Com uma fêmea dentro de si - Parte II

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Homossexual
Contém 7831 palavras
Data: 06/06/2020 15:20:23

Com uma fêmea dentro de si - Parte II

Quinta-feira, 12 de junho de 2014

Meio da manhã, uma enfermeira fazia a troca dos curativos no meu abdômen por onde tinham sido inseridos os instrumentos para a retirada, por vídeolaparoscopia, do cisto de 5 cm alojado sobre o ovário direito, quando o Dr. Kostopoulos veio me examinar com a boa notícia de que estava me dando alta hospitalar. Por cima de seus ombros, pude ver a fisionomia do Henry e, posso garantir que ele não estava tão feliz quanto eu por deixar o hospital. Se eu fosse arriscar um palpite, diria que ele havia se interessado por mim. Restava descobrir se esse interesse estava limitado à peculiaridade do meu caso clínico ou, à sedução que meu corpo exercia nele.

No início da tarde eu estava finalmente em casa, no meu quarto, com o Dexter e o Champ não economizando demonstrações de contentamento por eu estar de volta. Não me lembrava de ter tido duas semanas tão tumultuadas quanto estas últimas. Eu me sentia bem e não estava a fim de continuar de cama, mas seguindo as orientações do Dr. Kostopoulos, meu pai e o Noah exerciam uma dura e constante vigilância sobre meus passos, obrigando-me a ficar de repouso, do qual eu estava farto.

Ao cair da tarde recebi a visita do Ryan. Por ter ido até o Michigan, ele só ficou sabendo dos acontecimentos naquela manhã. Embora ainda não soubesse de todos os detalhes, o que motivou sua visita.

- Você está brincando! Útero, ovários e o escambau, jura? –questionou espantado quando lhe revelei minha condição.

- Inacreditável, não é? Convivi com isso por 18 anos sem desconfiar de nada. – respondi.

- Cara, não consigo acreditar! E a vagina? Você tem um pinto, não é lá um pinto, mas tem cara de ser, como se deu isso? – questionou.

- Foi posto aqui por uma cirurgia que não foi devidamente esclarecida aos meus pais quando eu ainda era um bebê, sob a alegação de melhorar as condições da minha micção urinária. Na verdade, decidiram quem eu deveria ser. – respondi.

- Uma bucetinha não ficaria nada mal no meio dessas coxas gostosas! – devolveu sorrindo com sua cara de malandro.

- Você não presta! Eu aqui passando por esse sufoco e você pensando em bucetas! – exclamei estarrecido. Ele riu.

- Fico com tesão só de imaginar. Eu não a teria poupado naqueles nossos encontros. Você ficaria um arraso com uma bucetinha. – retrucou. Atirei um travesseiro nele, pois estava fora do alcance de levar um soco.

- Quando você vai em definitivo para o Michigan?

- Dentro de três semanas. Vou passar as férias com meus pais na Pensilvânia, meus avós têm uma casa nos arredores de Presque Isle, assim também aproveito para me despedir deles antes de ir para a universidade. – esclareceu, antes de fazer uma pausa de silêncio. – Vai sentir saudades de mim?

- Por que eu sentiria saudades suas? – indaguei, tirando uma com a cara dele.

- Porque sou seu melhor amigo, porque passamos todo o curso médio juntos, porque sei que você gostou disso aqui! – respondeu safado, abrindo a braguilha da bermuda e me mostrando o cacetão.

- É um excelente motivo! – devolvi, pegando o gigante amolecido na mão e colocando-o na boca, o que o fez despertar em uma fração de segundo, e ir ganhando consistência enquanto eu o lambia, chupava e mordiscava delicadamente.

- Cacete! Você está sabendo como isso vai acabar se você continuar com essa boca gulosa no meu pau, não sabe? – perguntou ele, entre gemidos.

- Faço uma ideia! – murmurei, sem tirar meus lábios daquela cabeçorra vertendo pré-gozo. Minutos depois, eu engolia seu esperma cremoso, enquanto ele se contorcia e deixava os urros guturais de prazer escapulirem da garganta.

- Caralho! Se você não estivesse se restabelecendo eu ia comer esse cuzinho até arregaçar a última preguinha! – exclamou, me abraçando e arriando a calça do meu pijama até conseguir agarrar minhas nádegas.

Sábado, 14 de junho de 2014

O Noah e o Jeff tinham combinado de encontrar a galera da faculdade numa balada. Eu já havia deixado o quarto e fui atender a porta quando o Jeff chegou.

- Oi! Já recuperado?

- Oi! Felizmente, não aguentava mais ficar na cama.

- Você parece ótimo mesmo! Combinei de sair com seu irmão. – senti quando ele me examinou com um olhar que logo tentou disfarçar. É assim que vão olhar para mim de agora em diante, pensei. Aberrações sexuais instigam a curiosidade das pessoas, e eu era uma delas.

- Fique à vontade, vou chamá-lo! – observei-os partindo da janela do meu quarto. O olhar do Jeff não saiu da minha cabeça. Eu precisava estar preparado para olhares como aquele. Duro seria me acostumar a mais esse, dentre os tantos que eu fingi ignorar durante toda a vida me escondendo atrás da timidez e, como se fosse um delinquente.

Ele voltou por mais três vezes durante a semana seguinte, algo que nunca tinha feito antes. Apesar de amigos, o Noah e o Jeff não mantinham o hábito de frequentar a casa um do outro. Até meu pai comentou durante um jantar, seu estranhamento com aquelas visitas repentinas. O Noah deu uma explicação qualquer para justificá-las, talvez sem desconfiar da intenção por trás delas.

Julho de 2014

Fiz a caminhada de alguns quarteirões entre nossa casa na Humboldt Ave e o Juneau Park com o Dexter e o Champ seguindo eufóricos à minha frente num de seus passeios favoritos. A tarde estava agradável, apesar de estarmos no auge do verão, a temperatura de 25 graus, não impedia que as pessoas se exercitassem no parque. Eu conversava com uma garota que já tinha visto passeando, algumas vezes, com seu Scottish Terrier. Dessa vez ela resolveu me interpelar sobre o Champ, dizendo-se fã de boxers, mas impedida de ter um por morar com o marido num apartamento. A última coisa que eu imaginaria é que uma garota nova como ela fosse casada. Nosso papo não tinha nem dez minutos quando vi que o Henry vinha correndo em nossa direção, usando um short curto de onde emergiam suas pernas musculosas e peludas, com fones nos ouvidos ligados ao celular em seu bolso. Seu peito suado reluzia quando os raios de sol se refletiam nele e, um destacado e avantajado volume se movia completamente solto dentro daquele short folgado, um verdadeiro colírio para os olhos.

- Oi! Fico contente de vê-lo completamente restabelecido! – exclamou ao se aproximar. A garota apressou a se despedir com um até mais, quando viu que nos conhecíamos.

- Oi! Obrigado! Devo isso graças a você. – devolvi, perturbado com aquela jeba visível pendendo pesadamente entre suas pernas.

- Que nada! Não fiz praticamente nada. – retrucou. – São seus?

- Sim! Champ e Dexter, doutor Henry! – brinquei, quando ele, um pouco receoso, se inclinou para fazer cafuné nos cães.

- Henry, por favor! Não sou doutor fora do hospital, especialmente com amigos. – objetou ele. Não sabia que somos amigos, pensei comigo, mas está valendo, afinal você é um pedaço de mau caminho.

Passava um pouco das oito da noite quando o sol começou a se pôr sobre as águas do lago. Eu mal havia percebido o tempo passar com a conversa e os casos hilários que o Henry me contava. Estávamos sentados sobre a relva, tomando o terceiro sorvete, com o Champ e o Dexter espreguiçados ao nosso lado quando ele me perguntou se eu namorava. Quase me engasguei com a colherada de sorvete que acabava de colocar na boca.

- Não! – acho que a exclamação foi tão contundente que ele me encarou espantado.

- Por que essa resposta tão taxativa? Você é muito atraente, não acredito que ninguém tenha se interessado por você. – retrucou ele, me deixando encabulado

- Tenho só dezoito anos! Além do que, você conhece melhor do que ninguém os meus problemas. – respondi.

- Bem! Eu, e muitos outros, já namoravam antes disso, aos dezoito eu já tinha desvirginado duas garotas do colégio, portanto, não sei qual é o espanto. – afirmou.

- Ok, eu tenho colegas que já namoram e provavelmente também já iniciaram a vida sexual, mas nenhum deles têm os meus problemas. – argumentei, sem mencionar que também já haviam me desvirginado, mas isso era íntimo demais para dividir com um estranho que eu mal conhecia.

- Eu já te disse que você fez uma escolha acertada quando resolveu não se operar agora. O que você está chamando de seus problemas ainda podem ser uma imensa e surpreendente fonte de prazer, já pensou nisso? – questionou. Ou eu estava muito enganado, ou ele estava louco para experimentar até onde aqueles meus órgãos ocultos podiam se mostrar dadivosos numa relação amorosa.

- Estou me sentindo constrangido com essa conversa, podemos mudar de assunto? – indaguei sincero.

- Podemos, claro! Não foi minha intenção constrangê-lo. E, espero não o fazer com a confissão que tenho a lhe contar. Sinto um tesão enorme por você, pelas formas do seu corpo, pelo jeito como sorri, pela displicência com que estes cabelos descem pelo seu rosto. Ando fazendo um esforço hercúleo para que evidências impudicas não revelem meu tesão. – declarou, colocando um sorriso libidinoso na cara bronzeada. Me policiei para que meu olhar não descesse abaixo de sua cintura, pois sabia o que ia vislumbrar.

- Uau! Preciso digerir isso primeiro, antes de podermos continuar essa conversa. – afirmei.

- Eu te acompanho até em casa se não se importar!

- Claro que não! Já estava mesmo em tempo de voltarmos, não é? – o Dexter e o Champ se puseram imediatamente em pé e tomaram o rumo de casa sem que eu precisasse guiá-los.

A caminho de casa, fiquei imaginando o que estava provocando toda essa súbita explosão de confissões com a qual os caras estavam me cercando. Do bullying que sofri a vida toda, passei a levar as mais deslavadas e diretas cantadas. Era algo novo para mim.

Não houve uma única semana em que o Jeff não pintava em casa, pelo menos duas a três vezes. Da sondagem limitada as procuras por mim com olhares que variam a casa, ele começou a perguntar por mim diretamente ao Noah quando não me via. Por outro lado, quando me encontrava, puxava conversa mesmo não encontrando algum assunto que a fizesse deslanchar depois. Até que decorrido o mês, parece que finalmente criou coragem e atacou.

- Meus tios têm uma cabana próximo ao lago Macatawa e estou indo passar o mês de julho por lá, eu gostaria que você também fosse, o que me diz? – indagou, com a voz menos determinada do que de costume.

- Ah, legal! Se eu não for atrapalhar, por mim tudo bem. – respondi. Férias seriam muito benvindas depois de tudo que passei, mesmo que talvez me sentisse um pouco deslocado entre o Jeff, o Noah e os amigos deles, todos praticamente encerrando seus últimos anos de faculdade.

- Legal! Partimos depois de amanhã. Não se esqueça que estamos no verão, não deixe de levar roupas de banho. – recomendou, sem que eu desse muita atenção a esse detalhe, uma vez que dificilmente desfilaria em trajes de banho diante de estranhos.

- O Jeff ficou de passar por aqui lá pelas nove horas, você já está pronto? – perguntei ao Noah, que ainda estava na cama. – Vamos nos atrasar!

- Eu não vou! Tenho uns assuntos para resolver, além do que estou pensando em terminar com a Julie esta semana, e ainda não estou preparado para isso. – respondeu ele.

- Por que vai terminar com ela? Me parece uma garota legal.

- Nem tanto! Já deu e está na hora de pôr um fim nisso, antes que o caldo entorne de vez. – esclareceu. – Ó, deve ser o Jeff! Trate de se divertir, você está precisando. – afirmou, ao ouvirmos uma buzina na rampa da garagem.

- Como assim? Se você não vai, eu também não vou!

- Que besteira! Ele está contando com você, não dê mancada!

- Não tem cabimento eu passar férias com seu amigo sem você.

- O que não tem cabimento é você achar que ele é só meu amigo e não seu. Vá se divertir e pare de encher o meu saco!

- Vou me sentir um peixe fora d’água no meio daquela gente!

- Então trate de pular na água que fica tudo certo!

- Larga mão de ser irônico! – lá embaixo outra buzinada

- Anda cara! O Jeff já deve estar puto, se bem conheço o pavio curto dele.

Perdi mais um quarto de hora dando explicações ao Jeff para não acompanhá-lo. Depois desse tempo contra-argumentando, ele simplesmente enfiou minha bagagem, que o Noah havia trazido até a porta da frente, na camionete e me empurrou porta adentro, sem prestar atenção no que eu dizia. Até a chegada ao terminal da Lake Express Ferry eu ainda insistia no descabimento de viajar sem o meu irmão, ao que o Jeff apenas retrucava com alguns ahãs ou acenadas de cabeça, que não expressavam nada além de sua indiferença quanto aos meus argumentos. Embarcamos a camionete e fomos diretamente até o deck, banhado pelo sol ameno da manhã de céu azul. Duas horas e meia depois, cruzando o lago Michigan, aportamos no terminal de Muskegon, sem que eu percebesse o tempo passar, envolvido pelo papo do Jeff. Se ele soubesse o quanto me excita ficar ao seu lado, provavelmente nunca teria feito um convite desses, pensei comigo. Após o desembarque da camionete, levamos mais quarenta minutos até a cabana isolada cercada de árvores tão altas que mais parecia um bosque. Nenhum outro carro à vista, nenhum movimento de pessoas na casa pequena de estilo rústico, comecei a sentir um frio na barriga. Acessamos os cinco degraus que levavam até a porta da frente coberta por uma pequena varanda. Ele olhou na minha direção e sorriu, enfiou a mão no bolso e tirou a chave para abrir a porta e fazer uma mesura para que entrasse.

Tudo começou a se aclarar na minha mente. O cara mais lindo que eu conhecia, o cara que eu achava que nunca ia dar bola para mim, o cara que ficara repentinamente sem-graça diante de mim, o cara que se mancomunou com o Noah para me levar àquele lugar, só podia estar com uma intenção e, a cara dele, sorrindo agora na minha frente, confirmava isso. O Jeff tinha armado tudo aquilo para ficar comigo. A charada estava desvendada.

- E seus tios, onde estão? – eu precisava de uma última confirmação para ter certeza de que não estava delirando, ou de um beliscão para voltar à realidade.

- Seremos apenas você e eu, por um mês, no qual espero conseguir te convencer de que estou a fim de você. – respondeu, com a maior cara de pau. Eu tremia da cabeça aos pés e, tinha o mais imbecil dos sorrisos estampado na cara.

A cabana pequena, rústica e confortável diferia em muito das mansões que circundavam as margens do lago. Apesar dos dois dormitórios no térreo, o Jeff levou nossa bagagem para o único cômodo do sótão, uma ampla suíte com uma incrível vista, através de uma sacada, para o lago e para o bosque. A enorme cama kingsize, coberta com uma colcha de patchwork dominava o aposento. Ele me encarou com um risinho petulante e safado quando eu passei a mão sobre os intrincados e harmoniosos desenhos da colcha, como quem diz, é aí que vou te abater. Devolvi-lhe algo que deveria parecer um sorriso, pois não pensava noutra coisa que não sentir aquele corpão viril unido ao meu.

A tarde estava quente e, o vento sudoeste não tinha força para refrescar o ar. Na Mac Charters em Holland alugamos um veleiro que o Jeff jurou saber pilotar ante minha cara apavorada. O funcionário que nos acompanhou até as docas mal conseguia segurar o riso com os inúmeros questionamentos que eu fazia ao Jeff. Não duvido que ele, no potencial hormonal de seus vinte e poucos anos, e um corpo sarado, não suspeitasse da motivação para aquele passeio, pois me encarava de relance como quem diz – ele até vai pilotar, mas quem vai dançar com esse rabão ao redor do mastro é você – muito provavelmente por que ele próprio já devia ter feito a mesma aventura. Só me tranquilizei quando vi que o Jeff realmente sabia velejar. O veleiro inclinou um pouco quando o velame se posicionou favoravelmente ao vento, e começou a ganhar velocidade. A brisa roçando meu rosto e emaranhando meus cabelos compridos me fez esquecer os receios, bem como o Jeff em seu short marinho manuseando o timão de tal forma que margeamos o canal entre o lago Macatawa e o Michigan, passando ligeiros pela casinha vermelha do farol de Holland Harbor. Assim que entramos no lago Michigan e a costa movimentada de pessoas praticando esportes náuticos, ou simplesmente caminhando pela orla foi ficando distante, eu me aproximei dele e, timidamente, passei meus braços ao redor de seu torso nu e quente. Ele se virou para mim e sorriu, o peixe havia caído na rede. Ficamos um bom tempo assim, sem dizer nada, apenas curtindo aquele momento pelo qual os dois haviam ansiado.

- Quer experimentar? – perguntou, quando já não havia outras embarcações num raio seguro.

- Se eu não for ocasionar nenhum desastre, quero sim!

- Você já ocasionou um desastre! – exclamou, quando assumi a roda do leme e, ele me encoxou com sua ereção depositando beijos provocantes meu ombro.

- Com esse desastre acho que consigo lidar. – devolvi, virando meu rosto em sua direção e aceitando o beijo que abocanhou meus lábios.

- Você vai ter um mês inteiro para lidar com ele. – sussurrou no meu ouvido, competindo com o vento que ganhava força.

O ocaso estava completo quando o veleiro deslizou sereno, conduzido pelo motor, para dentro da doca onde as luzes começavam a ser acessas. O mesmo funcionário veio completar as amarras e, desta vez, me encarou sem nenhum pudor, procurando no meu corpo ligeiramente avermelhado pelo sol, evidências da luxúria que supôs ter ocorrido no veleiro. Não fosse ele um tesão de macho, talvez eu me incomodasse com seu olhar acintoso, mas eu estava numa fase em que homens me encantavam como nunca antes.

Terminamos de jantar nos jardins de um pequeno restaurante no centro de Holland, também conhecida como Cidade das Tulipas devido à forte imigração de holandeses e pelos canteiros floridos com essa espécie ao longo das calçadas. Passava das dez da noite, mas o verão mantinha as ruas cheias de pessoas aproveitando cada minuto do dia.

- Estou louco para te colocar naquela cama, mas se quiser podemos continuar nossa caminhada. – afirmou o Jeff, provavelmente ainda mais estimulado pelo prato de ostras que pediu como entrada, o que o levava a manipular a pica a todo instante.

- E eu, louco para amansar isso aí, que não está te dando um segundo de descanso. – devolvi rindo.

- Vai precisar de muito empenho para amansar meu cacete, pois não penso noutra coisa que não no teu cuzinho. – retrucou, tomado pelo tesão.

Eu estava no chuveiro quando o Jeff deslizou a porta do box e se juntou a mim. Nunca o tinha visto completamente nu, e o que estava diante dos meus olhos ia muito além daquilo que eu imaginava. Aqueles dois palmos abaixo de seu umbigo inserido no abdômen sarado eram um mistério que agora estava totalmente desvendado. O caminho com pelos torcidos que ia do peito à virilha se avolumava incrivelmente ao chegar aos genitais, disfarçando um pouco o tamanho estupendo do caralhão reto e grosso. A bolsa escrotal pendia logo abaixo com dois volumosos testículos em seu interior, cujo peso fazia a pele ficar esticada e as bolas balançarem com um pêndulo ao menor movimento dele. Trocamos sorrisos, o meu por nenhuma parte de seu corpo ser mais um mistério, o dele certamente pelo brio de carregar um instrumento como aquele entre as pernas. Eu tinha as mãos cheias de espuma, aproximei-me dele e coloquei um montículo sobre o seu nariz. Ele envolveu minhas ancas com ambas as mãos e me puxou contra seu corpo ainda seco. Envolvi o pescoço dele e o beijei, ficando na ponta dos pés, o que enrijeceu minhas nádegas sob suas mãos e o fez acariciá-las. Para ficar completamente debaixo da ducha, ele se postou nas minhas costas, me encoxou e mordiscou minha orelha, enquanto afagava meus peitinhos. Bastou que eu empinasse a bunda contra sua virilha e desse duas travadas de cu para que a ereção dele se alojasse no meu rego.

- Tesão de rabo! Vou te foder Alex Christian Butler! – exclamou, pronunciando cada um dos meus nomes como se estivesse ronronando.

- Não tenho nada a objetar, Jeff Perkinson! – balbuciei excitado, enquanto o ensaboava carinhosamente.

Tentamos nos enxugar na mesma toalha a caminho da cama, mas no afã de alcançá-la, nossos corpos ainda estavam úmidos. Ele atirou a toalha encharcada sobre a cama e me agarrou, ergueu-me pelas nádegas e mordeu meus mamilos antes de começar a chupá-los, enquanto eu me apoiava em seus ombros e enrodilhava minhas coxas em sua cintura. Meu cuzinho exposto, ora sentia o dedo dele deslizando sobre as pregas e sondando a portinha, ora sentia a cabeçorra babando deixar seu fluído pegajoso entre a rosquinha. Ele foi me soltando aos poucos, me fazendo deslizar por seu corpo, até meus joelhos tocarem o chão. A jeba estava exatamente na altura da minha boca, ele me encarava quase implorando que eu a chupasse, e a fazia deslizar pelo meu rosto. O cheiro másculo que invadiu minhas narinas guiou a abertura dos meus lábios ao redor da glande estufada. Ao fechá-los e sorver delicadamente o pré-gozo, ele soltou um gemido. O pau já estava melado até a altura do saco, com a língua eu percorria o trajeto sinuoso das veias insufladas que o revestiam lambendo e limpando o pré-gozo, que formava um fio translúcido entre a minha boca e o cacete dele quando eu a afastava. O Jeff se contorcia e arfava, agarrando meus cabelos quando eu afastava minha boca do seu falo. Eu nunca poderia mesmo ser um homem, pois constatei que era um viciado em porra. Eu tinha me deliciado com a do Ryan, e agora fazia o mesmo com a do Jeff. Não sei se era aquele sabor penetrante ou a virilidade que ela continha que me deixava alucinado. Minha boca trabalha sem esmorecer naquela verga que mal se movia de tão rija, afoita para receber o esperma do macho que me encarava atônito e cheio de tesão.

- Vou gozar na sua boca, Alex! Você está me deixando maluco, não faz assim que eu vou ..... – só ouvi o urro quando minha garganta começou a se encher de porra, mal me dando fôlego para engoli-la. – Caralho, Alex! Era isso que você queria, safado tesudo? – grunhiu ele, vendo-me engolir cada um daqueles jatos esbranquiçados que esguichavam de sua uretra. – Nunca tinham engolido minha porra, isso é de deixar qualquer macho alucinado. – afirmou deslumbrado, quando a racionalidade lhe havia retornado à cabeça.

Ele engatinhou atrás de mim até a cabeceira da cama. Ficamos abraçados e recostados a ela, trocando carícias com as pontas dos dedos. O cortinado fino diante da porta da sacada não se movia. O ar abafado e pesado trazia para o quarto o perfume das árvores que cercavam a cabana.

- Obrigado por me trazer esse lugar tão lindo! Tudo é perfeito, a paisagem, esta casa, o lago ensolarado desta tarde e, principalmente você, esse seu corpo onde quero me perder e nunca mais sentir a insegurança e a dúvida que senti naqueles dias no hospital. – afirmei.

- Eu é que estou fascinado pelo seu corpo. Nunca vi nada igual, coexiste nele a fragilidade e a formosura de uma fêmea e, musculatura esculpida de um macho envolvida por essa pele sedutora. Você é único, Alex! E eu quero ser o dono dessa preciosidade! – sentenciou ele. Beijei-o, enquanto meus dedos deslizavam entre seus pentelhos em direção à pica que, dando leves pinotes, estava em franco endurecimento.

- Está com medo? – indagou, quando o caralhão ameaçador estava pronto para me foder. Talvez tenha sido a minha expressão que o levou a me questionar. – É a sua primeira vez? – emendou

- Não! Porém, diante do que está diante de mim, é como se fosse. – afirmei, num sorriso tenso.

- Não há o que temer! Prometo que vou ser muito cuidadoso e carinhoso com você. Só quero que sinta prazer comigo enfiado em você. – a voz que ele usava para dizer essas coisas em nada servia para mitigar minha ansiedade, pois ela sobejava um tesão incontrolável.

O Jeff me virou de bruços, afastou meus glúteos e começou a lamber minha rosquinha, gemi de tanto tesão, de sentir como ele me desejava, de como ele desejava aquela fenda rosada desprotegida, feito um animal atraído pelo cio. Com o indicador ele começou a testar minha elasticidade, minha maneira de travar os esfíncteres quando devassados por seu dedo impudico, meus limites para levar sua vara e aceitá-la apesar do estrago que ela provocaria. Com o cuzinho incitado por aquele dedo se movendo em círculos dentro da minha ampola retal, eu gania como a pedir para ser coberto por aquele macho intrépido. O tesão estava acabando comigo quando ele colocou minha perna direita sobre seu ombro e se encaixado na minha bunda, começou a meter aquela rola no centro da minha rosquinha. Eu tremia tomado pelo frenesi, meu cuzinho piscava na chapeleta dele, ele forçava o pau contra a portinha e eu segurava a respiração, à espera do golpe que colocaria aquele mastro gigantesco dentro do meu cu. Ele não conseguiu meter na primeira, nem na segunda, apenas na quina ou sexta tentativa, quando eu já gania alto louco para ser enrabado, é que seu instinto primal falou mais alto e ele mandou ver. Sua mão tapava minha boca quando eu gritei, sem que ele deixasse de dar duas estocadas potentes que enfiaram o caralhão quase até a metade no meu rabo. Eu me agarrei a seus braços, ele se agarrou no meu tronco, ambos aguardando que aquele furor da penetração, restabelecesse nossa respiração entrecortada.

- Ai, Jeff! – gemi.

- Dói? Quer que tire? – as palavras saiam assopradas por entre seus dentes cerrados.

- Não, só quero ser seu. – sussurrei. Ele meteu o cacete até o talo no meu cu, enquanto eu gania e gemia, sentindo aquele macho fogoso me escancarando as entranhas.

Insatisfeito pela posição em que estávamos não lhe permitir usar todo seu potencial de cópula, ele me fez ficar de quatro; enquanto ele, em pé, ao lado da cama, voltava a meter a pica no meu cu e começava a bombar. Eu tinha a impressão de que a qualquer momento, aquela rola ia me varar e sair pela minha boca, mas me empinava todo para que ele socasse lá no fundo. Os primeiros sinais do estrago que aquela jeba imensamente grossa era capaz de provocar já se faziam sentir na minha mucosa anal. Quase sem lubrificação, o atrito do vaivém estava me esfolando todo o cu. Intercalar os ganidos de dor e de prazer era tudo que me restava, enquanto o gozo não vinha. Dentro de meu ventre, contrações e espasmos pareciam despertar feras adormecidas, eram minhas gônadas se preparando para ejacular. Com meu pintinho dando saltos a cada estocada do Jeff, eu comecei a gozar, a porra saltando pelo ar e melando a toalha sobre a qual eu estava ajoelhado. A visão daquilo deixou o Jeff ainda mais extasiado. Num único puxão, ele tirou a pica do meu cu, me girou até minhas costas caírem sobre a cama, enfiou-se entre as minhas pernas que segurava pelos joelhos e meteu impetuosamente mais uma vez o caralhão no meu cuzinho. Puxei-o para cima de mim e o beijei.

- Ai, Jeff! Meu cuzinho, Jeff. Ai, Jeff! Meu cuzinho. – gemi, enfiando as pontas dos dedos em suas costas.

Ele levantou ligeiramente a cabeça, me encarou, e começou a gozar em meio a um rosnado gutural. Em segundos eu estava encharcado de porra, ouvia-se o sibilar da minha respiração extenuada, enquanto meu rosto abria um sorriso amoroso para aquele macho encantador. Os olhos dele estavam vitrificados nos meus, eu os podia ver sorrindo, podia ver a felicidade que estava dentro dele e, naquele instante, soube que o Jeff seria meu homem para todo o sempre.

Quinta-feira, 1 de agosto de 2014

Depois de quatro semanas inesquecíveis, que mais pareciam os meus sonhos se realizando ao lado do Jeff, fazendo mountain bike nas trilhas que margeavam o lago, velejando nas manhãs ensolaradas, sentando-nos nas mesas da calçada de algum café para apreciar o movimento ou o pôr do sol, passeando pelos arredores de Holland, do lago Kalamazoo e, fazendo amor com ele nas noites que eram só nossas, até nossos corpos exaustos se enrodilharem e mergulharem no sono, havia chegado o momento de partir e voltar à rotina.

O Jeff me deixou na porta de casa no meio da tarde abafada em meio ao canto das cigarras escondidas entre a folhagem das árvores. Não quis entrar, talvez por que meu pai logo veio ao nosso encontro quando ouviu a camionete estacionar diante da garagem. Seria difícil explicar porque havia duas marcas avermelhadas no meu pescoço de dois chupões recentes feitos a menos de cinco quarteirões de casa. Bem como, aquela ereção gigantesca dentro de seu short, provocada pelos meus dedos habilidosos. O Champ e o Dexter vieram a seguir, dos fundos da casa, latindo desesperadamente e saltando sobre mim ao mesmo tempo. Em seguida veio o Noah, tomou-me nos braços e rodopiou comigo no ar.

- Então, valeu à pena não ter desistido da viagem? – sussurrou no meu ouvido, com um risinho sarcástico.

- Ainda temos muito a conversar, seu traidor! Não pense que vai escapar dessa. – devolvi, enquanto beijava aquelas bochechas barbadas.

- Sem dúvida! Quero saber de todos os detalhes! – retrucou, piscando na direção do Jeff.

- Não quer mesmo entrar um pouco? – perguntou meu pai ao Jeff.

- Não obrigado, Sr. Butler! Passo aqui amanhã, com mais tempo e mais descansado.

Enquanto meu pai e o Noah levavam minhas coisas para dentro, o Jeff me prensou contra a porta da garagem tendo a camionete como escudo, colou sua boca gulosamente na minha e agarrou minha bunda, enquanto sua pelve se movia como se estivesse me fodendo.

- Não sei se vou conseguir dormir essa noite sem meu pau estar enfiado nesse cuzinho. – grunhiu ele. – Sonhe comigo!

- É só o que sei fazer!

- Passo aqui amanhã para combinarmos alguma coisa, ok? – disse ao se despedir, deixando seu cheiro impregnado em cada centímetro do meu corpo.

Não foi tão difícil explicar ao meu pai que estávamos namorando. As evidências dos acontecimentos ocorridos pouco após a minha alta já indicavam que havia algo mais por trás daquilo que era para parecer uma simples amizade. O Noah, conivente com toda a tramoia do Jeff para me levar até Holland, não precisou de nenhuma explicação, mas foi bom saber que ele estava feliz por nos ver juntos.

Com o, digamos assim, namoro meio que oficializado, o Jeff praticamente não saia mais lá de casa. Foi incorporado como um membro da família a tal ponto que o Champ não hesitava em descansar sua cabeça nas pernas dele toda vez que ele estava espreguiçado no sofá ou na minha cama. Também passei a frequentar regularmente a casa do Jeff. Tudo começou numa noite depois de termos ido ao cinema e, ao invés de seguirmos para algum lugar para comer alguma coisa, ele me levou até sua casa. Havia ficado tarde enquanto uma chuva torrencial não parava de cair lá fora. Quando subimos até o quarto dele, sua expressão tinha aquela aparência libidinosa de um macho que leva sua presa até seu covil, o que tinha o poder de me deixar com tesão. Eu nunca tinha estado lá e, sondar cada canto daquele aposento me excitava sabendo que era ali que ele devia ter arquitetado seus planos para me conquistar. Sob um risinho de felicidade dele, tomei um dos travesseiros nos braços e o cheirei, lançando lhe um olhar de deleite.

- Já se habituou com o cheiro do seu macho? – perguntou, petulante e libertino.

- Acho que sou capaz de identificá-lo a milhas de distância, ou entre outras centenas de cheiros, por que você o impregna em mim toda vez que nos amamos. – respondi. Ele veio para cima de mim com a avidez de um garanhão frente a uma égua no cio, e só se contentou depois de eu ter mamado sua pica e a levado no cuzinho.

Outubro de 2014

No fim do verão tudo começou a voltar ao normal. Enquanto eu iniciava meu primeiro semestre na faculdade, o Jeff e o Noah terminavam a deles. As aulas na universidade e um estágio numa empresa de consultoria ambiental ocupavam boa parte do meu tempo. O Noah foi contratado por uma renomada construtora, enquanto o Jeff se uniu ao pai e ao irmão no escritório de advocacia da família. Nosso namoro ficava com o que nos restava do tempo livre, sem deixar de intensificar o amor que sentíamos um pelo outro.

Outubro de 2016

No aniversário de 25 anos do Jeff, seus pais resolveram fazer uma festa para comemorar a data. Nosso namoro estava em seu segundo ano e já delineava nossa futura união quando nossos projetos de vida estivessem mais adiantados. A casa dos pais dele estava cheia de convidados espalhados pelas mesas montadas no quintal, apesar do dia fresco de outono que, à menor brisa, fazia desprender as folhas de tons que iam do amarelo pálido ao terra, dos galhos das árvores ao redor. Os pais do Jeff nunca tinham demonstrado um grande entusiasmo com o nosso relacionamento, ao qual chamavam de ‘amizade’, numa evidente demonstração de não aceitação do que ele realmente era.

- Há tempos venho querendo ter uma conversa franca com você Alex, talvez esse seja um bom momento. – começou a mãe dele quando eu havia ficado a sós com seus pais numa das mesas do jardim. Pela expressão compenetrada dela, estudando cada palavra com cuidado antes de emiti-la, desconfiei que o assunto seria nosso namoro.

- Claro, Sra. Perkinson! – devolvi com formalidade e simpatia.

- Charlotte, Alex! Já te pedi que me chamasse apenas de Charlotte. – corrigiu ela.

- É o hábito e uma questão de respeito, Charlotte. – devolvi

- Sabemos que você é muito educado, mas prefiro Charlotte, não me envelhece tanto. – retrucou ela, esboçando um sorriso forçado.

- Ok! Prometo me policiar, Sra. ..., Charlotte!

- Gostamos muito de você e, sabemos o quanto o Jeff aprecia a sua amizade. Porém, ele está numa fase em que precisa estar mais envolvido com garotas da idade dele, pensar no futuro, em constituir uma família que nos dê netos. E a amizade de vocês tem feito com que ele negligencie um pouco essa procura, pois vocês estão sempre juntos. Também nos preocupa a carreira dele. Não no aspecto profissional propriamente dito, mas no que representa ser um dos sócios do escritório de advocacia, que exige uma postura moral, uma aparência social adequada à posição dele e, para isso, uma família bem constituída com esposa e filhos são o melhor cartão de visitas. Você entende onde quero chegar, Alex? Talvez se vocês colocassem essa amizade de vocês em seu devido lugar, cada um possa construir sua vida de modo mais livre, compreende? – eu sempre desconfiei que esse dia ia chegar, cedo ou tarde. Enquanto o pai dele acompanhava o discurso da esposa, avalizando cada palavra, eu via crescer a rejeição que faziam à minha pessoa. Sabedores da minha condição, fizeram inicialmente o que determina ser politicamente correto, numa falsa demonstração de aceite daquilo que é diferente dos padrões.

- Eu compreendo a preocupação de vocês como pais, sei que zelam pela felicidade de seus filhos. Meu pai também não tem outra preocupação que não essa. A minha amizade com o Jeff começou através do meu irmão, como bem sabem, mas foi tomando proporções que hoje são mais do que isso. Eu amo seu filho, Sra. ...., Charlotte e Sr. Perkinson. Eu o amo tanto que à semelhança de vocês, meu único intuito é fazer dele o homem mais feliz desse mundo, de vê-lo crescer profissionalmente, de sentir que tem alguém que o ampare e o estimule diante das dificuldades. – revidei.

- Não me leve a mal, Alex! Mas, você acha que o Jeff vai encontrar tudo isso ao lado de alguém como você, alguém que tem os problemas que você tem? Problemas esses que vão ser sempre algo socialmente questionável. – questionou ela.

- Eu não tenho culpa por ter nascido assim, Charlotte. Também fiquei chocado e perdido quando, depois de anos vivendo de um jeito, eu descubro que não sou bem aquilo que pensava ser. Contudo, fui vendo que eu não era apenas aquilo que aparento sexualmente. Eu sou mais do que um corpo bizarro, eu sei amar, sei ter empatia pelos outros, sei ser solidário com quem tem problemas muito maiores que os meus, enfim, sou muito além de um intersexual. E, o amor pelo seu filho, bem como o amor dele por mim, deixa toda essa questão em segundo plano. – expliquei, embora ambos não me parecessem abertos a considerar outro ponto de vista que não aquele que já haviam definido ser o correto.

- Não estamos falando de culpa, Alex! Sabemos que você não tem nenhuma culpa nessa questão. O que nos preocupa é ver o Jeff tão envolvido nesse problema. Se você realmente o ama como diz, pense nisso. Pense em conceder-lhe tempo e espaço para ele descobrir o que é melhor para seu futuro. É isso que estamos te pedindo, que essa amizade de vocês não termine, mas fique restrita a tão somente uma amizade. – concluiu ela.

- A opinião de vocês quanto ao que o Jeff e eu sentimos um pelo outro é muito importante. Eu jamais faria alguma coisa que colocasse filho contra pais. Porém, eu acredito que ele tem direito a opinar nessa questão, afinal é a vida dele que está sendo discutida. – argumentei.

- Se você mencionar essa nossa conversa com ele, vai estar fazendo exatamente o que diz que não deseja, jogar filho contra pais. Esse foi o motivo pelo qual queríamos ter essa conversa apenas com você. Conhecemos sua índole, e sabemos que nunca faria nada para contribuir com a infelicidade do Jeff. – disse finalmente o pai dele, intervindo pela primeira vez na conversa.

- O que o senhor acaba de mencionar é a prova de que ele pensa de outra maneira. Não se preocupem, não vou mencionar essa conversa com ele. Se puderem me dar licença por um momento, ainda não cumprimentei alguns dos nossos amigos que chegaram há pouco. – afirmei, deixando-os a sós. Eu tinha um nó na garganta que estava prestes a explodir num choro convulsivo, e eu precisava estar longe dali para que aquela opressão em meu peito não me aniquilasse.

Sábado, 22 de outubro deVocê anda estranho essas duas últimas semanas. Sinto que está distante. Acho até que anda me evitando, precisei esperar horas para ter um retorno seu em duas ligações esta semana. O que está acontecendo? – inquiriu o Jeff, ante meu comportamento inabitual.

- Quero terminar nosso relacionamento! – afirmei, com a voz mais firme que consegui imprimir.

- O que? Nós nos amamos, que absurdo é esse? Que brincadeira é essa? Saiba que é de muito mau gosto, não gostei! – retrucou ele.

- Tudo tem um fim, o do nosso relacionamento chegou nesse ponto. – devolvi.

- Alex! Que bobagem é essa agora? – ele me encarava como se, de repente, o chão se abrisse a seus pés. Me doeu tanto ver sua fisionomia abalada. – Eu te amo, e sei que você também me ama. É um absurdo o que você está dizendo.

- Às vezes, o amor acaba, foi o que aconteceu comigo.

- Não é verdade! Pare com essa brincadeira! Estou perdendo a paciência.

- Conheci outra pessoa, na faculdade! – se aquilo se estendesse por muito mais tempo, eu desabaria no choro e, ele descobriria que aquela história não passava de uma grande mentira.

- Como assim, conheceu outra pessoa na faculdade? Isso não existe! E o amor que você jurou sentir por mim, desapareceu de uma hora para a outra, sem mais nem menos?

- Aconteceu, o que quer que eu diga? Que continue a te enganar? Você sabe que não sou assim.

- Me enganar? Você estava me traindo? Há quanto tempo existe essa tal de outra pessoa? Não acredito que você tenha feito isso comigo, com o nosso amor! – ele estava desnorteado, e eu me consumindo por dentro por vê-lo nessa situação.

- Não! Claro que não estava te traindo. É por isso que estou pondo um fim na nossa relação, não quero que ninguém se machuque.

- Eu estou arrasado! Você consegue imaginar como eu estou? Levar um fora de quem até ontem me fazia juras de amor enquanto agasalhava meu cacete, que fazia planos para o nosso futuro, que me dizia que eu era o único macho que te inseminaria até o fim dos nossos dias. Onde foi parar tudo isso?

- Não torne tudo mais difícil, Jeff, por favor!

- Eu quero que tudo se foda! O que eu preciso entender é como isso foi acontecer? Ninguém aperta um botão e quinze dias depois descobre que não me ama mais. Isso não existe!

Desci da camionete e entrei em casa, pois não chegávamos a um consenso final. Ele me seguiu por alguns passos, me puxou com violência pelo braço para que eu voltasse a lhe dar as respostas que queria, mas que eu infelizmente não tinha. Ao chegar ao meu quarto pensei que fosse desmaiar, me faltava o ar, tudo rodava à minha volta, meus ouvidos zumbiam, e sobre o meu peito parecia haver um peso de uma tonelada. Chorei tanto que o Dexter e o Champ lambiam meu rosto angustiados com aquela tristeza toda.

Domingo, 23 de outubro deO que se passa com você? Parece um zumbi vagando pelos cantos. Que novidade é essa de terminar o namoro com o Jeff por causa de outra pessoa? – questionou o Noah, depois de ter conversado com o Jeff, que o procurou para saber o motivo que me levou a tomar aquela decisão.

- Pois é, acontece! – respondi lacônico e sem forças para encarar outro duelo.

- Acontece o caralho! Você inventou essa história para se livrar dele, não me venha contar outra mentira para se justificar. – afirmou meu irmão, ciente que aquilo tudo não passava de uma desculpa esfarrapada.

- Não quero mais falar disso, Noah! Por favor me deixe em paz! Eu não aguento mais! – berrei, chorando convulsivamente.

- Eu sabia! O que você está escondendo, ou quem, para ter tomado essa atitude, quando seu amor pelo Jeff é a única coisa que te mantem vivo? – ele não era de se deixar levar por algumas palavras bem articuladas.

- Que absurdo é esse que o Jeff acaba de me contar? Encontrei-o, ou ele me encontrou ao que parece, por saber que costumo frequentar o South Shore Terrace com os amigos, e ele me disse que você terminou o namoro. Que história é essa? – inquiriu meu pai, que entrava afobado em casa, vindo de um bar às margens do lago onde quinzenalmente se encontrava com uns amigos para pôr os assuntos em dia.

- É o que estou tentando arrancar desse cabeça-dura! – exclamou meu irmão.

- É por isso que você anda tão acabrunhado todos esses dias? Vamos lá, Alex, quero saber o que está se passando com você.

Pressionado pelos dois, a quem eu não queria inventar mentiras e, pela dor que me sufocava, acabei revelando minha conversa com os pais do Jeff. Pedi que não interviessem, que não complicassem ainda mais a situação, que me deixassem dar novo rumo à minha vida.

- Vou respeitar seu pedido, apesar de achar que é um grande erro. O maior que você já cometeu, e que vai lhe custar a felicidade de toda uma vida. Você é adulto, tem direito a ter suas próprias decisões, mas como pai que o ama acima de tudo, peço que reveja sua postura. É nobre de sua parte não criar desarmonia dentro de uma família, porém, não vai ser você escondendo do Jeff quem são realmente seus pais que você vai conseguir isso. Eu te garanto, mais dia menos dia, ele vai descobrir a verdade e, mesmo longe de você e, sem a sua intervenção, ele vai se desentender com eles por qualquer outro motivo. Só que então, pode ser tarde demais para vocês dois. – argumentou meu pai, naquela sabedoria amorosa que sempre me amparou.

- Pensa no que o pai está falando. O Jeff está desesperado, tentando entender o que está acontecendo. Não faça isso com ele, por favor maninho, ele não merece! – ponderou o Noah.

- Está bem, vou pensar! – retruquei, pois além de não ter mais argumentos, eu estava arrasado.

Quinta-feira, 23 de novembro de 2017 – Dia de Ação de Graças

O Champ e o Dexter quase se acabaram ao identificar quem batia na porta da cozinha; o Ryan, com uma barba curta que eu desconhecia envolvendo seu rosto másculo, e ombros que pareciam ter dobrado de tamanho desde a última vez que nos vimos.

- Olá Sr. Butler! Pelo cheiro o jantar de Ação de Graças está prometendo, acho que vou ficar por aqui mesmo! – exclamou rindo, enquanto eu ajudava meu pai com o jantar.

- É muito bem-vindo, filho! Que novidade é essa na sua cara? Precisando parecer mais adulto para impressionar as garotas? – zombou meu pai.

- Só para as que valem à pena, Sr. Butler! – respondeu rindo.

- Isso é para você! – exclamou, me entregando um pacote de presente.

- Pensei que tinha se esquecido da gente! – retruquei, abraçando-o com mais ímpeto do que desejava.

- Impossível me esquecer de você! – devolveu, quando já estávamos a sós no sofá da sala. Essa observação me intimidou.

- Sinto sua falta! – confessei.

- Passei meses me lembrando do que rolou entre nós, nas noites em que não conseguia pegar no sono no alojamento da faculdade. – revelou ele, em voz baixa, após se certificar que ninguém nos ouvia. – Ainda sinto tesão quando penso no dia do baile de formatura.

- Foi uma noite mágica! Eu me acho um sortudo por ter acontecido com você. – confessei.

- Mágica mesmo! – pela expressão em seu rosto, dava para ver que tinha voltado no tempo, buscando aqueles momentos de puro tesão. – Mas, voltemos ao presente, o que anda aprontando e com quem?

- Não estou aprontando nada! Faculdade, estágio, trabalhos, uma saída ou outra com a galera, nada de especial. – afirmei.

- E aquele cara, amigo do seu irmão, que fazia parte do time rugby?

- O que tem ele?

- Ele arrastava uma asa e mais alguma coisa por você quando saí daqui. Não rolou nada?

- Namoramos por dois anos! – não valia à pena não dizer a verdade, ainda mais que o Ryan sempre soube ser aquele amigo discreto e confiável.

- Uau! Dois anos? E o que foi que aconteceu?

- Uma longa história, que vai ficar para outro dia. Hoje é uma data especial e não quero estragá-la. – afirmei.

- Então a coisa além de ter sido muito séria, também deixou marcas em você. Sinto muito! – solidarizou-se

- Nem tudo acontece como sonhamos! – devolvi resignado.

- Vejo que você ainda não superou. Ainda está ligadaço nele, não é?

- Nunca vou deixar de estar! Nunca!

- Então vá resolver o que tiver que ser resolvido e seja feliz! – aconselhou

- Não é tão simples!

- Faça com que se torne simples.

Combinamos de nos encontrar com aqueles colegas do último ano do curso básico que estivessem na cidade para rememorar os dias felizes daquele tempo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 51 estrelas.
Incentive kherr a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Uma triste realidade em que a família acha que o melhor para os filhos e se impondo e privando eles de coisas tão importantes como o amor.

1 0
Foto de perfil genérica

Maravilhoso, mas triste, sei que é um conto, uma ficçao mas qtos ja nao passaram por isso, bjos no coraçao...

0 0
Foto de perfil genérica

que raiva que tenho que outros façam a cabeça de uma pessoa

0 0
Foto de perfil genérica

Esconder as coisas em um relacionamento nunca é bom, espero que ele e o Jeff se resolvam

0 0
Foto de perfil genérica

Situação complicada a do Alex...

0 0