moça se ofereceu para bater fotos nossas. Ela tinha um sorriso bonito, simpático, e o rapaz também era muito bonito. Ela explicou que não sabia nadar, por isso eles ficariam no barco. Rapha aceitou e entrou na água, onde ficamos durante todo o tempo em que o barco ficou parado ali. Quando voltamos para dentro e a moça nos entregou a máquina fotográfica, vi que ela tinha tirado muitas fotos, em momentos que nós nem estávamos olhando. Ficaram bonitas, mas eu fiquei com vergonha porque nos flagravam em momentos pessoais: um olhar carinhoso, um sorriso especial.
Dessa vez nós fomos sentar na proa, a parte da frente, do barco e o casal foi conosco. Ficamos um tempo conversando e eles nos contaram que se chamavam Camila e Diogo e que aqueles era o ultimo dia deles na cidade. Conversa vai, conversa vem, frutas foram servidas e eu fui até lá buscar algumas para Rapha e eu. Enquanto eu beliscava algumas uvas, reparei que a garoto tinha se inclinado para perto de Rapha e cochichava alguma coisa em seu ouvido enquanto que o namorado dela tinha os olhos fixos em mim. Fiquei sem graça e voltei a prestar atenção no que eu estava fazendo, mas coloquei tudo no prato com um pouquinho mais de pressa para voltar logo para o lado de Rapha. Quando me aproximei, notei que Rapha parecia um pouco corado, mas poderia ser só o sol. Ele logo estendeu os braços, usando uma mão para pegar o prato de frutas e outra para puxar minha cintura, fazendo com que eu sentasse quase em seu colo e depois me abraçando. Cheguei perto de seu ouvido e perguntei baixinho o que eles estavam conversando, mas ele apenas balançou a cabeça e disse que depois me contava.
Algum tempo depois, o barco ancorou numa praia pequena e escura, feinha. Rapha olhou para a minha cara de decepção e riu, me abraçando.
R: Que foi?
Sorri amarelo e fiz um sinal negativo com a cabeça para indicar que não era nada. Ele voltou a rir.
R: Nós não vamos ficar aqui nessa praia, Kim. Vamos pegar uma trilha que dá em outra praia, que é muito bonita. Você vai gostar, tenho certeza.
Ainda desconfiado, desci com ele do barco e seguimos a trilha com o resto das pessoas que estavam no barco, inclusive Camila e Diogo, que sempre tentavam puxar papo com a gente, mas Rapha respondia sempre brevemente e eu me sentia intimidado pela forma como aquele garoto me olhava. Lembrei por um momento do que Higor disse uma vez, “Como é que você não percebe quando as pessoas estão claramente interessadas por você e praticamente te comem com os olhos?”, mas logo fiquei com vergonha dos meus pensamentos, não devia ser nada daquilo. Só por segurança, entrelacei meus dedos com os de Rapha, que sorriu pra mim, dando um cheiro em meu pescoço. Vou confessar que quando estávamos na metade da trilha eu já estava cansado, mas pensar em ver uma praia nova, diferente, era o que me dava motivação pra não sentar ali mesmo.
A praia em que chegamos não era muito grande, mas era de mar aberto, com ondas grandes e águas claras. A areia ali era branca e fina, fofa e quente. Achei o visual lindo, mas me incomodava um pouco o fato de ela estar cheia. Um outro barco havia ancorado há pouco tempo e todas as pessoas estavam naquela praia também. E mais uma vez Rapha me surpreendeu com o quanto me conhecia quando, após uma rápida olhada em meu rosto, segurou minha mão e pediu que eu fosse com ele. Voltamos um pedaço da trilha até uma pequena bifurcação que mal dava para notar, pois a outra estradinha se perdia no meio das plantas, e foi para lá que Rapha me guiou. Começamos a descer a trilha, que era mais íngreme do que a outra e as pedras e plantas espalhadas por ali dificultavam bastante a passagem. Várias vezes, Rapha teve de parar para me ajudar a passar por algum obstáculo, mas mesmo assim eu consegui me arranhar em diversos lugares.
Finalmente o caminho acabou e eu me vi numa praia menor do que a primeira, mas também muito bonita. A água ali era mais escura e as ondas menores, a areia também era mais grossa e se misturava a várias conchas pequenas. Nós estávamos sozinhos ali, e aquilo me agradava imensamente. Fui direto para o mar, dar um mergulho nas águas frias que estavam mais do que convidativas depois de andar por tanto tempo. Mergulhei por algum tempo, até finalmente emergir e ver que Rapha também tinha entrado e me observava com um sorriso. Correspondo, afinal, era impossível ver aquela boca linda se abrir num sorriso e não sorrir de volta, e nadei até onde ele estava. Passei os braços ao redor de seu pescoço e encostei a boca na dele, fechando os olhos para aproveitar a sensação de nossas línguas se tocando, de seu peito se movendo contra o meu enquanto ele respirava, e de suas mãos subindo e descendo pelos lados da minha cintura, devagar, me causando arrepios.
R: Você está feliz, aqui, comigo?
K: Claro que estou, Rapha. Eu não poderia estar maus feliz e não poderia ter recebido presente melhor por ter passado no vestibular do que esse.
Ele pareceu gostar do que ouviu, pois voltou a me beijar, dessa vez com mais vontade, segurando firmemente meu corpo contra o dele para que as ondas não nos afastassem. Não sei dizer quanto tempo ficamos assim até que Rapha sugeriu sairmos da água.
K: Ah não, Rapha... Só mais um pouquinho...
R: Kim, sua boca já está toda roxa e você está tremendo da cabeça aos pés.
K: Você me esquenta.
Sugeri enquanto me abraçava a ele, que riu e me afastou, fazendo um carinho em meu rosto.
R: Deixa eu te esquentar ali na areia, deixa? Prometo que vai ser mais gostoso...
Como eu poderia resistir a uma proposta daquelas? Fui com ele para a areia e observei enquanto ele foi até a mochila e tirou de lá uma toalha grande, que trouxe até mim e usou para secar meu corpo e meus cabelos e depois se secar rapidamente. Rapha estendeu a toalha na areia e me deitou ali, deitando sobre mim e, então, voltamos a nos beijar. Todos aqueles carinhos, somados ao sol, logo esquentaram nossos corpos. As mãos dele exploravam cada pedaço da minha pele que conseguiam alcançar e em pouco tempo eu já estava com as pernas afastadas, com Rapha acomodado entre minhas coxas. Minhas vontade de tê-lo cada vez mais próximo de mim era tanta que sua sunga, a única peça de roupa que usava, já estava me incomodando demais. Ainda bem que adiamos ao máximo levar aqueles toques adiante, pois algum tempo depois ouvimos vozes e tivemos de nos separar. Olhamos para a saída da trilha e de lá vinham Camila e Diogo, que nos olhava malicioso. Cheguei perto do ouvido de Rapha para fazer um comentário.
K: Estou começando a achar que eles estão nos seguindo.
Ele não respondeu, apenas acenou de volta, de maneira desanimada, quando os dois nos cumprimentaram de longe e vieram em nossa direção.
C: Imaginamos que vocês pudessem estar por aqui. Quase ninguém conhece essa praia, o acesso é mais complicado e as pessoas não querem ter trabalho. É um ótimo lugar para se ficar sozinho.
A forma como ele falava, olhando diretamente para Rapha, estava começando a me incomodar.
D: Viemos chamar vocês. O barco sai daqui 20 minutos.
Rapha olhou seu relógio de pulso e comentou comigo que realmente tínhamos perdido a noção do tempo ali. Nos levantamos e começamos a juntar as coisas, quando Diogo voltou a falar.
D: A não ser que vocês queiram ficar aqui mais tempo. Conversamos com o capitão e ele concordou em vir nos buscar mais tarde. O que vocês acham?
Rapha passou uma mão por minha cintura e me puxou para perto, sorrindo educadamente.
R: Já ficamos aqui bastante tempo. Daqui a pouco vai começar a esfriar e nós não trouxemos roupas mais quentes e nem comida.
E dizendo isso ele me puxou em direção à trilha, fingindo não ter ouvido o último comentário de Diogo, que fora feito em alto e bom som.
D: Nós podemos ajudar vocês a se esquentarem e matarem a fome.
Morrendo de vergonha, olhei para Rapha, querendo respostas, mas ele não olhou para mim, apenas fez com que eu passasse a sua frente e começasse a subir a trilha. A viagem de volta foi relativamente rápida. Eu realmente estava cansado e começava a ficar com frio. Rapha me enrolou na toalha e fez com que eu deitasse a cabeça em seu colo, onde eu logo peguei no sono. Quando saímos do barco, aqueles dois ainda vieram nos desejar que aproveitássemos o resto da viagem e ainda ressaltaram bastante que aquela seria a ultima noite deles ali, o hotel e o numero do quarto em que estariam. Nos despedimos rapidamente deles e corremos para a nossa pousadinha, direto para o chuveiro, nos enfiando sob a água morna. Muitos beijos e carinhos depois, Rapha saiu primeiro do banho para pedir algo para comermos, estávamos tão cansados que não tínhamos nem forças para ir a um restaurante. Saí do banheiro um tempo depois e Rapha me esperava na cama, onde me acomodei pra que ele secasse meus cabelos. Eu dizia que como era ele que queria que eu os mantivesse mais compridos, então ele que cuidasse dos cabelos, mas isso era só uma desculpa para ter as mãos dele em mim por mais tempo. A comida não demorou a chegar, e logo nós tínhamos devorado porções de peixe, anéis de cebola e batatas, tudo frito, acompanhado de arroz branco e uma salada simples. Tudo muito gostoso. Arrumamos tudo e Rapha já queria me puxar para que deitássemos na cama, mas eu não deixei e me sentei na frente dele, na cama.
K: Rapha, o que aqueles dois queriam? Sobre o que você ficou conversando com eles aquela hora que eu fui pegar as frutas?
R: Ah, Kim, não era nada demais. Não precisa ficar pensando nisso.
K: Mas eu quero saber, mesmo assim. O jeito que eles nos olhavam não me deixou nada confortável.
R: Tudo bem... Kim, eles estavam propondo nos encontrarmos, hum... os quatro, sabe?
Fiquei olhando para ele. Não é que eu não tivesse entendido, só não estava acreditando.
R: Ah, Kim! Eles queriam trocar de casais. Eu sabia que você ia fazer essa carinha quando eu te contasse.
K: Eu entendi. Rapha, você negou na hora, não foi?
R: Ah, sei lá, eu fiquei meio sem saber o que dizer no começo...
K: E depois?
R: Eu disse que ia conversar com você, saber o que você achava.
K: Não acredito que você cogitou fazer uma coisa dessas!
R: Claro que não cogitei! Eu só não sabia o que fazer, eu nunca fui muito bom em sair dessas situações, quando é a mulher que está vindo em cima, não quero ser grosso sem necessidade...
K: Isso porque você só estava pensando na mulher né? Ela estava indo em cima de você, e eu? Não pensou nem um minuto que você estaria dando permissão pro cara vir em cima de mim, né?
R: Claro que não pensei! Isso sim eu nem cogitei!
K: Mais uma vez: porque você só estava pensando na mulher!
Já estávamos os dois exaltados quando ele parou, chocado ao notar meus olhos cheios d'água, então ele sorriu.
R: Kim! Você tá com ciúmes?
K: Claro! Claro que eu estou com ciúmes! Quem não ficaria ao ter o próprio namorado pensando em dormir com outra pessoa???
Respondi, já me levantando da cama para que Rapha não visse que eu estava prestes a chorar. Mas ele me segurou pelo pulso e me puxou de leve de volta para a cama.
R: Kim... Kim, volta aqui. Eu não estava pensando em dormir com ninguém, eu não pensaria... Meu amor, eu não penso em dormir com mais ninguém desde o segundo que você apareceu na minha frente quando veio morar comigo. Volta aqui, vamos conversar direito...
Claro que as palavras dele derrubaram qualquer barreira que eu pudesse ter erguido naquele momento, mas uma coisa em especial me chamou a atenção. Sentei de novo na cama.
K: Do que foi que você me chamou...?
Rapha me olhou surpreso por alguns segundos, mas logo seu rosto pareceu se iluminar e ele sorriu, se aproximando mais de mim.
R: De amor. Meu amor. Por quê? Não pode?
Respondeu, fazendo gracinha e beijando meu pescoço, logo abaixo da orelha. Acabei rindo.
K: Repete?
R: Meu amor... amor, você acredita que eu não tenho olhos pra ninguém além de você?
Eu já não conseguia mais conter meu sorriso.
K: Humm... sei não... vai ter que me convencer...
R: Pois eu convenço, meu amor... com prazer...
E ele cumpriu a promessa. Me convenceu, e muito, várias e várias vezes naquela noite.
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~ hey, people. já disse que amo um casal?! alguém perguntou sobre como Kim se sustentava, acredito que pela pensão do pai e pela ajuda que a tia fornecia, posso estar enganado mas lembro dela oferecendo $ajuda$ se ele fosse morar com "ela". té amanhã <3 ~