CAPÍTULO 04 – O QUE ESPERAMOS DO AMANHÃ?
Não são as outras pessoas que nos decepcionam, somos nós que criamos expectativas nelas.
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Eu achei que estaria tudo normal na segunda-feira, que seria um dia normal, mas não foi.
Cheguei no colégio e o Lucas estava conversando com a Julia e quando me aproximei eles cortaram o assunto, como se não quisessem que eu ouvisse.
- Bom dia! – Falei ao me aproximar deles, o que estava falando?
- Nada. – Falou a Julia ao trocar um olhar rápido com o Lucas.
Não quis insistir e fomos para a sala. Tivemos aula e após o intervalo a professora iria aplicar a prova. Durante o intervalo a Julia sumiu com o Lucas dizendo que iam na biblioteca para pegar um livro emprestado depois que saíssem do refeitório e eu fiquei na sala, revisando para a prova.
Após o sinal tocar, ambos chegaram na sala e sentaram no lugar deles. A professora aplicou a prova.
A Julia terminou a prova e o Lucas em seguida e saíra da sala, meia hora depois eu sai e fui encontra-los, que estavam embaixo de uma árvore conversando e pararam novamente quando eu cheguei.
Não tive tempo de falar com o Lucas, sequer tocamos no que aconteceu no fim de semana e eu não sabia se isso era bom ou ruim.
Passei a ir a pé todos os dias com a Julia e com o Lucas. Quando deixamos a Julia em casa, seguimos para nossas casas, ele ia com o fone e não falou nada praticamente o caminho todo e eu também não puxei assunto.
Quando estávamos chegando perto da minha casa ele enfim abriu a boca.
- David, o que você acha de ir lá pra casa na sexta a noite para a gente comer pizza e ver filme, vou chamar a Julia também.
- Pode ser. – Concordei e o assunto morreu ali.
Cheguei em casa, almocei e fui estudar um pouco. Entrei no facebook depois que parei de estudar para conversar com o Lucas, mas ele não estava online o que me deixou intrigado. Ou tinha acontecido alguma coisa, ou ele estava dando um de doido e só queria sexo mesmo desde o início.
A semana transcorreu normalmente, sempre a mesma coisa, era uma monotonia. As coisas começaram mais a agir normalmente, mas ainda algumas vezes peguei a Julia e o Lucas cochichando e paravam quando eu chegava. Aquilo estava me deixando puto, o Lucas agindo como um babaca e a Julia, que era minha melhor amiga me fazendo de trouxa.
Comecei a imaginar de eles não estava ficando as escondidas, algumas vezes durantes as aulas ou no intervalo eles sumiam e depois apareciam quase na mesma hora. Na quinta-feira aquilo já estava passando dos limites eu estava para mandar os dois a merda. Mas eles não sumiram na quinta, ao contrário estavam muito cuidadosos comigo. Não tivemos as duas aulas após o intervalo e teríamos a última e ficamos um bom tempo de bobeira.
- David? – Falou a Julia. – Sexta-feira é seu aniversário onde vamos comemorar?
- Sexta? – Perguntou o Lucas.
- Sim. Costumamos sair para comemorar.
- Não sei se quero ir para nenhum lugar Julia. – Estou meio sem clima para isso.
- Que nada cara. – Interveio o Lucas. – Vamos comemorar. Sair para uma pizzaria.
- Pode ser. Mas você tinha chamado para irmos para a sua casa. – Lembrei ele.
- Mas eu não sabia que era seu aniversário. E você poderia ter me dito.
- Acabei esquecendo.
- Mas podemos ir para a minha casa e pedimos pizza e comemoramos lá mesmo.
- Não me leve a mal Lucas, mas prefiro a pizzaria. – Falou a Julia.
- Tá bem então.
A última aula era de história, o professor passou um estudo de caso para fazermos e apresentar em cinco pessoas, ele dividiu a sala em grupos e eu e os meninos ficamos em equipes separada. Eu fiquei com o João Paulo, o Victor, a Bárbara e a Jaqueline.
Era estranho, eu estudava com eles, mas não conhecia eles além do dia a dia. O máximo que eu tinha falado com eles era um oi. O Victor, eu já tive uma quedinha por ele, mas nunca tive coragem de desenvolver isso, ele havia entrado na escola no meio do ano anterior, mas nunca tivemos interação, só coisas básicas.
Fizemos o trabalho e começou as apresentações, as equipes que não dessem tempo apresentar ficariam para apresentar no dia seguinte, nas duas últimas aulas, que seria do professor de história. Só deu tempo duas equipes apresentar, ficou a minha e maia três para o dia seguinte.
- A gente vai conversando sobre o trabalho, pode ser? – Perguntou o Victor.
Todos concordaram.
- Me passem o número de vocês que a gente vai conversando e ver como fica a apresentação para ficar mais organizada.
Todos passaram o número para o Victor e ele ficou de falar com a gente.
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Era por volta das 17:00 quando meu celular tocou, era um número que não tinha na minha agenda.
- Alô. – Falei.
- David Raphael? – Falou a voz de um cara do outro lado da linha.
- Quem é?
- É o Victor. Tudo bem?
- Oh Victor. Tudo bem e com você?
- Estou bem. Ligando para você salvar o número aí, a apresentação vai permanecer como decidimos na sala, eu estava vendo e está tudo ok.
- Tranquilo Victor.
- Até mais David Raphael.
- Até mais.
***
Na sexta quando cheguei no colégio a Julia já veio logo me abraçando e desejando parabéns, ela me abraçou e o Lucas igualmente. Outros colegas da sala que viram vieram me desejar parabéns também.
Na hora do intervalo quando eu estávamos em baixo de uma das árvores que tinha no colégio, onde costumávamos ficar, o Victor chegou onde estávamos.
- Olá galera. – Falou ele cumprimentando a Julia e o Lucas. – David Raphael.
- Oi Victor.
- Podemos conversar?
- Sim.
Ele deu de ombros.
- Seria meio em particular.
- Ok. – Falei me levantando e indo para um canto com ele.
Ele me desejou os parabéns, me cumprimentando com um aperto de mão. Logo falou que não era para aquilo que ele tinha me chamado em particular.
- Desculpa lhe incomodar, mas eu queria saber se você não quer ir no meu aniversário? Vai ser no sábado a noite na minha casa, é uma coisa simples, só algumas pessoas mais próximas.
- Tem certeza que você está me convidando? – Falei. – Não quero ser rude, mas não somos próximos. Pelo menos não que eu saiba.
- Eu sei, mas não significa que não possamos ser.
- Hum. Tá bem. Obrigado pelo convite, não prometo, mas nem que seja uma passadinha eu dou lá.
- Obrigado. Até mais.
Voltei para onde eu estava e a Julia perguntou o que era, meio curiosa e o Lucas também, mas não perguntou. Eu falei que ele tinha me convidado para o aniversário dele e eles disseram que ambos também tinham sido convidados.
Voltamos para a sala. As esquipes apresentaram os trabalhos e logo fomos liberados.
Perto das 17:00 o Lucas e a Julia tinha me mandado uma mensagem confirmando a ida para a pizzaria. Os pais do Lucas iriam nos deixar lá e nos buscar depois.
Quando foi 19:00 o Lucas estava na minha porta com os pais e a Julia me esperando, eles nos deixaram na pizzaria e foram embora.
Pedimos uma pizza e ficamos lá nos divertindo por quase duas horas. Quando foi 20:30 os pais do Lucas chegaram para nos buscar e fomos para casa. Quando cheguei em casa me despedi e entrei. Tentei abri a porta da frente, mas não abriu acho que a chave estava travada pelo lado de dentro, tive que dá a volta pela porta dos fundos. Quando fui tentar abrir também não consegui, fiquei quase cinco minutos tentando abrir e não conseguia. Tiver que ir para a frente novamente tentar abrir ou torcer para que minha mãe ouvisse eu chamar.
Quando tentei abrir a porta abril facilmente, o que achei estranho, pois a pouco tinha tentado abrir e não tinha conseguido. Estava tudo escuro dentro de casa, o que não era de costume. Fechei a porta e acendi a luz e levei um baita susto quando gritaram.
- SURPRESA! – Gritaram em um coro só e começaram a cantar parabéns.
Meus pais, minha irmã, alguns amigos estavam, colegas da escola, até o Victor e a Julia, o Lucas e os pais deles, foi aí que a ficha caiu. Eles tinha me enrolado para sairmos e prepararem a festa surpresa.
Nunca tinha feito festas surpresas para mim, sempre era combinado comigo e esse anos não combinaram e eu estava tão distraído com os segredos da Julia e do Lucas que nem percebi.
Cantaram os parabéns e me desejaram felicidades, todos me abraçaram, até o Victor, que eu não tinha muita intimidade. Não entendi o que eles estava fazendo ali até o Lucas e a Julia virem falar comigo.
- Deu trabalho você viu? – Falou a Julia. – Sempre que estávamos planejando você chegava e tínhamos que mudar de assunto.
- Então era isso que vocês estavam tramando?!
- Ideia do Lucas. – Os créditos são dele.
- Mas a organização teve ajuda de todos. – Admitiu ele.
- O que o Victor está fazendo aqui?
- Convidamos ele. Ele nos viu falando no colégio e ajudou a montar tudo o que seria justo chama-lo já que ele ajudou. – Falou a Julia.
O Victor chegou onde estávamos. E sentou no braço do sofá ao meu lado.
- Parabéns novamente. – Falou ele dando um lindo sorriso. Ele parecia uma criança quando ganha um brinquedo novo.
Era engraçado eu estudava com ele há quase dois anos e dentro de dois dias estávamos com uma interação maior de que no quase um ano. Eu comecei a observar que ele era um cara bem brincalhão, garotão, gentil e bem prestativo e atenciosos.
Ficamos comemorando e aos poucos o pessoal foi saindo. Ficando poucas pessoas. O Victor estava conversando com a minha mãe, que gargalhavam bastante, não sei o assunto, mas parecia ser bom.
Sai um pouco e fui lá pra fora, o céu estava lindo, era uma noite clara e o céu estava cheio de estrelas. Sentei em uma rede na garagem e logo o Lucas sentou ao meu lado. Era em um canto mais distante, quem estava dentro de casa não podia nos ver, mas nós sim se chegasse alguém.
- Agora eu posso lhe dá os parabéns de fato. – Falou o Lucas me puxando para um beijo.
Me permiti beijá-lo e logo me afastei por medo que alguém nos visse.
- Desculpa. – Falei. – Ainda não estou pronto para que saibam.
- Eu sei. Mas hoje você merece.
Ele ficou ali sentado ao meu lado e ficamos olhando o céu. No momento exato que estávamos olhando para as estrelas passou uma estrela cadente.
- Faça um pedido. – Falou ele. – Dizem que se realiza.
Eu fechei os olhos e fiz um pedido.
- O que você pediu? – Perguntou ele.
- Se acontecer eu lhe falo. – Falei.
- Não é justo.
- E você o que pediu? – Perguntei.
- Que eu possa aproveitar cada minuto com você. – Falou ele e aquilo me deu um frio na barriga. Ele falou como se estivéssemos pouco tempo.
- Nossa! Porque isso? Falou como se tivéssemos pouco tempo.
Ele não falou nada, apenas sorriu e me deu um selinho. Depois de alguns instantes ele falou.
- Quase nunca sabemos o quanto podemos aproveitar com as pessoas, por isso sou assim. Aproveito cada momento.
Eu olhei para ele, por um instante eu vi um olhar preocupado ele, que logo passou então ele me deu outro selinho e foi pegar refrigerante para a gente.
Eu fiquei ali imaginando como estava tudo tão bom. Estava no último anos do ensino médio, chegando a hora de fazer vestibular, com minha família que tanto amava e com um cara que eu estava gostando e que gostava de mim. Não poderia pedir mais nada. Por hora, estava perfeito.
- Oi. – Falou uma voz atrás de mim. Me virei e vi o Victor parado atrás da rede. Ele foi até o punho da rede e ficou me balançando.
- Oi Victor. – Falei. – Obrigado por ter vindo.
Ele deu a volta e sentou em uma cadeira em frente à rede.
- Sei que não nos conhecemos muito. Tenho menos de um ano no colégio, mas espero que possamos ser amigos. Você parece ser um cara muito legal e amigo. Sempre via você e a Julia juntos, pensava em chegar perto de vocês, ser amigo de vocês, mas tinha vergonha, sempre falaram que vocês eram a dupla perfeita, que não tinha espaço para mais ninguém junto de vocês e não gostavam de socializar com ninguém, mas ai o Lucas chegou e vi que eram só boatos, então ficamos na mesma equipe do trabalho e vi a oportunidade de me aproximar de vocês.
- Que nada Victor, somos de boa. Sempre fomos.
- Eu sei, mas você sabe como é colégio. Nunca é perfeito.
- Verdade.
A Lucas logo chegou e com ele a Julia.
- Galera, o Victor estava me falando que queria ser do “nosso grupo” – usei os dedos para fazer as aspas – por mim tudo bem e vocês?
- Por mim tranquilo. – Falou o Lucas.
- Eu estava acostumada com você e eu apenas, mas aí o Lucas chegou e já me conquistou, posso abrir mais uma vaga no meu coração para esses olhos azuis. – Falou a Julia indicando os olhos do Victor. – Amigos? – Ela falou estendendo uma mão e indicando que colocássemos as mãos por cima da dela.
- Amigos. – Falamos ao colocar as mãos umas sobre as outras.
E ali nascia uma grande amizade.
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Boa noite galera! Tá aí mais um capítulo. Espero que estejam gostando.
Tenham todos uma ótima noite e um excelente final de semana.
Abraço, se cuidem.