Capítulo 17
As fotos, a lembrança das palavras de Patrick revelando sobre Bruno com sorriso de deboche e a voz de Jonas o chamando provocaram uma explosão de sentimentos perturbares em Matheus.
Jogou a caixa no chão e abriu a porta furioso.
_ Por que você trancou a porta?
Jonas percorreu os olhos pelo quarto e reparou que as gavetas estavam abertas e a caixa estava jogada no chão. Pela expressão de Maltheus, ele concluiu que o loiro havia descoberto sobre Bruno.
Para tentar amenizar a situação, ignorou tudo e ofereceu o sanduíche a Matheus.
_ Está aqui, mozão. Do jeito que você pediu.
Matheus deu um tapa no prato fazendo o objeto quebrar com a queda.
_ Que porra é essa, Matheus?
Matheus se abaixou para pegar o álbum de fotografias.
_ "Que porra é essa ?" pergunto eu, vocês são duas vagabundas! _ gritou jogando o álbum em cima de Jonas.
Jonas penetrou os dedos entre os cabelos, batendo no quadril.
_ Eu posso explicar...
_ "Eu posso explicar. " Qual é a próxima frase clichê? "Não é nada disso que você está pensando?"
'Vocês acharam que iriam me fazer de otário até quando?'
_ Ninguém tá te fazendo de otário!
_ Você tá pegando o meu primo e ainda diz que não tá me fazendo de otário. Imagina se tivesse?
_ Que mané pegando o seu primo. O que eu tinha com o Bruno acabou há oito anos.
_ Se vocês terminaram mesmo por que não me disse que era o meu primo o seu ex?
_ Por causa desse seu jeito explosivo. Porra, tu surta por nada... com o Patrick você já fez um estardalhaço, imagine com o Bruno.
_ Seu filho da puta! Ainda me culpa pela sua mentira!
Matheus avançou para cima de Jonas dando tapas e socos nos braços do namorado.
_ Seu filho da puta! Eu sempre fui fiel a você e tu de sacanagem comigo.
Jonas segurou as mãos de Matheus , que continuou se debatendo. O envolveu com os braços, o imobilizando .
_ Chega de gracinhas, Matheus!
Matheus chorava e gritava xingamentos, se debatendo tentando se libertar para a voltar a agredir Jonas.
_ Cala a boca, porra! Você tá descontrolado.
_ Eu odeio vocês! Me fizeram de idiota!
Jonas arrastou Matheus até o box e ligou o chuveiro.
_ Me solta! Me solta, seu traíra.
_ Não vou soltar até você se acalmar e me ouvir.
Jonas o abraçou e o beijou na boca.
_ Amor, fica calminho. Eu posso explicar tudo.
Matheus soluçava de tanto chorar abraçado com Jonas.
_ Eu te amo tanto. Como você teve coragem de fazer isso comigo? E justo com o meu primo! O meu primo é sacanagem porra!
_ Eu não fiz nada. Oh, meu bem , eu também te amo muito. Eu não faria nada que te magoasse.
Matheus o empurrou e saiu do box, sentou no vaso sanitário.
Continuando o choro. Jonas estava extremamente preocupado. Temia perder Matheus, algo que ele não queria.
Jonas se ajoelhou nos pés de Matheus e com uma mão segurou no seu joelho e a outra acariciava o seu rosto.
_ Eu errei de não ter te contado antes que o seu primo era o meu ex namorado. Você tem razão de ficar bravo comigo por causa disso. Mas daí me acusar de continuar tendo um caso com ele mesmo namorando você é injustiça da sua parte.
'Eu amo você. Quero ficar contigo. Você é meu nenem...Eu tive medo de contar e isso pudesse abalar a nossa relação. '
_ Todo mundo sabia menos eu. Todo mundo rindo da minha cara.
_ Ninguém riu da sua cara, Matheus.
_ Riram sim! O Patrick me contou tudo rindo de mim.
"Caralho, eu vou matar o Patrick". Pensou Jonas furioso.
_ Até a sua mãe ficou falando no Bruno. As pessoas jogando o amor de vocês na minha cara, me comparando com ele! Que merda! Eu sou muito melhor do que ele!
'Mas a culpa disso tudo é sua que vivia falando naquele nojento. Ele mesmo nunca falou de você. Falava dos outros machos dele, mas de você nunca.'
Na verdade Bruno nunca havia falado em nenhum dos seus relacionamentos com Matheus ou ninguém da família. Sempre foi reservado. Contudo, Matheus inventou a última frase para irritar o namorado.
_ O que estraga em você é esse ciúme desnecessário. É por isso que as pessoas ficam jogando essa história de Bruno na sua cara. É para te irritar. Aí tu fica puto e me irrita! Que merda, caralho!
'O que eu tinha com o Bruno já acabou! Acabou, merda! Eu agora namoro você! Será que é difícil para você entender isso?'
_ Você ainda ama o verme do Bruno?
_ Claro que não! Depois que eu te conheci cheguei a conclusão que nunca amei o Bruno. Foi ilusão de adolescente.
_ É mesmo? E por que você ainda guarda as fotos e cartas dele? Tem até os ingressos de cinemas e shows que vocês iam juntos.
_ Aquilo tá tanto tempo guardado que eu até esqueci que tinha.
Matheus ergueu a cabeça para cima, colocando as pontas dos dedos no nariz.
_ Como você pode ser tão mentiroso, Jonas?!
_ Você está muito nervoso. Tá falando muita merda.
Jonas saiu do banheiro e foi até a sala. Acendeu um cigarro e foi fumar na janela para tentar relaxar.
Matheus voltou para o quarto e se ajoelhou no chão, recolhendo a caixa e os papéis que estavam dentro dela pondo-os de volta na caixa. Foi até a cozinha pegou um garrafa de álcool, indo para a área de serviços.
Jogou a caixa no tanque de lavar roupas, que era feito de concreto. Despejou todo o álcool em cima da caixa. Foi até a sala e pegou o isqueiro de Jonas que estava no hack, que estava ao lado da carteira de cigarros e correu de volta para a área.
Jonas estranhou a atitude de Matheus e foi até o local.
Surpreendeu-se ao vê que Matheus acendeu o isqueiro na caixa molhada de álcool.
_ Você tá maluco, cara?
Jonas correu com a intenção de apagar o fogo, mas Matheus o empurrou.
_ Você não vai ter mais nenhuma recordação dele. Não vai!
'Vocês deram sorte! Porque a minha vontade era de tacar fogo nele e não só nas fotos!'
_ Isto aqui é um prédio! Você quer matar todo mundo?
Jonas empurrou Matheus e ligou a torneira para apagar o fogo da caixa. Ficou entristecido ao vê que todas as suas recordações de Bruno haviam se transformado em pó cinzento.
Matheus foi para o banheiro tirou toda as roupas para se secar com uma toalha.
Jonas sentou no sofá com as mãos na cabeça. O silêncio havia tomado conta da casa por alguns minutos.
No quarto, deitado na cama, Matheus chorava abraçando o travesseiro.
Competir com Patrick era algo que o irritava, mas sentia alívio pelo fato de Jonas não sentir nada pelo ex ficante, porém com Bruno a concorrência era mais dolorosa, pois ele sabia que Jonas ainda sentia amor pelo ex, e para piorar ainda mais se tratava do seu primo, alguém em que ele gostou muito até que aquele momento. Matheus confiava no primo e se sentiu traído do jeito mais cruel.
Jonas fumou mais dois cigarros, antes de tomar banho e ir para o quarto dormir.
Matheus estava deitado olhando para a parede, ainda em prantos. Jonas deitou ao seu lado e o abraçou por trás, beijando o seu pescoço e face.
_ Você tá mais calmo?
_ Eu quero ir embora!
_ Amanhã eu te levo. Agora está tarde.
_ Eu vou agora!
_ Para de criancices, Matheus! Você não vai porra nenhuma. Sossega esse cu, que amanhã eu te levo.
_ Mas...
_ Cala a boca! Já chega por hoje. Você já deu o seu showzinho, Madonna.
_ Você jura que não teve mais nada com o Bruno depois que a gente começou a namorar?
_ Claro, meu amor.
Matheus virou -se para frente e Jonas o beijou.
_ Desde quando você sabe que o Bruno voltou?
_ Desde o dia da festa de réveillon na sua casa.
_ O que você sentiu quando o viu?
_ Senti incômodo. Mas depois eu relaxei.
_ Você ainda o ama?
_ Eu já disse que não. Se eu o amasse não teria te pedido em namoro naquele dia.
Jonas o beijou, acariciando as suas costas, descendo até a bunda.
_ Meu denguinho, eu quero ficar de boa contigo. Tô de saco cheio de passado. Deixe o Bruno e o Patrick lá e vamos ser felizes.
_ Você me promete?
_ Eu te amo, meu surtadinho.
Matheus o beijou.
_ Eu não quero que você tenha nenhum tipo de contato com o aquele desgraçado. Você vai bloquea-lo das suas redes sociais, não vai dar em nenhum um oi para ele. Se o vê na calçada, você vai atravessar a rua.
_ Sim. Eu vou fazer tudo isso e você vai me prometer que nunca mais vai me encher o saco falando nesta história.
Matheus encostou a cabeça no seu peito de Jonas. Abraço-o com força. O que mais temia era perdê-lo. Jonas acariciava os seus cabelos e beijou a sua cabeça. Fechou os olhos aliviado por ter Matheus ter se acalmado.
Eram oito horas da manhã quando Jonas estacionou o carro enfrente a casa de Matheus. O loiro o proibiu de entrar, pois sabia aquela hora Bruno estaria em casa e não queria que Jonas tivesse nenhum tipo de contato com o primo.
Ele entrou em casa sério, com os olhos inchados por ter chorado a noite inteira.
Ao ouvir a voz de Bruno vindo da cozinha, uma onda de raiva dominou o seu coração.
Foi até a cozinha e ficou observando Bruno e Renata sorrindo e conversando na mesa do café da manhã. Bruno mostrava algum meme no celular.
_ Filho! Chegou a essa hora?! Pensei que tinha se esquecido que tinha mãe. Agora só quer saber de Jonas. É Jonas pra lá, Jonas pra cá. _ Ela disse o beijando no rosto.
_ Aconteceu alguma coisa, amor? Você chorou?
Matheus fez sinal negativo com a cabeça. O que foi inútil, pois Renata o conhecia muito bem.
_ O que houve, Matheus?
Matheus permaneceu em silêncio fitando Bruno com raiva. Mas o primo não percebeu os olhares de Matheus, pois estava distraído com o celular.
Ao vê Matheus, Bruno sorriu.
_ Matheus, olha esse meme aqui. Isso é muito engraçado.
Bruno levantou-se sorrindo e levou o celular para que mostrar a Matheus. O seu sorriso provocava ainda mais ira no loiro.
Ficando de frente para Matheus, Bruno girou o celular para mostrá-lo, mas foi surpreendido com uma bofetada sonora que recebeu na face. A força do tapa fez com que a cabeça de Bruno girasse para o lado.
Com os olhos arregalados , Renata estranhou a atitude do filho.
_ O que que é isso, Matheus?!
Bruno pôs a mão no rosto, que ardia.
_ Você tá maluco, Matheus?_ perguntou Bruno estranhando a situação.
_ Sua vagabunda talarica! Eu vou te matar!_ disse vermelho de raiva, olhando no fundo dos olhos de Bruno.
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