Capítulo 22
Jonas nunca esteve tão feliz quanto nas duas últimas semanas em que passou desfrutando a companhia de Bruno. Durante o dia, Bruno cuidava dos seus afazeres domésticos na casa da tia, procurava emprego e aguentava calado as provocações de Matheus. Contudo, o fato de passar a noite ao lado de Jonas o fazia suportar as cargas pesadas do dia a dia.
O moreno dizia para a tia que iria dormir na casa de Isabel, o que também deixou combinado com a amiga, caso fosse necessário confirmar.
Sua aparência não estava mais melancólica e abatida. Sorria com facilidade, a pele estava corada e os olhos brilhavam.
_ Amigo, você tá ótimo! Dar todo dia está te fazendo muito bem._ brincava Isabel sorrindo e Bruno sorria novamente.
Jonas era o seu porto seguro. Era o amor da sua vida. Com ele sentia-se revigorado.
O fato de Matheus está de castigo facilitava muito para Bruno. Proibido de fazer ligações e usar a internet, o loiro estava afastado do namorado e isso o estressava muito, pois morria de saudades. Contudo, Renata mantia-se firme no castigo, mesmo sentindo pena do filho.
Jonas estava feliz com Bruno. Cantarolava, sorria, trabalhava tanto no bar quanto na pizzaria sempre de bom humor, mas sentia saudades de Matheus. Sentia saudades de desfrutar do seu corpo, de ouvir a sua voz e da sua companhia.
_ Não sei porque Matheus foi fazer merda. Agora eu estou aqui cheio de saudades.
_ Como se isso fizesse diferença. Você não está pegando o Bruno?_ perguntou Rafael enquanto digitava no computador do escritório da pizzaria.
Jonas sorriu ao lembrar de Bruno.
_ Sim. Ficar com o meu benzinho está sendo muito bom. Ele é muito gostosinho e carinhoso. Sabe, é maravilhoso chegar em casa depois de um dia cansativo de trabalho e encontrar o meu nenenzinho lá em casa. Todo lindo e cheirosinho me esperando. Mas tenho que confessar que sinto muita falta do meu outro bebê. Daquele corpinho gostoso e rostinho lindo.
_ Você é muito guloso. Se não se decidir vai acabar ficando sem nenhum... se bem que na seca você não fica. Ainda tem o Patrick que é louco por você... Tu deve ter mel no lugar de porra, porque os caras ficam loucos atrás de você.
Jonas sorriu piscando o olho.
_ Ainda bem que tu não gosta de mulher. Se não, na minha época de solteiro, tu ia pegar geral e eu ficar a ver navios.
_ Pare de se queixar que você tem a minha irmã, que é maravilhosa.
_ Eu não estou me queixando. Não sou guloso como você. A Olívia me satisfaz. Eu amo aquela mulher. Não a troco por ninguém .
_ Feliz é você. É maior barra amar dois.
_ Tô vendo a barra que você está segurando, fudendo em dobro.
Jonas gargalhou.
_ A Renata tá marcando em cima. Vou passar o carnaval sem o meu bebê.
_ Ah, falando em carnaval você vai para São Pedro da aldeia com a gente?
_ Não vai rolar não.
_ Uh, é! Por quê?
_ O Matheus tá pegando muito pesado com o Bruno. Chegando até a quebrar o seu celular, sorte que teve conserto. Eu tô me sentindo péssimo com isso. Eu sei que tudo isso que o Bruno está passando é culpa minha.
_ Matheus é carne de pescoço mesmo. Imagine o que ele faria se descobrisse o caso de vocês dois?
_ Eu comprei duas passagens para Porto de Galinhas e reservei um quarto num hotel em frente à praia. Vou levar o Bruno para viajar comigo.
Meu carnaval este ano será mais relex. Com praia, passeios tranquilos e fazendo muito amorzinho no quarto.
_ Você é louco! Gosta de viver perigosamente.
Jonas encolheu os ombros.
Bruno estava cozinhando, quando Jonas o abraçou por trás, beijando a sua nuca.
_ Que susto, amor! Você chegou tão silencioso.
Ao vê Bruno assustado, com os olhos arregalados, Jonas o beijou.
_ Me desculpe, benzinho. Eu não queria te assustar.
Jonas retirou um pacote de presentes do bolso e o balançou no ar.
_ Presentinho para o meu nenem.
Bruno estranhou, já que o Natal havia passado e o seu aniversário era dali a alguns meses.
_ Abra, homem!
Bruno abriu.
_ O que é isso?
_ São duas passagens de avião, primeira classe para Porto de Galinhas. Vou levar meu mozão para relaxar neste carnaval.
Bruno sorriu, emocionado. Fazia anos que não viajava. Tirar umas mini férias de todo terror psicológico que estava passando era para ele um alívio.
Pulou no colo de Jonas.
_ Oh, meu amor... Eu não acredito! Vai ser um sonho viajar contigo. Eu nem sei o que dizer.
_ Diga isto._ disse Jonas o beijando.
_ Mas e o Matheus?
_ Fica frio. Ele está de castigo. Eu vou dizer a ele que fui para São Pedro da aldeia com os meus amigos. E você pode dizer para Renata que vai para o interior na casa dos avós da Isabel.
_ Ah, Jonas! E se der errado?
Jonas pôs a ponta do dedo indicador nos lábios de Bruno, o silenciando.
_ Relaxa, mozão. Você anda muito tenso. Merece tirar uns dias para relaxar.
_ Você fala isso porque não é a vítima das maldades do Matheus. Ele está de marcação cerrada pra cima de mim.
_ Deixa que do Matheus cuido eu. Eu só quero que você relaxe e me deixe te fazer feliz.
Abraçou Bruno e o beijou.
O moreno sentiu-se protegido. Ele realmente estava exausto emocionalmente e precisava relaxar. Decidiu aceitar a proposta e se entregar a felicidade.
Diante da mãe, Matheus sempre demonstrava tristeza e aflições. Diminuiu muito as refeições e estava emagrecendo. Essas atitudes causavam pena em Renata.
O menino passava dias implorando para sair do castigo. Estava aflito que o carnaval estava chegando e temia deixar Jonas só.
_ Eu já estou há duas semanas nesse inferno. Eu não aguento mais.
_ Pensasse nisso antes de fazer o que fez.
_ Mas eu estou arrependido. Juro que não faço mais, mãe !Você acha que é fácil pra mim ficar perto do Bruno? Ter que olhar para a cara dele sabendo que ele já transou com o meu namorado?
_ Meu amorzinho, o que o seu primo e Jonas tiveram já acabou. Ficou no passado. O namorado do Jonas é você. Você precisa olhar para o agora. Se continuar desse jeito você vai acabar sofrendo muito.
_ Eu já estou sofrendo.
_ O Bruno me garantiu que não quer mais nada com o Jonas. E vocês dois se davam tão bem.
_ Bruno não é esse anjo que você pensa, mãe. Todo mundo me julga porque o que eu tenho que fazer faço na cara. Digo na cara. Mas as pessoas não gostam de sinceridade. Elas preferem as cobras sonsas como o Bruno. Aquele se faz de Santo, mas é um Judas. E você, que é a minha mãe e deveria ficar do meu lado, prefere ficar do lado dele.
_ Filho, se o Bruno tivesse um caso com o seu namorado, com toda certeza eu brigaria com os dois para te defender. Nem que para isso eu tivesse que ir ao inferno. Mas não é isso que está acontecendo. Eu sei o quanto você ama esse menino e de Como vai sofrer se rolar uma separação.
'Eu não quero te vê sofrer, mas o seu ciúme está sufocando o seu namorado, transformando esta casa num campo de guerra. Você precisa controlar o seu ciúme. Ou você confia no Jonas ou é melhor se separar.'
_ E deixar o caminho livre para o Bruno? Nem pensar!
Matheus começou a chorar, comovendo a mãe.
_ Eu o amo muito. Não quero perdê-lo. Eu estou morrendo de saudades do Jonas. Nem falar com ele por mensagem eu posso! Imagine o carnaval? O meu namorado solto por aí e eu aqui preso!
O menino chorava secando as lágrimas.
_ Eu nunca estive tão infeliz em toda minha vida.
Renata o abraçou.
_ Oh, meu bebezinho. Mamãe te libera do castigo, mas você promete que vai se comportar? Que vai parar de perseguir o seu primo?
Matheus sorriu e encheu o rosto da mãe de beijo.
_ Eu prometo, mãe! Prometo tudo que você quiser. Você é a melhor mãe do mundo. Eu te amo!
_ Eu também te amo, meu mozinho.
_ Amanhã eu posso ir lá na casa do Jonas? Quero fazer uma surpresa para ele.
Renata concordou e Matheus saiu sorrindo. Ao encontrar Marília entrando na sua casa, beijou o rosto da mulher.
_ Eu também te amo, vó!_ disse Matheus saindo pulando de felicidade.
_ O que deu nesse menino?
Renata a contou sobre o fim do castigo de Matheus.
_ Uh, é! Mas você não disse que seria dura com ele? Matheus aprontou muito.
_ Eu sei. Mas ele tá arrependido. Tava tão tristinho. Foi de cortar o coração.
_ Olha, eu gosto muito de você como se fosse a minha filha e amo o Matheus como se fosse o meu neto, mas acho que você está dando muita moleza para ele. Esse menino precisa de limites.
_ Eu tenho certeza que o Matheus vai se comportar.
_ Hun! Sei.
No dia seguinte, Matheus foi à casa de Jonas. Ele sabia que o namorado ainda estaria em casa, mas decidiu fazer uma surpresa e ir sem avisar.
Pediu para que o porteiro não anunciasse a sua chegada.
Estava feliz e ansioso para matar a saudade de Jonas. Matheus não tocou a campainha. Entrou em silêncio e ouviu o barulho do chuveiro ligado, presumiu que Jonas se banhava e pensou em se despir para ir até o box nu. Quando começou a retirar a blusa, avistou as duas passagens na mesa de centro.
Aproximou-se e as pegou. Jonas entrou na sala nu secando os cabelos e levou um susto ao vê o namorado.
_ Matheus!O que você está fazendo aqui?
Jonas se assustou ainda mais ao perceber que as passagens estavam nas mãos de Matheus, que o olhava sério.
_ São Pedro da aldeia agora fica em Porto de Galinhas, Jonas? E pelo visto você reduziu o seu número de amigos, porque aqui só tem duas passagens.
Jonas sentiu o coração bater acelerado. Um nó na garganta e o nervosismo o dominava.
Matheus o olhava com a cabeça erguida e braços cruzados.
Jonas aproximou -se para abraçar Matheus, mas o garoto se esquivou.
_ Não me enrole, Jonas! Com quem você estava pensando que iria viajar?
_ Ora! Com quem? Contigo, porra! Com quem mais seria?
_ Ah, você tá pensando que eu sou idiota? Você sabia que eu estava de castigo e mentiu para mim dizendo que iria para São Pedro da aldeia com os amigos. Você disse isso para a minha mãe.
Jonas respirou fundo com as mãos nas cadeiras.
_ O seu mal é esse! Desconfia de mim como se eu fosse um criminoso. Eu comprei as passagens de primeira classe para Porto de Galinhas, fiz reservas num hotel cinco estrelas só para te agradar e você aí cheio de desconfianças sem sentido. Você acabou com o meu clima de romantismo.
_ Jonas, eu estava de castigo. Você sabia que a minha não deixaria. Tu não seria burro de gastar tanto dinheiro à toa. E por que mentiu que iria para São Pedro da aldeia?
_ Eu estava disposto a persuadir a Renata. Minha intenção era fazer com que ela mudasse de ideia ao vê as passagens. Eu menti sobre São Pedro da aldeia para que não estragar a surpresa. Como é difícil te agradar, homem de deus!
_ Você jura?
_ Não, Matheus. Eu sou louco o suficiente para gastar uma grana preta numa viagem com um amante imaginário, fruto da cabeça do meu namorado.
_ Amor, eu...
_ Você não confia em mim. E isso está me matando. Eu te amo pra caralho, mas não há amor que suporte esse ciúme sufocante.
Matheus se arrependeu das desconfianças. Temeu que Jonas o deixasse.
_ Oh, meu amor, me desculpe? Eu... aí que mico. Me desculpe? Eu juro que não vou mais me comportar desse jeito. Eu juro.
Matheus o abraçou e beijou.
_ Tudo bem. Eu te perdoou mais uma vez. Mas espero que seja a última.
_ E será. Eu juro.
Jonas respirou aliviado. Abraçou Matheus com força, desceu a mão até a bunda do menino.
_ Eu estava com saudades de você, meu ciumentinho. Você saiu do castigo, neném?
_ Sim. A minha mãe me perdoou.
_ Agora, você tem parar de aprontar. Foi horrível esses dias sem você. Eu morri de saudades.
_ Eu também morri de saudades, mozão.
_ Já que você está aqui, o que tu acha de ficar peladinho pra gente fazer um amorzinho gostoso?
Matheus sorriu e o beijou novamente.
Na manhã seguinte, Jonas levou Matheus até a sua casa. Quando eles entraram Renata estava tomando café da manhã. Ela cumprimentou o genro e o convidou para a primeira refeição, mas ele recusou dizendo que já havia tomado café da manhã.
Matheus anunciou a viagem com intusiamos.
Ainda sonolento, Bruno entrou na cozinha. Ele não sabia da presença de Jonas e Matheus , lamentou por isso, pois assim não teria descido naquele momento.
Matheus sorriu e beijou Jonas para provocar Bruno. Um jeito de deixar claro que Jonas era seu. O loiro retirou as passagens da mesa e mostrou a Bruno.
_ Bom dia, primo. Advinha quem vai para Porto de Galinhas no carnaval?
Bruno arregalou os olhos olhando para Jonas, que abaixou a cabeça.
_ Agora você me diz, eu tenho ou não tenho o melhor namorado do mundo?_ perguntou beijando Jonas.