[Felipe, 9h53]
Os meus dias certamente estavam mais brilhantes depois que o Edu apareceu de surpresa pra mim. E que surpresa! Apanhar numa festa foi de longe o auge da loucura. Claro que não havia muito o que se pudesse fazer a respeito agora, mas pelo menos conseguimos controlar toda a situação. Ele e Carlos se entenderam e isso pra mim está de ótimo tamanho. Embora eu e Carlos estejamos numa situação bem diferente agora, nossas vidas estão tomando um rumo, finalmente.
Confesso que no meio disso tudo, o mais confuso pra mim até o presente momento era o que meu melhor amigo estava sentindo. O que ele quis dizer com todo aquele discurso algumas noites atrás. Será ciúmes? Atração? Amizade em risco? Não sei! Só sei que quero entender. Nunca sofri nenhum tipo de reação parecida do Carlos. Nunca mesmo. Ele nunca foi desses que fica com ciúmes de amigos. Admito que sempre foi muito parceiro e próximo, a ponto de nunca deixarem me machucar ou algo do tipo. Mas dificilmente consigo dizer que isso tem alguma relação com paixão escondida.
Ele é meu amigo. Meu melhor amigo. Me dói saber que lá no fundo ele acha que isso mudou só porque eu estou junto de outra pessoa. Mas o que posso fazer? Perguntar? Não, seria invasivo demais. Talvez eu devesse agir normalmente, demonstrar que nada mudou. Amigos são pra essas coisas...né?
Meu telefone toca e lá vou eu checar as milhares de mensagens que o Eduardo mandou.
[Edu ❤️]
Bom dia!
Cadê você, tenho que falar uma coisa!
Aparece!
Acorda, Felipe!
Te amo
Vem logo!
[Eu]
Calmaaaa!
To aqui!
Bom dia, seu chato!
[Edu ❤️]
🙂
AAh você acordou!
Amor
[Eu]
Diga, meu bem
O que te faz me acordar tão cedo
(E como você acordou tão cedo?!)
[Edu ❤️]
Besta!
Eu queria te perguntar se você não quer ir jantar
Em algum lugar diferente hoje...
[Eu]
Claro que eu quero!
Vamos!
Aonde?
[Edu ❤️]
Isso é surpresa...
Então 19 horas eu passo aí!
[Eu]
Não, Du!
Tá doido!
[Edu ❤️]
Ué, por que não?
[Eu]
Meus não sabem de você ainda
[Edu ❤️]
Então a gente vai se conhecer!
[Eu]
Mas eles também não sabem de mim né Eduardo!
[Edu ❤️]
Eu achei que seus pais soubessem
[Eu]
Não, eles não sabem
Eu sei que eles são super incríveis
Mas quero falar na hora certa
[Edu ❤️]
Okay
Mas como que eu vou te pegar então?
[Eu]
Passa no Carlos
[Edu ❤️]
Não, eu quero saber como eu vou te pegar mesmo, daquele jeito
[Eu]
AFFF EDUARDO!
KKKKKKKK para de imbecil
[Edu ❤️]
KKKK
Então ta bom meu lindoooo
19h eu estarei lá
[Eu]
Te amo!
[Edu ❤️]
Ama nada!
Té 19 horas!
Maravilha, meu namorado não consegue ser fofo! Grande dia.
Carlos a essa altura do campeonato já estava vindo pra minha casa me dar carona pra faculdade. Logo, eu não posso demorar nem sequer um segundo pois a pontualidade dele é amedrontadora quando vacilos ocorrem. Meu cabelo estava todo bagunçado quando sai de casa e entrei todo atrapalhado no carro quando ele chegou na minha casa.
- Alguém acordou tarde hoje – disse ele
- Pois é amigo, acontece nas melhores famílias
Ele sorriu e deu partida no carro. Nossa universidade ficava relativamente longe do nosso bairro, demorando cerca de 30 minutos pra chegar. Entre esse tempo pode-se dizer que Carlos e eu conversamos das mais diversas coisas que você pode imaginar. Das mais aleatórias possíveis até algo super importante mesmo. Mas ele nunca jamais ficava quieto. Acontece que hoje estávamos mergulhados num profundo mar de silêncio. Ele não tocou em nenhum assunto.
- Posso te fazer uma pergunta muito pessoal? – ele perguntou enquanto o trânsito ficava mais devagar. Na grande São Paulo é assim mesmo.
- Amigo, você sabe tudo sobre mim, não tem nada muito pessoal entre a gente – respondi
- Mas é que é algo sobre você, tipo, agora, o você de agora
- Pergunte!
- Você...você pretende ter filhos? Tipo, filhinhos mesmo...com o Eduardo
Minha cara se encheu de riso porque eu não tinha pensado naquilo ainda..
- Não sei, amigo – eu sorri – Nunca parei pra pensar nisso, acho que sim, sei lá!
- Nada demais, só que eu fiquei pensando como que seria já que você está com outro cara agora
- Carlos, é possível ter filhos sendo gay
- Eu sei, eu sei, só queria saber se você quer ter
- Sim, eu quero
- Tudo bem
- Você está preocupado com alguma coisa específica?
- Não
- Está sim, você nunca me perguntaria isso
- Lipe, eu só fiquei curioso.
- Não ficou – eu tomei coragem pra falar o que estava preso desde a última vez que eu o vi – Você está estranho desde que o Eduardo apareceu. A gente estava bem e então você mudou e agora tá perguntando se eu quero ter filhos? Carlos, eu tô num relacionamento como qualquer outro, as mesmas coisas que os outros querem, certamente eu vou querer!
Eu senti que fui super grosseiro com ele, mas acho que tudo que tinha acontecido tinha me afetado de alguma forma.
- Você acha que eu tô com ciúmes de você, né? – ele perguntou
- Sinceramente, eu acho
- Você está certo – ele disse olhando pra mim com um olhar incisivo – Eu simplesmente estou achando que você vai me esquecer porque agora vai ter de estar mais com o Eduardo do que comigo. Eu amo você, mas não do jeito que você está achando. Eu sinto que estou prestes a perder meu amigo.
- Carlos, eu estou aqui! – eu respondi – Eu só estou namorando, não te abandonando. Nunca pensei que você fosse tão sentimental assim
- Eu não sou!
- É sim, olha o que você está dizendo pra mim
- Eu to dizendo o que eu sinto, só isso
- Carlos, eu sou seu amigo, isso vai continuar, tá bom?
- Ta bom, sem problemas Felipe – ele concordou – Mas agora você já sabe o que eu sinto
- E eu agradeço por isso, sério mesmo, você é meu melhor amigo cara, isso vai continuar assim
- Tudo bem
O trânsito milagrosamente continuou e ficamos se nos falar até o final da aula.
GENTEEEEEE, VOLTEI! Tive muitos problemas, que me fizeram parar de escrever, mas cá estou eu! Me perdoem, agora vamos finalizar essa primeira parte da história! Sei que está curtíssimo esse capítulo, mas é só pra sinalizar meu retorno. Os próximos serão muuuuuuuito maiores e melhores, prometo! AMO VOCÊS!
Kimi
