Sinopse:
O único arrependimento do Imperador era não ter mostrado seu amor pela Imperatriz. Mas de que importava isso agora? Naruto estava morto. A única luz e alegria que o Império tinha havia morrido, não existiam mais dias ensolarados ou felizes, tudo agora era frio e sem vida. O pobre príncipe herdeiro estava quebrado e o Imperador era mais tirano e cruel do que jamais fora.
Mas a Imperatriz era uma Fênix, e Fênix renascem das cinzas.
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Capítulo 1 - Prólogo

Os gritos do príncipe herdeiro ecoaram por todo o Jardim Imperial, agitando os pássaros que repousavam ali em sua calmaria. O sangue se espalhava pelas flores, manchando seu doce aroma. Era o sangue da Imperatriz. A Imperatriz, a Lua do Império, estava entre as flores como uma fada adormecida, mas seu filho estava chorando sobre seu corpo e implorando para que essa fada acordasse.
Uma mulher emergiu entre a multidão de pessoas ao redor dos dois corpos e se ajoelhou ao lado da criança, seu rosto em puro pânico quando olhou para o corpo ensanguentado abaixo de si. Suas mãos tremiam, as lágrimas já escorrendo sem nenhum controle. Sakura temia que já fosse tarde demais.
“Levem Sua Alteza o Príncipe Herdeiro daqui.” Ela ordenou.
“Não! Eu preciso ficar com A-Niang[1]! A-Niang precisa de mim!” O príncipe herdeiro rugiu contra os guardas e eles hesitaram.
“Vocês não ouviram o meu comando? Arrastem ele se necessário!” Sakura rugiu mais forte, seus olhos esmeraldas pegando fogo e desafiando alguém a contrariá-la.
“Como seu Príncipe Herdeiro, eu exijo que me larguem! Agora!” A criança de cinco anos chutou nos braços dos guardas, a fúria em sua voz lembrando os pobres homens de seu Imperador e, novamente, eles hesitaram.
“Tirem o meu sobrinho daqui ou eu não respondo por mim.” Sakura fez seu último aviso e foi suficiente. Os guardas arrastaram a criança furiosa para longe, deixando silencioso o Jardim Imperial que outrora era povoado por gritos e choros.
A mulher rasgou as roupas luxuosas da Imperatriz e seu coração doeu com a visão de seu peito completamente ensanguentado, um enorme corte no corpo delicado. Não era um corte normal. Se fosse, ele poderia ser salvo, pois apesar de tudo seu alfa era o mais forte. O vínculo que eles compartilhavam seria o suficiente para salvar a vida da Imperatriz. Aquele não era um corte normal.
“É veneno.” Ela concluiu, as mãos tremendo enquanto analisavam.
Sakura cerrou os punhos e se levantou com o corpo da Imperatriz — de seu amigo — nos braços e tão rápido quanto ela podia levou-o para o Palácio Safira, onde ela colocou o corpo flácido o mais delicadamente possível antes de ordenar que toda sua equipe médica viesse imediatamente. Ela tinha que fazer alguma coisa, qualquer coisa.
“Naruto...” Ela sussurrou, olhando para o rosto assustadoramente pálido. “Você precisa ficar firme. Eu farei o possível para te salvar então, por favor, fique firme.”
“Menma...” A voz fraca da Imperatriz saiu como um sussurro tão baixo que era quase impossível de ouvir, seus olhos tremiam brevemente, mas se recusavam a abrir. Sakura cerrou os dentes com a aparência tão frágil de sua Imperatriz. Aquele não era Naruto, não era a pessoa cheia de vida e sorridente a qual ela estava acostumada. Ela queria esse Naruto de volta — mas ela sabia, como médica, que talvez já fosse tarde demais. Aquele era um veneno mortal que ela nunca tinha visto antes e, portanto, não havia antídoto. Sakura não sabia o que fazer.
“Sua Alteza está bem, Majestade. Fique comigo, respire.”
“Sasuke...”
Sakura cerrou os dentes, a raiva acumulando-se dentro de si.
“Onde está Sua Majestade o Imperador?” Ela perguntou, a voz tremendo.
“Respondendo à Médica Imperial, Sua Majestade está passeando com a Senhorita Karin da família do Primeiro Ministro.”
Sakura bateu os punhos na parede próxima.
Aquele bastardo Uchiha. Como ele ousava, como ele se atrevia a negligenciar a Lua do Império por uma vadia qualquer no momento em que Naruto mais precisava.
“Convoquem o Imperador!” Ela rugiu, ordenando aos guardas.
“Senhorita Karin mandou que eles não fossem interrompidos, minha senhora.”
“Deixe-o, Sakura. Não preciso dele aqui.” A Imperatriz riu, ignorando a dor em seus ossos e a fraqueza em seu corpo.
“Ele é o seu alfa.” Ela murmurou antes de se virar para os guardas. “Eu, Sakura Haruno, Princesa de YingHua e Médica do Império, ordeno que tragam-me o maldito Imperador! Assumirei quaisquer responsabilidades pelos meus atos depois. Vão!”
Os guardas se curvaram antes de sair e a sala voltou a ficar silenciosa, apenas os barulhos suaves que a equipe médica fazia ao tratar da Imperatriz eram ouvidos. Naruto piscou os belos olhos azuis, agora opacos e quase sem vida, antes de levantar a mão. A equipe hesitou antes de se afastar, deixando apenas Sakura ao lado do ômega frágil.
“Está tudo bem, Sakura. Não há mais o que fazer.” Ele falou, um sorriso suave em seu rosto. “Apenas traga o meu filho aqui. Eu gostaria de me despedir dele.”
“Minha Imperatriz...” A mulher soluçou, cerrando os punhos e abaixando a cabeça.
“Obrigado, minha amiga. Você tentou o seu melhor.” Ele acalmou, segurando a mão dela e cantarolando docemente. “Quando Gaara retornar, diga a ele que não se culpe.”
A mulher chorou ainda mais, não dando a mínima para os servos que a encaravam. Não era apenas a Imperatriz, era seu amigo, a luz não só de sua vida como da do Império. E ela não pôde salvá-lo. Do que adiantava seus títulos e suas exímias habilidades quando ela não podia nem ao menos salvar a vida de alguém que amava? A melhor médica do Continente, as pessoas diziam. Quão risível era aquilo.
Sakura se ajoelhou e encostou a testa no chão, submissa como ela nunca fora antes. Ela era a orgulhosa princesa de YingHua e a médica imperial, mas naquele momento ela era apenas uma pobre mulher que acabara de perder um amigo querido. Um amigo querido que ela não conseguiu salvar.
“Esta inútil saúda a Imperatriz, Lua do Império que ascende sobre a noite. Dez mil bênçãos para Sua Majestade!” Ela rugiu por entre as lágrimas antes de se levantar com a cabeça baixa e os punhos cerrados. Ela se virou, a culpa e arrependimento pulsando em seu peito quando saiu da sala.
A Imperatriz sorriu com tristeza para as costas da amiga, lutando para manter os olhos abertos. Lutando para se agarrar ao último fio da vida pois, se ele morresse antes de olhar uma última vez para os olhos de seu filho, Naruto nunca iria se perdoar. Ele reencarnaria milhares de vezes e em todas carregaria essa culpa.
“A-Niang!” A criança se aproximou do leito, subindo na cama e olhando com tanta ansiosidade para ele que doeu. “A-Niang! Menma está aqui, A-Niang! A-Niang vai ficar bem agora! Eu vou cuidar... eu vou cuidar de A-Niang! Eu vou ser bom... Menma vai ser bom, então...”
Naruto sorriu suavemente para o garoto, ignorando a dor em seu corpo quando o puxou para si em um abraço mais apertado do que suas forças lhe permitiam. A dor de sua carne era irrelevante em comparação a tristeza de seu filho. Ele era a única coisa que importava.
“Menma, A-Niang te ama muito.” Ele falou docemente, acariciando os cabelos curtos de seu filho.
“Menma também ama A-Niang!” O pequeno príncipe soluçou contra os braços protetores que lhe seguravam como se ele fosse a coisa mais preciosa do mundo.
“Mhmm, meu bom filho. Você me dá tanto orgulho, Menma.” As lágrimas que ele tanto segurou explodiram, manchando o belo rosto.
“A-Niang... Não chore, A-Niang! Menma vai ser melhor! Vou estudar mais e obedecer! Não chore...”
“Oh, meu bebê. Eu gostaria de ver que maravilhoso Imperador você irá se tornar.”
“A-Niang vai ver! A-Niang vai... vai estar lá...”
Naruto chorou, abraçando seu pequeno corpo com mais força quando sentiu a vida se esvair de seu corpo.
“Menma, eu não posso mais estar com você. Me perdoe, meu amor. Eu sinto muito.” Ele murmurou, alheio aos gritos dos servos e do choro alto de seu filho. “Eu amo você, meu príncipe. Nunca se esqueça... nunca.”
“A-NIANG! A-NIANG! A-NIANG! ALGUÉM, ALGUÉM SALVE A-NIANG!” O príncipe lutou contra quem tentava tirá-lo de cima do corpo da Imperatriz. “A-NIANG!"
Sakura entrou na sala e se forçou a não desviar os olhos da cena, por mais que doesse. Por mais que ela só quisesse desabar e chorar como uma criança, porque existia outra criança na sala e essa criança acabara de perder a única alegria de sua vida. Ela ignorou todas as regras e se aproximou do menino que lutava furiosamente contra os servos, abraçando-o com força contra seu peito, alheia aos socos e chutes que recebia. Ela o apertou contra si mais e mais forte e não sabia se era um consolo para ele ou para si própria.
“Onde está o Imperador?” Ela perguntou com o pouco que restava de sua voz.
Sua pergunta foi respondida segundos depois, quando quase todos os joelhos da sala tocaram o chão. O bastardo estava ali.
“Saudações ao Imperador, Sol do Império que ascende sobre o dia. Dez mil bênçãos para Sua Majestade!”
Sakura quis rir. A Imperatriz estava morta, e era o maldito Imperador quem eles saudavam. Ele nem ao menos estava com Naruto quando o ômega deu seu último suspiro.
“A-Die[2]! A-Die, por quê A-Die não salvou A-Niang? Onde A-Die estava?” A criança nos braços da tia chorou, olhando para o rosto impassível do Imperador que não mudou nem mesmo com o desespero do filho. “Menma odeia A-Die! Odeia!”
Sakura respirou fundo, decidindo desmaiar a criança para que ela não falasse mais. Ela sabia que Sasuke nunca seria capaz de matar seu próprio filho – não no leito de morte da Imperatriz, ao menos – mas ela não confiava naquele homem. Não mais.
Houve um tempo em que Sakura confiava nele. O tempo em que ela acreditava veemente que Sasuke estava apaixonado por Naruto. Ele deveria estar, depois de lutar tanto para tê-lo ao seu lado. E Naruto estava inegavelmente apaixonado pelo Imperador, então ele esperou. Ele esperou que Sasuke retribuísse seus sentimentos, esperou que ele fosse um bom marido e um bom pai. Mas o Imperador não era nenhum dos dois – ele se afastou de seu único consorte e não deu amor ao seu único filho. Quantas vezes Sasuke havia visitado a Imperatriz? Quantas vezes ele ignorou a expressão de dor em seu rosto?
Naruto precisava dele e Sasuke estava com outra pessoa, mesmo tendo prometido que Naruto seria o único em sua vida. Quão risível. Quão risível! Sakura o odiava. Sakura o odiava por ter feito seu amigo sofrer. Naruto, que era a criatura mais bela, doce e cativante do mundo. Ele deveria estar rodeado de luz e alegria, nunca em tristeza e solidão. E seu filho, a única felicidade que ainda existia em sua vida fria e sem amor, quase não podia visitá-lo. Porque ele era o Príncipe Herdeiro e tinha deveres, eles diziam. Mas todos sabiam que aquilo era apenas para afastar a criança de Naruto. Sasuke sabia, e ele não fez nada, mesmo sendo o Imperador. No final a Imperatriz era apenas um prisioneiro em seu próprio Império. Sakura o odiava e se odiava por não ter feito nada.
“Saiam todos.” Foi a única coisa que ele disse. Passos apressados seguiram para fora e Sakura, junto ao Príncipe Herdeiro, foram os únicos que restaram ao lado do Imperador.
“Ele chamou por você.” A mulher se levantou com a criança desmaiada nos braços, olhando para aquele homem com tanta raiva que poderia queimar. Era desrespeitoso, ela sabia. Ela poderia acabar morta ali mesmo, ela também sabia. Mas ela não se importava. “E você não estava aqui. Nunca esteve.”
Sakura riu, ignorando as lágrimas que manchavam seu rosto. Ela gostaria de matá-lo, mas Menma precisava do pai. Seu sobrinho, o filho de seu amigo, era mais importante do que seu ódio.
“Naruto nunca deveria ter amado você."
Então ela saiu, fechando a porta atrás de si com um estrondo. O Imperador não foi atrás dela, ele nem mesmo a encarou. Tudo o que ele via era o ômega – seu ômega.
O homem se aproximou e olhou para o corpo flácido que jazia ali. Mesmo na morte, Naruto ainda era tão lindo quanto um Imortal que desceu dos céus para abençoar a terra. Seu cabelo tão longo que tomava toda a cama ainda era brilhante como ouro e sua expressão serena o fazia parecer um anjo. Ele era lindo, ele sempre foi. Mas não deveria ter aquela expressão, não deveria estar tão pálido e não deveria estar morto. Naruto deveria estar sorrindo e cantando alegremente, encantando as pessoas ao seu redor com sua beleza e esplendor. Ele não deveria em um quarto frio onde as luz do sol não podia entrar. Aquele não era o lugar dele e Sasuke sabia disso.
O Imperador, pela primeira vez em toda sua vida, caiu de joelhos. Sua cabeça estava baixa e as mãos apertavam com força as roupas. Ele sentiu raiva. Raiva de quem fez isso, raiva por não terem protegido a única pessoa que deveriam proteger, raiva por não estar lá e, sobretudo, raiva de si mesmo. Por ter negligenciado sua Imperatriz por tantos anos, por ter tirado aquele garoto alegre do lugar que o fazia feliz e tê-lo trancado em um palácio frio que lentamente extraiu toda a alegria de seu ser. Por nunca ter dado o valor que ele merecia, por nunca ter demonstrado seu amor porque, sim, o Imperador amava sua Imperatriz mais do que tudo.
E ele deveria ter mostrado isso. Que, se Naruto pedisse, entregaria o mundo para ele em uma bandeja de ouro. Mas ele não mostrou, ele nem estava aqui quando perdeu o amor de sua vida e seu interior queimava com o vazio que sentia. Seu alfa rugia dentro de si, sentindo a falta do vínculo com seu ômega. Doía, queimava, mas ele merecia isso.
Sasuke era o governante do único e mais poderoso Império do Continente. Ele era o guerreiro mais forte, o alfa mais forte, o Imperador mais forte. Ele tinha tudo, até mesmo amor. Pois Naruto o amava, mesmo que ele não merecesse isso.
Mas Naruto estava morto agora. Naruto estava morto e seu único herdeiro o odiava e ninguém podia culpá-lo porque Sasuke também se odiava. Ele deveria morrer com Naruto, mas era indigno disso. Tudo o que ele podia fazer era chorar e implorar para que os céus o dessem mais uma chance em sua próxima vida. Na próxima, ele faria diferente. Mostraria para Naruto o quanto amava-o e pediria perdão todos os dias por seus erros. Sasuke sabia que Naruto merecia alguém melhor, que talvez ele nunca fosse capaz de fazer seu ômega feliz. Mas ele era muito egoísta para abrir mão da pessoa que amava.
Então ele jurou. Jurou sobre a morte de sua Imperatriz que quem quer que tivesse causado isso, iria pagar – mesmo que ele tivesse que abalar o céu e a terra.
Ele afogaria o mundo em sangue se necessário.