O que eu sentia por Manuel não era, como eu considerava, uma paixão. Era, isso sim, uma predileção. Bom, ele era bonito de rosto e de corpo, mas minha fixação, como acabei me dando conta, era na verdade por órgão sexual. Fixação que, mais tarde, se desenvolveu também por órgão feminino. (Aguardem esse relato.)
Naquela tarde, um sol extemporâneo liberou o calor da terra, convidando a um mergulho. Enquanto caminhava em direção ao rio, fui alcançado por Samuel. Este trazia uma esteira. “Pra tomar sol”, explicou. O que não aconteceu. Pois, muito esperto, ele me encaminhou para outra parte do rio pouco frequentada e muito arborizada.
Lá chegando, ele estendeu a esteira, deitou-se e, sem preâmbulos, tirou o calção, expondo a primeira pica que eu havia segurado. Olhei. Também era bonita. Branca e da mesma grossura que a de Samuel, porém mais curta. Um arrepio me percorreu a espinha.
— Faz como daquela vez — pediu.
Não. Eu não ia me limitar a masturbá-lo. Hipnotizado pela visão do seu mastro rígido, deitei-me entre as suas pernas, aproximei a boca. “Você vai...?”, disse ele surpreso, exalando em seguida um longo suspiro ao sentir minha boca envolver seu pênis.
Chupei devagar, deliciando-me, querendo prolongar o momento. Mas a visão de seu pau indo e vindo entre meus lábios arredondados, as intensas sensações que eu lhe proporcionava, apressaram seu clímax. Olhos revirados, gemendo, ele encheu minha boca daquele leitinho que eu apreciava desde a primeira vez.
Como também apreciava ver e tocar um pênis bonito (alguns são muito feios). Por isso, após retirar da boca aquela mamadeira viva, fiquei ainda algum tempo a acariciá-la, inebriando-me com a mescla odorosa de esperma e saliva que a faziam dar os últimos pulinhos antes de perder a força.
— Vamos tomar banho pelados? — convidou Samuel.
Com gestos hesitantes, tirei o calção. Na parte mais rasa do rio, ele procurava sempre ficar às minhas costas, apalpando minhas nádegas. “Você tem uma bundinha bem bonitinha”, disse ele, inflando-me de orgulho. Foi quando tive consciência do meu corpo.
Novamente na esteira, ambos nus, Samuel me fez deitar de lado. Um braço sob meu pescoço, o outro puxando-me de encontro a seu corpo, ele se pôs a cutucar minha bundinha com o pau, novamente duro. Eu sentia sua rigidez em meu rego, entre as coxas, roçando o saquinho.
Era tão gostoso... tão relaxante... que acabamos adormecendo.
Foi um sono profundo. Tanto, que não percebemos uma presença que traria consequências inesperadas para a minha tranquila vida de chupador de picas — era assim que eu me considerava e foi assim que encerramos aquela tarde. Eu chupando novamente o pau de Samuel, ele despertando no momento da deliciosa ejaculação.
E a misteriosa presença de que falei acima?
Só tomei conhecimento dela no verão seguinte. Durante aquelas férias de inverno chupei ainda algumas vezes a pica dos meus “cúmplices”, como passei a denominar os que usufruem dos meus favores sexuais.
Depois, foram meses de falta.
Voltando à misteriosa presença. Bom, quem apareceu por lá foi o seu João. Proprietário de um comércio, desses que vendem de tudo, de anzol a munição para espingarda, pouco se sabia de sua vida anterior à sua vinda para a pequena cidade. Menos ainda da predileção que o mantinha solteirão aos 40 anos de idade e que o levava a viajar quase todo fim de semana numa caminhonete já um tanto rodada.
Cabelos curtos tendendo ao grisalho, rosto enrugado, braços fortes de bíceps salientes, estatura mediana, ele deparou a cena que o deixou pasmado. Lá estavam dois conhecidos (afinal, ele conhecia a todos), dormindo de conchinha, nus.
Bom, vou adiantar. As viagens que ele fazia tinham finalidade sexual. Homossexual ativo, ele se aliviava em outra cidade.
“Vejam só!”, pensou ele ao ver-nos. “Eu indo tão longe atrás de um cuzinho, e tem um bem aqui pertinho. E bem novinho, como eu gosto!” Mas, por alguma razão, demorou a mostrar as unhas
E o fez numa tarde em que mamãe me mandou ao seu comércio.
— Tô sabendo... — disse ele em tom malicioso.
— Sabendo o quê, seu João?
Ele se debruçou sobre o balcão para me confidenciar:
— Tô sabendo que você gosta de dar o rabo.
— Como assim, seu João!? — sobressaltei-me.
— Eu vi você com o Samuel lá no rio — esclareceu. — Ele estava te comendo.
Estarrecido, tive vontade de sair correndo. Em vez disso, tentei remediar:
— A gente só estava dormindo... isso que o senhor diz... isso eu nunca fiz.
— Bom — disse seu João consultando o relógio. — São 6 horas. É hora de fechar. Mas não vá embora ainda. Temos uns assuntos a tratar.
Fiquei. Por que fiquei? Não sei. Só sei que, fechadas as portas, ele me deu um bombom, sentou-se numa cadeira de palha, acendeu um cigarro.
—Vamos fazer um trato — propôs. — Você dá pra mim, e eu não conto nada do que eu vi pra tua mãe.
Chantagem.
— Já disse que nunca fiz isso, seu João.
— Tá bom — disse ele. — Vou fazer de conta que acredito.
— Já posso ir?
— Não sem antes me mostrar a bundinha — respondeu.
Concordei. Baixando o short, expus minhas nádegas, que ele se pôs a apalpar com lascívia.
— Adoro um cuzinho de rapazinho — dizia ele. — E você tem uma bundinha muito bonita. Senta aqui.
Um elogio à minha bunda era uma ordem. Ele jogou fora o cigarro, ajeitou meu traseiro sobre a ereção que eu sentia através de sua calça, enlaçou meu corpo à altura da barriga. E decidiu ir por etapas.
— Posso encostar o pau?
Sem esperar resposta, ele baixou as calças, matando a curiosidade que já me dominava. Nem bonita, nem feia, a pica de seu João era percorrida por longas veias e tinha a glande exposta devido à circuncisão. Quanto às dimensões, não ultrapassava muito as que eu conhecia.
Ai, a emoção!
Controlando o impulso de segurá-la, virei-me e, apoiado no balcão, senti sua dureza percorrer o reguinho entre as minhas nádegas. Aquilo era muito bom. Sem me dar conta, eu empinava a bunda, de modo a sentir a cabeçorra cutucar meu ânus. Recebendo sua respiração pesada em minha nuca, ouvindo suas palavras (“ai, Paulinho, que bundinha linda, que tesão...) eu me sentia desejado. E ser desejado por aquele homem considerado rico era quase um privilégio.
— Ai, vou gozar... — sussurrou ele.
Gozou, tirou a camisa e, com ela, limpou a minha bunda do esperma que escorria antes que manchasse o short, o que provavelmente me criaria algum embaraço em casa.
— Da próxima vez — disse ele. — A gente fica pelado pra evitar manchas na tua roupa.
Próxima vez?
CONTINUA
Este relato foi revisado por Érika. Leia suas aventuras no link seguinte:
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