Estávamos em São Petersburgo, onde iríamos participar de mais um Ritual de Iniciação. Desta vez, seria em um lugar perto do mar. Na vez anterior, o Ritual envolveu um polvo que se agarrou em nós dois, principalmente em Regina.
Zarya havia retornado ao Hotel, e já estava anoitecendo. Chegamos ao local do Ritual, era mais um daqueles prédios antigos, que por fora não deixava transparecer que era sede de uma Ordem oculta. Nesse horário, estava completamente vazio, exceto pelos participantes do Ritual. No portão, nos identificamos, e um Guardião nos acompanhou até o Portal de entrada. Chegamos a uma sala, que curiosamente não tinha absolutamente nada, nenhum móvel, apenas um tapete antigo, o chão de madeira estava inclusive empoeirado. O Guardião ergueu o tapete, se ajoelhou e pressionou o lado de um taco de madeira, que revelou um alçapão secreto, que dava para uma escada.
“- O Ritual vai ser no porão? Há alguma masmorra?”
“- Não é um porão. Existem diversos túneis subterrâneos, construídos há séculos.”
O Guardião portava uma dessas lanternas antigas, a gás, que emitia uma luz amarelada . Seguimos por um longo corredor, com vigas de madeira muito antigas, e que estava cheio de desenhos nas paredes. Chegamos a uma porta muito grossa e pesada; era deita de várias camadas de materiais diferentes.
“- Existe um motivo para essa porta tão pesada?” Perguntei.
“- Essas portas e paredes impedem que a energia sexual saia e se disperse. Assim, fica acumulada.”
“- Interessante”
Chegamos a um salão, que parecia um grande vestiário. Ali, havia vinte e duas pessoas , todas tirando as roupas e ficando nuas. Casais hetero e homossexuais. Conosco, éramos em doze casais.
A seguir, todos deveriam beber, em taças douradas, aquela bebida ritual comum a várias Irmandades.
Desse salão, onde deixamos todas as roupas, fomos, todos nus, ao próximo. Era como uma dessas termas romanas, uma grande piscina no meio, circular, rodeada de colunas, um teto alto, mas fechado, com pinturas de figuras mitológicas.
As pessoas foram entrando na água, alguns casais já se beijavam. Pelo que entendi, o lugar acumulava energias sexual. E o ambiente já me parecia carregado de sexo, eu já me sentia excitado, o cacete duro. Todos ali sentiam o mesmo. Os homens de cacete duro, as mulheres com os mamilos eriçados. Não haveria a necessidade do óleo especial.
A água do mar não aprecia fria, talvez houvesse algum aquecedor no meio do trajeto entre o mar e os canais que traziam a água.
Quando os doze casais estevem na água, surgiram os Adeptos, todos com túnicas e capuzes negros, e acenderam velas ao redor da piscina. Incenso foi aceso, e eles andavam em círculos, entoando cânticos que me pareceram lúgubres. Regina observava, entre curiosa e preocupada.
Os casais, envolvidos pela atmosfera altamente sexual, começaram a se esfregar, alguns já faziam sexo oral. Um homem fez a companheira sentar na beira da piscina e chupou a buceta dela até ela gozar. Um pouco além, estava acontecendo um ménage, dois homens penetravam uma mulher. A mulher que ficou de fora veio e começou a beijar minha esposa, se esfregando nela. A excitação foi aumentando, essa mesma mulher segurou Regina, enquanto outro homem a foi abraçando e acariciando, apertando e beijando seus peitos. Eu me aproximei, beijando-a na boca, mas observando tudo em volta, eu achava que poderia haver algo, como aquele lance do polvo. Regina estava em torpor, estremecendo , os homens e mulheres em uma grande suruba. Assim que o homem se distraiu, ela me agarrou forte, e me pediu para penetrá-la, o que fiz imediatamente, enquanto um Negão vinha por trás dela, querendo enfiar no cu. Ele apertava as nádegas dela e abria, mas era difícil na agua do mar. Entorpecida pelo ambiente , ela até ajudava, empurrando a bunda. Mas entendi o princípio: quanto maior o desejo, maior a energia sexual acumulada.
Então, minha preocupação aumentou: Os Adeptos ,em um dos cantos do salão, começaram a girar uma grande manivela, ligada a uma espécie de engrenagem que movia correntes.
O barulho era de algo se abrindo, talvez um portal, e uma sombra escura apareceu sob a água.
As pessoas mais próximas pareciam paralisadas. Fiquei segurando Regina com força. Tentei levantá-la e empurrá-la para fora da piscina, mas os Adeptos nos empurravam de volta com longos bastões de madeira.
Então, um dos homens afundou, e uma mancha vermelha apareceu na superfície. Mas as pessoas não gritavam. Pareciam paralisadas. Então, apareceram os tentáculos. Grandes e grossos, cheios de ventosas. Um dos Adeptos, o filha da puta sacana, ficou me cutucando e tentando nos empurrar na direção do bicho. Não tive alternativa: segurando firme em Regina, entrei na mente dele e fiz com que saltasse, bem em cima da sombra. Ele afundou rapidamente, e outra mancha vermelha apareceu. Os outros Adeptos se entreolharam , agora com medo. Mas continuavam tentando empurrar as pessoas. Fiz com que outro deles se jogasse também. O Hierofante “Sâr Xulhutu” olhou para mim, percebendo o que eu estava fazendo. Ele veio com tudo para cima de nós, mas, no exato instante em que ele levantou o bastão, fiz com que ele caísse na água. Percebendo o movimento, a criatura o pegou com um dos tentáculos, levando para baixo. Os outros Adeptos, vendo seu Hierofante desaparecer, saíram correndo. Mas a coisa estava preta. Se eu me movimentasse com Regina, o monstro perceberia e nos puxaria. Regina estremecia... estava prestes a ter um orgasmo. E às vezes, em momentos de perigo, ela levitava, e surgia um relâmpago. Fui beijando minha esposa, que gemia e suspirava, acariciando seu clitóris enquanto a penetrava. Enquanto isso, mais uma pessoa sumia, talvez comida pelo bicho.
Regina, então, tremeu inteira, e gozou:
“- AHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!”
A névoa, curiosamente, surgiu rápido, tomando conta do lugar. Eu e Regina começamos a subir, até acima do nível da água. Um relâmpago clareou tudo, mesmo ali no subterrâneo, e um trovão quase nos deixou surdos.
Mas não estávamos fora de perigo ainda. Um dos tentáculos, enorme, e nos envolveu, as ventosas grudando em minha esposa, a ponta tentando penetrar o cuzinho dela.
Ela gemia, ainda em estado de êxtase sexual.
“_-AHHHHHH!!!!!”
A ponta do tentáculo começou a entrar no cuzinho dela, e eu não conseguia puxar para fora , mesmo fazendo força.
Então uma luz muito forte apareceu, eu quase não conseguia abrir os olhos, tão forte era a luminosidade.
Os tentáculos se dirigiram em direção a luz . como que tentando agarrar algo, mas pareciam se queimar ao toque, virando carvão. Ouvi um urro imenso, como de uma fera recebendo um golpe mortal. Os tentáculos se retraíram , e caíram inertes nas bordas da piscina.
A luminosidade diminuiu um pouco, e pude ver uma figura feminina flutuando a cerca de um metro de altura acima da água. Era a bela Zarya !
“- Mas... Zarya!”
Ela olhou para mim, sorrindo. E falou:
“- Normalmente não interferimos em assuntos como esses. Temos nossas próprias preocupações”
“- Mas...por que então...”
“- Lembra da velhinha em Moscou?”
Arregalei os olhos. Regina saiu do seu torpor.
“- Era eu”
“- Você?”
“- E a outra pedinte, aqui, era uma de minhas irmãs. Às vezes testamos, para saber se as pessoas estão ao lado do Bem ou do Mal”
“- Então vocês...”
“- Somos a Verdadeira Irmandade . Estamos além dos Planos e Véus.”
“- Mas...”
Eu tinha muitas perguntas, mas ficaria sem respostas. Ela sumiu em um clarão.
Fomos descendo lentamente, a me segurei forte na beira da piscina.
Regina, ao despertar do torpor, não conteve o seu pavor. Pelo menos quatro pessoas haviam morrido. As outras, despertas pelo susto e pela claridade, saíam da piscina, apavoradas, correndo para fora.
EU nunca havia visto minha esposa daquele jeito. Ela, furiosa, gritou com toda força:
“-AAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!
Movimentando toda a energia sexual acumulada ali, a névoa foi escurecendo , pareciam nuvens de tempestade. Relâmpagos se formaram ali dentro mesmo, terminando de queimar aquela figura monstruosa. Trovões ensurdecedores se seguiam. Ela continuava soltando seu grito desesperado. As colunas do salão racharam, e vi que aquilo ia desabar logo. Peguei Regina pelo braço, ela parecia incrívelmente leve, como se ainda estivesse flutuando. Peguei-a no colo, e saí correndo. As pessoas vivas já estavam bem à frente.
Subimos correndo a escada, e nos deparamos com o Guardião, que parecia apavorado, e nem pensou em nos parar.
Saímos para a avenida à beira-mar, e ouvimos o barulho do prédio desmoronando, como se fosse uma implosão. Caiu tudo, restando apenas escombros.
Mas ainda estávamos podres de cansados, e chegamos ao Hotel.
Fomos correndo ao quarto de Zarya, querendo saber como é que ela havia feito aquilo.
Ainda tivemos tempo de vê-la, nua, em posição de meditação, se dissolvendo em uma luz branca, acima da cama.
No dia seguinte, a notícia seria que vários relâmpagos haviam caído sobre um prédio antigo, causando seu desabamento.
Finalmente, durante o café da manhã, conseguimos contatar Diana. Contamos sobre o Ritual, e sobre Zarya..
“- Zarya? Que Zarya?”
“- A guia que vocês contrataram!”
“- Que guia? Não conseguimos nenhum, simplesmente não achamos ninguém!”
“- Aimeudeus...”
“- Zarya salvou nossas vidas, ela disse que ‘elas eram a Verdadeira Irmandade’!”
“- A Verdadeira.... Drake precisa saber disso!”
Retornamos a Londres no primeiro vôo, e, do aeroporto, direto à sede da Agência, onde Drake e Diana já estavam aguardando.
“- Me fale sobre essa Zarya” perguntou Drake.
A Deusa, ou o que quer que fosse, havia salvo nossas vidas, então procurei falar genericamente sobre ela. Não contei a história da velhinha pedinte em Moscou, ou poderiam começar a investigar isso. Apenas relatei:
“- Uma moça se apresentou como sendo a nossa guia, ela falava várias línguas. Como vocês disseram que um guia ia se apresentar no Hotel e ela se identificou...”
“- Justamente quando tivemos problemas para contatá-los...”
“- O fato é que ela nos salvou lá no Templo, e conseguiu destruir a criatura.”
“- Vocês acham que era o ‘Organism 46-B’ que foi descrito nos tablóides?”
“- Parecia mesmo um polvo com habilidade de paralisar as pessoas. Mas era atraído pela energia sexual acumulada naquele lugar.”
Drake, então, resolveu assumir o rumo da conversa:
“- Vamos analisar a missão como um todo: Ao final, o Hierofante que criou essa Ordem, “Sâr Xulhutu” , foi eliminado, e a criatura responsável pelas mortes nos rituais , destruída. A sede da Ordem, implodida... em princípio, foi um sucesso, poderia ter sido um trabalho de qualquer boa Agência ...”
“- Mas...”
“- Mas se não fosse essa Deusa, talvez vocês não estivessem vivos.”
“- Eu ainda poderia tentar entrar na Criatura, e soltar a gente até Regina se recuperar...”
“- É uma possibilidade....”
Diana interferiu:
“- Bom, temos vários agentes que já passaram por situações semelhantes”
“- Não estou dizendo que vocês conduziram mal essa missão, pelo contrário. Além do resultado, fizeram contato com o que parecia apenas boato, a “Verdadeira Irmandade”, que, dizem, deu origem a quase todas as outras Ordens, Fraternidades e Irmandades que temos hoje em dia.”
“- Mas, se for assim...”
“- Zarya , segundo a Mitologia, é uma Deusa eslava, a Deusa da Beleza... e era virgem e honrosa. Como vocês a descreveram. “
“- Verdade!”
“- Se realmente for ela, então essa “Verdadeira Irmandade” ainda existe, e poderíamos contatá-la para unificar todas as Ordens ao redor do mundo.” Disse Drake.
“- Não sei se será possível. Zarya disse que elas testavam as pessoas, para saber se eram do Bem ou do Mal”
“- E como testaram vocês?”
Aí eu omiti aquela parte. Olhei para Regina, e falei:
“- Creio que durante o passeio a São Petersburgo. Ela perguntou várias coisas, nossas opiniões sobre alguns assuntos...”
“- Pode ser mais específico?”
Regina interfereriu:
“- Sei lá, falamos sobre muitas coisas, ela deve ter analisado nossas personalidades, ou lido nossos pensamentos...”
“- Procurem lembrar , de qualquer maneira, vocês são os primeiros a relatar um encontro dessa natureza. Mas o que eu queria dizer antes é que vocês precisam passar por um treinamento mais intenso, para poder assumir missões importantes. Ter mais recursos, e não depender de Deusas, que podem não estar lá quando estiverem em apuros”
“- Tem razão.”
Nas próximas semanas, teríamos nosso Treinamento Especial, específico para os assuntos relacionados às diversas Ordens, Irmandades, Fraternidades e demais grupos dedicados à Magia Sexual . Mesmo aqueles onde a energia sexual era uma pequena parte dos seus estudos.
CONTINUA