Capítulo 18
_ Como se atreve a mentir pra mim vivendo de baixo do meu teto?
_ Do que você está falando, Matheus? O que está acontecendo aqui?
_ Sabe o que está acontecendo, mãe? Esse aí é o ex namorado do Jonas. O tal famoso Bruno. Ele ficou esse tempo todo calado me fazendo de trouxa.
_ O quê? Que história é essa? _ perguntou Renata.
Bruno respirou fundo e o olhou sério.
_ Isso não te dá o direito de bater na minha cara. Eu sempre te respeitei. Não admito que me trate desta forma.
_ Você nunca me respeitou. Deixa de ser mentiroso, seu merda! Você mentiu pra mim esse tempo todo. E não fez isso sem motivos. O que queria mesmo era ficar secando o meu namoro e rindo da minha cara.
Bruno estava muito irritado com os gritos e agressão de Matheus. Ele fechou os punhos para tentar controlar a raiva.
_ Seja lá o que esteja acontecendo você não tem o direito de agredir o seu primo.
'Matheus, você tem controlar esse seu gênio! Isso é falta de respeito!'
_ Falta de respeito é o seu próprio primo te fazer de palhaço. Eu tô com nojo de você!
Olhar para Bruno aumentava ainda mais a sua raiva. Ele já sentia raiva de um Bruno que todos citavam, devido ao ciúme. Mas vê-lo materializado na sua frente e se tratar do seu primo, a sua raiva só aumentava.
_ Que história é essa, Bruno? De você e o Jonas?
_ Eu namorei o Jonas há muitos anos... há oito anos... esse aí ainda era criança. Mas acabou. Eu não tenho mais nada com ele. Eu só não disse antes para evitar que o mocinho aí tivesse um ataque de histeria!
_ Você e o meu...meu namorado combinaram de dizer essa resposta? Vocês estão me culpando pelas mentiras de vocês.
_ Já chega! Vamos parar com essa briga! Matheus, eu entendo que você esteja nervoso, mas você não pode sair agredindo o seu primo assim. Seja civilizado e converse.
_ Não tem conversa nenhuma, mãe! Eu não quero mais esse Judas aqui dentro de casa.
Você pode pegando as suas coisas e indo embora daqui.
_ Ah, mas de jeito nenhum! Pelo amor de deus, Matheus! Eu não vou pôr o meu sobrinho na rua porque você está com ciúmes do seu namorado. Eles já não disseram que o caso deles já acabou? Você não é mais criança. Aga como um adulto.
_ Eu não quero ficar sob o mesmo teto que esse nojento! Ou ele vai embora ou eu vou!
_ Matheus, pare com isso!
_ Você é um... porco traíra! Um verme! Um lixo! Eu te odeio!
Bruno mordia os lábios e balançava as pernas para controlar a raiva. Virou as costas e foi para o quarto. Inconformado, Matheus foi atrás.
_ Eu espero que vá preparar as suas coisas para ir embora. Volte para o esgoto de onde você saiu. Não quero que você fique perto do Jonas.
Bruno decide sair do quarto e ir para a rua. A raiva está crescendo cada vez mais. Matheus aponta o dedo indicador para o rosto de Bruno.
_ Tire esse dedo da minha cara! _ Bruno dizia entre os dentes.
_ Eu não quero que você se aproxime do Jonas.
Matheus continuava apontando o dedo, mas Bruno empurrou-o, retirando do seu rosto.
Revoltado, Matheus cuspiu no rosto de Bruno. Dominado pela raiva, Bruno acerta um soco no nariz de Matheus. Com impacto cai na cama com o nariz sangrando.
_ Judas! Filho da puta!
Matheus avança para cima de Bruno dando duas bofetadas no seu rosto, uma de cada lado. Bruno o empurra para parede e Matheus o puxa pela blusa, arranhando o seu rosto.
Bruno soca o queixo e face de Matheus, e o loiro acerta o joelho na barriga do primo.
Com o impacto e a dor, Bruno cai com as mãos na barriga, Matheus puxa os seus cabelos para cima e enche o rosto de Bruno de tapas, o deixando vermelho.
_ Sua puta de beira de valão.
Renata entra desesperada gritando.
_ Parem com isso!
Ela tenta puxar Matheus pelas costas, mas o menino estava tão dominado pela raiva que por instinto a empurrou, fazendo com ela caísse no chão.
Ao perceber o que fez com a mãe, Matheus solta Bruno para acudí-la.
_ Mãe!
Rapidamente, Bruno se levanta e empurra Matheus para longe da tia, a retirando do chão.
_ Olha o que você fez, seu moleque!
'Você está bem, tia?'
_ Fisicamente sim. Mas estou uma pilha de nervos com essa briga de vocês.
_ Mãe, me desculpe eu...
_ Cala a porra da sua boca!
_ Quem é você para me mandar calar a boca, sua puta fura olho?!
_ Você vai calar a merda da boca sim! _ gritava Bruno._ Quem você pensa que é para falar comigo desse jeito? Para me agredir e ainda cuspir na minha cara? Você não passa de um pirralho, mimado, estúpido, ridículo! Eu não fiquei com o seu namorado por respeito a você. Mas você não merece o meu respeito... não merece o respeito de ninguém. Pegue a porra do seu namoradinho de merda e enfie ele no seu cu e faça bom proveito.
_ Você não vai ficar aqui, Bruno! Você é um Judas!
_ Judas eu? Judas por quê? Eu não te devo satisfações nenhuma da minha vida. Com quem eu namorei ou deixar de namorar não é da sua conta. A vida é minha! Você tá toda nervosinha, agindo como se tivesse levado um chifre, mas quem tá pegando o meu ex é você. Já imaginou se fosse ao contrário? O chilique que você estaria dando?
_ Já chega vocês dois! Eu não quero mais saber de briga aqui dentro desta casa! Vocês são primos. Sempre se deram muito bem, agora vão ficar se matando por causa de macho? Eu não admito isso!
_ Eu não admito que o Bruno continue aqui dentro depois de tudo que ele fez.
Bruno desejou fazer as malas e partir, mas como estava desempregado e sem ter para onde ir se entristeceu por ser obrigado a aturar toda aquela humilhação.
_ Você pode ficar tranquilo, que assim que eu arrumar um emprego, eu vou embora desta casa. Eu é que não quero mais olhar para essa sua cara e conviver com um pirralho escroto e mimado.
_ Não vai esperar arrumar emprego nenhum. Você vai agora.
_ Cala a boca, Matheus! Quem manda nesta porra desta casa sou eu! O Bruno vai ficar aqui sim e você também. Vocês dois vão conviver como duas pessoas civilizadas.
Eu não quero mais saber de brigas!
'A culpada disso tudo sou eu. Eu é quem te mimei. Sempre fiz tudo que você quis. Não te dei limites.
Quando você era criança e queria alguma coisa e eu não pudesse dar, você fazia escândalos e birras. A burra aqui, se virava para fazer a sua vontade. Bem que a Marília dizia "Renata, você vai estragar esse menino." Dito e feito. Está aí o resultado. Um homem que se explode sempre que é contrariado. Eu não te preparei para a vida.
'Mas eu ainda sou a sua mãe e a dona desta casa. Então, acabaram as brigas! Vocês me entenderam?'
Renata saiu do quarto levando Matheus pelo braço.
Bruno sentou-se na cama. Nervoso, balançava a perna e tentava conter as lágrimas. Sentia um misto de raiva, tristeza e humilhação.
Renata se arrumou para ir trabalhar. Sabia que estava atrasada e isso a deixava mais furiosa.
Ao sair, viu Matheus sentado no sofá com os braços cruzados, estava sério olhando para a TV sem prestar atenção no programa que estava sendo exibido.
_ Eu vou trabalhar. Já liguei para a Marília e ela vai ficar aqui para te vigiar. Se você fizer alguma gracinha, eu vou te por de castigo.
_ Você prefere ficar do lado do seu sobrinho querido do que do seu próprio filho!
_ Eu não estou do lado de ninguém. O problema foi o jeito explosivo que você chegou aqui e a briga de vocês dois. Nem consegui entender essa história.
'Quando eu chegar do trabalho, nós três vamos ter uma conversa. Só quero que você não arrume mais confusão. '
Renata deu um beijo no rosto do filho.
_ Fique tranquilo, tá bom? Se você ficar nervoso, você me põe nervosa. Vai lá em cima, tome um calmante, ligue o ar condicionado e tire um soninho. Você vai se sentir melhor. Eu te amo.
Matheus permaneceu em silêncio.
Quando escutou o barulho do carro da mãe saindo da garagem, Matheus foi até o quarto de Bruno. Esse revirou os olhos para cima.
_ Me deixe em paz, Matheus. Já chega!
_ A minha mãe não vai te expulsar de casa, mas eu não quero conviver tendo que olhar para essa sua cara de Judas. Ou você sai por livre e espontânea vontade ou eu vou transformar a sua vida num inferno.
Marília entrou no quarto de Bruno.
_ Vai começar tudo de novo? A Renata me contou tudo por telefone e eu não quero saber de brigas.
_ O recado está dado. _ disse Matheus antes de sair batendo a porta.
Nervoso, Bruno deu soco no colchão e disse:
_ Puta que pariu!
Sentindo -se sufocado, Bruno saiu de casa e andou pelas ruas sem rumo. Na sua mente ferviam as lembranças de tudo de ruim que estava acontecendo na sua vida. Lembrou-se de Lúcia e suas chantagens, das agressões de Matheus e da sua decadente situação financeira, um jornalista desempregado vivendo de favor na casa da tia.
Por mais que tentasse conter as lágrimas, não conseguia. Sentou no banco da praça e pôs-se a chorar.
Em casa, Jonas pensava em tudo que estava acontecendo e temia que poderia ter havido alguma briga entre Matheus e Bruno.
Entrou no perfil de Bruno e ficou olhando as suas fotos. Lembrou que Matheus havia queimado todas as recordações que tinha de Bruno e lamentou por isso, pois elas eram meio que tinha para se conectar aos bons momentos que viveu com Bruno.
_ O que aconteceu com a gente?_ disse enquanto acariciava a tela do celular com a foto de Bruno.
Bruno ficou surpreso ao receber uma mensagem via dircet de Jonas perguntando se havia acontecido alguma coisa.
Revoltado, Bruno mandou um áudio.
_ Vai se foder, Jonas! Me deixe em paz!
Disse antes de bloquea-lo.