PARTE 26 – MARCELO
O ódio que eu senti pelo pai do Claudio quando ele roubou o dinheiro do meu amigo, não era nada comparado ao que eu estava sentindo no momento.
Claudio sempre foi uma boa pessoa, ele sempre acredita no lado bom das coisas, muitas vezes chega a ser inocente, por isso eu peguei a missão de protegê-lo, porque se eu não fizer isso, ninguém mais faria.
Quando ele termina de me contar tudo o que aconteceu, eu o abraço e prometo que vai ficar tudo bem. Esta me matando ver ele ali no chão, se sentindo destruído, eu o ajudo a levantar e o coloco na minha cama.
- Fica aqui - Eu falo para ele e saio do quarto, mostrando tranquilidade.
Tranquilidade que só dura ate eu fechar a porta, meus pais estavam na sala, sem saber o que estava acontecendo. Eu vou ate eles, meus punhos estavam fechados, eu queria quebrar alguma coisa, bater em algo, ou melhor, em alguém.
- Eu vou matar aquele filho da puta com minhas mãos - falo baixo, só para os meus pais ouvirem.
- Que isso, meu filho? - minha mãe pergunta, assustada com o ódio que ver no meu rosto.
- O que foi moleque? - meu pai perguntou ao mesmo tempo em que ela.
- Aquele filho da puta, o pai do Claudio expulsou ele de casa. - Eu falava andando de um lado para o outro - Não é só isso, ele o humilhou, mas não vai ficar assim, eu o avisei.
Eu vou em direção a porta.
- Airton segura ele - minha mãe manda e meu pai logo aparece na frente da porta, me impedindo de passar.
- Pai...
- Senta agora, Marcelo - Minha mãe manda atrás de mim.
Eu encaro meu pai parado na porta, implorando com os olhos que me deixasse passar, mas ele não deixa. Respiro fundo e volto para o sofá.
- Agora nos conta o que aconteceu, com calma e com detalhes - ela manda.
Eu começo a falar, mas sem tantos detalhes quando o Claudio tinha me contado. Meu pai ouvia em silêncio enquanto minha mãe fazia seus comentários baixinhos, xingando aquele filho da puta, em outro momento seria ate engraçado.
Quando terminei de falar, minha mãe olha para o meu pai. Eu conheço esse olhar, eles estavam conversando sem dizer uma só palavra, então meu pai solta um suspiro.
- Ele fica aqui - meu pai começa a falar - a gente já devia ter feito isso faz tempo, esse garoto já sofreu demais com aquele bêbado.
Eu abro um sorriso, meu pai não gosta de falar xingamento, então "bêbado" é um xingamento e tanto.
- Mesmo ele sendo bi? - eu conheço meu pai, mas precisava ouvir sua resposta, tranquilizar meu espírito.
- Meu filho, isso fez diferença na sua amizade com ele? Para mim, nada mudou, ele ainda é aquele garoto que ia pro sítio com gente e não saia debaixo do pé de goiaba.
Eu levanto e o abraço, minha mãe nos olha com admiração.
- Amanhã antes de ir pro sítio, eu vou falar com o pai dele - Meu pai me avisa, eu o solto e confirmo com a cabeça.
Então eu volto para o quarto, Claudio continua do mesmo jeito que eu deixei, parecia que ele estava congelado, meus pais vêm atrás de mim, só assim ele se mexe.
- Você fica aqui - Minha mãe fala para ele e o abraça. - essa casa sempre foi sua.
- Vai ficar tudo bem filho - Meu pai diz.
Depois os dois saem do quarto me deixando com Claudio, eles sabiam que meu amigo precisa apenas de mim naquele momento.
- Pronto, agora é oficial, tenho um colega de quarto. Só não peida muito tá.
Claudio sorri, sei que não é o seu sorriso verdadeiro, mas já é o começo.
Passo o resto do dia cuidando do meu amigo, tentando o distrair, eu até conto sobre o meu fim de semana e a bronca que Aline me deu quando soube sobre a Brenda e a Sheila.
Na segunda de manhã, eu acordo e Claudio ainda esta deitado, ele sempre levanta primeiro que eu, mas não dessa vez, o que é compreensivo.
Eu o mando levantar, não ia deixar meu amigo matar aula, ele tinha que reagir, nem que eu tivesse que arrastá-lo. Antes de sair meu pai me para e fala para eu controlar meu gênio, entendo o que ele quer dizer.
Na porta do colégio, eu não saído do lado de Claudio, nem quando vejo a Sheila se aproximando. Droga, eu tinha que resolver isso, percebo que Clara fica olhando eu falar com sua amiga.
Não falamos nada demais, mas aviso que vou entrar em contato com ela. Antes que acontecesse o mesmo com a Brenda, eu mando mensagem para ela e digo que a quero ver depois.
Claudio assiste a tudo em silêncio, vejo um sorriso no canto do seu rosto, provavelmente pensando na bronca que eu falei que Aline tinha me dado, não aguento e o chamo de babaca.
- Foi você que provocou isso - ele diz, agora com o sorriso mais evidente.
O dia no colégio passou rápido, quando voltamos para casa, minha mãe esperou eu estar longe do Claudio para me dizer sobre a conversa que meu pai teve com o pai do Claudio.
Aquele babaca estava de ressaca quando meu pai chegou lá, ele falou um monte de merda, ate me culpou por levar o filho dele "pro mau caminho". Meu pai foi muito paciente, no final meu pai apenas o avisou que Claudio iria morar com a gente e ponto final.
- Marcelo – escuto meu amigo me chamar - eu vou em cas... Na casa do meu pai, preciso pegar minhas coisas.
- ta bom, vamos lá.
- Não precisa, eu posso ir sozinho.
- Claro que pode, mas não vai - eu o respondo com um sorriso falso no rosto - vamos?
Claudio não me responde, apenas anda resmungando baixo e eu o sigo tentando não rir.
A porta da casa estava aberta, entramos e escutamos barulho vindo de um dos quartos, Claudio vai na direção do som, mas eu o seguro e faço que não.
- vai pegar suas coisas, eu vou avisar que estamos aqui.
- Celo?
- Vai...
- Ta, mas eu te conheço, não fala besteira.
- vai... - falo outra vez.
Marcelo vai para o seu quarto e eu vou falar com o pai dele. O filho da puta esta no quarto, o barulho que estava escutando vinha do armário, ele abria gaveta por gaveta e tirava as roupas.
- Ta procurando alguma coisa? - eu pergunto.
- Ah, é você - ele me olha, mas logo volta para as gavetas - o viadinho não ta aqui, vai ter que procurar outro rabo para comer.
Eu não sei como, mas num segundo eu estava parado na porta do quarto e no outro estava em cima dele.
- Me solta, caralho.
- Escuta seu filho da puta, eu só não te arrebento porque o Claudio esta aqui, mas se você fazer algum desses comentários babaca para ele - Eu cuspia as palavras com ódio, meu rosto a centímetros do dele - Não vai ter Claudio, não vai ter pai nem mãe. Eu. Acabo. Contigo.
Vi medo nos olhos dele, mas não me senti feliz, ao contrario, eu o solto e me afasto, volto a ficar na porta.
- Claudio, vai precisar de ajuda? - eu pergunto parado na porta, escondendo minhas mãos que começaram a tremer.
- NÃO - ele grita em resposta.
Fico no mesmo lugar, depois de um tempo, vejo Claudio saindo do quarto com algumas bolsas, eu vou e o ajudo. Saímos da casa sendo seguido pelo pai dele, que não fala nada.
Atravessamos a rua para minha casa em silêncio, quando entramos, minha mãe esta na sala.
- Filho, sua namorada esta no seu quarto com as amigas.
Eu não tinha falado em casa que tinha terminado com Clara, será que era ela que estava no meu quarto?
Eu e Claudio levamos as bolsas para o meu quarto, ao abrir a porta, vejo Clara sentada na minha cama, Brenda e Sheila ao seu lado.
- Você é um filho da puta - Clara diz e eu fecho a porta.
- Olha o respeito, a única puta que eu to vendo aqui é você.
Largo a bolsa num canto e Claudio faz o mesmo, ele ameaça sair do quarto, mas eu to parado na porta e não deixo ele passar.
- O que você quer aqui Clara?
- Você seduziu minhas amigas só para me atingir.
Ah, então era isso. Eu olho para as garotas, mas elas não me encaram.
- Não, eu fiquei com elas, porque elas são gostosas, você não é o centro do universo.
Eu vou ate as garotas e paro na frente delas.
- Desculpa não ter jogado limpo com vocês, eu deveria ter sido mais especifico que não queria nada serio.
- Ah claro, agora vai dar um de bom moço.
- Clara - escuto Claudio dizer e olho para ele. - Cala a porra da sua boca.
- Como voc...
- Sai daqui Clara - eu digo e me viro para as outras duas - se vocês quiserem ficar e conversar, me xingar, ou o que quiserem fazer, eu to aqui e vou ouvir.
- Aff - Clara levanta da cama e vai para porta - vamos meninas, deixa esses babacas punheteiros para lá.
Clara sai do quarto, Brenda e Sheila se olham, elas não falaram nada em nenhum momento, então saem. Eu sento na cama e respiro fundo, Claudio fecha a porta e depois senta ao meu lado.
- e agora? - eu pergunto.
- Falta pouco para eu ter que ir trabalhar - ele diz olhando o relógio - mas dá tempo de assistir um pornô e bater uma punheta, se você quiser, já que fomos chamados de punheteiros.
Não aguento e dou uma risada.
CONTINUA...
PS. Chegando perto do final, quero agradecer os comentrarios feitos nos contos e os que recebo no privado, obrigado pela boa recepção dos contos.