Capítulo 19
Ofegante, Jonas interrompe a corrida para descansar de baixo de uma árvore. Põe as mãos nos joelhos e fica olhando o lago.
Mais um pouco a frente, Olivia para olhando para trás e bate com as mãos nas coxas.
_ Bora, Jonas! Deixe de ser fraco!
_ Tô morto! Pra mim já deu._ disse ofegante com o suor escorrendo pelo rosto.
Olivia se aproxima do irmão.
_ Isso que dá ser um sedentário. Não aguenta nem dez minutinhos de corrida. A vida não é só feita de comer besteiras, fumar e encher a cara. Você precisar ter hábitos saudáveis.
Jonas a olhava expressando cançasso com a intenção de persuadi-la a parar.
_ Tudo bem, fracote. Vamos parar um pouquinho para beber alguma coisa. Mas depois a gente retorna.
Jonas sorriu e a levou até um quiosque próximo. Ele detestava fazer exercícios físicos, mas decidiu ceder as insistências da irmã que estava preocupada com a sua saúde.
Olivia olhava com desaprovação ao vê Jonas encher o copo com cerveja. O líquido estava espumante e muito gelado, Jonas bebia expressando prazer.
_ Quando você disse que iríamos beber alguma coisa, eu pensei em água normal ou de Coco. Você é igual o Rafa, em qualquer situação empurra cerveja gargalo a dentro.
_ Não existe nada melhor, maninha.
Você bem que poderia ter me acompanhado . Um calor desses.
_ Não. Obrigada. Hoje eu quero ser fitness e vou ficar com a minha aguinha de coco .
_ Ih, sinto muito em te informar, mas hoje não tem dieta. O Matheus está lá em casa preparando um macarrão à bolonhesa para o almoço.
_ E desde quando o Matheus sabe cozinhar?
_ Ele disse que ia vê a receita no YouTube.
Olívia retorceu a cara.
_ Não se preocupe, que eu já deixei o frango assado encomendado na padaria para garantir o almoço caso o Matheus falhe na sua brincadeira de master chef.
_ E vamos comprar algumas verduras também, porque quero fazer uma salada. Preciso manter o foco na dieta.
'Falando em Matheus, ele está mais calmo ou ainda tá puto por causa do Bruno?
_ Mais ou menos. Dar para levar.
_ E você? Como está se sentindo?
_ Eu tô mal. O Bruno me bloqueou do Instagram. Eu não posso vê-lo na sua casa porque o Matheus só me deixa ir lá quando o Bruno não está.
_ Você ainda gosta muito dele, né?
_ Pra caralho. Eu sou louco por aquele cara.
_ E o Matheus?
_ Eu sou apaixonado pelo Matheus. Também sou louco por ele.
_ Peraí. Você está me dizendo que gosta dos dois?
_ Eu amo os dois. Estou divido e confuso. Isso é péssimo. Mas não posso controlar.
_ Só de pensar que tudo isso é culpa da nossa mãe.
_ O que a minha mãe tem a ver com isso?
_ Eu acabei esquecendo de te dizer. Há uns dias atrás a minha mãe confessou que esteve com o Bruno há oito anos... Eu não me lembro se ela disse que esteve ou o papai. Mas com toda certeza eles fizeram alguma coisa para que o Bruno fosse embora.
Jonas ficou com raiva.
_ Eu sempre desconfiei disso. Não engoli aquela história que o Bruno me contou que foi embora por causa de emprego.
_ Mas já vou logo te avisando que nem adianta perguntar nada para a mamãe. Ela vai negar. Como fez comigo.
_ Eu não vou perguntar nada. Eu vou investigar. Não vou sossegar até saber o real motivo da partida do Bruno. Eu sei que aconteceu alguma coisa. E o Bruno ainda me ama.
_ Como você sabe?
_ Ele me disse duas vezes.
_ E você quer brincar com fogo? Você sabe muito bem como o Matheus é.
Jonas não estava disposto a esquecer a história de Bruno. O desconhecimento do motivo da sua partida junto com a saudade os torturaram por anos.
Ele estava disposto a investigar, ir a fundo para resolver esse mistério. Contudo, dessa vez seria cauteloso, pois sabia que interrogar os pais e Bruno seria inútil como foi das vezes em que tentou.
O bom cheiro da macarronada exalava por todo o apartamento. Olivia fechou os olhos e gemeu sentindo o aroma.
_ Puta que pariu, Matheus! Você fodeu com a minha dieta.
_ Você não precisa fazer dieta. Tá gostosa assim.
_ Ah, tá bom. Nem adianta puxar o meu saco, que você está na minha lista negra.
Matheus jogou um beijo para a cunhada e
visualizou a sacola de frango assado, que estava na mão de Jonas.
_ Oh, amor, você trouxe frango assado! Eu já pus bastante carne moída na macarronada.
_ Eu trouxe para complementar. Você me surpreendeu, hein. A aparência dessa macarronada está ótima.
_ Não só aparecia como o gosto. Afinal, foi eu que fiz.
_ Eu mais do que ninguém sei que você faz gostoso._ Jonas disse o olhando com segundas intenções.
_ ui!_ disse Olívia sorrindo, deixando Matheus envergonhado.
Depois do banho, Jonas foi até cozinha vestindo apenas uma cueca boxe preta. Ficou parado observando Matheus cozinhar.
Aproximou -se abraçando-o por trás e beijando a sua nuca. Matheus ficou arrepiado e virou a cabeça para trás para beijar o namorado.
Jonas o segurou pela bunda, dando uns tapinhas e disse sussurrando no seu ouvido:
_ Gostoso do caralho.
Matheus sentiu o pau namorado endurecer e o seu endureceu também.
_ Para amor, a Olívia tá em casa!
_ Eu tô com fome!
_ Já está quase pronto.
_ Eu não tô com fome de comida. Tô com fome de cuzinho.
Matheus sorriu.
_ Vamos lá no quarto para você alimentar o seu macho. Promete que te alimento também. Tem uma mamadeira cheinha te esperando.
Matheus virou -se de frente e envolveu os braços no ombro de Jonas.
_ E se a Olívia escutar?
_ É só você gemer baixinho._ Jonas disse o beijando e acariciando a sua bunda, deixando Matheus ainda mais excitado.
O toque do interfone interrompe o beijo do casal.
_ Puta que pariu!_ reclamou Jonas. Ele odiava ter os seus momentos de prazer sendo interrompidos.
Ao atender descobriu que era o seu pai. Estranhou, pois não havia o convidado para almoçar naquele domingo.
Jorge entrou falando alto, abraçando o filho e dando um tapa nas suas costas.
_ Minha princesa! _ disse antes de abraçar Olivia e beijar o seu rosto.
Pulou para trás ao ver Matheus, que o olhava sério.
_ Então, essa é a minha nora?
Jonas revirou os olhos para cima.
_ Esse é o seu genro.
_ Uh, é! Quem é a mulher da relação?
_ A sua mãe. _ respondeu Matheus.
Jorge deu uma gargalhada.
_ Nervosinha ela. Oh Jonas, você precisa comparecer mais aí no negócio. O seu namorado anda muito nervoso.
_ O que você quer, pai?
_ Uh, é! Eu não posso tirar um domingo para visitar o meu filho?
_ Você raramente vem aqui, pai. Você tá querendo alguma coisa?
_ Eu só quero curtir um pouco os meus filhos e o meu genro ou nora... sei lá. Aliás que cheiro bom, hein. Ainda bem que eu ainda não almocei.
_ O Matheus está fazendo macarronada.
_ Então, isso confirma quem a mulher da relação.
_ Deixa de ser noção, pai._ disse Jonas.
Jonas não queria que o pai ficasse ali por muito tempo, mas por educação o convidou para almoçar, no fundo tinha esperança que o convite fosse recusado. Mas Jorge aceitou para a insatisfação dele e de Matheus.
Após o almoço, pai e filho foram fumar sentados na varanda, enquanto Matheus e Olívia lavavam a louça do almoço e arrumavam a cozinha.
Jorge era proprietário de um bar, que ficava localizado no centro da cidade. Devoto de São Jorge, batizou o bar de Espaço São Jorge. No local havia uma grande imagem no centro e várias referências ao santo guerreiro e ao Orixá Ogum.
Apesar do local ser muito movimentado, as finanças não iam bem. Jorge havia feito investimentos ruins e isso afetou os seus negócios. Por isso, o motivo da visita ao filho era propor uma sociedade. Ele queria promover eventos no seu estabelecimento, como rodas de sambas e alugar o local para eventos particulares como aniversários e festinhas de grupos, mas não tinha dinheiro disponível para por o projeto em prática.
Jonas ouvia o pai sorrindo.
_ Engraçado, né pai? Há anos atrás, quando eu disse que queria seguir o meu próprio rumo, me tornar independente financeiramente, você me disse que eu iria fracassar. Sempre jogou na minha cara o fato que me sustentava, agora você está aí precisando do meu dinheiro.
_ Ah, isso são águas passadas, filho. As pessoas erram. Eu errei em duvidar da sua competência e você também sempre osso duro de roer. Sempre de nariz em pé. Mas é para frente que se anda.
_ Eu até aceito ser o seu o sócio, mas tenho algumas exigências.
_ Manda, Jonas! Manda.
_ Em primeiro lugar, eu vou ficar de frente na administração. Não confio em você, porque vive trocando os pés pelas mãos. Em segundo lugar, todas as quartas e sextas o bar terá eventos LGBT. O bar sob a minha direção será inclusivo.
Jorge arregalou os olhos e jogou o corpo para trás.
_ Peraí! Você quer transformar o meu bar em antro de viadagem? Isso não. Ao contrário de você, eu sou macho! O que que as pessoas vão dizer? " O Jorge resolveu queimar a rosca e tá usando o bar para catar homem."
_ Você é muito estúpido mesmo, pai. É tão ridículo que não dá nem raiva e sim vontade de rir.
_ Jonas, vai ter gente que não vai querer mais frequentar o bar por causa disso. Eu posso perder clientes por causa dessa sua ideia estapafúrdia.
_ Que clientes? Aqueles pinguços que compram fiado? Que por sinal será outra coisa abolida.
'Deixa de ser burro, pai. Eventos LGBT costumam bombar, o bar vai perder meia dúzia de clientes homofóbicos e ganhar muitos mais clientes da comunidade. Bares LGBT costumam bombar. E ainda teremos eventos "héteros " também. As rodas de samba, os eventos alugados.'
Jorge não gostou das propostas do filho, mas não estava em condições de negar.
Matheus se aproximou do namorado. Jonas o puxou para sentar em seu colo.
_ Amor, a sua mãe não tava querendo alugar um salão para fazer a festa de aniversário dela?
Matheus fez um sinal positivo com a cabeça.
_ Então, pai. Já temos o primeiro evento.
À noite, Jonas estava deitado no colo de Matheus enquanto eles assistiam série no sofá da sala. O loiro acariciava os cabelos do namorado. Jonas contava a Matheus sobre a nova sociedade com o pai e do seu relacionamento conturbado com ele.
_ Sorte é a sua de ter uma mãe como a Renata.
_ Eu tenho sorte mesmo. A minha mãe é maravilhosa. Mas eu lamento muito por você. Tu não merece os pais babacas que tem.
Matheus olhou para o rack e viu a fotografia da jovem debutante de olhos verdes.
_ Eu estava para te perguntar há um tempão, quem é aquela moça da foto?
Jonas expressou tristeza.
_ Ela é a minha irmã. Além da Olívia tenho a Gabriela e o mais novo o Enzo como irmãos.
_ Do Enzo eu sabia porque vocês já comentaram e eu a vi as fotos no Instagram, mas nunca falaram nada sobre ela.
_ É um assunto delicado. Ela... tirou a própria vida.
_ Sério?!
_ Ela tinha quinze anos e eu uns oito. No dia eu estava na escola quando a minha mãe me buscou mais cedo e me deu a notícia que Gabriela havia ingerido vários comprimidos.
'Foi o pior dia da minha vida. É um dor profunda... quase insuportável.'
Matheus o abraçou.
_ Oh, meu amor! Eu sinto muito.
_ Eu sabia que ela não estava bem. Vivia triste, mas os meus pais ignoravam. Diziam que era frescura de garota. Alguma coisa aconteceu com ela no colégio. Eu ouvia os meus pais dizerem que iram processar a escola, mas nunca me diziam o porquê.
'Um tempo depois o meu pai apareceu com um carro novo... Ele tinha conseguido alguma grana. Os meus desistiram do processo. Sabe, eu desconfio que os meus pais foram subornados. Eles se calaram diante de algo tão doloroso e tudo por dinheiro. '
_ Não fique assim.
Matheus o abraçou novamente e beijou a sua face.
Notas do autor.
Olá, queridos leitores. Venho informar que além deste capítulo também postei o capítulo 20.
Boa leitura.