Lucas me beijou de surpresa. Nos primeiros cinco segundos eu ainda estava de olhos abertos, surpreso. O coração batia mais forte, o corpo completamente arrepiado, o barulho de chuva na janela, a mão grossa de Lucas em meu pescoço... Aquele beijo, definitivamente, era especial. Não era como o selinho levemente demorado daquela noite passada. Existia vontade, desejo, paixão... O verdadeiro beijo daquele cara era espetacular. Sua respiração forte em meu rosto deixava tudo mais excitante. Lucas logo levou sua outra mão para minha bochecha esquerda, tendo total apoio em meu rosto, fazendo com que o beijo ficasse mais delicado. Era quente, molhado, lento: tudo o que eu mais gosto em um beijo. O cara ainda me deu dois beijinhos para finalizar, e mesmo assim não tirou seu rosto do meu. Ficamos testa com testa, olho no olho. Eu segurava firme o braço de Lucas, vidrado em seu olhar, sem conseguir me mexer de tanto tesão que estava em meu corpo. Dentro do carro fazia muito frio, por causa do ar condicionado, mas a chama que havia entre nós dois estava fazendo com que tudo ficasse quente. Eu tomei uma atitude: puxei o corpo de Lucas para que viesse para cima de mim, e ele fez. Lucas sentou em meu colo sem hesitar em momento algum. Segundo depois, ele envolveu suas duas mãos em meu pescoço e, de olhos fechados com o rosto grudado ao meu, disse:
— Quê que a gente tá fazendo viado?...
Senti que aquela pergunta era uma deixa para que deixássemos aquele clima para trás e acabassemos o que fazíamos. Mas eu não quis. Eu queria mais, nem que fosse mais beijos, um carinho, um abraço... Eu queria mais, mais e mais. Enrolei meus braços naquele cara e lhe dei um abraço muito apertado. Meu rosto estava colado em seu peito, e tudo o que eu pude sentir era que seu coração estava mais acelerado que o meu, além de seu perfume, impregnado na camisa. Lucas logo correspondeu. Eu podia sentir pela sua respiração que ele queria mais, era como se alguma coisa o estivesse impedindo... Mas eu não podia esperar mais, eu estava prestes a explodir de tesão por aquele cara... Tomei partido e o beijei novamente. Dessa vez, o beijo foi mais rápido, com mais fogo. O cara tinha um hálito bom, beijava incrivelmente bem, eu tava doido para que aquilo evoluisse, eu queria sentir aquele cara dentro de mim... Não demorou muito para eu tirar sua camisa. Meu rosto estava uns dez centímetros de distância daquele tanquinho sem pêlo algum. Eu olhava maravilhado para aquele corpo, até encostar o nariz e cheirar cada milímetro. Lucas soltou um gemido baixo, aquilo o excitava. Em sua bermuda jeans, já dava para ver o pau duro marcando e pulsando. Mas da mesma forma que eu estava com pressa, queria ir devagar. Não pude deixar de lamber delicadamente aquele peitoral macio e liso, passeando entre seus mamilos duros e seus braços fortes. Minhas mãos passeavam por suas costas, com minhas unhas arranhando-o suavemente. Lucas desabotoou a bermuda e, em seguida, me beijou. Ele me olhou seriamente, procurava confiança em meus olhos. E encontrou, pois me deixou prosseguir. Eu pus minha mão por dentro de sua cueca e puxei o seu pau para fora. Como foi boa aquela sensação de olhar para aquele mastro duro pela primeira vez, o tanto que eu esperava aquele momento... Estava duro como pedra, e era do mesmo jeito que eu imaginava. Não era enorme, pra falar a verdade era do tamanho do meu, e era o suficiente. Com aquele cacete em mãos, comecei uma punheta de leve, apertando-o com calma. Não demorou muito para que eu pusesse aquele pau dentro de minha boca. Lucas soltou um gemido alto imediatamente. Mas era impossível que aquilo estivesse mais gostoso para ele do que pra mim. Eu nunca havia botado um pau em minha boca, mas eu sabia que dificilmente algum seria tão gostoso quando aquele. Não era muito grosso, e isso facilitou na hora de chupar. Aquele pau babava demais, ter aquilo na língua era bom em níveis extraordinários. Lucas gemia bastante, eu, mesmo sem saber se estava fazendo certo, continuei, pois senti que o cara tava se amarrando. Eu enrolei meus braços em seu corpo e não conseguia ficar um segundo sem pressionar seu corpo à minha boca. Eu queria chupar aquele pau até sentir Lucas gozar na minha garganta, tava tão bom que eu não queria parar. Lucas apoiou-se em minha cabeça e estocou fortemente até que eu conseguisse botar tudo aquilo na boca. Ele botava e tirava, botava e tirava, sem parar por um segundo. Até que parou. Ele tirou seu pau de minha boca e me deu outro beijo, esse carregado de tesão. Lucas sentou em seu banco e dessa vez foi a sua vez de me puxar. Ele inclinou o banco um pouco para trás e fez o mesmo comigo: tirou minha camisa, cheirou e lambeu cada parte de meu peitoral magrelo e tirou minha bermuda com rapidez. O cara rasgou minha cueca em duas e jogou pelo carro, ele tava doido tesão, e demonstrava isso o tempo todo. Quando senti Lucas pôr meu pau em sua boca, lembro-me de ter fechado os olhos e me permitir sentir a melhor sensação que já havia sentido. Nada se comparava aquele momento. Meu corpo tremeu de tanto tesão que senti, eu respirava pela boca ao mesmo tempo que tentava gemer, mas não saía voz, os meus braços não tinham força para sequer pressionar a cabeça do cara em direção a mim. O boquete de Lucas era desajeitado, mas era maravilhoso, nada era melhor que aquilo. Quando consegui abrir os olhos, meu tesão dobrou ao ver Lucas se esforçar para me dar mais prazer, o nariz dele deslizava em meus pentelhos, o cara babava, me deixava inundado. Ah, como era bom... Eu não consegui segurar por muito tempo. Anunciei que ia gozar e Lucas punhetou minha glande babada bem devagar. Gozei em seu peitoral, quase dez jatos de leite quente em cima dele, acompanhado de um gemido alto e intenso. Naquele momento eu descobri o que era um orgasmo, nunca havia sentido nada parecido. Deitei em meu banco com o corpo todo mole. Lucas me beijou, como o primeiro beijo, lento e delicado. Levei minha mão esquerda até seu pau e comecei uma punheta bem devagar. Lucas gemeu enquanto me beijava. À medida que eu ia punhetando seu cacete, ele se aproximava mais de mim, me beijava mais, apertava mais o meu corpo com suas mãos grossas, o tesão do cara estava prestes a explodir e eu pedi para que fosse dentro de mim, bem baixinho: 'Goza na minha boca'. Lucas me olhou e deu aquele sorriso de lado que só ele tinha. Trouxe o seu corpo para cima de mim, enfiou seu pau em minha boca e em cinco estocadas, ele gozou. O cara urrou muito, como se fosse sua primeira vez tendo um orgasmo. Engoli toda a porra que estava em minha boca, era doce, rala, gostosa. Lucas amoleceu em cima de mim. Com aquele peitoral todo melado, deitou-se em mim e me abraçou. Eu retribui o abraço, e ficamos daquele jeito, em silêncio, por um tempinho. Lucas olhou para mim, com as mãos em meu rosto, e não disse nada. Mas não precisava. Tudo o que ele queria dizer, eu via em seus olhos. Era um olhar brilhante e serio, ao mesmo tempo que era doloroso e simples. Não sei se dá para entender, mas é desta forma que eu posso descrever. O cara só me beijou, com todo o desejo que ainda havia dentro dele.
Uns minutos depois, nós nos limpamos, por sorte havia uma flanela no porta-luva. Lucas ligou o rádio do carro e ficamos ouvindo música. Eu não tinha nada para dizer, Lucas muito menos. Mas, ao olhar para ele, vi aquele sorriso de lado... aquele de sempre... e entendi tudo.
Os caras do reboque demoraram pra chegar. Puxaram o guincho, subiram o carro e nós dois entramos na cabine, seguindo o caminho. Paramos em uma borracharia do centro, esperamos até que o borracheiro aceitasse o pneu e seguimos nosso caminho. Lucas me deixou no apê, disse que ia devolver o carro pro amigo e mais tarde chegava.
Assim que entrei em casa, sozinho, dei um sorriso grande para mim mesmo pensando nas coisas que tinham acontecido. As caixas com as coisas de Lucas ainda estavam pelo chão, e o único conflito que me restava resolver era esse. Tomei uma água e me joguei no sofá para esperar Lucas chegar. Mas acabei caindo no sono. Tava um pouco cansado, e as atividades recentes deixaram meu corpo bem caído. Cerca de uma hora depois, Lucas chegou. Assim que ele bateu a porta, eu acordei. Ele passou pro seu quarto sem dizer nada, e em seguida saiu em direção ao banheiro só de cueca com a toalha no braço, deixando a porta entreaberta. Sentado, encarando aquela porta, tive vontade de ir até lá e tomar um banho com ele. Me faltava coragem, mas eu decidi agir. Não tinha mais porque eu recuar, ter medo ou algo do tipo. Levantei, decidido, tirei a roupa e fui pro banheiro.
Lucas não me viu entrar, ele estava debaixo do chuveiro, de olhos fechados. Eu me aproximei e, sem que ele notasse, o abracei por trás. Colei meu corpo no dele, meu pau mole encostava em sua bunda durinha, e meu queixo estava em seu ombro. Senti as mãos de Lucas se envolverem às minhas, e ali eu vi que não existia mais nada que eu não pudesse fazer. O cara era meu. Só meu.
Senti um tesão enorme em abraçar Lucas por trás. Meu pau logo endureceu. Nós não dizíamos nada, a única coisa que escutavamos era a água cair no chão. Em uma reação não-imediata, Lucas empinou um pouco a bunda e eu entendi o que ele queria que eu fizesse. Sem muita cerimônia, enfiei o meu cacete naquela bunda apertada de uma só vez. O cara gritou, apertou minha mão com muita força, mas eu não parei. Dei outra estocada forte e ele gritou de novo. Fui fazendo os movimentos de vai e vem lentamente até que ele se acostumasse, o sinal que eu teria era sua mão, quando ele parasse de pressionar, a dor havia passado. Tudo o que eu menos queria era ver o cara sofrer. Aos poucos e com cuidado, fui metendo e Lucas foi diminuindo a força que prendia em minhas mãos. O seu gemido de dor passou a ser de tesão, baixinho, gostoso... Aquilo me levava ao delírio, aquela bundinha magra e dura de Lucas roçando em meus pentelhos, enquanto eu penetrava aquele lugar apertado... Oh, como era delicioso... O tesão era tanto que eu encurralei Lucas na parede e colei meu corpo ao dele. Nós dois, de ponta de pé, encostados à parede, morrendo de tesão, ele levando pirocada e eu prestes a gozar... eu estocava mais, gemia em seu ouvido, tampava sua boca, fazia de tudo para que ele enlouquecesse. Quando eu não aguentei mais, gozei dentro dele, gemendo forte em seu ouvido. Não existia mais uma preocupação se iam ouvir ou não, eu só queria terminar o serviço. Eu me afastei de Lucas quase que sem fôlego. Ele não me deixou respirar direito, já me tascou um beijo daqueles que só ele sabia dar. Me virou com brutalidade, me fez ficar de 4 e meteu em mim, sem avisar nem nada. Cara, tenho que confessar que aquilo doeu para um caralho. Não consegui segurar o grito, era uma dor imensa. Mas o cara foi foda comigo, ele ia com calma, estocava com carinho... Digamos que o começo não resumia muito bem a transa. De repente, toda aquela dor foi se misturando com tesão, cada vez mais ficava melhor... Eu finalmente estava sentindo o que a ex-namorada de Lucas sentou transando naquela arvore... O cara era nota 10.
Eu me masturbava sentindo o meu melhor amigo dentro de mim. O cara gemia demais, era satisfatório saber o tanto que eu o excitava. Não demorou muito para ele anunciar que ia gozar. O mais incrível de tudo é que eu gozei, pela segunda vez, junto com Lucas. Ele gemeu alto demais em meu ouvido, e eu pude aprender o quão bom era gozar com um pau dentro de você.
Lucas me beijou, nós dois trocamos umas carícias e rimos em seguida. Ficamos de frescura no banho, ele me ensaboava, eu fazia o mesmo, ele me jogava água, eu lavava seu cabelo... um clima gostoso pós transa. Quando saímos, cada um foi para o seu quarto. Vesti uma cueca e me joguei na cama. Meu corpo estava acabado, meu traseiro ainda doía um pouco, mas eu estava feliz demais, não conseguia parar de sorrir. Não acreditava no que tava acontecendo, em como eu e Lucas tínhamos chegado aquele ponto. Mas eu, olhando para cima, agradeci, por tudo.
Lucas apareceu em minha porta, estava só de cueca também, perguntou se podia entrar. Claro que aceitei. Ele se jogou na cama e me abraçou. Passei meu braço esquerdo por sua cabeça e ficamos agarradinhos por toda a noite. Nos primeiros momentos, ficamos calados. Eu estava procurando algo para dizer, mas nao sabia como começar uma conversa. Até que rolou. Lucas deu uma risada leve, eu tentei descobrir o que significava.
— Que foi?
— Que bagulho doido...
— O quê?
— A gente. Tu nao acha doido?
— Sei lá. Acho que sim.
Silêncio novamente. Realmente era doido demais tudo o que tava acontecendo. Mas eu sempre acreditei que, se uma coisa acontece, é porque teve que acontecer. Tudo tem um motivo.
— Posso te fazer uma pergunta? — Falei.
— Manda.
— Tu já decidiu se vai se mudar?
— Quê que tu acha?
— Sei lá. Tu tava decidido a ir. Já te disse que eu não queria que tu fosse, papo reto. Mas é tua vontade que conta.
— Aquele carro de hoje é do Xande. Ele me emprestou ontem pra fazer a mudança. E eu já devolvi o carro a ele. Se tu não for lerdo, vai entender. — riu.
Lucas não ia mais se mudar. Eu realmente não havia, afinal não era nenhum adivinha.
— Então tu vai ficar aqui comigo?
— Vou lerdão. A não ser que tu não queira...
— Tá maluco... Tudo o que eu mais queria era o que rolou hoje. Não vou deixar tu ir embora nunca, papo reto.
Rimos. A conversa fluiu sem que a gente forçasse nada. E o melhor de tudo é que era apenas nós dois, com nossas coisas, com nossa amizade, como sempre havia sido.
— Aí, outro dia eu tive um sonho estranho — Falei.
— Com que?
— Com a gente viado.
— Como que foi?
— A gente tava num carro, meio bêbado, com uma mulher dirigindo, daí do nada a gente batia. Eu lembro que ia até tu meio que se arrastando no asfalto, e tu tava morto.
— Caralho que sinistro.
— Papo reto. E eu te abraçava, ficava chorando... bagulho mó doido.
— Dizem que quando a gente sonha, ou é medo de acontecer ou é uma vontade grande que aconteça.
— Já ouvi falar disso. Mas acho que não tem nada a ver não. Sonho é sonho.
— Mas aê, se eu morresse, tu ia agir assim? Tipo, ia me abraçar, chorar...
— Fala uma parada dessa não viado, tá doido?
— Tô gastando. — ele riu, de um jeito sapeca, como só ele fazia...
Naquela conversa, comentei com Lucas sobre o ocorrido do outro dia, que eu tinha visto de relance ele transando com aquele pessoal em seu quarto. Ele riu da situação.
— Eu tava chapado pra caralho. Naquele dia eu só queria transar, beijar na boca de alguma mulher. Queria saber o que porra tava acontecendo comigo, porque eu tava pensando tanto naquele beijo que tu tinha me dado. Queria saber se eu era gay, bi... Sei lá. Eu só queria ter certeza que tudo era uma doidera da minha cabeça.
— Mas e aí, que foi que tu tirou disso?
— Porra, a gente transou hoje, quase agora... nem preciso responder o que eu tirei disso...
Rimos. Seguimos a noite toda daquela forma, conversando besteira e trocando carícias na cama, até dormimos juntos, abraçados.
No outro dia, Lucas foi para o serviço, só chegaria depois de uns dias. Liguei pro meu pai e conversei com ele, disse que Lucas e eu tínhamos nos resolvido e que ele não iria se mudar, e também agradeci o conselho, como eu disse anteriormente, aquilo mudou minha vida.
Lucas desfez as malas depois. Nós dois começamos a ter uma relação de verdade. Nunca houve um pedido de namoro oficial, mas nós dois éramos namorados. O cara me fazia feliz demais, e eu andava nas nuvens quando tava com ele. Não eramos o tipo de casal que transavamos em todo cômodo da casa ou todo dia, mas sim quando pintava o clima. Fazíamos amor na cama mesmo, sempre era uma transa quente e lenta, do jeito que nós dois gostávamos. Não tínhamos preferência de posição, sempre rolava reciprocidade. E assim fomos seguindo por muito tempo.
Nunca contamos a ninguém sobre nosso romance. Não víamos necessidade nisso. Eu sempre fui reservado sobre minhas coisas, e Lucas aprendeu a ser. Quando os caras do exercito o chamavam para alguma putaria, ele dava uma desculpa. E depois de tantas mentiras, os caras pararam de chamar. Ja comigo, na faculdade, eu recebia cantadas, meus amigos tentavam arrumar encontros, mas eu sempre dizia que tinha alguem. Assim fomos vivendo.
Lucas e eu nos amávamos demais, raramente brigavamos. O cara conseguia ser foda em tudo. Nós nos davamos super bem, era uma cumplicidade muito bacana que rolava entre a gente.
Os anos se passaram. Lucas foi promovido no exercito e eu terminei a faculdade. Durante esse tempo, nós continuamos a morar juntos, mantendo o nosso relacionamento. Mas sabe, com o tempo a relação começou a se desgastar. Não que o amor estivesse acabado, mas tudo tinha esfriado, não era mais como no início. Certo dia, numa conversa bem franca, olho no olho, nós jogamos todas as cartas na mesa e decidimos que o melhor a fazer era dar um tempo para nós dois. Foi bem difícil, o cara até chorou, mas ele, no fundo, sabia que era o certo, que tínhamos que dar um tempo para ver o que queríamos.
Sabe, quando dizem que 'dar um tempo' é uma expressão inexistente, eu concordo. O que fizemos não foi dar um tempo, e sim pôr um fim em nossa relação. Lucas saiu de nosso apê, por estar ganhando bem, alugou um apê maior para ele e se mudou. Deixou o endereço comigo antes de ir, disse que estaria lá para mim caso eu precisasse. Mas eu nunca precisei. Claro que sentia saudades, mas com o tempo as coisas foram se ajeitando.
Eu voltei a morar na cidade que morava e meu pai me ajudou a montar uma academia. De início não era chique, vulgar, mas era o suficiente para um começo. Investi um bom dinheiro na divulgação do lugar e rapidamente cresceu. Em 8 meses, fiz uma reforma no lugar e expandi a academia, mudei todas as máquinas e a clientela aumentou em quase 60%. Era um sucesso o meu negócio.
Sobre minhas relações, eu transava vez ou outra quando marcava um encontro num app de pegação, mas nunca namorei sério. Eu me assumi para os meus pais quase 1 ano depois do término com Lucas. Minha mãe não reagiu tão bem, mas foi me aceitando com o tempo. Meu pai e meu irmão, que já sabia, foram bem compreensiveis.
Com todo o sucesso da academia, criei páginas na web para divulgar ainda mais o meu negócio. Numa dessas páginas, no Instagram, notei um comentário de Lucas numa postagem aleatoria me desejando sucesso. Sorri ao ler aquilo. O cara ainda se importava comigo, queria me ver bem, ainda lembrava de mim... No Whatsapp, vi que seu número ainda era o mesmo. Pensei em mandar uma mensagem, mas sempre que eu escrevia alguma coisa, apagava em seguida. Até que, num ato de coragem, mandei. Lucas respondeu em seguida, todo bobo, surpreso por eu ter falado com ele. Naquele dia, conversamos bastante. Lucas me contou que havia saído do exercito para cursar Publicidade, e que estava estagiando numa agência. Fiquei feliz pelo cara, era uma mudança e tanto. Naquele papo, conversamos sobre nossas vidas e acabamos marcando um encontro, sem intenções, só para conversarmos.
Lucas veio para a nossa cidade naquele fim de semana. Eu me encontrei com ele no bar, nós demos um abraço grande. Tomamos cerveja, comemos, conversamos bastante. Todo o papo atrasado de 1 ano de distância foi posto à mesa.
Terminamos a noite andando pela cidade, levemente embriagados, sem nenhum destino aparente. Quando nos demos conta, estávamos na beira-mar, o meu lugar preferido. Fumamos um beck que Lucas trazia em seu bolso, como nos velhos tempos. Por uns minutos, me senti com 18 anos de ano. Conversamos mais e mais, rimos bastante de nossas vidas, até que Lucas, num momento aleatório, me beijou. Eu não era mais um adolescente magrelo, agora eu já era um homem, forte, decidido. E Lucas também, por isso aquele beijo não fez sentido algum. Nós rimos da situação em seguida. Nossa chama não acendia mais. Nós dois, durante todos aqueles anos, precisamos um do outro para amadurecer, para mudar, para entender o significado da vida, para entender, também, que nada é para sempre. Ou melhor, quase nada...
Ali, na praia, depois do beijo, Lucas e eu fizemos promessas, promessas a quais nós sabíamos que podíamos cumprir.
— Aí viado, nao vamos deixar de nos falar nao... na moral...
— É foda né?
— Eu gosto pra caralho de tu, Pedrão. Mermo. Tu é meu camarada.
— Eu te amo cara. Na moral.
— Também te amo. Promete aí que a gente nunca mais vai ficar sem se falar?
— Prometo. E tu, promete?
— Prometo.
E cumprimos. Nossa palavra de honra. Lucas e eu continuamos bons amigos, como éramos antes. Nós dois nunca voltamos a namorar, ou a transar, ou a morar juntos. Mas, até hoje, continuamos melhores amigos.