Tomei um banho demorado, como se quisesse que a água levasse aqueles pensamentos que tanto me atordoavam. Desci e procurei por Gael, que estava no com a Manoela, acertando em que parte seria montado o bar. Realmente, apesar de não ter filtro para falar as coisas, Manoela sabia organizar uma festa. O jardim já estava todo decorado, algumas mesas montadas, entre outros detalhes.
- Bom dia! – cumprimentei ambos – Mais uma vez, um excelente trabalho Manoela, está de parabéns.
- Obrigado Lui, você sabe que festa é comigo mesmo – ela respondeu, dando risada.
- Feliz aniversário Gael! – disse, dando um forte abraço nele e um beijo no rosto – Tudo de bom pra você, quero que saiba que estou muito feliz de passar essa data contigo e que torço para que consiga tudo aquilo que quer – parabenizei-o, ainda abraçado a ele, seu cheiro era tão gostoso de sentir.
- Obrigado Lui – ele respondeu, pude sentir que sua voz estava embargada, como se quisesse chorar – Você não sabe o quão feliz eu estou que esteja aqui hoje.
Nos soltamos e ficamos encarando um ao outro por alguns segundos, por um instante pude sentir aquela mesma brisa do sonho e tive de segurar muito para não fazer o mesmo que no sonho, dando um beijo bem gostoso nele.
Sabia se continuasse ali, não iria resistir por muito tempo. Pedi licença e fui tomar um suco na cozinha. A casa estava cheia de pessoas, todas trabalhando para organizar uma festa inesquecível para meu irmão.
Conversei um pouco com minha mãe e Álvaro, que também estavam na cozinha. Perguntei por Chiara e disseram que ela estava no quarto fazendo um cartão especial de aniversário para Gael. Achava tão lindo o amor que um tinha pelo outro, mostrava que o amor era bem maior que os laços de sangue.
Mas será que o amor carnal, entre dois homens, poderia ser maior que os laços de sangue também. Fiquei refletindo em que momento deixei de enxergar aquele menino franzino do qual acabei me afastando na infância devido a distância e que uma tragédia nos aproximou novamente e passei a enxergar um homem, capaz de despertar meu interesse sexual. Sempre tive uma vida sexual bastante ativa, me aventurei e sempre fiz aquilo que tive vontade, mas nunca, em momento algum, passou pela minha cabeça algum tipo de envolvimento desse tipo. Nunca fantasiei uma relação incestuosa ou algo do tipo. Não conseguia entender como, em menos de 1 semana, o irmão franzino passou a ser o homem que queria na minha vida, na minha cama e não como irmão, mas sim como parceiro, como companheiro, como namorado. Aquilo estava me enlouquecendo, precisava tirar esse desejo de dentro de mim de qualquer forma. Procurei algo para fazer, tentar ocupar minha cabeça com algum outro pensamento.
Ajudei a receber o bolo, os doces e os salgados que tinham acabado de chegar. Organizei tudo na cozinha. A equipe de garçons que iria ajudar na festa também tinha chegado. Reuni todos e expliquei como queríamos o serviço. Já faltava menos de 1 hora para o pessoal começar a chegar, como seria uma festa na piscina, iria iniciar mais cedo para aproveitarmos o calor que fazia no dia. Terminamos de acertar os últimos detalhes, Gael já tinha subido para se arrumar, Álvaro, Chiara e minha mãe também já estavam prontos. Avisei para Tobias que o carro, presente de Gael, chegaria por volta das 18h00m, pedi para que ele ficasse atento e nos avisasse.
Subi para me arrumar também e quando desci novamente algumas pessoas já começavam a chegar. A maioria dos convidados eram amigos de escola do meu irmão, outros eram de cursos e outras atividades que ele fazia. Minha mãe sempre dizia que ele bastante tímido, o que dificultava de fazer muitas amizades fora desses ambientes. Ao contrário de mim, que fazia amizade com todos e em todos os lugares. Minha mãe sempre brincava dizendo que eu ia comprar uma calça e saia amigo de todos da loja.
Apesar de timidez, Gael estava bastante enturmado e animado com seus amigos, vez ou outra me chamava para apresentar-me para algum amigo. Fiquei feliz da importância que ele dava em me apresentar para seus amigos. Manoela tinha contratado uma equipe de bartenders que preparavam drinks maravilhosos. O som estava muito bom também e todos aproveitavam a piscina. Por ter de dar atenção a todos, Gael ainda não tinha entrado na água. O que agradeci, pois já imaginei que não conseguiria tirar os olhos dele. Mesmo de roupa, já estava despertava minha atenção e realmente ele estava lindo: usava uma camisa de manga curta, com um tecido bem leve, uma bermuda e chinelo, bem a vontade como a ocasião pedia. O tempo passou voado e o presente dele chegou. Tobias veio me avisar e pedi para que minha mãe distraísse Gael enquanto estacionava o carro na garagem, que do jardim dava visão para onde deixaria o carro. Depois de tudo pronto, fui até onde ele estava e disse que tínhamos uma surpresa para ele. Colocamos uma venda em seus olhos e ele ficou todo animado.
- SUPRESA, SURPRESA, SURPRESA – todos ali estavam animados, em coro, gritando e seguindo para garagem, onde coloquei um chaveiro em suas mãos.
- O que é isso? – ele perguntou, ainda de olhos vendados, tateando a chave.
Começamos uma contagem regressiva, até que tirei a venda dos seus olhos.
- Parabéns irmãozinho! – disse, mostrando o carro para ele – Esse é o presente meu e da mamãe para você.
Sua reação foi incrível, não sabia se nos abraçava ou se corria para o carro. Todos ficaram contentes e fizeram algumas brincadeiras com ele.
- Na verdade a ideia e o gasto foram do seu irmão, eu só tive o trabalho de encomendar o veículo – respondeu minha mãe – Mas só vai dirigir depois que fizer as aulas e estiver com habilitação, entendeu?
- Obrigado tia! Pode deixar, só não vou na auto-escola amanhã pois é Domingo – sua voz demonstrava a alegria que ele estava.
Após agradecê-la, ele veio em minha direção e pulou em meu pescoço, dando um abraço tão apertado quanto no dia que cheguei.
- Nem sei como agradecer Lui – ele dizia baixinho no meu ouvido – Muito obrigado mesmo, mas não precisava. Eu só queria você aqui mesmo, eu te amo.
Fiquei em silêncio um tempo, tentando processar aquela última frase. Obviamente que era normal um irmão dizer ao outro que o amava. Eu mesmo já disse isso várias vezes a ele, a Chiara, em outras ocasiões. Mas naquele momento, a forma como ele disse, não parecia um “eu te amo” de um irmão para outro. Não sabia se era, mais uma vez, meu desejo traindo minha razão, se eram as bebidas que já tinha tomado ou se realmente ele também sentia o mesmo que eu estava sentido. Soltei ele e encarei seus lindos olhos verdes por mais alguns segundos, até que o abracei novamente e disse em seu ouvido também.
- Eu amo você também Gael – minhas palavras saíram quase que como um sussurro, apenas para ele mesmo ouvir, seguido de um leve beijo em sua nuca.
- Gael? – uma voz masculina disse, atrás de mim.
- Dani, oi, tudo bem? – ele responde, espantando.
- Está tudo bem aqui? Perdi algo – dizia o tal Dani, me encarando com olhos que davam para transparecer o ódio que ele já tinha por mim, sem que eu nem mesmo soubesse quem ele era.
Foi quando lembrei da conversa ao telefone que tinha escutado dias antes quando ia acordar Chiara. Então naquele telefone, “Dani” não era uma menina, mas sim um rapaz, bastante bonito, não podia negar. Lembrei também que eles falavam algo a meu respeito, tanto que entendi que o Dani demonstrava certa preocupação em relação a minha chegada.
Tudo estava bem confuso, precisava entender o que acontecia ali.
- Vamos todos para o jardim cantar os parabéns – minha mãe disse, guiando todos de volta para o local onde estava o bolo.
Percebi que Gael tinha ficado tenso, mas não falou nada. Ele foi acompanhando todos de volta ao jardim, enquanto eu terminava de passar alguns detalhes para Tobias, que estava na garagem. Quando me virei para ir até o jardim, dei de cara com Dani.
- Espero que você volte logo para Nova York e fique longe do Gael – ele dizia, com um tom cheio de raiva – Você não faz bem para ele.
Após dizer isso, seguiu para o jardim, me deixando ali parado sem entender nada e tamanha foi minha surpresa que nem tive reação para respondê-lo naquele momento. Mal sabia eu o que o resto da festa reservava.
CONTINUA...
PESSOAL, SEGUE MAIS UMA PARTE DA MINHA HISTÓRIA. FIQUEI MUITO CONTENTE COM OS COMENTÁRIOS DE TODOS NA PARTE ANTERIOR. ESPERO QUE AGRADE COM ESSA PARTE TAMBÉM. LOGO QUE POSSÍVEL PUBLICAREI A PRÓXIMA PARTE, COM OS ACONTECIMENTOS FINAIS DA FESTA, MAS QUE FORAM SÓ O INÍCIO DESSA LOUCA HISTÓRIA DE AMOR. MUITO OBRIGADO A TODOS.