PARTE 8 - MARCELO
- Oi Claudinho – minha namorada diz com um sorriso no rosto - que bom que você veio aqui, esse seu amigo cismou que você o estava evitando.
- Clara - reclamo, mas o sorriso que ela dá, me desarma. Cara, como eu amo essa mulher.
- Ah amor, é verdade e vocês dois são amigos, então não teria motivos para isso.
- Tem razão - Claudio fala serio e eu estranho seu jeito - eu nunca mentiria para o Marcelo.
Eles se olham, Clara para de rir.
- Alguém ta com fome? – pergunto tentando mudar o clima estranho.
- Não amor, o Claudio veio falar contigo e daqui a pouco ele tem que ir trabalhar, e você ficou todo feliz por ele ter vindo, ninguém quer estragar sua felicidade. Talvez eu devesse sair para deixar vocês sozinhos.
Eu olho para Claudio, ele ainda ta serio. Será que aconteceu alguma coisa? Penso logo no seu pai, o que aquele velho bêbado fez? Fico com raiva só de pensar.
- Não, pode ficar - Claudio diz antes que possa pedir que Clarinha me deixe a sós com ele.
- Claudio, você esta me deixando preocupado. Esta tudo bem? Pode me falar cara.
Eu sento do lado de Clara, ela segura minha mão.
- Na semana passada... Quando seu pai chegou, eu fiquei aqui com Clara e...
- Claudio, você não precisa dizer nada - Clara diz.
- Preciso sim.
- dizer o que?
- Não foi nada demais amor. - Clara olha para mim e aperta minha mão - é só que nesse dia o Claudio me beijo.
- O que?
- Não, eu não.
- Ah, por favor né Claudio. Você vive dando em cima de mim, nem respeita o seu amigo, faz isso na frente dele. Você me beijou e quando eu falei que amava o Marcelo, você sumiu.
QUE PORRA É ESSA?!
Olho para o Claudio que me encara.
- Fala Claudio.
- Ela me beijou e eu realmente achei que a culpa era minha, como ela disse, eu fico soltando piadas, dando em cima dela, mas eu só faço isso na sua frente, para implicar contigo, é nossa brincadeira e eu achei que ela poderia ter confundido as coisas, achei que a culpa era minha por não ter deixado claro que brincadeira.
- A CULPA É SUA! - Clara grita e solta minha mão - Olha Marcelo, eu sei que ele é seu amigo, mas não dá, ele me provoca, me beija e agora quer me culpar.
- Claudio? - eu pergunto.
- Como assim, "Claudio"? Eu to contanto que seu amigo me assedia e você só diz isso.
- Eu quero que ele termine de falar, antes de dar um soco nele e o expulsar da minha casa para sempre.
- ah.
- Claudio? - eu repito.
- Depois que ela me beijou, eu me senti culpado, eu sei o quanto você gosta dela, então eu te evitei e...
- então você estava me evitando mesmo.
- Sim - ele responde e da um riso que rapidamente some - ate hoje.
- o que tem hoje? - Eu e Clara perguntamos ao mesmo tempo.
- Um amigo me chamou no final da aula de educação física. – Ele encara a Clara - O que você estava fazendo no final da aula de educação física, Clara?
- Eu... Eu estava na aula ué.
- Aquilo que eu vi na sala desabilitada no conselho estudantil, não era aula, apesar que tinha muito de física.
- Como é? - eu pergunto.
- Já chega, VAI EMBORA DAQUI - Clara grita.
- Eu a vi na sala do conselho, ela estava transando com dois ao mesmo tempo, e pelo que eu descobri, não era a primeira vez que ela estava lá, nem era só com eles.
- SEU MENTIROSO, FILHO DA PUTA - Clara avança para cima de Claudio e começa a bater nele e eu deixo.
Tudo aquilo era muito para mim, eu queria gritar. Meu amigo, a garota que eu amo e...
- JÁ CHEGA - eu grito e tiro a Clara de cima do Claudio, deixando eles lado a lado.
Claudio estava vermelho, tinha alguns arranhões, mas nada demais. Clara estava com os cabelos bagunçados, seus pulsos estavam vermelhos nos locais em que o Claudio segurou para impedir que ela o batesse.
- Eu não quero ouvir mais nada - Eu olho para o Claudio e continuou falando: - Sai daqui, eu não quero nunca mais olhar para sua cara, finja que a gente nunca se conheceu - Claudio continuava olhando para mim, vi em seus olhos que ele estava ficando assustado - SAI DAQUI... CLARA!
- O que? Mas não pode ser, você não pode acreditar nele, ele esta com inveja da gente, só quer nos separar. - Clara me abraça e fica me agarrando, mas eu não tiro os olhos de Claudio - Você me ama, eu sei que me ama, e eu te amo, por favor querido.
- Não me faça te tirar a força.
- Ta bom, eu vou, vou deixar você pensar um pouco, eu estarei em casa quando você for lá me pedir desculpa.
Clara pega suas coisas e sai do meu quarto batendo a porta, só então eu paro de encarar o Claudio.
Ele vem me abraçar, sinto vontade de chorar, mas não vou fazer isso. Claudio não me solta.
- Você vai se atrasar pro seu emprego - eu digo depois de um tempo.
- Eu não me importo.
- mas eu sim, vai lá, depois a gente conversa, eu preciso ficar sozinho.
- Celo...
- Vai Claudio, por favor.
Claudio vai. Quando fico só, sinto meu peito doer, porra, como eu fui burro. Todos os planos e declarações de amor. Fazendo papel de trouxe enquanto ela me traia descaradamente.
Meus pais sempre me estimularam a ler, então eu tenho muito livros e me veio à mente uma frase que li uma vez: "amar é destruir, e ser amado é ser destruído". Um pouco dramático e ate meio clichê, mas nesse momento, eu posso.
Eu nunca mais vou deixar que me façam sentir isso. Acabou. Nada de casinha com varanda e sonhos de família, agora seria usar e descartar.
Fico deitado, limpando minha mente, organizando meus pensamentos. Não vejo a hora passar ate o Claudio retornar para o meu quarto
- Esta tudo bem? - Ele me pergunta.
- Perfeito. Amanha é sexta-feira, eu estou solteiro, então eu e você vamos sair para caçar no fim de semana, não quero desculpa.
- Vai ser ótimo. Posso dormir aqui hoje?
- Tá, mas vai tomar banho que você ta fedendo.
Claudio pega suas roupas que estão na minha gaveta e vai tomar banho, depois volta e puxa o colchão debaixo da minha cama, pega os lençóis e arruma, quando esta pronto, ele deita.
- Agora você pode me contar tudo que faltou dizer - eu mando.
- Tem certeza?
- Sim.
Claudio começa a falar sobre a sala e como ele ficou sabendo, sobre a ajuda do Dário e seu amigo.
- Ótimo, além de corno, todo mundo sabe...
Ficamos em silêncio.
- por um segundo eu pensei que você não fosse acreditar em mim. - Claudio diz.
- eu sei, eu te conheço, vi isso quando te olhei. Você é meu amigo, meu irmão, obrigado por me dizer tudo.
- Cara, quando você disse que ia me expulsar da sua casa aos socos... Eu só pensei que não queria ter que estragar seu rostinho.
- vai se foder, eu que estragaria o seu.
Eu jogo meu travesseiro na cara dele, ele logo revida e taca de volta
- agora é serio - eu digo - qual é o lance com o Dário?
CONTINUA...
Obs.: O começo da proxima parte já esta disponivel no wattpad.