MEU MELHOR AMIGO HETERO (História Real) — Parte 8.

Um conto erótico de ...
Categoria: Gay
Contém 2411 palavras
Data: 17/08/2020 15:20:39
Última revisão: 18/08/2020 03:56:08

É válido admitir que eu não estava soando frio, nervoso ou algo do tipo. Como eu disse, eu estava pronto pro que tivesse que acontecer. Estava ansioso, confesso. Mas era normal.

Lucas saiu do banheiro. Já estava de calção e camisa, saiu enxugando o cabelo com a toalha. Ele veio até a cozinha, passou perto de mim, abriu a geladeira e se serviu um copo de suco. Não disse nada durante enquanto fez. Eu também nada disse. Aliás, mesmo tendo um monte de coisas para dizer, eu não disse. Até que Lucas falou.

— Vai fazer alguma coisa pra gente almoçar?

Eu não esperava. O que era aquilo? O cara tava tratando os acontecimentos recentes como se fossem nada? Ou ele não tinha levado a sério?

— Posso fazer um macarrão — respondi, cismado.

— Faz. Tem camarão aqui no congelador, faz com creme de leite.

— Pode ser.

Lucas buscou seu quarto. Não disse nada além daquilo. Eu, além de estranhar, não sabia o que fazer, o que pensar. Por que Lucas tinha ignorado toda a situação? Por que ele falou comigo normalmente? Será que o certo não era ele não falar mais comigo, ou me bater, ou demonstrar raiva? Ali, apoiado ao balcão da cozinha, pensei em mil coisas, cismado com Lucas. De tanto pensar, acabei tendo uma leve enxaqueca. Mas fiz o almoço que Lucas pediu. Pra mim e pra ele. Depois de pronto, Lucas veio se servir e voltou para o quarto. Eu, mais uma vez, estranhei. Não era comum comer no quarto, nós dois sempre comíamos juntos, conversando sobre nossas vidas, a faculdade e o exército. Mas, a partir daquele dia, as coisas foram mudando.

Nos dias seguintes, Lucas voltou pro serviço e eu continuei com minhas coisas, meus sentimentos, meus desejos sexuais. Eu não sabia direito, mas estava apaixonado por Lucas. Eu não tirava aquele cara da cabeça. Nada me fazia pensar em outra coisa. Gabi me ligava as vezes, perguntava como eu estava e se já tinha me resolvido com o cara. Eu dizia a verdade, e ela me julgava bastante — merecidamente. Por mais que as coisas estivessem difíceis pra mim, tudo podia piorar.

Na semana seguinte, fiquei dois dias seguidos na casa de Laís, uma amiga da faculdade, para que pudéssemos terminar um relatório. Tínhamos que entregar logo, valia a nota do semestre, era importante, então ela sugeriu que eu dormisse por lá aqueles dias para que adiantassemos tudo. No fim, deu certo. Apresentamos o trabalho e ganhamos 10. De volta pra casa, numa sexta-feira à noite e de carona com Lais, me deparei com o primeiro sinal de que minha amizade com Lucas estava indo pro brejo. Na sala, impaciente, Lucas estava todo arrumado, cheiroso, pronto para ir a alguma festa. O seu perfume tomava conta do apê inteiro. Assim que entrei, ele foi logo saindo.

— Tava só te esperando. Perdi a minha chave, depois faço outra. Tô saindo.

— Vai pro baile?

Ele não respondeu, só saiu. O meu parceiro de baile estava indo a um baile sem mim. Fiquei tão decepcionado aquele momento, não consigo explicar bem. Mas foi bem difícil de acreditar.

De madrugada, depois de horas tentando dormir, acordei por causa de um barulho vindo do quarto ao lado. O som não estava alto o suficiente para que a vizinhança do prédio acordasse ou chamasse a polícia, mas estava me incomodando, e isso era o suficiente para que eu acordasse puto. Eu levantei e fui ver o que tava rolando. Ao abrir a porta do quarto, me deparei com quatro sapatos femininos pelo chão, e mais dois pares masculinos. Ouvi risadas e gemidos se misturarem ao som do funk que tocava, e meio que entendi o que tava rolando. Tentei abrir a porta do quarto de Lucas, mas estava trancada. O que me restou foi espiar pela fechadura, mas eu não devia ter feito aquilo. Não deu pra ver muita coisa, mas o que eu vi foi suficiente para não conseguir dormir. Lucas beijava uma garota, enquanto um cara, ao mesmo tempo que pegava no pau de Lucas — ainda por cima da calça — beijava outra garota. Chocado, eu rapidamente tirei o olho da porta. Não quis ver onde aquilo ia dar. Mas a mão daquele cara estar pegando no pau do meu colega de quarto me deixou bastante intrigado. Por que Lucas tava permitindo aquilo? Ele gostava de homem tambem? Ou tava muito bêbado pra reclamar? Eu não sabia, eram tantas perguntas... Tudo estava diferente pra mim. O resto da madrugada foi dificil. Eu não consegui dormir direito, era uma mistura de tesão com ansiedade, não sei explicar. Naquele momento eu tinha mais uma memória de Lucas para matar meu prazer.

Acordei tarde naquele sábado. Eram duas e meia da tarde, algo assim. O apê tava cheio de latinha de cerveja pelo chão, alguns pacotes de salgadinho pela pia da cozinha, alguns copos sujos... uma pequena bagunça. Ainda com preguiça, limpei a maior parte, sem fazer questão. Lucas saiu de seu quarto ao celular, estava pronto para ir a praia ou alguma piscina. Falava algo como 'Vou te esperar lá em baixo'. Ele saiu sem dizer nada, mais uma vez. Eu já havia notado que o cara tava me ignorando, e a situação tava evoluindo cada vez mais.

Dias depois, tudo aquilo já estava em seu limite. O cara não falava mais comigo, nem por mensagem nem quando passava por mim pela sala. Nem sequer um bom dia, boa tarde ou boa noite. Parecíamos dois estranhos morando juntos, estávamos completamente afastados. Todos os dias eu pensava em Lucas, em falar com ele, em abraça-lo, saber como ele estava, se estava com algum problema... queria dar um basta, pedir desculpas por aquele maldito beijo, mas eu não conseguia, eu era fraco, me sentia incapaz. Eu era apenas um adolescente de 18 anos, magrelo, que estava descobrindo o significado de amor. Apesar de tudo, eu também era uma vítima.

Naquela semana, quando a situação estava bem difícil pra mim, meu pai me ligou. Ele queria saber se eu ia pra casa naquele fim de semana para a festa de 16 anos do meu irmão, e eu disse que ia. Pedi para que ele viesse me buscar, e nós combinamos tudo.

Naquele mesmo dia, Lucas chegou em casa com uns papelões desmontados e os guardou em seu quarto. No dia seguinte, quando ele foi pro serviço, eu vi umas caixas pelo chão da sala e, ao abrir, notei as roupas de Lucas dobradas e em pilha ali dentro. Tomei um baque de cara. Não quis acreditar no que via. Lucas ia se mudar do nosso apê assim, sem mais nem menos, sem avisar, ia me deixar na mão. Aquela gota fez o balde transbordar. No sofá, sentado, com muita raiva no peito, eu esperei Lucas chegar para, finalmente, conversar com ele. Mas fiquei plantado à toa, a noite toda. Ele não dormiu em casa aquele dia. Já no dia seguinte, de manhã, meu pai passou no apê e me pegou. Fui dormindo toda a viagem, estava morto, com olheiras e semblante cansado. Meu pai, provavelmente, percebeu, mas não disse nada, apenas pediu para que eu dormisse.

Em casa, dei um abraço apertado em minha mãe, eu estava com saudade. Em seguida, abracei meu pequeno que não era mais tão pequeno assim. Paulinho estava fazendo 16 anos, tava enorme. Quando ele me viu, ficou radiante, o abraço foi muito apertado e sincero.

— Aí Pê, vem ver o que eu ganhei.

Ele me chamou pro quarto, empolgado pra mostrar o seu presente. Era um XBOX, lançamento do ano. O caçula tava empolgadissimo. Ele ligou e nós passamos o resto da manhã jogando, como a mãe pediu, enquanto ela terminava o almoço. Nós dois, ali no quarto, conversamos bastante, botamos o papo em dia, e aquela conversa me fez lembrar o quão bom era ter um irmão como ele.

—... Aí, como que tão as coisas por aqui? — perguntei.

— Tão de boa. Eu só acho ruim porque tu não tá.

— Tu morre de saudade né? — dei uma leve risada em seguida.

— Ah, é foda, não tem ninguém pra conversar, nada pra fazer.

— Agora tu tem o videogame aí, pode jogar o dia todo.

— Ah, mas não é a mesma coisa...

— Relaxa viado, logo logo tu vai tá lá no Rio comigo.

— Vai demorar ainda...

— Vai nada, o tempo passa rápido demais. Olha tu, 16 anos hoje, um dia desses tu era um molequinho, já tá grande assim...

— Crescer é ruim demais, papo reto. Queria ficar pequeno pra sempre.

— É ruim mesmo. Muita responsabilidade, só dor de cabeça. Mas não tem como fugir.

— É, mas lá tu pode fazer o que quiser, não tem ninguém pra impedir.

— Tu tá falando como se eu tivesse tempo pra fazer alguma coisa... eu so estudo, o dia todo. Faculdade não é escola, nao.

— Ah, para de graça Pê, quando tu quer gastar, tu gasta, que eu tô ligado.

— Tá falando isso em relação a que?

— Sair, voltar a hora que quiser...

— Liberdade né? É, eu tenho mermo. É uma coisa boa de morar longe.

— Então, por isso que eu disse, pode fazer o que quiser que não tem ninguém pra impedir.

— Mas tu ta falando isso por que? Quê que tu quer fazer e não faz?

— Os moleques vivem chamando pra ir pra festinha na praia, churrasco na piscina do Breno, a mamãe nunca deixa. Fico puto, mas não digo nada.

— E não é pra dizer não. A mãe é casca grossa mermo, mas é pra obedecer, tá escutando?

— Eu tô ligado. Mas é foda. Eu me sinto preso demais aqui. Meus amigos vivem saindo pra beber, curtir, e eu só fico preso. Aí no outro dia eu só escuto as histórias.

— Quais?

— Os caras contam né, beberam, pegaram tal novinha, botaram pra chupar... Eu fico só ouvindo, sem poder falar nada. O cara ser virgem é foda.

— Relaxa, a oportunidade aparece.

— Tu perdeu a virgindade com quantos anos mesmo? 14 né?

— Por aí. Mas não foi muito bom não, não bota expectativa.

— Foi ruim por que? — Paulinho se impressionou.

— Tudo que tu faz de primeira vez é ruim, nunca fica bem feito. Eu tava achando que transar era tipo pornô, mas não é nada disso. Foi um desastre. Não bota muita expectativa não, é sério...

— Impossível, sou doido pra transar logo, não aguento mais, papo reto. Mas e ai, tem algum conselho fora esse?

— Usa camisinha. Esse é o melhor conselho.

— Ah Pê, fala sério, isso ai eu ja sei.

— Só vai com calma, sem pressa. Começa com as preliminares, vai devagar, e depois deixa rolar.

— Então esqueço o pornô?

— Completamente. Tu ainda virjão, deve tá se acabando na punheta.

Eu ri, Paulinho riu comigo, confirmando o seu hábito. Aquela conversa foi legal por um motivo: Eu não tinha vergonha nem frescura de falar nada com meu irmão, então, sem vergonha nenhuma e com muita coragem, falei com ele sobre o que eu estava sentindo.

— Aí, me ajuda numa parada?

— Claro, manda.

— Tu ainda é amigo daquele Jorginho?

— Sou, o cara é um dos meus melhores amigos. Por quê?

Jorginho era gay, amigo de Paulinho desde pequeno, se assumiu cedo, e meu irmão tava sempre com ele, não dava a mínima pra isso.

— Ele já se assumiu pros pais?

— Já. O pai dele ficou puto com ele, quase que expulsa de casa, mas agora já tá de boa. Por que em?

— Se eu te contar uma parada, tu guarda segredo?

— Precisa nem pedir né Pê, manda...

Respirei fundo e desabafei.

— Eu acho que eu curto homem também...

Paulinho pausou o jogo para me dar atenção. Ele virou-se pra mim, me encarou com seriedade, mesmo que, de início, achasse que eu estava brincando.

— Tá gastando?

— Tô não, papo reto mermo. Acho que eu curto homem também.

— Caralho... eu achei que tu só curtia mulher, papo reto.

— Eu também achei.

— Mas oh, tu sabe, tenho preconceito nenhum, sou de boa com tudo.

— Eu to ligado, por isso tô te contando.

— Aquele papo de entre a gente não existir segredo ainda rola né? — ele deu uma leve risada.

— Claro que existe.

— Valeu por ter me contado mano. Acho que não deve ter sido fácil.

— Não tá sendo. Mas tô indo.

Eu respirei fundo e soltei, aliviado. Não contei sobre Lucas, não achei necessário, senti que não era hora ainda. Tive vontade de ter aquela mesma conversa com meu pai, mas senti a mesma sensação de que ainda não era a hora.

Naquele dia, comemoramos o aniversário de meu irmão caçula, almoçamos em família, tivemos um tempo para nós. O resto do final de semana foi bacana, pacato, curtimos em família, nada demais. Na segunda feira de madrugada, meu pai me levou de volta pro Rio. Nem dormi nem nada, já chegamos de manhã cedo. Ele tomou café comigo numa padaria e depois me deixou no apê, se despedindo em seguida. Quando entrei em casa, percebi que Lucas estava mesmo de mudança, haviam caixas espalhadas pela sala, plástico bolha embrulhado em alguns itens... Assim que fechei a porta, aceitei que meu melhor amigo poderia deixar de existir. Maldito beijo, maldita hora que eu agi sem pensar. Nao havia nada para fazer. Ou pelo menos eu achava que não.

Depois de um dia cansativo na faculdade pós viagem longa, cheguei em casa e me joguei na cama. As caixas ainda estavam pela sala, Lucas não havia ido para casa. A qualquer momento ele podia chegar, mas eu estava cansado demais, nao conseguia ficar nem um segundo a mais de olho aberto. Apaguei completamente depois que deitei.

Acordei de madrugada, por volta das 3h. Fui a cozinha tomar uma água, e depois pensei em voltar a dormir, mas não havia mais sono. Encostei-me à sacada da varanda e fiquei ali por um tempo, observando a vista, sentindo o vento frio no rosto. A sensação que eu tinha era que em minha mão havia um punhado de areia e que tudo aquilo estava se esvaindo com o vento. Nao tinha mais o que pensar, as coisas já estavam claras pra mim, não havia mais volta a atrás. Ate que Lucas chegou em casa. Assim que escutei a porta abrir, virei e dei uma leve olhada, ele estava vindo da rua. Aquele era o momento perfeito, nós tínhamos que conversar, eu nao podia perder mais tempo. Me aproximei de Lucas buscando apenas uma conversa sincera. Naquele momento, não existia interesse sexual. Eu só queria que meu melhor amigo me ouvisse e ficasse.

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Comentários

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Cara, que atitude errada da parte dele. Foi um beijo meio egoísta da sua também, mas não justifica essas atitudes dele, ele estava sendo muito babaca

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pessimo amigo esse Lucas, e ainda é um hipocrita!Ansioso demais pela continuação!

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Concordo com o Valtersó, mas tratando-se de uma história verídica o autor não pode alterar o passado, mas apenas narrá-lo com a maior objetividade possível. Só assim se conseguem os melhores contos!

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MANDA ESSE LUCAS SE FUDER. ELE FICA IRRITADO COM SEU BEIJO E DEIXA OUTRO CARA PEGAR NO PAU DELE. PIADA NÉ? VC FOI MUITO BABACA EM LIMPAR A SUJEIRA DELE. ELE TREPOU A NOITE TODA E VC SE REBAIXANDO DESSE JEITO. DÁ UM PÉ NA BUNDA DELE E VAI ATRÁS DA TUA FELICIDADE. GOSTEI DO PAPO COM O TEU IRMÃO.É BOM CONTAR COM UM OMBRO AMIGO.

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To ansioso pra saber dessa conversa não demora e o Lucas se mostrou bem babaca

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Se valorize e se respeite se esse panaca for embora se livrou de um carma

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Tensão psicológica muito realista e narrada com uma objetividade assinalável. Só lamento o tempo que vou esperar pela continuação. Parabéns.

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Continua Logo Esse Lucas é Idiota ficar deixar um homem Manipula sua Rola e não aceita um beijo do seu amigo

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