Olá pessoal vou narrar a vocês uma história cheia de mistério, onde envolveu um assassinato e seis pessoas. É uma história bem complexa, então preciso que vocês prestem bem a atenção nos detalhes.
Era madrugada quando os cinco homens mais interessantes e improváveis de Los Angeles estavam voltando juntos do que seria a noite mais bizarra de suas vidas.
Tomas estava sendo carregado por Jacob e Gabriel que andavam desesperados até o carro. Marcos já estava dando a partida quando Sam deixou seu notebook cair no chão.
-Merda. -gritou Sam. -Estamos fodidos.
E ele de certa forma não estava errado. O que aconteceu naquela madrugada iria marcar a vida deles para todo o sempre.
-Sam, entra no carro logo. -ordenou o Marcos que já havia colocado todos para dentro.
Assim que Sam entrou, todos se olharam e Tomas que parecia um zumbi começou a chorar feito uma criança.
-Cale a boca, Tomas.Precisamos ficar calmos. - brigava Jacob procurando o celular na jaqueta de couro que ele sempre usava.
-Professor, pra onde iremos? -Sam perguntou olhando para Marcos que estava trêmulo no volante.
-Você conseguiu pegar tudo? -Marcos respondeu devolvendo uma pergunta para Sam.
-Claro. -ele respondeu curto, porém certo do que estava dizendo.
-Estamos fodidos. -continuou Jacob a choramingar.
As vezes me pergunto o que aqueles cinco foram fazer naquela festa horripilante que mais parecia um encontro de vítimas de Petter Cárter.
Para começar quero esclarecer que todos os acontecimentos descritos daqui para frente podem estar ligados ou não propositalmente e que toda similaridade pode ser mera coincidência.
Enquanto os cinco estavam indo sem direção ao norte, Cárter estava onde deveria estar, saindo pelos fundos da casa com sangue nas mãos e uma carta.
Ele corria desesperado e sabia que quanto mais tempo ele ficava na casa, mais anos ele pegaria de prisão. Ele chegou ao final da rua sem saída e pode ver o carro do seu seu atual brinquedo, seu advogado Ronald Johnson que estava paralisado e incrédulo ao ver seu affair ensanguentado adentrado seu carro.
-Que merda é essa agora, Petter? -ele gritou desesperado.
-Vamos passar na sua casa. Preciso tomar um banho e queimar minhas roupas. -Petter respondeu sereno.
-Petter o que você fez? -ele perguntou ainda parado.
-Tem fogo? - Peter perguntou pegando um cigarro do porta luvas.
Ron ligou o carro e pegou o isqueiro do bolso da calça. Ainda sem entender nada ele tentava manobrar para sair daquele lugar antes que a polícia chegasse.
-Ron... - Petter disse soltando fumaça pela boca e tirando o capuz do moletom de sua cabeça. -Acho que armaram para mim.
- Espero que me conte a verdade. -ele ainda assustado com as mãos de Petter.
- Tenho medo do que podem me acusar. -Petter dizia ainda sereno.
-Pelo sangue nas suas mãos você deveria estar mais preocupado do que aparenta. -Ron disse meio irritado e Petter que olhava para frente se virou para ele.
- Estou dormindo com o melhor advogado da cidade. Fique tranquilo. -ele sorriu acariciando a perna de Ron que o fez arrepiar.
Durante o trajeto Petter fumou três cigarros seguidos e seu nervosismo começou a brotar de sua face quando viu a primeira viatura correr feito vento para a direção oposta deles.
-Quer que eu ligue pra sua mãe? -Ron perguntou cortando o silêncio do carro.
-Quero distância dela e de todos da minha família. -Petter disse olhando para fora do carro.
Provavelmente a mãe de Petter já estivesse no quinto sono e quando acordasse, mais uma vez sua família seria alvo de mais um escândalo. Uma normalidade para a família Cárter que buscava a mesma fama das Kardashians.
A vida passada em um programa de TV vendendo sensacionalismo barato e fútil transformou os Cárter em no segundo programa de família mais visto do país.
Carin, a matriarca se orgulhava de sua família e de como eles eram exemplo de baixaria e pornografia gratuita na televisão. Isso lhe rendeu um programa de auditório e dez temporadas da vida insana dos Carter.
Seus irmãos Jenny e Toddy eram a prova viva que quanto mais artificial se era, mais interessante se tornava. E Petter era o que menos gostava dos holofotes. Ele precisava ser o único normal entre as câmeras para ser o mais bizarro longe delas.
Quando finalmente conseguiu a fama de filho pródigo no último ano da faculdade de psicologia, ele acabou afundando os dois pés na areia movediça nessa enrascada.
Enquanto Petter tirava as peças de roupa ensanguentadas no carro, Ron abria a porta da garagem de sua casa e olhava para ver se estavam sendo seguidos.
Petter desceu do carro semi nu e adentrou a casa rapidamente. Entrou pelos fundos, correu para o banheiro que lhe já era familia, tirou a cueca e se virou para o espelho. Ele se olhava enquanto lavava as mãos na pia. O sangue descia pelo ralo junto com mais um pedaço de sua alma.
-Acho que to perdendo quem eu sou. -ele disse para si mesmo no espelho.
Seu corpo musculoso se contraia involuntariamente. Suas pernas grossas terminam e seus braços já lavados se fecharam num abraço.
Ron entrou no banheiro e Petter começou a chorar. Era um choro desesperador. Parecia estar expulsando algo que não queria sair. Os soluços de choro eram seguidos de gritos que rapidamente foram cessados pelo afago de Ron que o prendia em seu corpo.
- O que você fez, Petter? -ele perguntava retoricamente.
Mesmo escutando, Petter o ignorava. Chorava mais e mais. E finalmente a ficha parecia estar caindo.
Do outro lado da cidade os cinco rapazes mais perdidos de Los Angeles pararam em meio a uma estrada deserta e começaram a tentar traçar um plano.
-O que vai acontecer agora? -Jacob perguntou menos desesperado.
-Vamos agir naturalmente. Como se nada tivesse acontecido. - Tomas disse acendendo seu cigarro de maconha da madrugada.
-Esse não é o momento de ser acusado por mais um crime, Tom. - Marcos disse pegando o cigarro de Tomas e jogando fora.
- Precisamos combinar o que vamos dizer para a polícia. -explicava Sam abrindo o notebook no colo e encaixando o pendrive.
-Combinar o que? Que não matamos o cara que queria fazer da nossa vida um inferno? - esbravejou Gabriel dando um soco na porta do carro quebrando o vidro.
-Puta merda, Gabriel. Quer parar de fazer merda? -gritou Marcos que começou andar sozinho em frente ao carro.
Enquanto Tomas e Jacob viam a mão de Gabe, Sam foi atrás de Marcos que estava sem paciência com total infantilidade dos rapazes.
-Tenho medo do que pode acontecer amanhã, professor. - Sam admitiu mostrando que o pendrive estava vazio.
-Sam, diz pra mim que você não trocou os pendrives. -Marcos dizia com os olhos arregalados.
-Eu não sei, estava tudo escuro...-se explicava Sam até ser interrompido por um tapa na cara dado por Marcos com tanta força que o deixou meio tonto.
-Você vai acabar com as nossas vidas, seu moleque irresponsável. -ele disse pegando o notebook de sua mão e jogando no chão.
Ele estava enfurecido. Pegou um pé de cabra no carro e começou a quebrar o notebook em milhares de pedaços.
-O que tá acontecendo? - Jacob gritou chegando perto deles.
-Vocês tem noção do que pode acontecer se essa merda parar nas mãos da polícia? Minha carreira está em jogo. O futuro de vocês está em jogo. - ele gritava se segurando para não voar no pescoço de nenhum dos rapazes.
Marcos tinha razão. Sua carreira seria a mais prejudicada. O professor bonitão , gostoso e machão, casado com uma das colaboradoras da faculdade da Califórnia e pai de dois adolescentes tinha uma vida gigante pela frente. Era o único com mais experiência naquele momento e o mais sensato. Ele precisava pensar em algo rápido para não cair tudo sobre seu colo.
-Professor, tive uma ideia. - sussurrou Jacob.
-Qual a brilhante ideia você tem Jacob?- ele perguntou totalmente desinteressado.
-Todos precisamos contar a mesma história. -Jacob começou. - Todos fomos convidados para a festa na casa de Ben e quando as luzes se apagaram não vimos mais nada. Saímos assustados de lá e a última pessoa que vimos foi..
-Petter. - Tomas concluiu com um sorriso de luz no fim do túnel.
-Vamos todos acusar Carter de matar Ben? - Gabe perguntou incrédulo.
-Vai dizer que ainda sente alguma coisa por ele depois de tudo que ele fez? -Sam disse choramingando.
-Gente, não temos certeza que foi ele. A luz apagou e quando acendeu Ben estava morto. -lembrou Gabe olhando para cada um deles.
-As mãos de Petter estava ensangüentada. -Marcos sussurrou.
-Quem aí já foi enganado por Petter Carter? -perguntou Sam levantando o dedo.
Todos se olharam e cada um levantou a mão por vez.
Todos já haviam sido o passatempo de Petter em algum momento. Seja por uma semana, um mês ou até mesmo um ano. Petter conseguiu ir pra cama com cada um deles e não só isso, conseguiu o que queria de cada um deles sem muito esforço.
Dava para notar pelo olhar vazio deles que estavam pensando no dia em que cada um conheceu Petter. O dia em que cada um se apaixonou e o dia em que se sentiram enganados por ele.
-Petter matou Ben. -soltou Tomas. - Eu o vi com as mãos cheias de sangue.
-Petter matou Ben. -Gabe repetiu e todos assentiram com a cabeça.
-Amanhã vamos agir como se nada tivesse acontecido. -Marcos disse voltando para o carro.
-Professor, não podemos ir juntos pra casa. -Jacob dizia pedindo um Uber.
-Até mais , meninos. - Marcos disse ligando o carro.
E num piscar de olhos todos saíram daquele lugar deserto. Sam e Gabe foram juntos em um carro enquanto Jacob e tomar foram em outro.
Todos foram para seus respectivos dormitórios e tentaram fingir que tudo não passava de um sonho ruim.
Naquela altura se tudo não passasse mesmo de um sonho, todos já estariam dormindo com a cabeça tranquila no travesseiro, o que não ocorreu com nenhum deles.
Ao mesmo tempo que todos queriam acreditar que Petter havia assassinado Ben, a única prova era o sangue em suas mãos. Mas ninguém havia visto de fato o crime acontecer. Era uma dúvida que teria de ir pro caixão junto com Ben.
Ron conseguiu acalmar Petter com uma massagem relaxante na banheira e o bom e velho sexo selvagem. Ele precisava descansar a mente. Tentar esquecer ao menos um pouco o que tinha acontecido.
Depois de colocar Petter na cama, Ron voltou a garagem. Precisava verificar o carro e apagar qualquer vestígio de sangue. Ele entrou no automóvel que acabara de comprar e viu o papel que Petter estava segurando quando o viu na cena do crime.
Era uma carta. Uma carta de recomendação na verdade. Mas não era qualquer carta de recomendação qualquer.
Ele a pegou, levou para a sala e se sentou no sofá próximo à lareira.
-Você nunca acende. -disse Petter entrando da sala se referindo a lareira acesa.
-Petter vá dormir. -ele disse acendendo um cigarro.
-Você leu? -Petter perguntou olhando para a carta nas mãos de Ron.
-Ainda não. - ele respondeu olhando fixamente para o corpo nu de Petter iluminado com o fogo da lareira.
- Não acredite em tudo que tiver nessa carta. Ela foi escrita com muita raiva. - ele o aconselhou.
- Vou ter um filtro pra ler. Quer que você saiba que não está sozinho. - ele disse ainda para Petter que mais parecia um anjo esculpido de tão perfeito.
-Não precisa me olhar como se fosse me perder. Sou seu. - Petter disse se sentando ao seu lado.
Ron o beijou e se virou para a carta.
"Não, eu não vou escrever isso atoa. Quero que todos saibam o quanto estou triste e destruído. Queria todos soubessem o quanto me sinto usado e abusado, o quanto fui tratado como lixo por uma pessoa. Seu nome não é desconhecido. Pelo contrário, é um dos maiores nomes do país e não por mérito ou por um grande feito, mas sim por conta do peso de sua família tão suja quanto ele.
Petter foi a pessoa que conseguiu tirar o melhor de mim quando menos eu conseguia respirar. Se aproveitou da minha vulnerabilidade para me seduzir para que eu me sentisse especial. Quando sai do transe descobri que ele não só me usou o tempo que pode para não ser manchete do jornal universitário, como também se relacionou física e emocionalmente com cinco pessoas ao mesmo tempo além de mim. O professor de psicologia, o aluno de informática avançada, o colega de turma, o capitão do time de remo e o aluno do último período de biomedicina. Todos também enganados por ele. Chegamos a pensar em casamento, mas Petter sempre se esquivava. Talvez por ter rabo preso com algum de seus amantes ou até mesmo um novo affair que estava prestes a descobrir. Depois que descobri que estava sendo enganado eu parei de ter valor para ele. Era como um jogo e eu era a peça que não servia mais.
Fui descartado, humilhado com um discurso bêbado do quanto eu era péssimo de cama e o quanto ele se divertia em transar com metade da faculdade. Todas as coisas cuspidas na minha cara. E eu sem entender quando foi que eu errei. Petter soube que naquele momento eu poderia me vingar, então tentou contornar a situação e até me ofereceu dinheiro. Eu não precisava de nada a não ser contar para o mundo quem ele realmente era. Para o mundo que o tratava como a melhor pessoa do mundo ou o bom filho da família Carter. Eu sinto nojo ao pronunciar seu nome. Eu sinto asco ao lembrar do seu gosto. E resolvi escrever essa carta aberta para desmascarar ele e todos os gays enrustidos que se relacionaram com ele. Quero que sofram metade do que senti. Que se sintam descartáveis como eu me senti. Que se sintam expostos e vulneráveis como eu fiquei. E que saibam que ele só usou todos eles para conseguir alguma coisa. E deixo a vocês um conselho. Nunca, jamais, em hipótese alguma acredite em uma palavra se quer que aquele verme disser. Ele tem a capacidade de fazer você se sentir como se não fosse nada e faz isso rindo.
Se o ver numa balada não troque olhares. Se o ver na sala de aula, ignore-o. Se o vir passando pelo campus com seu sorriso falso e seu nariz operado, corra. Porque ele vai quer te conhecer, te usar e te descartar com a mesma rapidez. E se ainda não fui claro o bastante, fuja dele. Fuja de Petter Carter".
Assim que Ron leu, olhou pra Petter e entregou a carta a ele.
-Faça o que quiser. - Ron disse olhando fixamente para ele que pegou a carta, rasgou em três pedaços e jogou na lareira.
-Adeus Ben. -Petter disse olhando para o fogo.
Ele se sentou em frente à lareira e ficou observado o fogo por quase uma hora. Ron se encaixou em um abraço e ficou junto a ele até adormecerem ali mesmo.
E foi isso. Espero que tenham gostado. E até o próximo capítulo.