Recapitulando, lá estava eu, completamente montada, um vestido floral, sandália vermelha, unhas pintadas, peruca, na porta do hotel, de mãos dadas com minha namorada, prontas para desbravar Amsterdam. Aí aconteceu algo que eu não previa: travei! Sim, não conseguia dar um passo à frente e sair do hotel. Me bateu um pavor do que as pessoas iriam pensar, medo do preconceito, de alguém me achar bizarr@, sei lá. Paula percebeu meu nervosismo, apertou minha mão e disse:
- Princesa, vamos, ninguém se importa com isso por aqui.
- Eu sei, mas diga isso para o medo que insiste em me dominar.
- Vamos fazer o seguinte então: acha que consegue ir comigo pelo menos até aquele coffee shop na frente do hotel?
- Acho que sim.
- Então vamos, e vamos compartilhar um brownie daqueles "batizados".
Me bateu medo, porque sempre fui careta, e nunca fumei ao menos um cigarro tradicional, mas de mãos dadas com Paula fui ganhando segurança. Entramos na lojinha e escolhemos um bolinho chamado "purple haze". Voltamos correndo para o hotel e abrimos a embalagem, dividimos ao meio e comemos. Achei que iria ficar louc@, mas na hora não senti nada. Meia hora depois, comecei a sentir uma leveza, como se realmente não fosse problema sair à rua como estava. Então olhei para Paula e disse:
- Amor, estou pronta. Vamos?
Então me beijou, pegou em minha mão e saímos. Passeamos pelas ruas, passando pelas muitas pontes que cruzam os canais, e realmente ninguém se importou comigo, era como se realmente fosse normal ser como sou. Poder me vestir como mulher sem ser julgado foi maravilhoso. Alugamos duas bicicletas e saímos passeando para cantos mais distantes, fomos à área dos museus, às ruas de compras, ao mercado. Eu estava em êxtase, e Paula estava feliz em me proporcionar isso. Também descobri que andar de bicicleta usando vestido é delicioso. O vento que entra por baixo é excitante.
Paramos o passeio em frente à Winkel 43, lugar que vende a tradicional torta holandesa, não a que conhecemos por aqui, mas a torta de maçã com chantilly. Sentamos em uma mesinha aos fundos do restaurante, Paula ao meu lado. Ali descobri mais uma vantagem do vestido: Ela tinha livre acesso ao meu pau, e começou uma discreta punheta, enquanto aguardávamos a torta. Eu estava indo à loucura com aquilo: excitação, medo de sermos descobertos, presos por atentado ao pudor e deportados, sei lá. Mas não quis que ela parasse, porque estava muito bom. Então ela se aproximou e disse ao pé do ouvido:
- Minha putinha, quero que goze pra mim aqui.
E as tortas chegaram. Ao ver a garçonete se aproximando, Paula tirou a mão do meu pau e fez uma cara inocente. Eu não sei se soube disfarçar tão bem. A torta era linda. Perfume de maçã, muito chantilly. Paula me disse:
- Renatinha, não coma ainda.
E pegou no meu pau para terminar o serviço. Gozei muito, tudo na mão dela. Então ela subiu aquela mão cheia de meu gozo e colocou sobre a torta, misturando com o chantilly, e disse:
- Agora sim, minha putinha, está autorizada a comer.
Eu não esperava por aquilo, mas confesso que foi muito gostoso. E Paula, obviamente, não me deixou comer tudo sozinha. Aquele gozo era nosso, então nada mais justo que partilharmos dele.
Me recompus, saímos dali e fomos à casa de Anne Frank, o que foi intenso. É emocionante, e pude ir às lágrimas sem vergonha, por ser uma mulher naquele momento. Dali, seguimos para um cruzeiro pelos canais, justo no horário do pôr do sol. Eu estava apaixonada, pelo meu macho, pela minha fêmea, por poder passar um dia inteiro como mulher. Abraçada por Paula, a cabeça encostada em seu ombro, desejando que o mundo parasse naquele momento.
Voltamos para casa, e fizemos amor. Como homem e mulher, como mulher e mulher, como mulher e homem. Ela me penetrava, eu a penetrava, não tínhamos mais rótulos, não desempenhávamos apenas um papel. Era tudo fluído, natural, envolvente. Ao final, Paula me abraçou e perguntou:
- Renatinha, você ainda tem alguma fantasia sexual que não me contou?
- Paula, pra ser bem honesta, antes de você eu tinha o desejo de sair com uma travesti. Não tenho mais, porque você me completa plenamente. Mas, e você, tem alguma tara que desconheço?
- Amor, antes de você nem tara eu sabia que tinha. Mas podemos pensar em algo.
Deitei a cabeça em seu peito e adormeci, o sono de quem está realizando o sonho de uma vida, sabendo que o dia seguinte ainda traria muitas coisas maravilhosas.