Eu sempre quis ser rico, ser famoso, como não era a minha realidade eu fingia que era, eu era conhecido pelas minhas festas, que organizavam mesmo sem ter um real no bolso, só com a minha lábia e contatos de amigos riquinhos.
Por isso e porque nunca deixava ninguém me humilhar, eu era tido como "famosinho" em Penedo. Eu pegava as minas mais gatas, meus amigos mais feinhos, me pediam pra arrumar uns esquemas pra eles, eu ajudava, dava uma de cupido, em troca de favores claro.
Algumas pessoas tentavam me gongar, porém minha língua afiada cortavam as piadinhas que eles faziam, eu era bom nas palavras, sempre com uma resposta pronta. Bom, infelizmente não era um galã de novela, só olha a foto acima, parecia um culhão chupado, feio, seco coitado, que dava dó, só que amor próprio não me faltava, eu me amava, me achava o gatão, e as pessoas também achavam. Eu fingia e elas acreditavam. Eu trabalhava na lan house do meu tio, porque eu precisava de dinheiro, e foi esperando a hora de ir para a lan house que vi pela primeira vez o amor da minha vida, meu gostoso.
GOSTOSO, eu que beijava as meninas tudo de Penedo, maior fudião, me vi cobiçando um macho, e que macho. A boca do cabra era gostosa demais, Angelina Jolie teria inveja. Um corpinho musculoso e uma bunda organizada, que dava gosto de vê. Foi ele que mudou meu mundo, fez eu "descobrir" minha sexualidade, porque não tinha como eu continuar sendo hetero depois de vê aquela boca.
Acho que chocado foi a reação mais simples que eu tive naquele momento, eu fiquei confuso, desnorteado. O sorriso dele me deixou sem fôlego, o jeito que ele passou a mão no cabelo úmido me fez querer passar a mão também. Eu estava interessado e atraído por um homem. Lógico que eu sabia que tinha algo diferente comigo, a emoção que Babal, Roninho dizia sentir na hora do sexo , era desconhecida para mim. Nunca me interessei. E tinha descoberto o porque. Era viado. Era só o que me faltava, pobre, feio e viado. Nada contra, mas vocês me entenderam, tem que explicar aqui por que se não já vão me cancelar.
—Abelardo - Roninho grita para alguém , me assustando e me tirando na minha epifania.
— Você é doido Roninho, que susto. Quem é Abelardo? -Pergunto irritado pelo susto.
Roninho rindo, ô bicho feio da peste, aponta para o que seria a minha gostosa. —O irmão de Babal, Lucas.Ele não parece o Abelardo, filho da mamuska? - respondeu morrendo de ri.
A risada dele e o dedo apontado, chamou atenção do Lucas, que estava cercado de mulher.
Quando ele viu que era o motivo do riso, fechou a cara, virou as costas e saiu. Macho, até com um bico do tamanho do mundo, ele era bonito. Ave Maria —Que Abelardo Roninho. E por acaso sou homem de ficar assistindo novela Macho, qual o próximo passo, aprender a tricotar? - Disse zoando com a cara dele, meu jeitinho de ser gente.
Deixo Roninho constrangido, mas logo passa. Já estão acostumado comigo. -
—- Irmão de Babal você disse? Como nunca vi ele por aqui? - pergunto tentando ser casual, levemente curioso apenas. —Ele morava com a Avó agora tá morando aqui - Roninho respondeu , sacudi a mão me despedindo de longe já desinteressado na resposta, seria mais produtivo e mais discreto pesquisa no Orkut. Já sabia o básico pra acha-ló. Eu precisava olhar pra foto dele, ele devia ter um defeito quando olhasse mais de perto, impossível alguém ser bonito assim, suado e vermelho de cansado.
Quando pesquisei ele, achei fácil. Lucas Guimarães, e a primeira foto dele me surpreende. Uma cueca, uma galinha e mato. Coitado, bonito, mas sem bom senso.