Guto decidiu aceitar o convite de Tavinho para ir ao quarto de Marcelo. O casal entrou no quarto aos beijos.
Guto começou a desbotuar a calça e Tavinho pôs a mão por dentro procurando a bunda do moreno.
Tavinho sentia-se estranho, pois não sentia animação pelo sexo. Ele queria desejar Guto e ter uma foda tão boa quanto tinha outrora. No entanto, a imagem de Murilo o perturbava.
Guto estava muito empolgado. A felicidade era tremenda, pois acreditava ter vencido, já que nem Verônica e nem Murilo estavam no seu caminho.
O moreno tirou as próprias roupas e começou a beijar o pescoço de Tavinho, alisando o pau do louro que permanecia adormecido.
Tavinho sentiu vontade de parar, queria ficar só, mas estava sem jeito de dispensar o amigo.
Guto estranhou o desânimo do amigo, afinal Tavinho nunca foi de negar fogo.
O moreno sentou no colo de Tavinho e o beijava, mas na mente de Tavinho só vinha Murilo.
Desanimado, o louro pôs Guto sentado na cama.
_ Me desculpe. Eu não consigo fazer isso.
Guto se entristeceu. O seu sonho de ter Tavinho não durou muito.
_ É por causa dele, não é?
Tavinho deitou de barriga para cima e ficou olhando o teto. Quis evitar olhar o rosto triste de Guto.
_ Eu sinto muito por isso Guto. Sinto mesmo.
_ Como pode gostar de um cara que destruiu a sua vida?
_ Eu também destruí a vida dele. Nós fomos muito cruéis naquela noite. Eu não tinha o direito de descontar as minhas frustrações no Murilo. Eu só machuco as pessoas. Machuquei a Verônica, o Murilo e agora estou machucando você.
_ Você o ama?
Tavinho confirmou com a cabeça. Guto levantou-se e vestiu as roupas.
_ Diga para o Marcelo que mais tarde eu volto para pegar o dinheiro.
_ Eu sinto muito...
_ Não senti não. Eu sempre fui um brinquedo pra você. Permaneci te amando por todos esses anos e você nunca me deu valor. Acho que chegou a hora de pôr um fim nisso. Eu mereço ser feliz.
_ Sim. Você merece ser feliz e eu não posso te dar essa felicidade. Não quero mais atrapalhar a sua vida. Você precisa libertar o seu coração desse sentimento que tem por mim.
Os olhos de Guto sem enchem de lágrimas. Ele põe as mãos nos olhos.
_ Eu não quero mais te ver. Te amar dói muito.
_ Que pena. Eu gostaria de manter a nossa amizade.
Guto saiu do quarto chorando e a empregada estranhou, já que os dois estavam aos amassos há alguns minutos atrás. Mas, ela não quis perguntar nada.
Tavinho permaneceu no quarto sentindo-se mal. Era a primeira vez que se incomodava em fazer Guto sofrer. A relação deles durou anos. Guto sempre foi prestativo, estava sempre pronto para satisfazer Tavinho, mas esse nunca o viu com algum tipo de sentimento, além de tesão.
Agora que teve o coração partido por Murilo, sabia o que causava nas pessoas.
Na manhã seguinte, Tavinho acordou com o toque do celular. Era a ligação de um amigo da família, que Tavinho havia pedido emprego em uma de suas lojas em São Paulo.
O pedido foi aceito e Tavinho sentiu-se extremamente feliz por finalmente consegui sair daquela cidade.
O louro explicou a situação para o amigo e esse ofereceu abrigo em sua casa até que Tavinho pudesse alugar um lugar.
Contou a Marcelo e eles abriram um vinho para comemorar.
Conforme os dias iam passando, a saudade que sentia por Murilo ia aumentando. Pensava em ligar para o rapaz, mas desistia por temer outra rejeição.
Tavinho planejava seguir a vida e esquecer do ruivo. Agora que havia saído do armário e iria para São Paulo, planejava conhecer outros caras e quem sabe assim esquecer o amor que sentia por Murilo.
Valdemar e a família jantavam num silêncio angustiante.
Mara estava muito preocupada com o marido, que depois que foi afastado do cargo de prefeito por causa dos escândalos, vivia sempre de mau humor e trancado no escritório. Valdemar havia se afastado da esposa de vez. Dormia no quarto de hóspedes.
Ela estava tão focada no marido que nem se importava com a tristeza dos filhos.
Verônica havia ligado para avó para relatar o acontecido e essa prometeu ir até a cidade.
_ A vovó vai chegar neste final semana._ disse Verônica, quebrando o silêncio.
_ Quem convidou aquela velha desgraçada?_ perguntou Valdemar irritado.
_ Não fale assim da vovó. _ resmungou Jorginho.
_ Eu falo como eu quiser. Esta porra desta casa é minha! Eu é quem devo convidar as pessoas e não vocês.
_ Ela não vai ficar aqui. Vem para nos buscar.
_ Como assim buscar vocês, Verônica!_ perguntou Mara.
_ Ela não confia no papai. Por isso vem. Eu e o Jorginho vamos morar com ela.
_ E você acha que se manda, mocinha?
_ Me mando sim, mamãe. Eu sou maior de idade e faço da minha vida o que bem quero. E ficar nesta casa não é algo que pretendo permanecer.
_ Você é uma inútil, Verônica. Não concluiu a faculdade por burrice e duvido que a sua avó queira te sustentar. _ disse Valdemar.
_ Ela não vai me sustentar. Eu vou arranjar um emprego.
_ Verônica, você é maior de idade, mas o Jorginho não. Ele só sai desta casa se eu e o seu pai permitir.
_ Jorginho vai comigo sim, mamãe. Eu não vou deixar o meu irmão aqui com esse pedófilo!
Valdemar fica vermelho de raiva e joga o prato na parede.
_ Como se atreve a falar assim de mim, sua vadia?
Verônica permanece sentada. Seu coração estava acelerado de raiva, mas ela manteve a calma.
_ Eu vou proteger o meu irmão e vocês não vão me impedir.
Por sua culpa, pai o Murilo acabou com o meu noivado. Você destruiu a minha vida, não vou deixar que destrua a do meu irmão.
_ Verônica, pede perdão para o seu pai agora!
_ Eu não vou pedir perdão coisa nenhuma. E você é cega! Prefere magoar as pessoas para ficar do lado dele. Não se importa com os seus filhos, mas prefere bajular o seu marido pedófilo.
Mara dar um tapa na cara de Verônica e o Jorginho corre para abraçar a irmã.
_ Logo esse pesadelo vai acabar. Eu vou embora deste inferno.
_ Vai mesmo. E pode levar esse moleque de merda e a imbecil da sua mãe. Eu estou de saco de cheio de todos vocês!
Valdemar saiu da sala de jantar e Mara foi atrás.
_ Meu amor, calma! Vamos conversar...
Valdemar fechou a porta na cara da esposa.
Mara voltou furiosa para a sala de jantar.
_ Não é porque você foi uma incompetente com o seu noivado que tem o direito de destruir o meu casamento.
_ Você vai se acabar sozinha, mãe. Sozinha e amarga.
Verônica saiu da sala de jantar e Jorginho foi atrás da irmã.
Mara sentou em uma das cadeiras e começou a chorar.
Notas do autor
Queridos leitores, sei que tenho demorado a postar. Isso ocorreu devido ao fato de que estou trabalhando muito. Contudo, prometo postar todos os dias deste final de semana e finalizar a história em breve, já que estamos caminhando para os capítulos finais.
Abraços.