Perdão, padre. Porque eu pequei
Rs
Não. Não estou zombando do senhor, embora pareça. Estou apenas seguindo um protocolo, para tornar a coisa toda o mais familiar possível para você. Mas vou parar, já que meu objetivo não foi alcançado.
Lógico que vim. Sou um homem de palavra, não se esqueça disso. E falar de minha infância não é nenhum problema pra mim. Não foi uma desculpa a que usei ontem. Foi a mais pura verdade. Simplesmente não estava mais afim de ver os olhares impacientes dos outros pecadores, aguardando eu terminar para vir aqui atrás de suas palavras mágicas de absolvição.
Mas não vamos entra nesse mérito
Posso começar?
A verdade é que nós Incubus viemos a esse mundo como almas reencarnadas. Eu mesmo já tive inúmeras vidas, em inúmeros corpos, em inúmeras terras e tempos. Mas vou me enfocar agora na vida de Fábio Mendes.
Não, não nascemos com essa consciência. Quando voltamos ao mundo, até o início da adolescência, somos crianças normais. Um pouco precoses, sagazes, mas nada que possa sinalizar quanto a nossa sobrenaturalidade.
Eu então, cresci como um garoto de classe media alta, filho de um militar e uma dona de casa. Meu pai, marinheiro, vivia trabalhando embarcado. Ficava dias, as vezes meses fora alegando trabalho, mas mesmo quando criança eu sabia que havia algo a mais
Então, eu passava todo o meu tempo com minha mãe. Era o filhinho da mamãe, por assim dizer. Uma mulher forte, porém de vida castrada pelas convenções sociais. Meu pai, na maior parte ausente, era um homem conservador, duro. Trabalhador e responsável no que dizia sobre prover o sustento da família. Ou das famílias... Alerta de spoiler.
Acontece que a relação de Fábio com o pai era conturbada. Falo na terceira pessoa pois, apesar de falar de mim, não era eu em minha totalidade na época.
Fábio estava destinado a ser gay, isso é fato. Chame de fator genético, karma, orientação sexual, que a culpa é da Lady Gaga. Não interessa. Fabio gostava de meninos, mas tinha medo de se assumir. Por conta desta tendência que nesta vida eu tenho uma preferência quase exclusiva ao sexo masculino. Já transei com mulheres, mas não posso negar minha preferência. Mas o fato é que isso, com certeza traria conflitos com seu pai no futuro. Que sempre deixou claro não gostar do avanço dos "baitolas" no mundo.
Creio que minha atração por ele, em parte, foi uma tentativa inconsciente de puni-lo.
Pelo que ele fazia Fabio sofrer, mas também a mãe. Era uma mulher, no geral, solitária. Havia largado a cidade natal para seguir o marido militar. Mas não se adaptou nunca ao outro lar. Sabia que a ausência do marido se devia mais que suas obrigações com a corporação, mas fingia não saber. Ficava feliz com as poucas semanas que passava junto quando ele resolvia embarcar por la. Ela tentava esconder isso de mim, mas como falei, eu era um garoto precoce e aprendi cedo a verdade e a maldade do mundo.
A adolescência de um Incubus é conturbada, padre. Nossa memória ancestral não vem de uma vez. Ela vem chegando aos poucos, assim como nossos poderes. É uma fase difícil, onde eu estava muito confuso com relação a quem eu era. E não estou falando como um adolescente Emo comum. Falo sério. Conflitos reais.
E pior, meus desejos afloravam sem eu saber de onde vinham. Você teve um vislumbre de meu poder em nosso primeiro encontro, padre. E sabe o que eu quero dizer, quando falo que sou um homem magnético. Tudo nos Incubus é feito para ser sedutor. Nossa voz, nosso corpo, nosso cheiro. Quando jovens, não controlamos isso muito bem. E acidentes acontecem.
Meu pai foi minha primeira vítima. Quase sem querer. Estávamos em casa, apenas eu e ele. Minha mãe havia viajado para cuidar de minha avó, muito doente. Era a primeira vez que meu pai estaria em casa e ela não ficaria ali para cuidar dele.
Meu pai, naquela altura, já começava a sentir os efeitos da minha adolescência. Eu tinha um corpo bem feito, bonito. Não parecia ter apenas 15 anos. Ele jamais admitiria, mas meus músculos, minha bunda, meu rosto, tudo atraia meu pai e isso o deixava desconcertado. Nada o deixava tão medroso que a possibilidade de se tornar um dos viados que ele tanto abominava. Ele brigava comigo por qualquer coisa, queria me manter afastado, apenas pra tentar fugir da tentação. Mas a verdade é que eu também estava atraído por ele. Um homem de meia idade, forte, cabelos e barba levemente acinzentados. Porte atlético.
Eu o desejava. E cada dia que passava a culpa era afogada pelo desejo profano que brotava dentro de mim.
Foi numa tarde de domingo, quando ele voltava de uma partida amistosa de futebol com amigos, que o esperei entrar no chuveiro. Entrei no banheiro também e tirei minha roupa
Antes que ele pudesse perceber, eu já estava com ele. Meu pai levou um susto. Mandou eu sair, mas eu não obedeci. Me aproximei, fazendo-o se escorar contra a parece como se estivesse diante de um animal selvagem.
Seu órgão ensaboado já estava duro. Eu me ajoelhei diante do pai e o chupei. Ele pegou em meus ombros e tentou me empurrar, mas mesmo aqueles músculos não tinham mais forças. Suas pernas bambas. Chupei seu membro com a fome de um andarilho. Deliciando-me a cada prova, cada centímetro. Meu pai, pobre homem, não conseguiu lutar contra. Minha lingua era capaz de despertar reações nele nunca antes experimentadas. E eu, honestamente, tambem estava em êxtase. Era o primeiro pau que provava há séculos, o primeiro daquela vida. E estava curioso. O cheiro, o sabor, o calor da pele. Tudo me era interessante, tudo me era familiarmente novo. Desculpe o paradoxo.
Meu pai gozou duas vezes consecutivas dentro daquele box. Mas eu só parei quando as forças esvaíram de seu corpo e ele caiu de joelhos diante de mim, ofegante, mas pênis ainda ereto. Naquele dia eu descobrir que, se quisesse, seria capaz de literalmente matar uma pessoa de prazer. Ficamos de joelhos um pro outro, um tempinho em silêncio. Meu rosto sujo, tentando entender o que estava acontecendo. Meu pai estava com medo. Isso era fato. Mas o medo não o impediu de me possuir aquela noite
Era uma madrugada chuvosa. Meu pai estava me evitando desde o episódio do banheiro. Mas meu instinto de caça estava mais aguçado que nunca. Ouvi o som na cozinha de madrugada. Desci as escadas e o encontrei, de samba canção, tomando um copo d'água. Deu um pulo ao me ver. Não disse nada, atento enquanto eu passava por ele e pegava, eu também, um copo de água. Bebi ao seu lado em silêncio, vestindo apenas minha cueca. Meu pai terminou de beber e tentou evitar me olhar, mas também sem sair do lugar.
Deixei meu copo de lado e sem dizer nada, peguei sua mão. O fiz acariciar meu rosto. Ele respirou fundo e fechou os olhos. O órgão já ereto dentro da samba canção. Peguei sua mão e desci pelo meu peito, sentido ela tremer. Pus dentro de minha cueca, fazendo-a massagear meu pau. Gemi. Um prazer genuíno. Sem aguentar mais, ele me pegou pelos ombros. Me virou de costas e arriou minha cueca. Por um instante ele resistiu, ficou parado atrás de mim, massageando minhas nádegas. Eu, quieto, esperei para testar sua força de vontade. Ele empurrou devagar meu corpo contra a bancada da cozinha. Após me deixar inclinado, elevou uma de minhas pernas e a colocou em cima do móvel também. Encaixou a cabeça. Respiração pesada. A odisseia que travava em seu âmago.
O pau foi entrando. Sem cuidados. Meu pai era um homem bem dotado e eu era virgem. Doeu, mas não protestei. Até mesmo a dor da penetração me dava certo prazer naquele momento. Compondo aquela orquestra diabólica. Recebi o sêmen dele com prazer. Mas aquela noite não me deixou satisfeito. E meu pai foi forçado a me penetrar muitas vezes naquele período a sós. No quarto, no sofá da sala, no quintal. Onde eu queria, eu era possuído. A cada novo encontro, eu estava melhor. Meu corpo se abaptou muito facilmente a ser penetrado.
Mas sou um homem volúvel, padre, o senhor já deve ter notado. E numa manhã, deitado de barriga pra cima na sua cama, pernas abertas, olhando distraído para o teto enquanto meu pai metia em mim, decidi, assim de impulso, que não queria mais aquilo. Foi então que, sem saber como, consegui romper o controle que tinha sobre ele. Você sabe qual a sensação, padre, de estar embriagado de tesão e de repente todo aquele desejo sem sentido desaparecer, deixando para trás apenas a vergonha de perder o controle das próprias escolhas. Bem, então deve ter ao menos uma noção do que meu pai sentiu. Me largou com pressa, sentindo-se sujo. Naquele dia, ao julgar pela forma como ele me olhou, eu soube que ele vira o mal em mim.
...
Nossas vidas continuaram em sua normalidade a partir dai. Ele sempre foi um homem ausente, e continuou assim. Mas sempre cumpriu com seus deveres de provedor. Isso não posso negar. Minha mãe veio a falecer logo depois. Levada pelo mesmo câncer que matou minha avó materna meses antes. E eu aprendi desde cedo a me virar em casa sozinho. Dinheiro junca faltou, afinal papai sempre cuidou dessa parte. Mas ia pra casa cada vez menos. Preferia ficar com sua outra família, que mantinha em outro estado e eu descobrir graças ao Facebook. Mas ao fim, foi melhor assim.
Arrependimento? Não padre, por que eu me sentiria arrependido? Não costumo sentir isso, nem mesmo pelas coisas que faço sem meu controle. Seria o mesmo que um tubarão se sentir arrependido por comer o peixe.
Minha mãe? Não. Nunca senti atração por ela. Se existiu uma pessoa nessa maldita terra por quem eu senti algo mais próximo do puro, certeza foi ela. Ela jamais soube o que fiz com meu pai. E não, nunca senti remorso pelo que fiz. Nem por causa dela. Traição matrimonial já era algo ao qual ela estava acostumada. E o que eu fiz, apesar de ter prazer envolvido, foi, acima de tudo um ato egoísta de vingança. Se aquele homen tivesse estado mais em casa, se desse a atenção que ela merecia. Se não ficasse por ai se exibindo com...
Não, não estou com raiva. Pensei que isso aqui fosse um confessionário, mas o senhor parece estar empenhado em me dissecar como um animal em laboratório.
Sei que o senhor adoraria que eu sentisse um pouco de remorso. Mas aviso para não perder seu tempo.
Se tem uma coisa que sinto por minha mãe, é algo parecido com saudades. E se tem algo que sinto pelo meu pai, isso é desgosto.
Sim, ele está vivo ainda e sim, sei onde encontrar. Mas não me interessa. Ele não é mais a sombra do homem que um dia foi. Não me excita mais. E ataca-lo hoje seria o mesmo que chutar um animal abatido.
Não, ele nunca a visitou enquanto doente... Naquela época ele ja sabia que ela estava condenada. Eu também. Foi quando ele começou a ter menos vergonha da outra família...
Se seu Deus existe mesmo, padre, ele deve ter agraciado aquele homem para que eu não tivesse tomado meus poderes naquela época. Com a raiva que senti dele, nem eu sei o que poderia ter...
Estou bemDesculpe padre... Eu... Eu não sei o que aconteceu...
Me desculpe.
Se importa se adiarmos essa nossa sessão?
Eu sei que lhe prometi contar tudo, mas no momento não estou em condições de continuar. Sinto muito. Prometo retomar essa parte de minha historia outro dia. Vou me indo. Boa noite