Capítulo 6
_ Ah, me desculpe pela sua carinha de espanto o Jonas não deve ter falado para você sobre o Bruno.
_ Há muitos Brunos por aí. Eu mesmo conheço uns dez. Se Jonas falou eu não me lembro.
_Eu não falei não. Aliás eu nem pensei nisso.
"É impossível pensar em outra pessoa quando se está com esse menino aqui."Disse Jonas segurando o queixo de Matheus o beijando.
_ Ah, que bom! Eu fico muito feliz que você finalmente conseguiu superar esse seu amor. Afinal foram oito anos de paixão pelo Bruno.
_ Vamos parar com isso, Patrick. Tá fazendo um papel ridículo!_ disse Jonas.
Matheus sentia muita raiva. Queria pular no pescoço de Patrick e tirar o seu sorriso cínico a base de tapas.
Contudo, decidiu pôr um sorriso nos lábios para ocultar a raiva.
_ É assim mesmo, Patrick. Esse tal de Bruno é passado porque agora quem ocupa o coração do Jonas sou eu. Quando eu cheguei, a memória dele se foi. É isso que acontece quando a luz chega nas trevas.
Patrick manteve o sorriso fingido, mas por dentro estava com muito ódio. Só queria correr do local.
_ Sinceramente, eu fico muito feliz por vocês. Espero que tudo de bom aconteça nas suas vidas e que esse relacionamento dure muito tempo.
_ Ah, obrigado... Patrick, né? Você é muito gentil.
_ Então, vamos aproveitar que o Rafa trouxe as cervejas e vamos fazer um brinde?_ sugeriu Betinho levantando uma lata de cerveja.
_ Um brinde ao casal!
"Rafinha, você trouxe o leite do Matheusinho? Novinho desse jeito não deve idade para beber cerveja. "
Irritado, Jonas abriu a boca para responder algo grosseiro, mas a voz de Matheus o interrompeu.
_ Ah não se preocupe, mana que o Jonas me deu leite à noite inteira .
_ Iiiiiih! _ gritou Cinthia e Rafael.
Patrick arregalou os olhos de ódio.
_ Aí, gostei de você, mana. Tu é babadeira. Gosto de gente assim._ disse Betinho abraçando Matheus.
_ Sabe que eu também gostei de você. _ mentiu Matheus com um sorriso nos lábios e tomado pela fúria.
Jonas abraçou e beijou Matheus e Acariciou o seu rosto.
_ Vai beber o quê? Fale que eu compro pra você.
_ Vou de cerveja mesmo.
_ Tem certeza?
Matheus fez um sinal positivo com a cabeça.
Olhava Jonas sentindo um aperto no peito. Matheus tinha certeza que estava apaixonado por Jonas e cogitava um futuro juntos. Contudo, pensar que o coração de Jonas estava ocupado o doia demais.
Sua vontade era gritar, bater em Patrick e xingar esse tal de Bruno até a sua quarta geração.
Mas eles ainda não estavam namorando. Matheus não queria que uma crise de ciúmes colocasse tudo a perder.
Mesmo com o clima desconfortável, os jovens passaram o dia juntos entre risadas e bebidas.
Por mais que Matheus e Patrick tentassem disfarçar a antipatia que um sentia pelo outro foi ficando cada vez mais forte.
Ficaram na praia até o pôr-do-sol. Matheus e Jonas assistiram esse fenômeno natural abraçados, o que irritava ainda mais Patrick.
Na hora da partida, Rafael se ofereceu para acompanhar Betinho e Patrick até o ponto de ônibus.
Assim que o veículo chegou ao local eles se abraçaram para se despedir.
_ Foi um prazer te conhecer._ disse Betinho abraçando Matheus.
_ Igualmente.
_ Tchau, pessoal. Tchau, Bruninho... ops! Matheus... sorry , Mana.
Jonas ficou furioso, mas resolveu se controlar para não prolongar o clima desconfortável.
À noite, o grupo de amigos decidiu pedir comida por aplicativo.
_ Eu quero muito comer uma pizza._ Disse Cinthia.
_ Ah, nem pensar. Eu não aguento mais pizza. Até o cheiro me enjoa.
_ Olivia, você diz isso porque trabalha na pizzaria do seu irmão. Mas eu quase nem como. Hoje caía bem.
Rafael e Jonas discordaram, mas Matheus aceitou e somente ele e Cinthia comeram pizza. Os outros pediram comida japonesa.
Matheus estava deitado na cama sério olhando para a janela. Jonas se aproximou com uma toalha branca enrolada na cintura e cabelo molhado.
Deitou ao lado de Matheus sorrindo, puxou o seu queixo e o beijou.
_ Eu queria tanto que esse dia tivesse sido perfeito, mas aqueles dois estragaram tudo.
_ Não fique assim, Matheus. Eu te prometo que amanhã será melhor.
_ Promete como? E se aquelas duas bichas recalcadas aparecerem novamente?
_ Não irão. Tô pensando em fazer um churrasco aqui mesmo e a gente fica curtindo a piscina.
_ Mas eles podem bater aqui na porta e...
Jonas o interrompeu com um beijo na boca.
_ Relaxa, bebê. A Cinthia me disse se isso acontecer ela não vai deixar eles entrarem.
_ Ele ainda não te esqueceu. E você?
_ O que tem eu?
_ Você ainda sente alguma coisa por ele?
_ Nunca senti. E não há motivos para se preocupar com o Patrick. Ele só quer te provocar e você se saiu muito bem. Eu tô orgulhoso do meu nenem.
Matheus sorriu e o beijou.
_ Você gosta de mim?
_ E tem como não gostar? Você é maravilhoso!
_ Gosta de mim como gostava do Bruno?
Jonas ficou sério.
_ Eu gosto de você. E não vejo motivo para ficar falando em passado. Não vamos estragar o nosso momento.
_ Eu não quero estragar nada. Só não quero fazer papel de bobo.
"A gente veio para curtir o fim de semana e do nada apareceu o seu ex ficante. Vai que estamos curtindo numa boa e esse tal de Bruno aparece.
_ Isso é impossível. Eu não o vejo há oito anos.
Matheus arregalou os olhos.
_ Bom, do jeito que o imbecil do Patrick falou parecia que vocês terminaram há pouco tempo. Mas você deve ter gostado muito dele.
_ Matheus, eu namorei o... essa pessoa quando eu tinha dezessete anos. Ele simplesmente sumiu sem me dizer nada, sem nem ao menos terminar o namoro. Eu nunca mais o vi.
"Essa história me machucou muito e gostaria de te pedir para não tocar mais neste assunto. Pode ser?"
_Ele foi um babaca contigo. Prometo que comigo será diferente.
"Você me faz muito feliz e eu prometo te retribuir em dobro toda essa felicidade. "
Matheus se aproximou e o beijou. Retirou a toalha de Jonas e acariciou o pau dele que ficou ereto.
_ Hum! Já tá começando a cumprir a promessa?
Jonas o agarrou e Matheus gargalhava.
Minutos depois o grupo de amigos prendia os risos ao ouvirem os gemidos de Matheus.
Matheus chegou em casa radiante de felicidade. Apesar do imprevisto do sábado, o final de semana foi maravilhoso para ele.
Estava mais bronzeado, sorrindo na maior parte do tempo.
Renata ficou satisfeita em vê o filho feliz e por isso, já simpatizava muito com Jonas.
O casal se encontrara muitas vezes. E ambos estavam cada vez mais apaixonados.
As mensagens de carinho eram trocadas diariamente.
Como todo ano, Renata iria dar uma festa de réveillon em sua casa, onde receberia os amigos. Matheus pediu para poder convidar Jonas e o pedido foi aceito no mesmo instante, já que Renata e Jonas já conversaram várias vezes via chamadas de vídeos.
A mulher aproveitou a ocasião para anunciar que o seu sobrinho estava vindo de Salvador e que moraria lá por um tempo.
_ Desde que ele não fique no meu quarto por mim tudo bem. Eu gosto muito do meu primo, mas amo a muito a minha privacidade.
_ Não se preocupe que eu vou dar um jeito no quarto de hóspedes. Mas vê se comporta.
Matheus não só o convidou para a festa de réveillon, mas também para a ceia de natal.
_ Natal não vai rolar, gatinho. Vou ter ir para a casa da minha mãe. Querer eu não quero, mas se eu não for vai ficar aquela falação.
_ Que pena! Queria tanto comer o seu peru no Natal.
_ Você vai comer o meu peru o ano inteiro. _ disse dando um tapa na bunda de Matheus.
_ Ano novo você vai?
_ Vou sim. O problema é que eu não conheço ninguém.
_ Como não conhece ninguém?! Conhece a minha mãe e o mais importante... conhece a mim._ disse beijando Jonas.
_ Sei lá . A sua mãe eu sei que é gente boa, mas o resto da sua família? Eu não tenho muita paciência para gente homofóbica.
_ Graças a Santa Lady Gaga que não há nenhum homofóbico na minha família. E a minha mãe é bem seletiva com os amigos dela. Abriu a boca para chamar filho da puta de mito ela corta laços na hora.
"Pode ficar tranquilo, gatinho.
Só há um probleminha. "
_ Lá vem ele... qual é o problema, Matheus?
_ Eu não sei como te apresentar para eles. Não sei se te apresento como ficante ou... namorado._ Matheus disse deslizando o dedo indicador sobre o peito de Jonas e inclinando a cabeça para o lado.
_ Me apresenta como o cara mais sortudo do mundo por está tendo o prazer de viver ao seu lado.
_ Babaca!
_ E você gosta.
Matheus o beijou.
_ Gosto mesmo.
Matheus não se contia de ansiedade pela chegada de Jonas. Passava a maior parte do tempo olhando para a tela do celular.
A casa estava cheia de pessoas ajudando Renata com os preparativos da festa.
Marília olhava para Matheus seriamente.
_ Oh menino, tira a cara desse celular e vai fazer alguma coisa!
_ Ai que saco, vó! Eu já ajudei a minha mãe o dia inteiro. Tô cansado!
_ Ajudou coisa nenhuma.
Matheus revirou os olhos para cima.
_ E não faz essa cara não. Vai lá ajudar o seu tio a pendurar as luzes.
Matheus saiu batendo o pé.
_ Renata, esse menino está muito mal criado.
A festa ocorreria no terraço da casa. E como eles moravam numa comunidade enfrente à praia, do local daria para vê a queima de fogos.
Renata pôs três grandes mesas juntas no local, a frente de um painel escrito "Feliz ano Novo"
Na mesa central estava a farta ceia, a do lado esquerdo a mesa de doces variados e o do lado direito uma mesa com os pratos, talheres e taças para beber o champanhe.
As outras bebidas estavam num enorme galão abarrotado de gelo. Ela havia alugado algumas mesas brancas de plástico.
As grandes caixas de som foram postas no local.
Marquinhos, filho mais velho de Marília, estava terminando de arrumar as luzes.
_ Mano, acho que só essas cervejas não vai dá.
_ Você acha, Renata? Quando eu acabar aqui eu vá lá virosca do Zé comprar mais.
"Matheus, ajuda o tio aqui."
O garoto foi revirando os olhos e recebeu um olhar critico da mãe.
Após terminar de ajudar Marquinhos, Matheus correu em direção ao banheiro empurrando o primo.
_ Sorry, primo. É que daqui a pouco o meu gatinho tá chegando e ele não pode me vê nesse estado.
_ Uma hora ele verá o seu lado abóbora. _ brincou o rapaz.
_ Meu amor, eu nunca serei abóbora. Sou uma carruagem raiz.
_ Convencida essa gay.
Matheus deu um beijo no rosto de primo e foi ao banheiro tomar banho cantando.
_ Matheus está muito feliz.
_ Ele tá é avoado isso sim. Já é estabanado e preguiçoso. Agora tá apaixonado não há quem traga aquela cabecinha de volta das nuvens. _ disse Marília.
Jonas estacionou o carro na entrada do morro onde Matheus morava. Ajeitava os cabelos sorrindo.
Havia levado duas garrafas de vinho tinto e uma caixinha de veludo vermelho com duas alianças de ouro. Tinha a intenção de pedir Matheus em namoro e as alianças simbolizavam o compromisso que teria com o rapaz.
Há tempos Jonas não ficavam tão feliz. Depois de anos o amor ressurgiu na sua vida.
Só em pensar em Matheus um sorriso brotava dos seus lábios.
Ao vê-lo virando a esquina acompanhado de uma menina de cachos loiros, Jonas sorriu como quem vê um bilhete premiado.
A menina era Nathália, a amiga que tanto Matheus falava. A garota conhecia Jonas por fotos e pelos assuntos de Matheus e ela estava ansiosa para conhecê-lo pessoalmente.
Os adolescentes se aproximaram do carro e Jonas abriu a porta para ambos.
Beijou Matheus e cumprimentou a menina com três beijos no rosto quando Matheus os apresentou.
Eles subiram o morro no carro de Jonas e os convidados foram até a sacada para vê o tão falado namoradinho do Matheus.
Jonas subiu ao terraço um pouco tímido. E foi recebido por um abraço caloroso dado por Renata.
_ Seja bem-vindo, meu querido! É muito bom te receber aqui na minha casa. Pode ficar à vontade.
_ Muito obrigado. É um prazer te conhecer pessoalmente.
_ Matheus, apresenta o menino ao povo.
_ Jonas, essa é a minha avó.
Jonas beijou o rosto de Marília.
Matheus o apresentou a todos do local, mas notou que o primo não estava lá.
_ Mãe, cadê o Buba?
_ Tá tomando banho. Fica aí que eu vou chamar o meu sobrinho. Ele veio de Salvador e vai morar com a gente. Você adorar conhecer ele. É tímido, mas conforme vai fazendo amizade você vai ver o quão gente boa ele é.
"Matheus, dá uma latinha de cervejas para o Jonas."
Marquinhos entregou uma latinha a Jonas.
_ Eu também quero, tio.
_ Você ainda é muito novo.
_ Eu já tenho dezoito anos.
_ Espere eu me acostumar com isso.
Matheus balançou a cabeça e Marquinhos bagunçou os cabelos de Matheus sorrindo e o entregou a latinha de cerveja.
_ Põe no copo de guaravita para enganar a sua mãe.
Matheus sorriu e abraçou o tio.
Aos poucos, Jonas foi se enturmando com a família de Matheus.
Todos foram bem receptivos e o seu medo de sofrer algum tipo de homofobia sumiu como se nunca tivesse existido.
"Eu gostaria muito de ter uma família assim." Pensou Jonas sorrindo.
Renata se aproximou segurando o sobrinho pela mão. O rapaz estava vestido todo de roupas brancas, tinha os cabelos curtos e negros e cheirava a hortelã. Ele sorria por finalmente conhecer o namoradinho de Matheus.
_ Jonas, este é o meu sobrinho.
O sorriso de Jonas se desfez no mesmo instante. O seu coração batia acelerado e as mãos ficaram geladas.
Bruno arregalou os olhos expressando espanto.
_ Amor, esse é o meu primo Bruno que nós chamamos de Buba.
"Buba, este é "o cara mais sortudo do mundo por está tendo o prazer de viver ao meu lado."_ disse Matheus beijando Jonas.
Bruno abaixou o olhar em direção ao chão.