O Diário - Capítulo 15

Um conto erótico de Dr. X
Categoria: Gay
Contém 1699 palavras
Data: 05/04/2020 13:13:00

Daqui a pouco posto mais uma parte! Em breve chegaremos na parte inédita.

Boa leitura!

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O Diário

Capítulo quinze – O Luau

Sabe quando você passa por uma situação incômoda e deseja não pensar em nada? Eu fiquei assim depois daquele beijo, daí tomei calmante e fui dormir. Foi um sono pesado e sem sonhos, acordei com o despertador tocando ao nascer do sol. Fiz minha higiene e quando fui para cozinha, o Léo já estava lá e vestido, o café também já estava pronto. Me disse um monótono “bom-dia” e se retirou.

Havia um copo sujo na pia, então ele provavelmente já tinha feito seu desjejum. Me alimentei pensando no beijo, enquanto o Leonardo me esperava na sala.

Não trocamos uma palavra do meu apartamento até a garagem. Chegando lá ele fez com que iria dirigir e eu aceitei pois poderia me distrair, tamanho desconforto que eu sentia. Ambos parecíamos duas crianças da pré-escola após terem brigado. Leonardo sempre fora um bom motorista, pois dirigia desde muito cedo, então mesmo se ele estivesse sentindo vergonha ou algo do tipo ele não teria problema ao volante.

A todo o momento eu me lembrava do beijo. Eu tentava repelir esse pensamento, porém acabava me pegando pensando em como tinha sido bom. Eu admitia: o beijo dele estava muito melhor, diferente e mais intenso. Se me concentrasse poderia sentir seu hálito quente, sua língua úmida dançando com a minha e o doce dos lábios dele. O toque de suas mãos e a suavidade de sua pele, além da rigidez de seus músculos e a respiração alterada, mais pesada.

Quando me livrei desses pensamentos, percebi que já estávamos na avenida da orla, em direção à área da cidade menos urbanizada, com menos casas e construções menores. De repente, o Leonardo entrou numa pequena via em direção à praia, desviando do nosso caminho e freou o carro no acostamento. Ele abriu a porta e saiu do carro, caminhando meio perdido. Quando me recuperei do susto também desci e ele estava lá, olhando para o sol baixo do início da manhã, andando de um lado para o outro com as duas mãos na cabeça.

— O que aconteceu? — Perguntei com medo de sua resposta, não era a hora para aquela conversa, nem o lugar.

— Você ainda pergunta? Não posso fingir que não te beijei ontem! — Ele me respondeu assim, na lata.

— Olha, Léo. Não quero falar sobre isso agora, ok? Depois teremos tempo, mas neste momento meus colegas precisam de minha presença lá, e eu... De você... Pra me ajudar, é claro.

— Me desculpa por ontem, eu não sei onde estava com a cabeça, e você...

— Tudo bem, tudo bem. Você está desculpado, agora vamos! — O interrompi num tom mais frio do que planejei, apesar de estar dilacerado por dentro — Agora vamos!

— Sabe, quando sua mãe me ofereceu ajuda eu fiquei apreensivo, mas mesmo assim aceitei. Me lembrei daquele dia em que te vi na casa da Lívia. Te achei tão frio naquele dia e confirmei isso nos primeiros dias aqui, por isso pensei que seria mais fácil. Mas aí você me mostrou que continuava a mesma pessoa doce de sempre, a que eu amei no passado. Percebi isso no hospital, enquanto você brincava com um pequeno na pediatria, e nos dias que convivemos. Algo me dizia que você estava aí dentro e ontem eu não consegui conter algo que vem daqui de dentro, que vem me empurrando pra você. Não sei o que é, achei que já tinha superado isso, mas não. Você continua a me puxar como um imã e ontem eu me descontrolei e te beijei, mas seu beijo não curou minha dor, só a tornou maior — Quando terminou, ele já chorava.

Eu estava ali, em sua frente, digerindo todas aquelas palavras. Eu tinha que ser firme, por mim e por ele também, seria um erro desabar ali. Meu celular tocava e eu prontamente atendi, estava meio confuso, mas identifiquei que uma das pessoas da organização indagava o motivo de minha demora, balbuciei um “já estou a caminho”.

Entrei no carro, agora no banco do motorista, e aguardei o Leonardo se recompor, ele entrou evitando meu olhar e continuamos nosso caminho. Se antes eu me sentia desconfortável, imagina naquele momento? O clima no carro ficou muito pesado. Felizmente chegamos ao nosso destino sem nenhum empecilho.

Havia algumas pessoas no local já distribuíndo o material. Toda a estrutura seria montada no deck e algumas tochas e flores adornariam a faixa de areia. O trabalho foi dividido em duas partes, na primeira, pela manhã, fizemos a parte do deck. Colocamos lâmpadas, decoramos com luminárias, montamos toldos e arrumamos mesas. Montamos um pequeno palco e instalamos algumas caixas de som. Terminando esta parte, fomos almoçar.

Todo aquele trabalho estava muito divertido, todos ali estávamos felizes, inclusive o Léo e eu. Ele sorria pra mim e, pelo seu olhar, era um sorriso verdadeiro, diferente do caos de mais cedo. Após almoçarmos, descansamos um pouco e fomos para praia montar as tochas, tapetes e um pequeno toldo. Tudo isso embaixo de um sol muito forte.

Quando acabamos, todos estavam suados. Era umas 16h00min, então decidimos tomar um banho de mar para refrescar. Eu sempre levo sunga e roupa limpa no carro e o Léo estava com bermuda de Nylon, então não nos preocupamos em nos molhar. Eles correram para água e eu fui me trocar.

Deixei toda roupa no carro e fui para o mar apenas de sunga preta, que dá um ótimo contraste com minha pele. O Leonardo ficou boquiaberto quando me viu, parecia que ia me devorar. Ele nem sequer conseguiu esconder de quem estava ali o quanto ele admirou meu corpo. Até aquela altura, nunca tinha sequer tirado a camisa na frente dele. Assim que me aproximei, ele correu para o mar a se lançou na água. Na hora não entendi o porquê. Inocência minha, talvez.

O pessoal começou aquelas brincadeirinhas de jogar água uns nos outros e infelizmente, não escapei deles. Só o Leonardo tinha conseguido escapar, mas aproveitei uma distração dele e acertei água na cara dele. Ao fazer isso, ele correu atrás de mim por um bom tempo, chegamos até a nos afastar do pessoal. O clima daquela manhã havia desaparecido, eu estava consciente de tudo que estava acontecendo, mas não me importei. Viemos conversando amenidades durante um minuto, quando ele me pegou no colo e correu em direção ao mar, se lançando na água comigo.

— Me vinguei – Disse rindo

— Você me paga!

Corri atrás dele até retornamos para o grupo e ficamos por lá até a lua crescente começar a brilhar no céu do final do dia. Voltamos para casa, precisávamos de um bom banho e roupas limpas .

Usei uma blusa social branca, com um jeans escuro e sapato. o Léo usou a camisa que lhe dei, jeans claro e tênis branco, saímos de casa umas 20h00minh e chegamos à festa meia hora depois.

Houve a parte dos discursos, slide shows, apresentações. Depois rolou um showzinho ao vivo de um pequeno grupo de MPB e pop rock. Com o passar do tempo algumas pessoas foram indo embora e eu aproveitei para aproveitar a festa. Bebi alguns drinks e me sentei em uma mesa, quando o Leonardo apareceu. Começamos a falar sobre o evento e ele me elogiou pelo sucesso que estava sendo. Conversamos sobre amenidades e eu já estava meio grogue, pois não sou acostumado a beber.

Enquanto o Leonardo falava comigo senti uma mão em minhas costas e quando olhei, encontrei o Dr. Márcio sorrindo. Ele estava divino!

— Estou atrapalhando? — Perguntou-nos.

— Não — Imagina — Respondemos simultaneamente, o Léo encarava-o sério.

— Podemos falar a sós, Felipe?

— Claro, Márcio. Um momento, Léo. Dá licença. – Me levantei e saímos para uma mesa afastada da multidão, deixando o Leonardo sozinho na mesa nos encarando com uma cara emburrada. A todo o momento ele olhava na nossa direção.

— Então, Márcio. O que houve ? — Perguntei.

- Nada, só queria comentar como você está lindo. Olha, cara. Vou ser direto: eu estou afim de você! Você é muito gostoso! – Respondeu.

Ri envergonhado.

— De um tempo para cá venho percebendo o quanto você é bonito: seu sorriso, sua boca, seu jeito de ser e, é claro, tem essa sua bundinha tesuda.

Não curto homens atirados assim, mas como estava meio bêbado fui me envolvendo na conversa do Márcio. Ele pegou minha mão e um arrepio subiu pelo meu corpo, mas me lembrei do Leonardo e o clima quebrou-se. Continuamos conversando e ele dando investidas, o alcool fazia efeito e numa de suas investidas, quase nos beijamos. Eu fugia dele enquanto ele acariciava minha mão e não escondia que estava excitado com a situação. De repente, ouvi um barulho estanho vindo do palco e a voz do Leonardo:

— Uma música especial para a pessoa mais especial da minha vida.

E ele começou a tocar, os instrumentistas o acompanharam e reconheci a música na hora, “Linger” do “The Cranberries” [LINK:http://letras.mus.br/the-cranberries/80772/traducao.html]. Apesar de não fazer sentido antes, marcou nosso relacionamento. Prestando atenção na letra, meio que me identifiquei com ela, falava muito do que senti naquela época na minha cidade natal.

Pedi licença ao Márcio e corri em direção à praia, sentei na areia longe da movimentação e chorei. Senti tudo de novo, com uma intensidade que nunca havia experimentado. Abracei meus joelhos contra meu corpo e derramei algumas lágrimas. Ouvi uma movimentação e percebi que o Léo estava ali do meu lado, chorando também. Ele me puxou para seus braços e ficamos assim abraçados, jogados na areia, com a pequena banda reproduzindo a nossa música no fundo. Senti seu toque no meu rosto e ele me puxando para cima. Me abraçou e sussurrou no meu ouvido um pedido de dança, então deixei tudo aquilo que segurei por anos fluir e começamos a dançar lentamente de um lado pro outro, como tínhamos feito anos atrás. Em meio ao mar, ouvi ele dizer “você é meu, sempre foi”.

E em meio a lágrimas nos beijamos de novo. Ambos tomamos a iniciativa e eu estava decidido que me entregaria a ele outra vez, mesmo sabendo que sofreria. Me entregaria de corpo e alma mais uma vez.

CONTINUA...

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Comentários

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será que o amor está vivo sim

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