A semana começou normalmente, bastante trabalho na oficina mas não o suficiente para fazermos hora extra. Donato estava começando a demonstrar sua competência a todos e isto era bom para ele. Eu continuei seguindo minhas atividades pois gostava muito do meu trabalho. Em casa tudo estava bem também, acho que minhas aventuras extra conjugais me deixaram com mais apetite sexual e minha esposa estava gostando da minha performance. Percebi que meu humor com as crianças também estava muito bom e até meu pai, uma pessoa normalmente calada, percebeu minha animação e comentou:
- Viu o passarinho azul, Mané? – Eu sorri e falei:
- Porque a pergunta, pai?
- É que tem estado mais feliz do que o normal. Tudo bem no trabalho?
- Sim! E acho que é por isto que estou alegre, o trabalho tem ido muito bem. – Meu pai me olhou com um olhar safado e falou:
- Sim, o trabalho sempre deixa um homem contente do jeito que você está... Toma cuidado, meu filho! – Eu olhei para ele meio sem graça e falei:
- Não é nada disto que está pensando, pai. Só estou feliz e mais nada! – Ele foi saindo mas falou sem me olhar:
- Que bom, meu filho! Que bom... – Eu tirei um pouco o sorriso do rosto e pensei: “Acho melhor eu diminuir essa animação”, se meu pai percebeu, outros irão perceber também.
Na terça-feira pela manhã, meu chefe me procurou quando eu estava sozinho:
- Mané, como o Donato tem se portado? – Eu olhei para ele, cocei a cabeça e falei:
- Não trabalho com ele desde o carro da semana passada, acho que está tudo bem, não ouvi nada... Por quê? – Meu chefe olhou em volta para ter certeza que ninguém ouvia e continuou:
- Aquele cliente chato que saiu sem pagar, veio aqui ontem à tarde acertar as contas. Ele falou que o Donato o encontrou no supermercado, o agrediu e fez ameaças contra a sua vida. Ele falou que vai fazer uma queixa do Donato na delegacia. – Eu gelei com a notícia e tentei acalmá-lo:
- Não sei o que aconteceu, mas vou descobrir sem ele perceber e te informo. Mas o senhor deve tomar cuidado para não fazer nenhuma injustiça pois este cliente é muito complicado...
- Sim, eu sei mas ele é cliente e pode começar a falar mal de nós por aí. Me ajude a descobrir o que está acontecendo, ok?
- Pode deixar. – Então aguardei o horário do almoço e chamei o Donato para uma conversa. Ele chegou todo animado, dizendo:
- Bateu a saudade do Donato, né? Eu também estou com saudade, Mané! Vamos tomar uma cerveja hoje ao final do dia, lá em casa, o que acha? – Eu fiz cara de desentendido e falei:
- Não é nada disso, e não vamos falar dessas coisas durante o trabalho, ok? – Ele me olhou sério e falou:
- Então o que mais temos para falar? Estamos no horário do almoço e você não quer minha opinião sobre nenhum carro, pelo que percebo! – Já foi colocando aquele tom de irritação na voz, impressionante como ele deixava de ser sedutor e passava a ser uma ameaça em poucos segundos. Mas, me mantive calmo e continuei:
- Você só me quer para sexo ou quer minha amizade? Entendi que minha amizade era importante também! – Ele ficou sem graça e respondeu:
- Desculpe-me, antes de mais nada a sua amizade... – Então eu coloquei um sorriso apaziguador no rosto e continuei:
- É que eu estava me lembrando aquilo que você me contou, que havia encontrado o cliente chato no supermercado e eu estava pensando: você somente tirou sarro dele ou o ameaçou de algo?
- Só tirei sarro, lembra-se do que eu te disse? Ele fingiu não me reconhecer... Talvez se ele tivesse respondido, e com grosseria, eu o tivesse acertado mas ele não deu espaço para isto. Foi só uma provocaçãozinha mesmo... Mas, por que pergunta?
- Este cara é esquisito e fiquei imaginando se ele poderia mentir dizendo que você o ameaçou ou o agrediu. – Falei sem demonstrar o real motivo mas ele estava tranquilo:
- Não se preocupa, eu estava com mais duas pessoas e tinha, também, a Martinha, a moça do caixa que é minha conhecida, todos sabem o que aconteceu... – Eu sorri:
- Legal! Então estou me preocupando sem motivo. Bom, vamos lá! O trabalho nos espera. – Ele me chamou:
- Espera! Quer dizer que está preocupado comigo, bom sinal! – Falou colocando o sorriso safado no rosto e continuando:
- E quando vamos repetir a brincadeira? Neste sábado novamente? – Fui sentido tesão só de lembrar do sábado mas falei:
- Sábado tenho compromisso com a família. – Então pensei melhor e disse:
- Mas consigo passar na sua casa na quinta-feira. Que tal? – Ele sorriu e falou:
- Ótimo. Vou fazer o seguinte, na quinta venho de ônibus e você me dá uma carona. Pode ser?
- Combinado. – Me afastei antes que a ereção ficasse muito grande. Eu realmente estava ligado no moreno. Ele me satisfazia e, ao mesmo tempo, tirava de mim todo o prazer que desejava.
Fui até o escritório e encontrei o chefe lá sozinho, contei para ele como tudo aconteceu e falei:
- Por que não vai no supermercado e confirma esta história com a tal da Martinha? – Ele gostou da ideia.
No dia seguinte, me contou que a caixa do supermercado confirmou a história, Donato falou em tom de brincadeira e o homem fez de conta que não era com ele. Saiu de lá e seguiu para o seu carro enquanto Donato e seus amigos passavam as compras, não tiveram mais contato, pelo menos não no supermercado.
- E agora? O que o senhor fará? – Perguntei. Ele me olhou sério e falou:
- O Donato tem seus problemas, não gosto muito do seu comportamento mas também não vou deixa-lo ser injustiçado. Prefiro perder este cliente e outros que ele influenciar do que prejudicar um funcionário. Senão, amanhã este cliente vem aqui e faz isto de novo! – Concordei. E meu chefe continuou:
- Hoje à tarde vou ao escritório deste cliente e vou colocar “os pingos nos i’s”.
À tarde vi o homem saindo e pensei: “Será agora!”. Trabalhamos normalmente e, ao final do dia, meu chefe retorna e me chama até seu escritório. Ele estava muito irritado:
- Este sujeito é um cretino mesmo, não vale nada. Espero que pare de frequentar a oficina! Não quero perder clientes mas não quero um tipo desses andando por aqui. – Eu perguntei:
- Mas como foi a conversa?
- Ele começou afirmando tudo aquilo de novo, que o Donato o empurrou na fila do supermercado, o ofendeu com palavrões que ele preferia não repetir, etc. Ele é muito cara de pau. – Meu chefe respirou e continuou:
- Num determinado momento, falei que não estava entendendo pois fui no supermercado e conversei com funcionários que haviam presenciado o ato e eles disseram que o Donato fez uma brincadeira bem singela, perguntando se você havia ajustado o banco do carro e você fez que não entendeu e que não o conhecia, saiu com seu carro enquanto Donato ainda estava dentro da loja. Em que momento isto aconteceu? – Eu ri e falei:
- E o que o safado disse? – Meu chefe, continua ficando mais irritado ainda:
- Ele olhou para mim alguns segundos, sorriu e falou:
- Acho que não estamos falando do mesmo lugar. Se quiser duvidar, duvide, vamos ver o que o delegado irá falar quando eu fizer a queixa. Estou te avisando antes pois poderia demitir este seu mecânico de merda e evitar expor sua oficina às notícias de jornal. – Meu chefe olhou para mim com fogo nos olhos:
- Então eu disse que se tinha algum merda aqui era ele. Sugeri que ele fosse mesmo a delegacia e prestasse queixa, eu iria aparecer lá com testemunhas e ele viria a sua foto na capa do jornal, não da minha oficina. E pedi para que ele nunca mais pisasse aqui. –
Eu olhei assustado e falei:
- Nossa, chefe, nunca vi você assim. Se acalme ou vai ter um troço! – Ele respirou e falou:
- Mané, eu sei que o Donato te ouve, pede duas coisas para ele: que tome cuidado com a forma que irá tratar os clientes e que fique longe deste idiota para evitar encrenca, pois, antes de eu sair o bandido ainda falou:
- Eu vou acabar com este cara, com sua ajuda ou não. Ele vai aprender a não dirigir a palavra para pessoas acima de seu nível sócio econômico. – Eu ainda me virei pronto para lhe meter a mão na cara mas pensei melhor e fui embora, prefiro manter distância deste tipo de gente que pensa ter o “rei na barriga”.
Eu saí da sala do chefe com uma missão difícil pois tratar esses assuntos com o Donato era muito difícil. Deixei para o dia seguinte. Ele se despediu ao final da quarta-feira, falando:
- Amanhã virei de ônibus, ok? – Eu lhe sorri e falei:
- Sem problema! Te dou uma carona à tarde. – Trabalhei o dia todo com uma certa ansiedade, parece que o dia não acabava. Estava dando o horário e fui para o vestiário me trocar. Donato foi em seguida mas não falou comigo, estava respeitando a distância. O pessoal começou a sair e fomos no meio do grupo. Ele começou a andar em direção ao ponto de ônibus, eu peguei meu carro e parei na calçada, 50 metros depois e ele entrou, olhando para os lados para ver se alguém nos observava. Quando entrou no carro, falou:
- Cacete! O dia não passava hoje! – Eu ri dando uma de durão mas o mesmo acontecera comigo. Chegamos na casa dele e, mal fechamos a porta da sala, ele me agarrou e meu deu um grande beijo, que retribui pois estava ardendo de desejos. Ele me olhou nos olhos, sorriu e, me pegando pela mão, me levou até o banheiro, tiramos a roupa e entramos embaixo da ducha.
Não precisávamos de banho, mas ele lembrou do Sábado passado e quis repetir a sensação, passamos a nos acariciar e ele foi o primeiro a se sentar no vaso e puxar minha cintura em direção ao seu rosto, engolindo meu mastro duro e quente. Eu comecei a sentir aquele prazer que sua boca dava, aqueles lábios carnudos acariciavam a base do meu pau enquanto a cabeça do mesmo se alojava entre suas amígdalas. Que massagem maravilhosa, a sensação se espalhava por todo o meu pau e a adrenalina percorria meu corpo. Então ele tirou sua boca do meu mastro e começou a dar fortes lambidas nas minhas bolas, enquanto eu segurava meu pênis contra minha barriga e observava sua boca a me lamber.
Então ele se ergueu e voltou a me beijar, eu me desvencilhei de seu lábios e comecei a mordiscar sua orelha, depois beijar seu pescoço, desci até seus mamilos e os mamei como se fossem pequenos seios, desci um pouco mais e alcancei a barriga. Então foi minha vez de me sentar no sanitário e receber aquele mastro em minha boca, agora que já tinha alguma experiência, tudo acontecia mais facilmente e o moreno gemia de prazer enquanto acariciava meus cabelos. Ao final me ergui, nos beijamos novamente e ele desligou a ducha, nos enxugamos e seguimos para a cama.
Donato foi se deitando de bruços e eu me colocando por cima do seu corpo. Eu mordiscava seu pescoço enquanto esfregava meu mastro entre suas nádegas. Ele fazia pequenos movimentos com o quadril para sentir melhor meu pênis na portinha de seu traseiro. Aquilo era muito bom e a secreção que saía do meu mastro começou a lubrificar seu rego, deixando a brincadeira ainda mais gostosa. Então encaixei a cabeça do meu pau no seu traseiro e forcei a penetração, ele gemeu e pediu para eu colocar tudo, de uma vez só, então eu me afastei, coloquei uma camisinha e peguei um tubo de lubrificante. Eu me deitei novamente em cima dele, encaixei de novo meu membro em seu ânus e empurrei com força, ele deu um urro e falou: “isso, machão, me fode com força!”, aquilo me deixou louco de tesão e eu comecei socar sem me preocupar com ele, apenas buscando tirar dele o meu prazer. Depois de um tempo ele entrou na dança e também rebolava seu quadril, tentando aproveitar ao máximo o que eu fazia com ele. Eu estava explodindo de prazer quando ele pediu pra eu parar. Eu não entendi muito bem o que aconteceu, pensei que ele estava arrependido mas ele se virou, me deu um beijo e falou:
— Não goza ainda não, vamos prolongar um pouco mais esta brincadeira! —Ele passou a me abraçou e beijar, falando:
— Como é gostoso estar com você, gosto muito da sua companhia e acho que você também gosta da minha. — Eu sorrir e confirmei com a cabeça. Ele me olhou durante um tempo, me deu um beijo e foi me virando de costas. Eu sabia o que ele queria...
Ele começou a beijar minhas costas até chegar no meu traseiro, onde começou a dar lambidas fortes com aquela sua língua grossa e áspera, a sensação era ótima e me fazia perder a respiração. Então ele pegou as minhas nádegas e as abriu expondo o meu ânus e enfiou sua língua ali, numa pequena penetração. Eu soltei um gemido forte, quase um grito. Aquela língua me possuía e acariciava todo meu anel com força, eu continue gemendo, agora um pouco mais baixo mas sem parar.
Ele ergueu o meu traseiro, me colocando de quatro em cima da cama e se ajoelhou atrás de mim, colocou a camisinha e encaixou sua vara na minha portinha, eu procurei ficar o mais relaxado possível, mas ele segurou minha cintura com força e entrou inteiro, de uma só vez. Soltei um urro de dor e tentei fugir mas ele era muito mais forte que eu e me segurava com vigor, meu traseiro parecia estar em chamas, eu continua tentando fugir mas ele falou com sua voz grossa ”Calma!”, Aquilo foi mais que um pedido, foi uma ordem e funcionou, meu corpo instintivamente se acalmou e eu fechei meus olhos mordendo o travesseiro. Ele ficou com seu mastro inteiro dentro de mim por um momento e começou a socar forte também, eu gemia alto mas agora era mais prazer que dor, ele ficou me fodendo assim por alguns minutos e gozou. Ele saiu de dentro de mim e me ergueu, pegou no pau e falou:
— Viu como seu pau está duro? Você está morrendo de tesão, essa dor também pode dar muito prazer e agora você vai aproveitar ao máximo, vem! — Esse se virou de quatro para mim. Eu sentia dor, prazer e ódio, pois eu não sabia que ele iria fazer aquilo comigo. Porém, ao ver o seu trazer empinado, eu não tive dúvida e fui à forra! Entrei nele de uma vez só também e ele também gritou de dor. Como sabia que eu não conseguiria segurá-lo só com as mãos, eu montei nele e abracei seu corpo com as minhas pernas enquanto segurava em seus ombros. Ele ficou louco com aquela situação e pulava tentando fazer eu sair, Mas eu aguentei firme até que ele foi se acalmando e começou a gemer dizendo:
— isso, machão! Aprendeu como se toma um touro, agora eu sou seu e você pode fazer o que quiser. — Aquelas palavras me deixaram mais excitado ainda e eu soquei sem me preocupar com Donato, agora era a hora de eu tirar o meu prazer!
Este tipo de penetração é muito excitante e eu acabei gozando rápido, do mesmo jeito que ele também o fez. Saí de dentro dele e me deitei bufando, estava exausto. Ele se deitou do meu lado e, também não falou nada. Nós dois estávamos drogados pela adrenalina que nossos corpos geraram e não havia nada a fazer, a não ser descansar e esperar a força voltar para o nossos corpos.
Meia hora depois eu me levantei e o convidei para tomar uma ducha, nós limpamos e eu me vesti para ir para minha casa. Ele ficou só de cueca e camiseta e eu perguntei o que ele iria jantar, pois eu estava ficando com fome. Ele sorriu e disse que iria até um restaurante que havia ali perto pegar uma pizza. Nos despedimos e eu fui pra minha casa com o traseiro dolorido mas feliz pela experiência. No caminho me lembrei que esqueci de dar as orientações do chefe, decidi fazer isto na manhã do dia seguinte, mas essas instruções nunca foram dadas.
No dia seguinte cheguei pra trabalhar, feliz da vida e o pessoal estava todo reunido, me aproximei e um dos colegas falou:
— Você ficou sabendo do Donato? — Eu me assustei:
— O que houve?
— Ele está delegacia, o encontraram caído perto da casa, todo machucado, e um cara morto ao seu lado. — Eu olhei para o meu chefe, que fez uma cara como quem diz “não fala nada!” e disse a todos:
— Pessoal, não adianta ficarmos o dia inteiro lamentando o ocorrido. Temos bastante trabalho pra fazer. Eu e o Mané iremos até a delegacia entender o que aconteceu, você vem comigo, Mané? — Eu concordei e saí com ele. Quando entrei no carro fui logo dizendo:
— Nós sabemos quem fez isso, temos que falar com o delegado. — Meu chefe concordou, mas pediu cautela:
— Mané, você sabe como são essas coisas, vamos tirar o sentimento de lado e agir friamente senão, ao invés de ajudar o Donato, a gente termina de complicar a situação dele. — Concordei e fomos em silêncio até a delegacia, lá pedimos para falar com o delegado em particular, ele foi logo dando a sua teoria:
— Esse Donato tem fama de arruaceiro e brigão, no mínimo ele arrumou confusão com aquele sujeito, eles brigaram e o Donato bateu nele até matá-lo. — Meu chefe olhou friamente para o delegado E disse:
— Não é impossível, doutor! Ele é esquentado mesmo, mas aconteceu um problema esta semana que eu acho que o senhor precisa saber e considerar. — E ele explicou a história toda para o delegado, que ouviu e falou:
— Isto muda tudo, já comecei a investigação mas, por enquanto, o Donato ficar por aqui. Por segurança. — Eu, então, me manifestei:
— E como ele está? Está muito machucado?
— Está um pouco machucado, ele é muito forte, está com muita dor em um punho mas, aparentemente não está quebrado, e sofreu várias escoriações.— Nisto, um investigador chega e pede pra falar com delegado, que pede nossa licença pois precisaríamos sair da sala. Aproveitamos a oportunidade e pedimos para ver como estava o Donato, que ele permitiu prontamente.
Um policial nos levou até uma sala e voltou com Donato algemado. Eu me levantei mas o policial mandou eu me sentar, então eu perguntei?
— O que aconteceu? — Ele me olhou sem entrar em nenhum detalhe sobre o nosso encontro e falou:
— Eu cheguei em casa, tomei um banho, e fui buscar uma pizza. No caminho de ida esses dois sujeitos estavam parados em frente de um beco e me abordaram, perguntaram se eu era o Donato, eu afirmei que era e, sem esperar por aquilo, eles começaram a me atacar. Um deles estava com uma corrente e o outro com uma faca. Eu tirei a corrente do primeiro e dei-lhe alguns golpes com a mesma e ele saiu correndo, mas o outro me atacou com uma faca, que eu consegui segurar para ele não me ferir, mas depois de algum tempo lutando a faca acabou entrando em sua própria barriga. Não sei por que isto aconteceu mas eu acho que vão me prender pelo assassinato do sujeito. — Nosso chefe olhou pra ele e disse:
— Eu vou contratar um advogado, não se preocupe pois se você é inocente, nós vamos provar e você sai daqui logo. — Donato olha para o nosso chefe com aquele seu olhar de quem vai trucidar alguém mas, respira fundo e se acalma, dizendo:
— Eu sou inocente, chefe! Portanto eu vou sair daqui mas, realmente, preciso da ajuda de vocês.
Aquela situação foi muito complicada, mas o que aquele investigador estava dizendo para o delegado era que, realmente, existiam mais pessoas na cena do crime, encontraram a corrente e acreditavam que seria questão de dias para encontrar o outro bandido.
Donato foi solto depois de 10 dias, ficou provado que ele participou do assassinato do bandido, enquanto buscava se proteger do ataque que foi vítima. Depois daquilo, ele ficou diferente, sempre pensativo pelos cantos e o tempo todo lendo notícias sobre o caso. Passou-se um mês e eu lhe procurei para conversar:
— Como é que você está, Donato? — Ele olhou pra mim, apático e respondeu:
— Estou muito chateado com tudo isso, mas dou graças a Deus que estou livre, me preocupo muito com meus filhos. Eu tenho uma teoria do que aconteceu, mas não tenho certeza e isso está me deixando impotente, pois não sei como me vingar. Tenho medo de cometer uma injustiça também... — Eu olhei para ele com cara de interrogação e falei:
— E qual é a sua teoria?
— Eu acho que aqueles dois foram pagos para me machucar pelo cliente que reclamou do banco do carro, aquele sujeito é nojento e ele deve ter ficado muito bravo comigo por causa da cena no supermercado. – Eu gelei pois, para mim, foi exatamente isto que aconteceu, mas não podia incentivá-lo a seguir em frente com um plano de vingança:
— Pode ser, não sabemos, mas diga uma coisa: você ficou preocupado com seus filhos quando estava na prisão, certo? – Donato me olhou com cara curiosa e eu continuei:
— Digamos que tenha sido o sujeito, qual seria sua vingança? Dar uma surra nele? E o que aconteceria depois? Ele te processa e você acaba preso... E mata-lo, então? Significaria passar o resto da vida preso. E seus filhos. – Ele abaixa a cabeça e fala:
— Este mundo está todo errado, eu fui punido por um comentário, ele iria tirar minha vida se eu não me defendesse e ainda tenho que ficar calado. – Eu coloquei a mão em seu ombro e disse:
— Eu compreendo, Donato. A vida, muitas vezes, é ingrata mesmo. – Ele me olha com os olhos molhados, achei que ele iria chorar e fala:
— Outra coisa, você tinha acabado de sair, e se eles te atacam também? – Eu olho para ele e digo:
— Mas isto não aconteceu. Esqueça! – Ele me olhou nos olhos e disse:
— Difícil esquecer! Eu não tenho medo de bandido, mas temo o que eles podem fazer com quem estiver próximo de mim. Conversei com a víbora da minha ex-mulher e ela concordou em se mudar para outra cidade e levar meus filhos para mais longe. Eu os visito lá! Uma ou duas horas de distância daqui não vão inviabilizar as minhas visitas. – Eu olhei para ele, preocupado com seus pensamentos e ele, finalmente falou:
— Vou sair da oficina, já acertei com o chefe, fico até o final do mês. – Parou um pouco, respirou fundo e continuou:
— Não posso mais te ver, não posso permitir que algo ocorra com você! – Eu ri, procurando amenizar a situação e falei:
— Eu sei me cuidar, Donato! Não sou nenhuma criança! – Mas ele foi seco e encerrou a conversa:
— Assim será, Mané, nossos três encontros ficarão para sempre na minha lembrança, mas acabou! – Ele se levantou e saiu, nunca mais falou comigo, nem se despediu.
Confesso que fiquei abalado, não pelos encontros, mas pela amizade que acabava por um motivo alheio à nossa vontade. Donato ainda mora por aqui, ele trabalha como instalador de TV a cabo. O outro bandido, o da corrente, foi encontrado morto num terreno qualquer, muitos diziam que foi o Donato mas eu não acredito. Acho que ele não iria se arriscar a passar o resto da vida na cadeia.
Fim