Capítulo 5
Jonas despertou sentindo os lábios de Matheus tocando a sua face e os dedos dele acariciando os seus cabelos.
Ao ver o menino, Jonas sorriu e o beijou nos lábios.
_ Bom dia, meu amor.
Jonas o abraçou e beijou o seu pescoço.
_ Já acordado, Matheus?
_ Acordei um pouco mais cedo. Não consigo ficar na cama por muito tempo.
"Aliás, eu fui até a padaria com a sua irmã e fiz essa bandeja para você."
Matheus se afastou de Jonas e foi pegar a bandeja que estava numa mesinha perto da porta. O café da manhã estava composto por uma xícara de café, um copo de suco de manga, mamão cortado em cubos e um sanduíche de queijo e presunto.
Foi inevitável não se lembrar de Bruno. O rapaz tinha o hábito de servir o café da manhã na cama toda vez que Jonas dormia na sua casa.
Por um instante, Jonas recordou daquela boa sensação. Como se pudesse reviver esses momentos felizes que tivera ao lado de Bruno.
Contudo, Matheus e Bruno não eram a mesma pessoa. Eram muito diferentes em todos os aspetos.
Bruno era maduro, com responsabilidades e um pouco tímido. Matheus era bem mais jovem, mas sorridente e extrovertido.
Além disso, havia diferenças físicas. Bruno tinha os cabelos pretos e um olhar melancólico, Matheus era loiro e de olhar alegre cativante.
Jonas sabia que tentar buscar Bruno em Matheus seria inútil. E também seria injusto com Matheus e com ele mesmo.
Ele estava feliz demais para ficar desenterrando dores do passado.
_ Obrigado, meu bem. Mas se continuar me tratando assim eu vou ficar mal acostumado.
_ Pode ficar. Você é meu bebezinho e vou cuidar de você.
Jonas o puxou para o seu corpo e foi deslizando a mão até a bunda do loiro. Beijo-o com desejo. Desfrutando cada segundo que se satisfazia com aquela língua na sua.
_ Me espere aqui, que eu já volto.
_ Claro que não. Eu vou fugir pela janela.
_ Se você fugir, eu te caço e te aprisiono na minha cama. Vai ficar em cativeiro só se alimentando de linguiça e dois ovos.
_ Hum! Qué delícia!
Jonas levantou-se e foi até o banheiro.
Ao sair, se deparou com Cinthia que estava vestida com um biquíni e uma expressão de mau humor.
_ Que cara de cu é essa?
_ A mina. Cara, ela fez o maior barraco ontem porque eu estava fumando. Sabe, fica querendo me controlar.
_ Que mala! Eu te falei que essa mulher é louca, mas tu não me ouviu.
_ Eu coloquei ela no táxi e mandei embora. Não querendo ninguém enchendo o meu saco.
_ Fez bem.
_ E tu? Como que foi ontem?
_ Cara, ele é muito gostosinho. Foi muito bom. Acho que estou apaixonado!
_ Eu não acredito! Sério. Eu já tinha perdido as minhas esperanças. Achei que você nunca mais iria esquecer o Bruno.
_ Se você ficar falando nele. Vai ficar difícil esquecer.
_ Tá bom. Foi mal. Mas aí? Vocês estão namorando?
_ Não! A gente tá se conhecendo.
_ Entendi. Vamos à praia?
_ Vamos sim. Mas vamos naquela praia LGBT. Eu quero ficar mais à vontade com o Matheus.
_ Pode pá! Assim quem sabe eu pego alguma gata. Vou lá falar com a Olivia e o Rafa, enquanto você e o Matheus se preparam.
Patrick ainda pensava em Jonas.
Sentia-se triste porque desde a última transa Jonas não o procurara mais. Todas as suas esperanças se tornaram frustrações .
Contudo, a sua tristeza foi muito maior, quando Betinho, o seu amigo que trabalha na pizzaria de Jonas e Rafael, lhe disse que o moreno estava ficando com um tal de Matheus e que eles iriam passar o final de semana na casa de praia de Cinthia.
Não era novidade para Patrick que Jonas não tinha relações sexuais exclusivamente com ele e que o rapaz sentia-se muito incomodado com isso. Mas, se conformava com as migalhas de atenção que recebia de Jonas.
Mesmo ficando com outros, Jonas não o dispensava. Mas com esse tal de Matheus estava sendo diferente. Nem ele e nem os outros estavam recebendo atenção de Jonas.
Patrick Sentia um misto de tristeza e raiva. "O que esse miserável tem que eu não tenho?" Ou pior, cogitou que Jonas estivesse apaixonado novamente, fato que não ocorria desde Bruno.
Patrick não estava disposto a ceder para um pirralho desconhecido. Afinal, ele sempre esteve por perto, sempre fora para Jonas um amante, amigo e companheiro. Ele tinha muito amor para dar. Não era justo que um desconhecido conquistasse o que ele lutava há tanto tempo para obter.
_ Vai atrás do boy, bicha. _ sugeriu Betinho.
_ Você tem que se impor. Marcar território. Não deixa aquela bicha cheirando a leite materno levar o seu homem.
_ Eu não posso fazer nada. A Cinthia não me convidou para ir na casa dela. Não posso aparecer lá do nada.
_ Toda vez que eles vão pra lá vão à praia do Vale. Com certeza estarão lá hoje. Aí nós vamos até lá e fingimos que foi consciência .
_ Não é uma boa ideia. Eles vão notar que não foi coincidência.
_ E se notarem vão fazer o quê? Não podem nos expulsar da praia. E você se dá bem com todo mundo do grupo. Ninguém vai ficar putinho.
_ Eu não suportaria vê o Jonas com outro cara. Isso dói muito.
Betinho levantou -se do sofá e pôs as mãos na cintura.
_ Ficar aqui com esse olho vermelho de tanto chorar e com essa cara de deprê é que não vai resolver nada.
"Lute pelo seu macho, meu bem. Vai agora lá no quarto, põe uma roupa de praia e vamos até lá... Anda, bicha! É uma ordem!"
O dia estava ensolarado, com poucas nuvens no céu, o mar no seu azul claro e com uma brisa serena traziam uma sensação de tranquilidade para os banhistas.
Era a primeira vez que Matheus estave numa praia LGBTQIA +.
À princípio, estranhou o fato de ver alguns homens usando biquínis, mas ao perceber a naturalidade do grupo, preferiu nada comentar.
A bandeira símbolo LGBTQIA + estava sendo embalada pela ritmo do vento. O garoto gostou da diversidade no local: pessoas com cabelos coloridos, e casais gays e lésbicas se beijando livremente.
Jonas o beijou.
_ Nossa! É muito bom expressar afeto em público sem sentir medo de sofrer alguma violência! Como eu não conhecia um lugar desses antes?!
_ Cola com a gente que tu vai conhecer vários lugares maneiros. _ disse Olivia piscando o olho.
Eles alugaram uma barraca de praia, onde o grupo pôs as cadeiras de praia e uma mesa portátil, que Cinthia tinha em casa.
_ Vamos de gelada?_ sugeriu Jonas.
_ Com certeza. Só uma gelada neste calor infernal.
Olívia, usando óculos escuros, deitou na cadeira e pediu para que o namorado passasse bronzeador nas suas costas.
Jonas sentou numa cadeira e pôs Matheus entre as suas pernas e ficou acariciando os cabelos loiros do garoto.
_ Vou dar um mergulho. Quem vem comigo?
_ Eu acabei de passar bronzeador._ disse Olivia.
_ Eu vou buscar a cerveja.
_ Rafa, cachaceiro como sempre pondo as cervejas em primeiro lugar.
_ Lógico.
_ Eu quero ir. Vamos, Jonas?
Jonas não estava com muita vontade, mas resolveu ceder para agradar o companheiro.
Caminhando pela praia, Betinho e Patrick procuravam pelo grupo.
_ Já estou arrependido de ter vindo. Vai ver que eles nem vieram.
Betinho pôs uma mão na cintura e a outra por cima dos olhos.
_ E aquela ali? Serve?
Betinho apontou o dedo indicador para Olívia, que estava só sentada.
_ E agora? O que a gente faz?_ perguntou Patrick.
_ Uh, é! Vamos até falar com ela, ora!
_ Ah, eu nem sei o que dizer!
_ Diga "Oi, que coincidência você por aqui! Tudo bom?"
Patrick ficou receoso, mas Betinho o puxou pela mão e foram até Olivia.
Betinho gritou fingindo supresa:
_ Monaaaaa! Eu não acredito que a senhora está por aqui!
Olivia gostava muito de Betinho. Achava-o divertido e cativante. Ela sorriu ao vê-lo e imediatamente levantou para abraçá-lo.
_ Biiii! Que bom te vê!
_ Que coincidência te encontrar aqui, mulher! Não me diga que a senhora mudou de time?
_ Não._ risos_ Eu vim com o pessoal. O Rafa foi buscar cerveja e o meu irmão, a Cinthia e um amigo estão dando um mergulho.
"Oi, Patrick. É bom tê vê também." Disse dando três beijos no rosto dele.
_ Ah que bom que todos estão aqui. Assim podemos ficar todos juntos! _ Sugeriu Betinho sorrindo.
Olívia senti-se desconfortável pelo fato de que Matheus e Jonas estariam no mesmo local que Patrick. Mas não tinha jeito para recusar a proposta de Betinho.
_ Tudo bem. Só não trouxemos mais cadeiras. Afinal nem imaginávamos encontrar vocês dois aqui. Mas eu trouxe umas toalhas, posso forrar na areia e vocês sentam.
Rafael chegou com o balde de cervejas e alguns espetos de camarões fritos.
_ Olá, chefinhooooo!
_ Fala aí, Betinho. E aí, Patrick.
Rafael olhou para Olívia que encolheu os ombros.
_ Espero que não se importe de ficarmos com vocês.
_ Claro que não, Betinho. Tá suave.
Patrick não conseguia se enturmar. Sentia o coração batendo acelerado. Pensar em Jonas com outro homem o entristecia muito. Já estava arrependido de ter aceitado cometer aquela loucura. Queria correr para casa, se trancar no quarto para chorar abraçando o travesseiro.
Jonas e Matheus chegaram abraçados e molhados, acompanhados de Cinthia.
Ao ver o casal, Patrick sentiu uma pontada de tristeza no coração.
_ Disfarça essa cara de cu._ sussurrou Betinho.
Jonas não gostou de ver Patrick ali. Mas preferiu não expressar.
_ Oi chefinho número dois!
_ Por que número dois? Não mereço ser o número um?
_ Não porque esse posto já é meu. Não tenho culpa de ser o mais legal.
_ E o mais convencido.
_ Não precisam brigar. Eu amo os dois.
Betinho se levantou para beijar Cinthia e Jonas.
_Presumo que você seja o famoso Matheus!
_ Famoso? Eu?!_ perguntou sorrindo.
_ O chefinho só fala em você. É Matheus pra lá, Matheus pra cá!
_ Sério! Fala bem ou mal?
_ O que tu acha? É impossível falar mal de você. _ disse Jonas beijando Matheus, o que entristeceu ainda mais o Patrick.
_ Já que ninguém nos apresentou. Eu sou o Betinho. Trabalho como garçom na pizzaria desses dois boys maravilhosos. E esse é o meu amigo Patrick.
Matheus esticou a mão para cumprimentar Patrick, mas esse não retribuiu, deixando Matheus sem graça.
Para contornar a situação, Betinho o abraçou como se fossem amigos íntimos.
_ Realmente você é bem famoso entre nós. Eu soube que o Jonas fala muito em você.
É um prazer te conhecer, sócio.
O sorriso de Matheus se desfez e Jonas emburrou o rosto.
_ Como assim sócios?
_ Uh, é! Nós dividimos o mesmo homem.
_ Ihhhh!_ disse Rafael sendo cutucado por Olívia.
Matheus ficou ainda mais sério.
Patrick sorriu.
_ É brincadeira, querido. Eu e o Jonas tivemos um rolo, mas coisa do passado. Não precisa se preocupar.
_ Não precisa mesmo. Quem caminha olhando para trás acaba tropeçando. _ disse Jonas beijando Matheus.
_ Nossa! Temos aqui uma evolução! Matheus, você deve ser uma pessoa maravilhosa por mudar a cabeça do Jonas.
"Ele está até falando em viver o presente! Logo ele que ainda ama o ex namorado. O Bruno ... não é esse o nome dele?
Ah, pelo visto você já superou!"
Jonas o olhou com raiva, Betinho tentava conter o riso e enquanto o sentimento de desconforto afetava a todo o grupo de amigos.
Patrick olhava para Matheus sorrindo, com o ar de superioridade.