Série Incubus - Cap 7: Necessidades

Um conto erótico de Fmendes
Categoria: Homossexual
Contém 1557 palavras
Data: 17/04/2020 10:32:20

Boa tarde, padre.

Sim, faz um tempo. Desculpe o sumiço. Muitas coisas para processar. Além do que, o que eu tenho a dizer ao fim, eu gostaria de adiar. Mas não posso.

Não se preocupe, não precisa ter pressa em saber. Tudo a seu tempo. Queria partilhar contigo uma coisa antes.

Sabe padre, essa semana estive em uma das boates aqui perto de sua igreja, não sei se conhece. Gosto de ir em locais assim. Rsrs Não, não é pelo motivo que o senhor está pensando. Bem... Sim, TAMBÉM é pelo motivo que o senhor acredita. Mas permita-me mostrar que sou um ser um pouco mais profundo do que imagina.

O local que mais gosto, quando estou em boates gls, são os banheiros. E o dessa é ótimo. Ali, normalimente entontramos o epicentro da luxúria do lugar. Quando entrei, já estava cheio. As 4 cabines ocupadas, em duas delas, olhando por baixo se era possível observar dois pares de pernas cada. Em outra, três pares. E na última, do canto, um par apenas. Não sabia dizer se seu residente a estava usando para os fins convencionais ou para se entorpecer. Algo muito comum nesses lugares. Nos mictórios, o flerte era solto. Haviam dois caras próximos de mim. Conversando. Um deles tinha o pênis pra fora, sem urinar. Enquanto o outro o olhava sem pudores. Os outros dois, no mictório ao lado eram mais ousados. Um tinha a mão no órgão do outro, enquanto se beijavam. Até que um deles não aguentou, inclinando o corpo e praticando sexo oral ali, para todos verem. Outros estavam como eu, ancorados nos cantos, ou aguardando a oportunidade de liberar fluidos, ou apenas para observar tudo. Ao meu lado, dois homens com as calcas arriadas, se beijando e se esfregando. E o que eu fazia ali... Nada, absolutamente nada. E era pra aquilo mesmo que eu queria estar.

Eu não estava usando minhas habilidades, padre. Nem precisava. A luxúria ali era livre, espontânea. Ali era um dos lugares no mundo em que uma presença como a minha não era percebida. Onde eu não fazia diferença.

Lugares assim são cada vez mais comuns. Pessoas assim, livres, são cada vez mais comuns.

E acredito que seja essa a razão de existirem cada vez menos de nós: não somos mais necessários.

Não padre, não são só nesses lugares. Se o senhor olhar para além de suas crenças, vai ver que o mundo mudou. Talvez estejamos sim na chamada Era de Aquário. As pessoas não são mais retidas como eram. Não eram tão críticas consigo mesmas quanto antes. E o senhor sabe que mesmo entre os religiosos como o senhor, há muita hipocrisia. Quantas pessoas pregam uma vida de castidade, mas na surdina se entregam aos seus desejos. Seja na internet, seja no submundo. Não padre, as pessoas estão sim, mais livres. Talvez não da maneira certa. Ainda falta honestidade em encarar seus desejos e assumir. Mas o fato é que não. Não somos mais necessários para este mundo. E como tal, estamos desaparecendo.

Não padre, eu não posso dizer com certeza, claro. Estou especulando. Na verdade essa minha opinião também era partilhada com Agnes. Nós dois, trabalhando naquele ambiente de luxúria que foi o cassino em Nova Orléans, percebemos como os humanos não precisavam mais daquele empurrão nosso.

Não sei. Sinto dizer padre, mas apesar de eu ser um demônio e minha existência de alguma forma lhe dar mais esperanças que suas crenças sejam verdadeiras, devo dizer que infelizmente eu tenho pouco ou nenhum conhecido a mais da natureza do divino que possa lhe passar. Não sei o que vai acontecer comigo. Para onde eu vou. Para onde meus irmãos foram.

Se estou com medo? Um pouco... E foi esse outro dos motivos de eu ir aquela boate. Eu precisava pensar em outra coisa. Ou em nada.

Mas naquele dia, naquela boate, naquele banheiro. Tive uma epifania. Algo que me fez entender pela primeira vez o que Agnês dizia. E me fez algum sentido.

Foi quando um jovem se aproximou de mim. Bonito, louro, vestia uma camiseta regata amarela, mangas cavadas, exibia os braços fortes e parte do peitoral definido. Tinha um sorriso fácil, quase infantil. Mascava chiclete e ficou me encarando, se aproximando cheio de gingado. Usava uma bermuda jeans rasgada e tênis. Chegou sem dizer nada. Sorriu mais uma vez e eu retribuí. Fui tudo o que ele precisou para se sentir convidado a abrir o zíper de minha calça e colocar meu órgão pra fora. Não fiz resistência, continuando a ficar relaxado, encostado na parede, com as pessoas olhando o garoto massagear meu pau.

Ele se aproximou e me deu um beijo estalado.

"Você é lindo" ele falou.

"Você também" respondi sinceramente.

Foi então que percebi que havia sim uma diferença no que ele falava, para o que outros tantos antes dele falaram pra mim. Era a mesma frase, o mesmo elogio com as mesmas palavras. Mas naquele momento eu tinha a total clareza que se tratava de um elogio sincero, sóbrio.

Eu não estava usando meus poderes. Como ja expliquei, naquele lugar eles não eram manifestados, por conta da luxúria já estar impregnada no ar. Normalmente eu gostava de estar lá, justamente pelo anonimato. Uma folga da atenção que normalmente chamo. Vez ou outra, como aquela, eu acabava despertando o olhar de alguém. Não por ser um Incubus, mas simplesmente por ser um homem bonito.

Foi então que pedi desculpas para Agnês, mentalmente. Afinal, eu também buscava o que ela queria. Ela tinha Ellen, eu, tinha aquele lugar. Só não tinha me dado conta disso.

O garoto a minha frente havia se interessado em mim, por mim. Sem acréscimos. Sem efeito nenhum de minhas habilidades. E sim, aquilo me fez bem.

Uma das cabines vagou, onde um casal saiu. O rapaz louro foi ágil e me puxou para dentro. Passando a frente de outros que ali esperavam uma oportunidade. Rars não. Não havia fila. A lei do mais rápido era a imperatriz.

La dentro, ele sorriu mais e me beijou de novo. Dessa vez com toda a língua. Senti o gosto de menta

"Nossa, como vc é gostoso" arfou.

E foi foi tirando a blusa, depois arriou a bermuda e a cueca. Virou de costas e empinou aquela bela bunda branca.

Não precisei de um convite. Abri suas nádegas e despejei saliva. Com calma, comecei a penetração. Entre a música alta e o burburinho do lado de fora, estava o gemido dele. E era gostoso.

Meti com mais força e levado pelo tesão, minhas habilidades foram se manifestando potencializando o prazer dele.

Não. Eu não me contive. Claro que não. Eu sou um Incubus, padre. Minhas habilidades fazem parte do que sou. Não é por que gostei de atrair como um mortal que nego minha natureza. Gosto dela. Gosto do que sou. Gosto do que só eu sou capaz de proporcionar para as pessoas. Por melhor de cama que qualquer humano seja, jamais poderá se comparar ao que um Incubus pode fazer. E o senhor saberá o que estou dizendo.

Penetrei muito. Dando a ele poderosos e longos orgasmos. Ele estava perdendo as forças. Mas não queria parar. Normalmente é dificil pra um humano se desgarrar de mim. Ou eu parava, ou a pessoa podia até desfalecer antes de querer parar.

Eu o puxei e o beijei. Aos poucos, o garoto foi se acalmando. Alisei seu corpo bem feito, deliciando-me enquanto o beijava.

Sai dali mais satisfeito do que quando entrei.

E aquilo ajudou a recuperar os ânimos. A me colocar no lugar.

...

Está tão quieto hoje, padre? Tudo bem?

Sim, claro. Pergunte.

Não. Não tenho mais vontade de correr o mundo atrás de um possível irmão vivo. Gastei mais da metade da vida de Will nessa empreitada e foi um total desperdício.

Mas eu viajo bastante, sabe? Meu trabalho exige isso.

Nunca te contei, mas eu foi doutor em direito e trabalho pra uma grande empresa de auditoria. Foi esse trabalho que me trouxe aqui, ao Rio de Janeiro. Terminei um trabalho grande, Padre. Algo que vai abalar as estruturas desse país em breve. Não vou dizer o que é. Mas você logo ficará a par pelos telejornais. Envolve gente grande, políticos, empresários.

Hahahaha

Desculpe, padre. Mas achei engraçada sua comparação. Nunca me vi assim. Mas você parece querer insistir em me enxergar como um homem bom. Sim, tenho habilidades sobrehumanas. Mas estou longe de ser do tipo que usa capa e sai voando por aí. O acontecimento em Nova Orléans foi isolado. Normalmente não me envolvo nessas questões. Não foi justiça. Apenas... Vingança.

Mas obrigado, mesmo assim.

Bem padre, acho que chegou a hora de dizer o que estive adiando. Embora sinta que o senhor já saiba.

Sim, chegou minha hora. Como te falei, meu trabalho me faz viajar muito. E meu contrato no Rio acabou. Estarei viajando para Florianópolis amanhã. Queria apenas me despedir do senhor.

Despedir, e agradecer por ter me ouvido.

Desculpe falar assim, de sopetão, de última hora. Mas não saberia fazer de forma diferente. Gostaria apenas de falar com o senhor uma última vez e, quem sabe, para variar, ouvir um pouco do que tem a me dizer. Saber se teria algum pedido, algum desabafo.

Gostaria de dizer alguma coisa?nada? Tem... Tem certeza?

Tudo bem... Fico feliz que esteja bem.

Então... Adeus, padre.

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Comentários

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Arrasou como sempre, ótimo capítulo, e o desfecho pro desaparecimento dos Incubus/Sucubus tem muita lógica, meus parabéns, seu trabalho é incrível!

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NOSSA, QUE COISA HORRÍVEL. NÃO ACREDITO QUE NÃO VAI ROLAR NADA ETRE ESSES DOIS. O PADRE PERDEU A GRANDE CHANCE DE PEDIR ALGO E NÃO PEDIU. BABACA. VAI FICAR SEM GRAÇA SEM O INCUBUS SE CONFESSANDO SEMPRE.

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