Nosso Amor, Meu Destino (Kim) - Cap. 10

Um conto erótico de GuiiDuque
Categoria: Homossexual
Contém 5688 palavras
Data: 03/11/2019 14:55:32

~ continuando ~

-

Ainda naquele dia, à noite, estava em meu quarto lendo um livro quando escutei a campainha tocar. Tinha quase certeza de que meu primo estava na cozinha, por isso nem me mexi. No entanto, a campainha tocou novamente, mas antes que eu pudesse realmente sair da cama para ver quem era, escutei o som da porta sendo aberta e a voz de Raphael, seguida de uma voz conhecida.

R: Pois não?

H: O Kim está?

Higor!!! Não acreditei em meus ouvidos, pulei da cama já chorando e acabei batendo a perna na mesinha de cabeceira, derrubando tudo que estava sobre ela. Não liguei para a bagunça e corri para a sala, passando por um Raphael com os olhos arregalados e me jogando nos braços de meu namorado, que tinha um sorriso divertido no rosto. Abracei-o com força, apertando cada pedaço de seu corpo contra o meu, para conferir se aquilo era mesmo verdade.

K: Você veio.

Disse baixinho, enquanto chorava.

H: É claro que eu vim. Agora, o que você acha de sairmos do corredor.

Dei um passo para trás, notando que Higor ainda estava do lado de fora da casa, e o puxei para dentro fechando a porta e o abraçando novamente. Ele afagou os meus cabelos e depois me afastou, secando minhas lágrimas e sorrindo pra mim. Meu desmanchei ao ver seus dentes branquinhos, adornados pelos lábios rosados. Percebi que ele olhou além de mim.

H: Não vai nos apresentar?

K: Ah... claro. Higor, esse é o meu primo Raphael. Raphael, esse é o Higor.

Raphael tinha um expressão séria e tensa, certamente reconhecera o nome de meu namorado na mesma hora. Higor foi muito educado, sorrindo e estendendo-lhe a mão, que meu primo apertou meio ausente.

K: Você só trouxe essa mochila?

H: Sim, não posso ficar muito, Kim...

K: Não importa, não importa. Vem, vamos colocar suas coisas no meu quarto.

H: Ah... Kim. Não sei se é uma boa ideia eu ficar aqui.

Olhei-o confuso e notei que seu olhar era dirigido à Raphael.

K: Higor pode ficar aqui, Raphael?

R: Essa casa também é sua, Kim. É você quem decide.

Respondeu sem realmente nos olhar. Sorri verdadeiramente para ele, agradecendo e segurei a mão de Higor, levando-o para dentro e voltando a abraçá-lo depois de fechar a porta. Ele beijou minha boca com vontade e todas as preocupações que me rodeavam desapareceram. Eu me sentia seguro novamente em seus braços, e não pretendia sair dali tão cedo.

H: Calma, gatinho, vai devagar. Achei que você quisesse conversar...

K: Fica quieto, Higor, me ajuda aqui.

H: Kim, você tem certeza que quer fazer isso aqui?

K: Claro que sim!

H: Pensa bem eu não sei se é uma...

K: Higor! Tira essa roupa agora ou eu tiro a força!

Ele arregalou os olhos, mas depois sorriu, puxando a camisa pela gola e jogando-a em algum canto. Nem deixei que ele terminasse de desabotoar a calça e já estava beijando-o novamente. Nunca achei que roupas pudessem ser tão incômodas! Assim que estávamos livres delas eu o empurrei para a cama e me acomodei sobre ele.

Acho que posso comparar o prazer que senti aquela noite com o da primeira vez que tomei Higor pra mim. Foi uma mistura louca de sensações e sentimentos. Era tanto amor misturado à saudade e desejo que me fazia perder a noção dos meu atos. Tinha a leve impressão de que Higor me pedia para ficar mais quieto, mas aquilo estava fora de questão pra mim. Sem opções, ele apenas segurou meus lábios nos seus, abafando as palavras e sons indistintos que eram produzidos em minha garganta. Eu também não tinha controle das minhas mãos, que passavam desesperadas por seu corpo, apertando com força, marcando a pele clara. Depois de nos amarmos intensamente, veio minha recompensa: a paz, a calma. Minha cabeça estava simplesmente vazia de pensamentos. A única coisa na qual eu conseguia me concentrar era em minha respiração acelerado e no peito de Higor, que subia e descia sob minha cabeça. Ficamos apenas abraçados por algum tempo, a falta de espaço da cama de solteiro contribuindo para a posição.

H: Alguém sabe onde foi parar meu namorado? Ele deixou a cidade há mais ou menos um mês, muito tímido, e agora me devolvem um furacão!

K: Eu estava com saudades.

H: Eu também. Não consigo nem começar a descrever o quanto gostei dessa recepção tão... eufórica.

Ri, sem graça, dando um soco de leve em seu peito e escondendo o rosto no mesmo.

H: Meu gatinho voltou!

K: Eu estava com saudades.

H: Você já disse isso, meu amor.

K: Eu estava com saudades. Eu estava com saudades. Eu estava com saudades.

Higor riu e encheu meu rosto de beijinhos. Lembrei de uma coisa muito importante naquele momento e fiquei de joelhos na cama, empurrando-o de leve para que deitasse de bruços. Ele continuava rindo, me perguntando o que eu estava fazendo. Assim que consegui colocá-lo na posição que queria, me debrucei sobre suas costas, passando os dedos pelas sardinhas que eu tanto gostava e distribuindo beijinhos por ali. Senti seu corpo arrepiar sob meus toques, o que só me incentivou a continuar.

H: Elas estão todas aí?

K: Hum... faltou uma.

Desci o dedo indicador por sua coluna, até chegar na base.

K: Aqui está. Agora sim, está conferido. Olá, senti saudades.

Brinquei, falando com a sarda perdida no fim de suas costas e dei um beijinho ali. Satisfeito com minha pequena expedição, deitei na cama e Higor me abraçou pelas costas, se aconchegando a mim. Peguei uma de suas mãos na minha, brincando com seus dedos, entrelaçando-os nos meus, enquanto ele deslizava de leve o nariz por meu pescoço.

H: Você que conversar agora?

K: Não... Quero ficar assim pra sempre.

H: Eu também, mas sabemos que não dá.

K: Vamos ficar assim só essa noite, então. Tudo bem?

H: Claro que sim.

E então eu dormi em seus braços e tive a melhor noite de sono em quase um mês morando naquele apartamento.

Abri os olhos na manhã seguinte e me virei na cama com dificuldade. Então não fora um sonho... Higor estava mesmo ali. Eu não poderia estar mais feliz, tendo como primeira visão do dia seu rosto adormecido. Ele é tão lindo dormindo, mas com certeza fica mais lindo acordado, como naquele momento que ele abriu os olhos e me olhou. Sorri, dando um selinho demorado em sua boca e me abraçando a ele, que se espreguiçou como pode, estando preso por meus braços, e acariciou meus cabelos.

K: Bom dia, meu amor.

H: Bom dia, gatinho.

Seu estômago protestou de fome e eu ri. Também estava com fome. Levantei muito a contra gosto e disse a Higor que tomasse um banho enquanto eu preparava o café e ele foi. Encontrei meu primo sentado na sala, olhando para nada em particular. Acho que o assustei quando comecei a falar.

K: Bom dia!

R: Ah... bom dia, Kim... dormiu bem?

K: Sim, muito bem. E você?

R: É...

K: Já tomou café?

R: Ainda não...

K: Então vou preparar a mesa para nós.

Eu falava animado e sorrindo, não ligando nem um pouco para a apatia de Raphael. Coloquei quase tudo que achei na geladeira sobre a mesa, frutas, queijos, leite, um monte de coisas. Chamei meu primo, que foi desanimado até a mesa e se sentou, começando a se servir. Sentei também.

R: Eu não o queria aqui...

K: Como?

R: Não queria seu namorado aqui em casa... Mas agora que vi você sorrindo desse jeito e conversando comigo normalmente, mudei de ideia. Passo por qualquer coisa pra te ver feliz.

Fiquei sem saber o que dizer, e antes que eu pudesse abrir a boca pra responder, Higor chegou, espalhando um cheiro bom de sabonete pela cozinha. Deixei a questão de lado por um segundo e me levantei, dando-lhe um selinho rápido. Ele se sentou ao meu lado e olhou para Rapha.

H: Bom dia, Raphael.

R: 'Dia.

H: Teve boa noite?

R: Na medida do possível, já que tive que aturar o barulho na casa durante algum tempo...

Engasguei com o pão e tossi bastante, com o rosto queimando de vergonha. Higor continuou inabalado, respondendo com um sorriso educado.

H: Desculpe se atrapalhamos. Não vai mais acontecer.

Meu primo pareceu tão surpreso quanto eu com a resposta simples e direta, ainda que educada. Assentiu e voltou sua atenção para o café, que comeu com um pouco mais depressa que o normal e se retirou da mesa, pedindo licença.

K: Desculpe por isso, Higor...

H: Não tem pelo que pedir desculpas.

K: Tenho sim... a culpa foi minha. Eu devia ter me controlado e...

H: Kim! Não fala besteira, meu amor. Primeiro porque eu estava mesmo esperando ser recebido calorosamente e se não tivesse sido assim, teria ficado decepcionado. E segundo porque ele só está com ciúmes, isso passa.

K: Ciúmes nada, ele está com raiva por termos desrespeitado ele na própria casa...

H: Sempre tão avoado o meu gatinho...

K: Que foi?

H: Nada. O que nós vamos fazer hoje?

K: Vou fingir que aceitei essa resposta sua... O que você acha de irmos a praia? Faz tempo que não vou.

H: Faz tempo?

K: Ah! Uma semana é muito tempo agora que eu conheci o mar.

H: Por mim tudo bem. Você vai chamar o André?

Estreitei os olhos, fingindo estar desconfiado.

K: O que é que o senhor quer com o André?

H: Bom... você falou tão bem dele que eu fiquei curioso.

K: Olha lá, Higor... Este é irmão deste aqui.

Disse apontando para um de meus olhos e depois para o outro. Tentei manter minha cara séria, mas logo caí na gargalhada, sendo acompanhado por Higor, que me abraçou, dando vários selinhos em minha boca. Liguei para André e contei a ele que Higor estava lá e se ele gostaria de nos acompanhar até a praia. Ele concordou e ficou de nos buscar. Algum tempo depois ele estava no apartamento, cumprimentando meu namorado, que assim que teve sua mão liberada olhou para mim com as sobrancelhas erguidas e olhos arregalados, ao que respondi com um beliscão em suas costas.

A: E aí, Kim... O Rapha não vem?

K: Ah... eu... não falei com ele.

Respondi envergonhado.

A: Que mancada, cara. Vai lá falar com ele que a gente espera, né não Higor?

H: Claro.

Higor me deu um sorriso encorajador, então fui até a porta do quarto de meu primo e bati. Ele logo abriu a porta, parecendo um pouco surpreso.

K: Nós vamos a praia com o André. Você quer ir também?

R: Acho que prefiro ficar em casa... mas, obrigado.

A: Deixa de ser frouxo!

Ouvimos André gritar da sala.

A: Tá com medo deles verem que eu jogo bola muito melhor que você, é?

R: Fico pronto em cinco minutos.

Voltei para a sala rindo dos métodos de persuasão de André e quando cheguei indaguei.

K: Nós vamos jogar bola?

A: Só um altinho. O pessoal do futevôlei não vai hoje, já verifiquei.

K: Ah...

Higor passou a mão por minha cintura, me fazendo sentar em seu colo e me abraçando num gesto solidário, já que sabia que eu não era nada bom em esportes que envolvessem bolas. Apenas dei de ombros e alguns minutos depois Raphael chegava na sala. Ele olhou diretamente para nós, mas desviou o olhar em seguida. Deu um abraço em André e fomos todos para o carro.

A praia estava ótima. O mar lindo, como sempre. A primeira coisa que fiz foi tirar a camisa e correr pra ele, ouvindo André reclamar que eu não tinha juízo mesmo. Higor foi comigo e ficamos um tempinho na água, conversando e trocando carinhos discretos. Quando voltamos, André já estava com a bola nas mãos, nos chamando pra jogar. Eu fui, mesmo a contra gosto.

André retirou a camisa, como sempre fazia para jogar e eu pude ouvir Higor puxar o ar com força. Já virava para ele com o intuito de repreendê-lo, quando me deparei com sua cara de bobo. Bom, eu não podia culpá-lo, até eu tivera aquela reação. Comecei a rir e ele me olhou assustado, como que pego em flagrante. Primeiro ele abriu um sorriso sem graça, mas depois se juntou a mim, me fazendo cócegas.

A: Será que dá pra vocês pararem de namorar e virem logo jogar.

André e Raphael já estavam de pé e nos observavam. Quer dizer, André nos observava com um sorriso debochado e meu primo olhava para a areia, alisando-a com o pé como se fosse muito interessante. Fomo até eles e nos posicionamos em um círculo, mas antes que começássemos, André comentou algo que eu ainda não reparara.

A: Qual é, Rapha? Vai ficar de camisa, irmão?

R: Vou.

A: Ih... olha ele! Ficou sem graça depois de eu mostrar o que tenho é? Fica assim não, amigo. Corre atrás que quando você crescer pode chegar perto disso.

R: Cala a boca.

Raphael respondeu, dando um soco no braço de André. Começamos a jogar. Ou seria melhor dizer eles começaram a jogar e eu a atrapalhar? Aquele altinho tinha um padrão bem estranho. Higor e meu primo só passavam a bola para André, além de mim, André revezava entre todos e eu, sempre que recebia a bola, a chutava pra longe, parando o jogo e fazendo alguém correr atrás dela. Engraçado como nenhuma vez fui eu a buscar a bola.

Alguns minutos de jogo e se eu, que estava sem camisa, já estava morrendo de calor, Raphael devia estar muito pior. Foi por isso que ele resolveu tirar a camisa e foi quando eu perdi totalmente a concentração no jogo. Não, não foi porque fiquei admirado com seu físico. Na verdade, não tive nem tempo de reparar nele. O que me chamou a atenção assim que ele puxou a camisa foi uma corrente comprida que ele usava ao redor do pescoço e que não carregava um pingente, mas sim um anel. O nosso anel.

Sem saber o que pensar sobre aquilo, acabei não reparando que o jogo recomeçara e só voltei para a realidade quando ouvi um deles gritar meu nome. Foquei os olhos na bola que vinha em minha direção, mas não fui rápido o suficiente para detê-la antes de atingir o meu rosto. Caí sentado, vendo tudo girar ao meu redor e sentindo meu nariz arder. Em questão de segundos, Higor estava ao meu lado, amparando minhas costas, enquanto Raphael, do outro lado, segurava meu queixo com cuidado, levantando-o.

H: Não está sangrando.

R: Mas pode começar, melhor manter a cabeça dele inclinada.

Senti Higor se mover e me acomodar em seu peito, fazendo com que eu deitasse a cabeça pra trás e a apoiasse em seu ombro. André chegou correndo, e entregou um saco para meu primo, que o colocou em me nariz. Doeu um pouco e eu tentei me afastar, mas ele apenas retirou o gelo de meu rosto e voltou a colocá-lo com mais cuidado, enquanto fazia um leve carinho em meus cabelos. Fechei os olhos, mas Raphael me chamou, perguntando se me sentia bem. Assenti e alguns minutos depois eles me ajudaram a levantar e Higor me amparou até o carro, pois ainda me sentia tonto. Raphael também ficou do meu lado o tempo todo, talvez para garantir que mais alguém me seguraria caso eu caísse.

A: Foi mal, Kim... fui eu que chutei a bola. Não vi que você tava desligado.

K: Tudo bem, André. Não precisa fazer essa cara de culpado, foi um acidente.

A: Isso é verdade, mas no que é que tu tava pensando, moleque?

K: Não lembro.

Respondi, dando uma olhada para Raphael, que olhou para o chão e depois para Higor, que ainda me olhava um pouco preocupado. Os três estavam de pé ao redor da minha cama.

R: Eu vou preparar algo para almoçarmos. Por que vocês não tomam um banho? André, usa o banheiro lá do quarto.

A: Beleza.

E assim os dois saíram do quarto. Higor se aproximou um pouco mais de mim e beijou meu nariz de leve. Já doía bem menos, estava meio dormente.

H: Você quer conversar?

K: Agora não.

H: Então vamos tomar um banho.

Tomamos banho juntos, o mais rápido que conseguimos, trocando apenas alguns beijos, e depois fomos para a cozinha, onde André e meu primo já nos esperavam de banho tomado. Sentamos a mesa e começamos a comer, até que André chama a nossa atenção.

A: Kim, sabe o que você me lembrou andando daquele jeito todo torto e dizendo que estava tonto? Nossa primeira aula de anatomia, né não Rapha? Ele saiu do laboratório passando mal. Muito fraquinho.

R: André! Vou contar daquela vez que você encheu a cara e disse que aquele travesti era a mulher mais bonita que você já tinha visto!

A: Qual é, cara? Isso é golpe baixo, ele tinha mesmo cara de mulher.

R: Ele tinha barba.

E assim nosso almoço ficou descontraído e acabamos passando o resto da tarde juntos, ouvindo casos que o André contava, o estoque de histórias dele parecia não terminar nunca. Aquela cena era estranha, mas ao mesmo tempo reconfortante. Definitivamente, a chegada de Higor foi a melhor coisa que poderia ter acontecido. Ele e Raphael até dirigiam algumas palavras um ao outro de vez em quando e aquilo me deixava feliz. André acabou ficando para o jantar. Pedimos pizza e comemos assistindo um filme. Fomos dormir bem tarde, e antes de entrar no quarto, me despedi de meu primo, que sorriu ao ouvir minha voz.

K: Boa noite, Raphael.

R: Boa noite, Kim, Higor.

H: Boa noite.

E os dois apertaram as mãos. Não entendi muito bem na hora, mas aquilo me parecia bom. O que eu menos queria era ter meu namorado brigado com meu primo, o dono da casa onde morava.

Assim que fechamos a porta, Higor retirou a camisa e a bermuda, se jogando na cama com um sorriso satisfeito, por finalmente poder descansar. Fiz o mesmo e me deitei ao seu lado, apoiando a cabeça em seu peito e sendo abraçado por ele. Cansados, dormimos rapidamente, após murmurarmos um 'boa noite' seguido de um 'eu te amo' um para o outro.

Acordei me sentindo extremamente feliz por mais uma vez ter a visão de Higor como minha primeira da manhã. Permaneci deitado, não querendo que aquele momento acabasse, mas ao acomodar melhor meu rosto em seu peito, acabei apertando demais o nariz, me fazendo gemer de dor. Senti Higor se mexer, e assim que ele notou que o gemido viera de mim, sentou-se rapidamente.

H: Está tudo bem, Kim?

K: Sim... só o nariz que ainda dói um pouquinho.

H: Vou buscar gelo para colocar aí de novo.

E dizendo isso ele se levantou e saiu do quarto, apenas de cueca. Ainda tentei avisar, mas ele saiu praticamente correndo. Algum tempo depois ele voltou, com o gelo enrolado numa toalhinha.

K: Onde você achou essa toalha?

H: Seu primo me deu.

K: Você encontrou com ele? Assim?

H: Pois é... parece que só estamos cometendo gafes esses dias. Mas assim que eu disse que você estava com dor ele correu pra pegar o gelo e a toalha pra mim.

K: Hum...

Higor voltou para o meu lado e me fez deitar em seu colo enquanto segurava o gelo em meu nariz. Senti vontade de fechar os olhos e me deixar levar pelo sono novamente, mas ele começou a falar.

H: Kim... no que é que você estava pensando quando levou a bolada? Eu vi que estava olhando para o Raphael quando tirou a camisa. Você sabe que pode ser sincero comigo... você se sentiu atraído por ele?

Sentei na cama para olhá-lo.

K: Não, Higor. Não foi isso o que aconteceu... Na verdade o que me chamou a atenção foi o anel que ele carregava naquela corrente. Você se lembra que eu te contei da vez que ele comprou anéis para dar veracidade ao nosso namorinho... Então... era aquele mesmo anel.

Higor ficou sério e calado, olhando para o chão do quarto, e quando achei que ele fosse se pronunciar, apenas me puxou para que deitasse novamente em seu colo e recolocou o gelo em meu nariz.

H: Eu não precisava que você me contasse isso pra saber que ele ainda gosta muito de você. Da mesma forma ou até mais do que quando eram crianças. Quando você levou a bolada ele ficou tão preocupado que achei que fosse bater no André por ter te machucado. Ele é super protetor... não pode me ver tocando em você que já me olha de cara feia... não gosta nem um pouco da minha presença aqui, e muito menos do nosso namoro, mas mesmo assim aceita, por você. Eu admiro a força dele...

K: Está esquecendo que ele me abandonou durante anos?

H: Não. Foi uma escolha errada, mas que não foi tomada por mal. Tudo o que ele sempre quis foi te proteger. Está claro que a meta dele ainda é essa. Você só não percebe por causa dessa barreira que a mágoa formou em você. Kim, por que você não disse a ele que o perdoou? Eu sei que perdoou.

K: Eu não sei... é tudo tão recente.

H: Está com medo do tipo de reações que ele pode causar em você depois que não tiver mais motivos para se afastar?

K: É claro que não. Higor, vamos mudar de assunto? Queria aproveitar nosso tempo juntos e não ficar falando dessas coisas.

Ele sorriu.

H: Certo. Então... aquele tal de André, hein?

K: Eu vi como você ficou babando em cima dele, não gostei nem um pouquinho.

H: Não gostou, mas não ficou com ciúmes.

K: Porque eu confio no André. E além do mais, ele tem namorada.

H: Mesmo assim, ele continua sendo um homem e tanto!

Dei um tapa em sua mão, afastando-a de meu rosto e me levantei, vestindo minha bermuda e Higor fez o mesmo.

K: Ah, é? Então vai correr atrás dele, porque daqui você não consegue mais nada.

H: Você que pensa. É só eu chegar pertinho que consigo o que eu quiser...

K: Convencido. Não vai conseguir nem chegar pertinho.

H: Isso nós vamos ver.

E dizendo isso, começou a andar em minha direção e eu saí do quarto, já correndo para que ele não me pegasse. Corri até a sala, onde dei de cara com meu primo e parei no mesmo instante. Higor também parou, logo atrás de mim. Sorri sem jeito para ele.

R: Como está o seu nariz?

K: Melhor... só dói quando eu mexo.

Respondi, tocando no nariz e fazendo uma careta de dor que fez com que Raphael sorrisse e segurasse o meu pulso.

R: Então não mexa. É... foi bom ter te encontrado aqui. Vou sair com uns amigos e acho que não durmo em casa hoje. Não precisa se preocupar se eu não voltar... Já estou de saída.

K: Ah... tudo bem. Raphael?

R: Sim?

K: Não beba muito...

Meu primo sorriu mais uma vez, assentindo e se foi com um 'até logo'. Fiquei um tempo olhando para a porta que se fechara, até que senti os braços de Higor envolta de minha cintura.

H: Não se preocupe, tenho certeza de que ele ficará bem.

Olhei para trás, sorrindo e ofereci meus lábios a ele. Aproveitei o contato, pensando na minha sorte por tê-lo ali comigo. Virei-me em seus braços e enlacei seu pescoço, escondendo meu rosto ali e fiquei quietinho, sentindo o calor e perfume de sua pele. Por um tempo, Higor apenas me abraçou de volta e fez carinhos em minhas costas.

H: Ei... você pretende se mexer por agora? Minhas pernas estão começando a formigar.

Ri da brincadeira e soltei seu pescoço, pegando sua mão na minha. Fomos até a cozinha e tomamos um café da manhã caprichado, pensando no que poderíamos fazer durante o dia. Higor queria sair para dar uma volta, enquanto eu queria ficar em casa namorando e aproveitando sua presença. Acabamos saindo um pouco, mas logo voltamos para preparar o almoço. Depois de comermos, arrastei Higor para o quarto. Fiz com que ele se deitasse na cama e me deitei sobre ele.

K: Quando é que você vai embora?

H: Amanhã.

K: Amanhã? Por que tão cedo?

H: Kim... eu te avisei quando cheguei que não poderia ficar por muito tempo. Minhas aulas vão começar logo e meus pais só permitiram que eu viesse porque prometi voltar amanhã.

Fiz biquinho, dando alguns beijinhos em seu peito.

K: Promete que vai voltar?

H: É claro que vou. Ou você acha que eu vou aguentar passar muito tempo longe do meu namorado lindo?

Sorri e acabei me perdendo ao contemplar seus olhos. Levei uma das mãos até seu rosto, passando um dedo sobre cada sobrancelha, descendo pela ponte de seu nariz, acariciei as bochechas macias e contornei os lábios, gastando mais tempo por lá. Já tinha parado de mover o dedo, que se encontrava repousado sobre a boca de Higor, enquanto eu pensava em tudo o que estava acontecendo com a minha vida, quando sinto seus lábios se separando e capturando meu dedo entre eles. Ri de sua cara divertida.

K: Quer me devolver o meu dedo, mocinho?

H: Vamos fazer uma troca.

Disse sem soltar meu dedo, fazendo com que as palavras saíssem de forma engraçada.

K: E o que você quer em troca do dedo?

H: Boca.

K: Hum... o dedo pela boca?

Fiz uma careta pensativa antes de sorrir e encostar minha boca na sua, ao mesmo tempo retirando meu dedo de lá. Nem sei ao certo quanto tempo ficamos nos beijando, só sei que em algum momento nossos lábios estavam separados e nós nos olhávamos. Meus olhos corriam por todo o seu corpo, reparando em cada pequeno detalhe, e os dele faziam o mesmo, podia quase senti-los em minha pele. Dali a um tempo o que trabalhava não eram mais as bocas, nem os olhos, mas as mãos, que tocavam cada pedacinho de pele exposta, acariciando, provocando. Fizemos amor devagar, cheio de carinho e, ao menos pra mim, saudade. Eu já antecipava tudo o que eu teria de passar quando ele se fosse. Quando tudo terminou, adormecemos juntos, mas pouco tempo depois sou acordado por seu lábios tocando meu corpo. Nossa, como é bom acordar com aquela sensação.

Passamos o resto do dia assim, na cama, nos tocando, nos descobrindo cada vez mais, nos amando sem realmente ligar pra quantas vezes o fazíamos. Higor foi meu e eu fui dele. As vezes eu não sabia se aquilo era sonho ou realidade, pois uma lentidão tomava conta de nossos corpos, fazendo com que muitas vezes acabássemos adormecendo, e assim que acordávamos já queríamos um ao outro.

Nos levantamos muitas horas depois, já tarde da noite, para jantarmos. Sentamos na sala, assistindo qualquer coisa na TV, quando sinto a necessidade de dizer algo.

K: Já estou com saudades.

H: Eu também.

Sorrimos um para o outro. Como eu amava aquele garoto...

Acordei no dia seguinte sentindo o carinho que Higor fazia em minha barriga. Sorri antes mesmo de abrir os olhos e me deparar com seus olhos azuis me encarando, deitado de lado, com a cabeça apoiada em um dos braços. Virei o rosto para ver as horas, 7 da manhã.

K: Higor! Isso são horas de acordar? Vem, vamos voltar a dormir.

Disse puxando seu braço e me virando para que ele me abraçasse. No entanto, ele não permitiu, me segurou, puxando de volta para a posição inicial.

H: Não vai querer ficar comigo essas horinhas antes de eu ir embora?

K: Você vai embora agora de manhã?

Ele assentiu, com um sorriso fraco. Suspirei e me levantei, puxando-o para o banheiro comigo. Tomamos um banho e depois café da manhã. Eu estava feliz por ter passado aqueles dias com ele, matando a saudade, mas não podia deixar de me sentir desanimado com sua partida. Estávamos sentados em minha cama, trocando beijos e abraços, quando Higor voltou a um assunto que me incomodava.

H: Kim, você se lembra do que eu te disse antes você de ir embora?

K: Sobre o que?

H: Sobre você não ter que se sentir preso a mim enquanto estiver aqui.

K: Não lembro, nem quero lembrar.

H: É sério, Kim. Por favor, me escuta. Se as coisas mudarem por aqui, entre você e o Raphael...

Me mexi, desconfortável com aquele assunto.

H: Ou com qualquer outra pessoa. Eu não estou dizendo que você vá, Kim, mas se por acaso conhecer alguém e se interessar, não quero que deixe de aproveitar a oportunidade por minha causa.

K: Isso não vai ser um problema porque eu não vou me interessar por mais ninguém.

Ele riu e fez um carinho em meu rosto.

H: Tudo bem, mas você entendeu o que eu quis dizer, não é?

K: Entendi, Higor. Mas olha... isso não vale pra você não! Se você aceita que eu fique por aí com outros caras tudo bem. Eu não quero meu namorado com qualquer um.

H: Ei! Que história é essa de outros caras? Eu não quis dizer isso!

K: Eu sei! Bobinho...

Ri de sua cara, apertando seu nariz e o beijando mais uma vez. Passamos bastante tempo namorando, como fizemos quase todo o tempo em que ele esteve comigo. Simplesmente não nos cansávamos da boca e do corpo um do outro. Vi, com tristeza, Higor colocar as poucas roupas espalhadas pelo quarto dentro de sua mochila e me estender a mão, me levando para a sala.

K: Quero ir com você até o aeroporto.

H: É melhor não, Kim. Volta pra cama, dorme mais um pouquinho.

K: Mas eu quero me despedir.

H: Vamos nos despedir aqui, vai ser doloroso se você for ao aeroporto. Quer passar por aquilo tudo de novo? Eu sei que não quero ver sua carinha chorosa mais uma vez...

Entendi o que ele queria dizer, me dando por vencido e o abraçando. Nesse momento, escutamos a porta se abrindo e meu primo entrou, nos olhando curioso. Higor me afastou de si com carinho e foi em direção a ele, estendendo a mão.

H: Eu já estou voltando pra casa. Obrigado por permitir que eu ficasse aqui, desculpe qualquer problema.

R: Ah... não foi nada, espero que faça boa viagem.

Raphael apertou a mão de Higor. Eles se olharam brevemente, pois logo os olhos de meu primo estavam sobre mim, preocupados. Meu namorado voltou a me abraçar e pediu baixinho em meu ouvido que eu não chorasse, já que eu já estava fungando em seu ombro.

K: Promete que vamos nos ver de novo?

H: É claro que vamos.

Beijei-o, pouco me importando com a presença de Raphael na sala. Higor teve de dar um passo para trás, fazendo com que nossas bocas se separassem e sorrindo para mim. Tocou em meu coração, lembrando-me de suas palavras antes da minha partida: “Não esquece que você está levando uma parte minha com você. Meu coração”.

K: Me liga quando chegar lá?

H: Ligo sim.

K: Então... boa viagem. Até mais.

H: Até mais, meu amor.

E com mais um beijo ele pegou suas coisas e saiu. Raphael foi atrás dele, sem nada dizer e demorou um pouco para voltar. Quando ele entrou de novo em casa, eu estava sentado no sofá, rosto escondido entre as mãos, cotovelos apoiados nos joelhos. Algumas lágrimas teimavam em cair e eu tentava a todo custo controlá-las. Senti o sofá afundar ao meu lado e um toque muito leve, quase inexistente, sobre minhas mãos. Levantei o rosto, olhando para o meu primo.

R: Por favor, não chora. Vocês vão se ver de novo em breve.

K: Eu não quero ficar sozinho de novo...

R: Então, deixa eu te fazer companhia? Me dá uma chance, Kim. Não quero te ver triste assim.

Ele segurou um de meus pulsos delicadamente, esperando por alguma reação que não veio. Intensificou um pouco o aperto, me trazendo para perto e me abraçando. Permiti que ele o fizesse, passando os braços por suas costas e apoiando o rosto em seu ombro. Eu ainda estava muito triste com a partida de Higor, mas, assim que seus braços me envolveram, senti um alivio grande, aquela mesma segurança que eu sentia quando era pequeno e tinha medo de algo. Era só Rapha me abraçar, que tudo ficava melhor. Algum tempo depois nos separamos, ele sorria amplamente.

R: É uma pena que você só tenha resolvido abaixar suas barreiras agora. Amanhã já estarei trabalhando e só chego em casa no inicio da noite.

K: Tudo bem... eu vou me programar para passar as tardes estudando para o vestibular.

R: Vamos fazer assim, eu venho almoçar com você todos os dias.

K: Mas você leva meia hora pra chegar no trabalho, Rapha, vai demorar muito.

R: É tão bom te ouvir me chamando de Rapha de novo.

Fiquei sem graça e abaixei um pouco a cabeça, tentando encobrir meu embaraço. Ele riu de leve e tocou minha mão novamente.

R: Eu chego uma hora mais cedo no trabalho e tiro duas horas de almoço.

K: Isso não vai te atrapalhar?

R: Não. A única coisa que vai ter que fazer é preparar o almoço. Não terei tempo para isso. Desculpe.

K: Não tem problema quanto a isso. Eu faço o almoço.

Correspondi ao seu sorriso, verdadeiramente feliz por saber que não passaria minhas tardes inteiras sozinho naquela casa.

R: Então hoje o almoço é por minha conta. Vou preparar algo e quando estiver pronto eu te chamo.

Concordei com a cabeça e fui para o quarto. Deitei e não pude deixar de sorrir, pensando que meu primo não mudara nada, sempre atencioso. Lembrei de Higor dando a entender que eu deveria perdoá-lo de uma vez. Ele estava certo. Como sempre, Higor estava certo.

-

~ oláááá, pessu! vim mais cedo hoje, talvez eu volte mais tarde, hehe. estou amando os comentários, Higor é um príncipe sem igual mesmo, sempre pensando no melhor para o Kim... até maisss <3 ~

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Comentários

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Me emocionei com o perdão do Kim, só que achei que a cena poderia ter mais uma carga de emoção. Eu quero muito que o Kim termine a história com o Higor e a relação do Raphael e Kim seja apenas fraternal.

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Estou sem palavras de tão bom que está o conto

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EITA QUE O IGOR MAL VIROU AS COSTAS E KIM JÁ ESTÁ SE ARREGANHANDO PRO RAPHAEL. COM CERTEZA KIM NÃO AMA HIGOR. LAMENTÁVEL. FOI AO QUARTO E NEM CHOROU. ISSO É TUDO MENOS AMOR E NA PRIMEIRA PESSOA QUE PENSOU FOI EM RAPHAEL. IMPERDOÁVEL. COMO IMPERDOÁVEL É ESSE LANCE DE PERDOAR RAPHAEL. ELE TEVE A OPORTUNIDADE, JOGOU FORA, SE ARREPENDEU E AGORA ESTÁ SEDUZINDO KIM. BABACA. E PIOR DE TUDO QUE O BABACA DO KIM, JÁ ESTÁ SE DERRETENDO. MAIS UMA VEZ POBRE HIGOR. RAPHAEL PRECISA ENTENDER QUE A FILA ANDA. O MUNDO GIRA E ATÉ PODE PARAR NO MESMO LUGAR MAS NUNCA NO MESMO TEMPO EM QUE GIROU. HIGOR É UM GENTLEMAN. NÃO EXISTEM MAIS HOMENS ASSIM ATUALMENTE. EU ACHO NÉ. RSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS E AINDA MAIS SENDO TÃO JOVEM. MAS, VEREMOS... UMA PENA QUE O AUTOR NÃO NOS DÁ UMA DEVOLUTIVA DOS NOSSOS COMENTÁRIOS.

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Que bom que o rapha ei Kim se entenderam. Amei o capítulo. Acho que o Higo sabe que o Kim ama e o rapha e que o rapha também o ama.

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