Capítulo 15
Envergonhado, Matheus abriu a porta para que Lúcia entrasse.
_ Me desculpe. O Jonas me disse que a Neide viria e como o porteiro não anunciou a sua chegada.
Lúcia percorreu o olhar de cima para baixo, expressando desdém pelo menino.
_ Eu não preciso ser anunciada. Sou a mãe dele.
_ Com certeza... Eu tô morrendo de vergonha...
_ Gente como você tem vergonha?
Matheus a olhou surpreso.
_ Como assim gente como eu?
_ Cadê o meu filho?
_ Ele foi a padaria, mas já está voltando. A senhora quer se sentar? Um copo d'água?
Lúcia caminhava pela sala. Estava revoltada por está diante do namorado do filho. Para ela isso era um grande desaforo.
Sentiu raiva de Bruno por não cumprir a sua parte no trato. Devido ao escândalo da pizzaria, ela imaginou que o namoro teria acabado.
_ Eu nem me apresentei. Eu sou o...
_ Eu sei muito bem quem é você. _ disse interrompendo Matheus e ignorando a mão esticada do menino.
Matheus foi tomado por uma raiva imensa pela arrogância da mulher. Ficou ansioso para que Jonas chegasse o mais rápido possível e o tirasse daquela situação desconfortável.
Optou por não expressar a raiva com gritos e xingamentos, como desejava a sua vontade. Não queria causar nenhum tipo de problema para Jonas.
Eles permaneceram em silêncio por alguns segundos.
_ Ele já deve está chegando... vou ligar para ele.
_ Não precisa. Eu espero. Matheus? Esse é o seu nome não é?
_ Sim! Como a senhora sabe? Ah, o Jonas deve ter falado! Que cabeça é essa minha!
_ Não. Ele não falou. Ele nunca fala de você. Fala mais do ex namorado ... o Bruno.
Matheus suspirou de raiva, ficando sério. Lúcia percebeu que esse era o ponto fraco do rapaz e ficou feliz por isso.
_ Você o conhece?
_ Não. Não conheço! E nem preciso conhecer.
Lúcia descobriu que tanto Bruno quanto Jonas ocultavam esse fato do menino.
_ Você tinha que vê como ele é apaixonado por esse menino... ops! Era. Ele tinha muitas fotos e cartas. Só falava nesse menino, mesmo depois de separados.
'Sabe aquele tipo de amor que há nas novelas e que nos fazem suspirar?'
Ao ver o rosto de desapontamento de Matheus, Lúcia decidiu trocar a sua intenção de insultá-lo por provocar o seu ciúme. Ela dependia da ajuda financeira de Jonas, não seria inteligente da sua parte confrontar o filho.
_ Mas isso são águas passadas! Eu fico muito feliz em saber que o meu filho esteja refazendo a vida. Se o meu filho está feliz eu também estou.
_ Não está não. A senhora entra aqui, me olha com cara de nojo e ainda fica falando no ex dele só para me humilhar! Eu não sou nenhum idiota!
'Mas eu quero que a senhora saiba que eu amo o Jonas e que esses seus joguinhos não vão abalar a nossa relação em nada. Está perdendo o seu tempo!'
_Quanta agressividade desnecessária! A sua mãe não te deu educação?
_ Não fale da minha mãe! Eu não admito!
_ Pelo visto ela não te educou mesmo. Pelo showzinho que você deu na pizzaria! E ainda ficou famosinho na Internet por causa disso. Olha, eu vou te dizer que o meu filho foi muito bem educado e não está acostumado a lidar com esse tipo de baixarias. O próprio Bruno era um lord.
_ Bruno é o cacete! Eu não quero ouvir falar nesse nome!
Jonas entrou com as sacolas nas mãos, as depositando na mesa da sala.
_ Mãe, o que você está fazendo aqui?
Jonas observou a expressão de raiva de Matheus e o sorriso cínico da mãe. Ele a conhecia o suficiente para saber que ela estava aprontando algo.
_ Eu vim te fazer uma visita, mas fui muito mal recebida pela sua namorada. Nervosinha ela.
_ Ela que veio me dando fora e falando naquele tal de Bruno. Tudo isso para me provocar. E ainda falou da minha mãe.
_ Mãe! Eu não admito que você falte com o respeito com o meu namorado dentro da minha casa!
_ Eu não disse nada demais. Apenas o parabenizei por ter conquistado o seu coração, já que você era muito apaixonado pelo Bruno. Mas foi só falar nesse nome que a mocinha ficou nervosa!
_ Mãe, pare com isso! Acho melhor você ir embora.
_ Vai me expulsar da sua casa por causa desse aí?
_ Mãe, vá. Depois a gente conversa.
_ Tudo bem. Eu vou. A pior coisa que pode acontecer com uma mãe é carregar um filho por nove meses dentro do ventre, engordar, ter estrias, criar , educar e amar e depois ser tratada dessa forma por causa de um veadinho qualquer.
_ Já chega, mãe! Homofobia dentro da minha casa eu não admito!
Jonas disse abrindo a porta.
Lúcia se retirou sorrindo debochadamente.
Ao perceber que Matheus estava com os olhos cheios de lágrimas, Jonas o abraçou.
_ Vem cá, meu nenem. Não fique assim. Não deixe ela estragar o nosso dia. _ disse beijando o seu rosto e boca.
_ Eu trouxe pão de queijo, porque eu sei que você adora. Vamos passar o dia juntinhos.
_ Todo mundo fica me falando desse tal de Bruno. Ele deve ter sido muito melhor do que eu.
_ Não foi. As pessoas falam para te provocar. São pessoas infelizes que se incomodam com a felicidade alheia.
'A minha mãe é homofóbica. Ela detestava o Bruno e vai detestar qualquer namorado que eu tiver. Mas eu fiquei muito orgulhoso de você. Não abaixou a cabeça. Eu te amo, nenê. '
_ Você tem razão. Eu não deixar aquela bruxa homofóbica estragar o nosso dia.
Matheus encheu o rosto de Jonas de beijos até beijar a sua boca.
Bruno despertou assustado com o toque do celular. Aos poucos, percebeu que dormia no sofá da sala de Isabel, pois a mulher não o deixou ir para a casa devido ao horário.
Ainda sonolento, atendeu o celular sem olhar quem estava ligando.
_ Alô!
_ Seu merdinha, filho de uma puta! Você ficou de afastar o seu primo do meu filho e nada fez!
O coração de Bruno bateu acelerado ao ouvir a voz brava de Lúcia.
_ Eu vou acabar com a sua vida, seu desgraçado! Escreve o que eu estou te falando! Você e o seu priminho vão se arrepender de ter cruzado o caminho do meu filho. Eu vou acabar com vocês duas, suas buchas nojentas.
A mulher desligou o telefone. A cabeça de Bruno Começou a doer.
_ Que merda! Eu não aguento mais isso.
Isabel entrou na sala, ao vê a expressão de medo de Bruno perguntou o que aconteceu. E ficou com raiva ao ouvir o relato.
_ Essa mulher é uma desgraçada! Ela tá te matando. Olha a sua aparência! Você vai fazer o seguinte: vai bloquear essa vaca das suas redes sociais e o número dela para que ela não consiga mais te ligar.
_ E se ela contar tudo para o Jonas?
_ Que conte! Vocês não estão mais juntos. O que não pode é você ficar sofrendo desse jeito.
A mulher convidou Bruno para passar uns dias na casa dela, para que se afastasse de toda pressão psicológica que vinha sofrendo.
Conforme os dias foram passando, Bruno foi se sentindo um pouco melhor. Longe das ameaças de Lúcia, ele voltou a sorrir com as travessuras do filho de Isabel, com as conversas e passeios com a amiga.
Recuperou alguns quilos perdidos e sua pele voltou a corar.
Todos os dias Bruno saía em busca de emprego e retornava sem sucesso, o que o desanimava muito. Ele desejava ter sua independência financeira e sair da casa da tia. Mesmo sendo bem tratado, está perto de Matheus o incomodava muito, pois o seu ciúme crescia a cada dia.
Numa tarde nublada , Bruno aguardava a chegada do ônibus cabisbaixo por receber mais um não numa entrevista de emprego. Preparava-se psicologicamente para retornar à casa da tia, fazia dias em que estava na casa de Isabel e não queria mais incomodar a amiga.
Lutava para não pensar em Lúcia. As ameaças da mulher batiam em seu coração como marteladas.
O ônibus demorava mais do que o normal. Aflito, Bruno olhava para o relógio.
Dirigindo ouvindo música, Jonas avistou Bruno na parada do ônibus. Parou o carro enfrente e abaixou o vidro do carro.
_ Vai uma carona?
Bruno quis recusar, mas Jonas insistia.
O som da trovoada e o céu nublado anunciava uma tempestade a caminho.
_ Entre aí, cara. Eu não mordo... a não ser que você queira.
O sorriso de Jonas o encantou. "Como ele pode ser tão lindo?" Perguntou-se Bruno. Por fim, não resistiu aos encantos de Jonas e entrou no carro.
_ Tá indo pra aonde?
_ Pra casa da minha tia.
_ Esses dias eu estive lá e não te vi. Matheus me disse que você estava na casa de uma amiga. Era a Isabel?_ Jonas perguntou enquanto dirigia.
_ Era sim.
_ Faz muito tempo que não a vejo. Lembra que saímos muito quando a gente namorava? Bons tempos!
_ Eu me lembro. Teve aquele dia que ela bebeu tanto numa festa que ficou conversando com o mato._ disse sorrindo.
Jonas gargalhou ao recordar.
_ A Bel é foda. Ela era meio maluquinha, mas é gente boa pra caralho. Ela dizia que queria ser madrinha do nosso casamento.
_ É...Ela cismou com isso.
Para provocar um sentimento nostálgico em Bruno Jonas pôs a música "High hopes ".
_ Cara, eu não acredito que você ainda escuta essa música! Tu tá pagando a língua. Você vivia reclamando que eu ouvia a música.
_ Claro, Bruno. Você ouvia direto. Acabei ficando viciado. Aliás, você ainda tem essa mania de quando gosta de uma música a ouve tanto, que até estraga?
Bruno acenou a cabeça num sinal positivo e sorrindo.
_ Mas vamos combinar que a música é maravilhosa.
_ O meu inglês não é muito bom, mas eu gosto do ritmo e principalmente porque ela me faz lembrar você.
Bruno Começou a cantarolar a música, ao chegar no refrão cantou alegremente balançando a cabeça. Jonas sorria o admirando.
A voz de Bruno era suave e gostosa de se ouvir. Jonas recordou, ás vezes Bruno o acordava cantando alguma música romântica.
_ Jonas, lembra daquela vez que fomos ao Rock in Rio?
_ Lembro sim. Não tem como esquecer. Foi a primeira vez que te beijei em público. Você ficou preocupado.
_ E você sussurrou no meu ouvido que estava tudo bem e isso me acalmou .
Jonas segurou na mão de Bruno.
Apesar de saber que deveria retirá-la, Bruno não fez por gostar da sensação de tocar o homem que ama.
_ Eu tô morrendo de fome. Você se importa se eu parar para comer alguma coisa antes de te levar para casa?
_ De jeito nenhum.
Jonas foi até uma haburgueria em que eles costumavam ir quando namoravam.
Ele comprou os lanches para comerem no carro.
_ Espero que goste._ disse entregando o pacote a Bruno.
_ Eu poderia recusar, mas a fome não me deixa fazer cerimônias. _ Bruno disse sorrindo.
_ Não coma agora. Vou estacionar o carro num lugar mais adequado.
Jonas foi até uma rua deserta que ficava no alto de um morro, onde eles tinham a visão da cidade por cima.
Eles costumavam ir até lá para namorar. Jonas sentia como se estivesse num sonho por retornar ao lugar com o seu amado. Bruno também compartilhava do mesmo sentimento. Era como se o tempo não tivesse passado.
Por um momento não pensava em nada ruim, não pensava em Lúcia, Matheus e na sua sua situação financeira. Era só ele e o homem que ama. Sentiu-se revigorado.
_ É covardia me trazer aqui.
Jonas mastigava o hambúrguer gemendo fechando os olhos.
_ Gosto de nostalgia.
_ Vou ter que concordar contigo. Faz anos que não como nessa hamburgueria. Cheguei a cogitar que ela nem existisse mais.
_ Fechar um lugar desses deveria ser considerado um crime contra a humanidade!
_ Exagerado.
_" jogado aos seus pés/Eu sou mesmo exagerado. "
_ Você e o seu Cazuza. Ainda gosta disso?
_ Disso não! O melhor cantor que essa Terra já teve.
Bruno sorria.
_ Você não mudou nada. Continua dramático.
Seus olhos se encontraram e por alguns instantes permaneceram se olhando em silêncio. Jonas encostou a ponta do do seu nariz no nariz de Bruno, acariciando a sua face.
Bruno fechou os olhos abrindo a boca para receber um beijo. Jonas tocou nos seus lábios com os dedos e o beijou. Envolveu Bruno em seus braços e Bruno fez o mesmo.
Jonas deslizava a sua língua quente na língua de Bruno, dando uma leve mordidinha no lábio inferior do rapaz.
Jonas desceu a boca até o pescoço de Bruno e o beijou. O barulho da chuva caindo lá fora embalava o momento.
Jonas pôs a boca perto do ouvido de Bruno e sussurou:
_ Vamos para o banco de trás?
Bruno sentiu-se excitado. Jonas segurou a sua mão e levou até o seu pau e fez o mesmo com Bruno. Ambos estavam duros.
_ Olha o que você faz comigo, Bruno.
Bruno voltou a beijá-lo. Jonas pôs a outra mão na bunda de Bruno por dentro da calça . Bruno a retirou e se afastou.
_ Não vamos fazer nada que vamos no arrepender depois.
Jonas segurou no seu queixo e o beijou novamente.
_ Eu te amo.
_ E o Matheus? Isso não é justo com ele.
Jonas se afastou sério.
_ E eu? Isso é justo comigo? É justo com a gente?
_ Você o ama ou ama a mim?
Jonas permaneceu em silêncio. O seu tesão desapareceu.
_ Eu amo os dois.
Bruno ficou espantado. Até aquele momento acreditava ser o único amado por Jonas e que o namoro com Matheus era uma forma de provocar ciúmes.
_ Não tem como amar duas pessoas ao mesmo tempo.
_ Eu amo os dois. E não sei como mudar isso... Eu não quero mudar isso.
Bruno permaneceu em silêncio olhando a chuva cair.
_ É melhor você me levar para casa.
_ Tudo bem. Podemos ser amigos? Eu não quero me afastar de você.
Bruno confirmou com a cabeça.
_ Eu também não quero me afastar de você. Mas só podemos ser amigos. Nada mais.
Jonas o abraçou.
Durante o percurso para a casa de Renata, Bruno e Jonas conversaram sobre os rumos que suas vidas tomaram. Jonas contou sobre a sua sociedade com Rafael na pizzaria e sobre o namoro dele com Olívia. Bruno ouvia mais do que falava. Sentia uma paz que não sentia há tempos. Está perto de Jonas o deixava feliz.
Ao chegar na esquina da rua, Bruno avistou Matheus caminhando em direção ao carro. A chuva já havia passado e Matheus caminhava com um guarda-chuva fechado nas mãos.
_ Aí meu deus! O Matheus tá vindo. E agora?
_ E agora o quê? É só agir com naturalidade.
Jonas abaixou o vidro do carro e beijou Matheus.
_ Meu amor! O que você está fazendo na rua a essa hora?
_ Estou com a minha mãe e uns amigos dela no bar de Alexandre... Buba?! O que você está fazendo aqui?
_ Eu encontrei o Bruno na parada do ônibus. Como eu estava vindo pra cá, ofereci uma carona a ele.
_ Ah, tá. Você não me avisou que viria.
_ Bateu aquela saudade do meu nenem e decidi vir aqui te buscar para você ir dormir comigo hoje.
Matheus sorriu empolgado. Ele amava dormir com o namorado.
_ Que surpresa boa! _ disse beijando Jonas, fazendo Bruno olhar para o lado oposto, incomodado por causa do ciúme.
_ Eu vou ficando por aqui. Aproveito vou lá no bar dá um beijo na minha tia. Obrigado pela carona, Jonas.
_ Não há de quê.
Bruno saiu do carro e Matheus entrou.
_ Buba, avisa a minha mãe que vou ir com o mozão.
_ Tudo bem.
Bruno ficou observando o carro partir. Pensando que poderia ser ele quem deveria ir dormir com Jonas naquela noite.
Enquanto Matheus dormia nu nos seus braços, Jonas olhava as fotos no Instagram de Bruno. Curtiu quase todas as fotos dele.
Bruno sorriu ao receber as notificações das curtidas. Entrou no perfil de Jonas e curtiu uma foto em que ele e Matheus se beijavam na praia e comentou "Meu casal" com um sorriso nos lábios.
Ao olhar o comentário, Patrick arregalou os olhos. E imediatamente ligou para Betinho.
_ Amigo, você não vai acreditar o que eu acabei de vê!
_ O que foi , viado?
_ Sabe quem curtiu e comentou na foto em Jonas postou? Foto essa em que beija o Matheus.
Ninguém mais, ninguém menos que Bruno.
_ Do que a senhora está falando?
_ Do Bruno! Bruno, o ex do Jonas!
_ Você tem certeza disso, Viado?
_ Claro que tenho! Eu conheço os cornos daquele desgraçado! Esqueceu que eu frequentava a casa do Jonas? Lá tinha muitas fotos do Bruno.
_ Bichaaaa! Tô passada! Que babado!